Incrível como a ditadura do pensamento único, o PIG e demais partidos de direita se aliaram mais uma vez, desta feita no Rio Grande do Sul – onde a governadora Yeda Crusius (PSDB) está atolada num mar de lama e corrupção – para não só criminalizar o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, o que na verdade já fazem há muito tempo, mas para declararem, macumunados com o Ministério Público, a ilegalidade do movimento. Esquecem esses representantes do atraso e do farisaísmo que a luta pela terra é mais antiga que a própria propriedade privada e que o movimento é legal e legitimo. A decisão do Ministério Público não procura em nenhum momento esconder seu viés autoritário assemelhando-se a uma direita degradante e um fascismo rococó. Não basta o Brasil ser exceção por nunca ter realizado aquilo que quase todos os países já fizeram, ou seja, uma reforma agrária de verdade, agora querem enquadrar na Lei de Segurança Nacional – ainda não a ressuscitaram, mas pelo andar da carruagem estão bem próximos disso – aqueles que a defendem.
Nos Estados Unidos a reforma agrária deu-se através da ocupação de amplo território onde as famílias que por mais de cinco anos trabalhassem na terra garantiam o direito de posse. A pequena propriedade foi sem dúvida um dos alicerces para o vigoroso crescimento econômico do Uncle Sam durante o século XIX . No Japão despedaçado e humilhado do pós II Guerra Mundial, os donos de terra doaram toda a propriedade privada rural ao Estado afim desse realizar a reforma agrária e isso somado a outras medidas contribuiu para um drástico salto tornando a “Terra do Sol Nascente” uma pujança econômica capaz de fazer frente ao seu antigo algoz, os EE.UU. Outro exemplo é a reforma agrária realizada no Chile por Salvador Allende. Nesse país sul-americano a pequena propriedade gerou emprego, robusteceu a pequena indústria e funcionou como mola para o crescimento de toda a economia até então baseada no extrativismo e mineração – mas claro, é pedir demais para nossa direita reconhecer tais avanços no Chile de Allende, preferem dizer que Pinochet sim, desenvolveu o país sem explicar como e os métodos utilizados –. Até Israel já fez uma reforma agrária, se bem que dividiu terras que nunca lhe pertenceu.
O setor conservador de nossa sociedade ao mesmo tempo que cultiva horror e ódio pelo MST joga loas de elogios para o famigerado agronegócio baseado no binômio concentração de renda e destruição do meio-ambiente. Ademais o agronegócio hoje em dia mostrasse mais aliado do que nunca aos interesses do grande capital internacional e disposto a entregar a soberania do Brasil desde que isso lhe garanta encher as burras.
Curioso a diferença de tratamento dispensado aos grandes latifundiários e aos sem-terra. Quando os primeiros correm a Brasília para pedir perdão das dívidas – o termo usado por eles não é esse e sim “renegociação”, o que na pratica não passa de eufemismo – boa parte da imprensa, os partidos da direita farisaica e até alguns setores proclamados de esquerda, defendem essa “renegociação” sob pena de ao contrário a agricultura brasileira quebrar e ser esse um setor essencial para a economia e a sociedade com um todo. No entanto ao mesmo tempo em que correm a pedir auxílio ao Estado evocam o direito sob a propriedade privada e seu controle além de se ajoelharem frente ao deus Mercado. Paradoxal essa relação entre latifundiários e Estado no Brasil. Se são empresários liberais – e é o que são em última estância – deveriam resolver seus problemas de forma a não precisar do guarda-chuva do Estado. Vivem num dilema. Quando o “mercado” está bom não querem saber de nenhuma regulação por parte do Estado, mas ao primeiro sinal de crise correm para este lhe salvar do mau tempo prenunciado. Diferentemente do que ocorre na França ou em alguns outros países europeus, onde justamente pela agricultura ser um setor essencial à sociedade, o Estado regula e subsidia a produção de alimentos e produtos agrícolas.
