Já tem algum tempo que estou para escrever sobre Ciro Gomes. Com um amigo desses, ninguém precisa de inimigo. Ciro quer porque quer ser candidato à presidência da República. Mesmo fazendo parte do governo Lula desde o primeiro dia e estando num partido que só conseguiu alguma visibilidade nacional se agarrando ao PT, Ciro Gomes não titubeia em dizer que por ora não apóia a candidatura da ministra chefe do Gabinete Civil Dilma Rousseff.
Para Ciro não importa se o PT já definiu – na verdade quem definiu foram Lula e o alto comando do partido, mas isso é história pra outra hora – que Dilma Rousseff será a presidenciável do governo na eleição do próximo ano. Ciro quer porque quer ser candidato.
Alguém postular ou mesmo se candidatar a qualquer cargo é algo democraticamente legitimo. Todavia não esse o problema. O problema é Ciro Gomes vir a público e dizer que não será candidato caso o governador mineiro Aécio Neves seja o candidato do PSDB, ou seja, Ciro não apóia a candidata do governo do qual faz parte, mas apóia o candidato da oposição, se esse for o Aécio.
Estranho, não?
É bom lembrar que Ciro Gomes realmente está acostumado a declarações e atos, digamos, esquizofrênicos.
Em 2002 combatia ferozmente o governo FFHH imputando-lhe a marca de governo inundado pela corrupção que teria se alastrado durante o processo de privatizações, incompetência no gerenciamento da economia e omissão frente à desigualdade social. Ainda assim declarou que não seria candidato, à época encontrava-se no PPS de Roberto Freire, caso o nome do PSDB para a sucessão de FFHH fosse o de Tasso Jereissaty. Como assim? Ciro Gomes estava na oposição, em 1998 já havia sido presidenciável batendo duro no governo FFHH, contudo estava disposto a apoiar um tucano – na verdade seu padrinho político com o qual dividi o Ceará até hoje –, que na prática continuaria a mesma política econômica e social de FFHH. Parece que coerência e Ciro Gomes formam um dualismo.
Aliás, Ciro Gomes foi um tucano de alta plumagem, chegando inclusive a ser ministro da Fazenda durante o mandato de FFHH como primeiro-ministro do pseudo-governo Itamar Franco. Nessa época chegou-se a dizer que em 1998 ou mais adiante seria o candidato natural dentro do PSDB à presidência da República. Não foi candidato e sentiu-se enganado por FFHH após o golpe da reeleição. Outros enganados naquela ocasião foram o próprio Itamar Franco e de certo modo Mário Covas. Ciro Gomes então tornou-se um tucano dissidente e não é mais que isso na política nacional. Talvez também pese ali um pouco de oportunismo. Enquanto esteve no PPS não teve pudor de se aliar com o que há de mais reacionário e rasteiro na política tupiniquim e durante a campanha presidencial de 2002 literalmente beijou a mão de ACM. Naquele ano um dos coordenadores de sua campanha foi Herr Jorge “Essa Gente” Bornhausen.
Como escrevi no começo do texto, com um amigo desses ninguém precisa de inimigo.
2 comentários:
É deveras lamentável o movimento e as ações ideológicas dos nosso políticos. Por que o Ciro Gomes não se filia ao PMDB? É um partido que "está" sempre inserido a qualquer governo - sem desejar sê-lo - com todas as responsabilidades que se exigem de um. Ele é como uma moeda cujas faces se apresentam idênticas: não se decide pela "cara" ou "coroa". Por isso, nunca chegará a lugar algum. Requião postula o mesmo trono. Quem não o deseja?
Já cheguei a ver Ciro Gomes com posições até muito esquerdistas. Interessante isso, surpreendente....
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