Até hoje em toda a história de Copas do Mundo, o Brasil somente em duas oportunidades havia sofrido um revez após abrir o marcador. A primeira no ‘Maracanazo’, a célebre derrota do Brasil perante o Uruguai na partida final do Mundial de 1950, em pleno estádio do Maracanã. Naquela oportunidade Friaça aos dois minutos do segundo tempo anotou o gol brasileiro, mas depois aos 21 e aos 34 da mesma etapa, respectivamente Schiaffino e Ghiggia silenciaram os 200 mil brasileiros que lotavam o Maracanã e deram o bicampeonato mundial a Celeste Olímpica.
O outro revez canarinho – aliás, a seleção brasileira adotou o uniforme verde-amarelo justamente após o ‘Maracanazo’ – ocorreu no mundial da França em 1998, numa partida contra a Noruega e que nada valia para os brazucas. O Brasil já estava classificado para as oitavas de final e garantira com antecedência o primeiro lugar na chave após duas vitórias e a combinação dos resultados dos demais integrantes. Bebeto anotou o gol brasileiro aos 33 da etapa final e pouco depois, aos 38 minutos, Tore Andre Flo empatou e já aos 43 minutos Rekdal, cobrando pênalti cometido por Júnior Baiano, virou para os noruegueses. A vitória acabou dando aos escandinavos a segunda vaga na chave.
No entanto, nessa sexta-feira a seleção brasileira sofreu sua terceira derrota por virada em Copas do Mundo.
Depois de um primeiro tempo onde o Brasil jogou o que ainda não havia jogado nessa Copa, tanto na marcação quanto na criação, abrindo o marcador logo aos 9 minutos, viu a superioridade técnica da equipe laranja sobrepujar a defesa verde-amarela no segundo tempo. Felipe Melo, contra, aos 8 minutos e Sneijder, de cabeça, aos 23 despacharam a equipe de Dunga.
Digo superioridade técnica holandesa porque odeio ufanismos. A Holanda é realmente superior ao Brasil. Ou caso você fosse presidente de um dos milionários clubes europeus e precisasse contratar reforços para a próxima temporada, contrataria Felipe Melo ou De Jong? Gilberto Silva ou Van Bommel? Luís Fabiano ou Van Persie? Alguém acha, de fato, Robinho melhor que Robben? Quem está em melhor condição técnica, Kaká ou Sneijder?
De resto, apenas aconteceu aquilo que todos previam – ah, como o futebol hoje em dia é tão previsível !!! – Felipe Melo entregando o ouro e sendo expulso, Kaká longe da melhor forma sem substituto a altura e um time, embora aguerrido, pouco criativo e desequilibrado emocionalmente – a cara do Dunga treinador.
Por falar em Dunga, preciso dizer algo. Nunca comunguei de parte da mídia alternativa e segmentos da esquerda que transformaram Dunga em herói nacional depois da briga deste com a Globo. No que pese todo o passado negro da maior rede de telecomunicação do país e Dunga, indubitavelmente, ter razão na refrega, o técnico da seleção brasileira não passa dum tremendo casca grossa ufanista, adepto do futebol pragmático cujos resultados privilegiaram jogadores de pouco técnica e discutível qualidade amarrados a um esquema tático covarde.
Mais, no imaginário de Dunga fica fácil confundir a seleção brasileira de futebol com a própria nação. Declarações histéricas do tipo: “Todos que estão na seleção brasileira estão preparados e prontos para se doar para o nosso país”;” Vai doer, nós vamos sofrer, nós vamos sangrar”, exacerbavam essa confusão.
Se um sujeito com este imaginário se torna herói da esquerda, é porque, realmente, muitos na esquerda brasileira andam sem rumo.
2 comentários:
Longe de reconhecer em Dunga o grande patriota consciente do que a Globo é. Mas no episódio vivido nesta Copa, ele, com todos os defeitos que tem, prestou um serviço ao país.
Dunga acreditava estar fazendo o melhor pelo futebol brasileiro, mas o estrelismo afetou não só Robinho, Kaká e Julio Cesar pelo Brasil, como Messi pela Argentina e o astro máximo da equipe inglêsa. Tornaram-se os mais apagados elementos em suas equipes. Felipe Melo um cabeça quente e sem condições de atuar numa equipe de elite como deve ser a Seleção de um país. Quando deles esperávamos o que jogam em suas equipes, lhes deu um branco total.
Outro pecado de Dunga foi aquela sua posição inflexível em relação à imprensa brasileira. Depois, após a derrota, o técnico foi outro: humilde, sem prepotência e desprovido de rigidez facial, enfim, um derrotado previsível.
O futuro técnico deve voltar seus olhos para dentro de "casa" e não para o palco exacerbado de "genios" do futebol que pululam pelos campos europeus.
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