Já quando é o MST que reivindica mais verba ao governo federal é acusado de pegar dinheiro público para gastança, de não saber administrar os recursos que lhe são repassados, de desvios e financiamento de grupos armados no campo. Não passam de um bando de baderneiros e vagabundos acostumados a viver de esmolas dos sucessivos governos. Esse é o discurso dominante e maniqueísta de hoje em dia, tentando provar ser o agronegócio o mocinho da história e o MST o vilão. Triste sina a de um país que se deixa levar por tal maniqueísmo.
4 comentários:
02/07/08
Deixei hoje à tarde comentário sobre "As Falácias da Direita". Já estava no final quando a internet foi para o espaço. Perdi todo o meu comentário, e só agora, às 21h21m consegui o acesso. A velocidade com entra a Internet é de 9,6, 14 e no máximo 16; não é sempre assim, mas tem dias, como o de hoje, que o meu pc se comporta dessa maneira, mas amanhã, tenho esperança, voltarei com prazer a comentar sobre o assunto no Dissolvendo No Ar. Um grande abraço deste seu leitor de sempre.
Morani
Hudson,
A imprensa burguesa apenas faz seu papel.
Pena que a esquerda não saiba utilizar os recursos da mídia para conversar com o povo. Eu disse conversar com o povo, não perder-se em infantis divergências internas.
Bonito o blog
ChicoHugo
Prezado Hudson.
Não consigo entender esta dicotomia esquerda/direita, que é passado criado na tal de " guerra fria". Se tem porcalhada do lado direito o que dizer do esquerdo? São anjos? O querido Presidente está engasgado, afogado, na corrupção de seus pares ( e, talvez, dele mesmo) e, surte, não sabe de nada. Pare com esta falácia de esquerda e direita. É tudo farinha do mesmo saco. A mídia é como o caniço , conforme o vento, se deita ( afinal, quem paga mais?). Os "economistas" de esquerda fazem o jogo da direita e só encontram soluções a posteriori, as idéias antecipadas são de matar de rir. Os ideólogos, coitados, como se diz no Sul, estão mais perdidos que cuzco (cuzco em portunhol é cachorro) em procissão. Os religiosos rezam para que o raio não caia nas suas cabeças podres e cheias de inúteis utopias. E os políticos continuam a meter a mão no nosso bolso sem a menor vergonha e cheios de razão. O jogo de cena e enganação é geral. Aqui no Sul temos uma frase que diz tudo: É briga de bugio, gritam, se atiram merda, tentam comer a bugia do outro e no fim se abraçam como interesseiros companheiros na mesa do boteco.
Conselho de amigo: Pense menos nesta bobagem de esquerda/direita e leve a vida com mais amenidade, usufrua o que ainda nos é permitido pela pouca sobrevida que temos. Logo, podes crer, as coisas mudarão e tudo continuara na mesma.
Cordialmente
Fernando
03/07/08
Sobre "AS FALÁCIAS DA DIREITA"
Amigo Hudson:
Estou de volta na velocidade de 41,2. Espero ser o bastante para que não caia o meu provedor. Vamos lá:
Eu dizia ontem que a cultura no meio parlamentar de respirarem sempre a maldita "corrupção" tornou-se coisa corriqueira entre a elite brasileira, e aqueles que a ela fugirem, sejam por quaisquer motivos - respeito pelos cidadãos (que não acredito), ou por medo a uma cassação de mandato (também não creio porque eles renunciam para retornarem depois), são apodados de passarem por trouxas - me leva a pensar no que disse Carl Sagan, há alguns anos, em um de seus programas de interesse não só aos estudiosos do Cosmo como aos homens de países como o nosso. Ele abordou toda gama de fatos e incidentes provocados pela intervenção do homem sobre a natureza,e por extensão por sobre os cidadãos indicando os caminhos pelos quais a humanidade tivesse o DIREITO INALIENÁVEL de conviver uns com os outros de maneira solidária e participativa, ou seja: todos usufruindo de uma atmosfera respirável, de uma economia natural igualitária mercê aos cuidados com que os governantes deveriam primar no tocante aos rumos dados às políticas essenciais à vida na Terra. O que vemos todos os dias de nossas vidas tão dificultadas pela arrogância e prepotência desses mesmos governantes? Casos, não raros, como o da governadora Yeda Crusius, do Rio Grande do Sul, "atolada até o pescoço" num novo mar de lama e corrupção. Eles são mestres em produzir esses "mares" e o fazem com a naior naturalidade e sem qualquer laivo de vergonha. Carl Sagan não se debruçava apenas com os imensuráveis problemas cósmicos, mas tinha interesses no caminhar da humanidade e o que os homens de hoje deixariam como herança para as futuras gerações. O que vemos nos deveria envergonhar sobremaneira, e de um modo tão espezinhante que nos fizesse sentir como "palhaços" diante das escaladas da chaga sempre aberta da CORRUPÇÃO. Há uma chaga maior putrefata a nos encher os olfatos de nojo: a ELITE BRASILEIRA sempre a querer levar vantagens, como na Lei de Gerson. Como disse o amigo, se eles vão a Brasília para pedir perdãò às suas eternas dívidas, isso toma o nome de "renegociação", sendo debatida com toda as paixões de outro segmento da nossa elite: OS PARLAMENTARES muitos deles fazendeiros, latinfundiários e empresários do "agronegócio"; lógico e óbvio o interesse de que tudo se consorcie aprovado incontinente a tal "renegociação" com unanimidade, como fazem com os seus salários exorbitantes! E o nosso pobre homem da lavoura - agricultor também - com uma agricultura de sobrevivência é visto ( quando os vêm) como um mendigo sem mediadores dentro dos corredores onde se respira a leniência às facilidades multifacetadas de interesses mais elevados e mais elitizados.
Você toca no assunto delicado e esgotado da REFORMA AGRÁRIA; desde jovem ouço falar nessa política que há muito deveria ter sido posta em prática numa imitação sadia às que se concrfetizaram no Japão, no Estados Unidos ( de onde o Brasil imita muitas coisas, mas nada de interesse às nossas necessidades), no Chile de Allende e em Israel. Neste país foi feita na "marra", em terras pertencentes aos povos palestinos. Note-se o elevado grau de solidariedade, de respeito e de união do povo japonês. Por causa disso, e não é sem justa recompensa, que o país do Sol Nascente é hoje a potência e a modernidade que é: EXUBERANTE, e seu povo um dos mais cultos e inteligentes do planeta terra. O setor conservador aqui é a ELITE que nada deseja perder, mas que prefere olhar acres e mais cares de terras improdutivas para "massagear" seu ego capitalista, seu egoismo de posse, sua vontade extremada de possuir mais terras, que isto lhe dá "status", força de persusão e facilidades na hora das "barganhas" indecentes e imorais, porque lhe falta a ética e o civismo; falta-lhe um milímetro que seja da maior das qualidades de um ser humano: A SOLIDARIEDADE, O RECONHECIMENTO DA LUTA DE UMA CLASSE DESPROTEGIDA, DESRESPEITADA E ALIENADA ÁS PRERROGATIVAS COMUNS A TODOS OS CIDADÃOS DESTE NOSSO BRASIL, CUJAS RIQUEZAS SÃO INFINDÁVEIS A CURTO PRAZO, mas que podem tornarem-se perenes, cada vez mais produtivas e geradores de mais riquezas se exploradas com o fito único de espalhar o progresso a cada uma dessas famílias que compõem uma entidade totalmente dentro dos direitos que a nossa atual Constituição reconhece. No entanto, são "baderneiros", "indolentes" e "quadrilheiros" de terras, para negócios. No entanto, se verbas não existem para esses brasileiros despojados aos seus direitos de sobrevivência, gerada pelo trabalho, SOBRAM PARA DISTRIBUIR A MUITAS "ONGs" QUE AINDA NÃO DISSERAM A QUE VIERAM; QUAIS AS RAZÕES DE SUAS EXISTÊNCIAS E QUAIS OBJETIVOS DÃO GUARIDA ÀS SUAS PERMANÊNCIAS, onde sobram e se ajuntam muitas. Como disse o amigo: "TRISTE SINA A DE UM PAÍS QUE SE DEIXA LEVAR POR TAL MANIQUEíSMO".
Morani
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