Fatos surgidos durante a semana deixam bastante claro que a oposição farisaica já jogou a toalha e sabe que está prestes a levar uma “surra de rabo de tatu” nas eleições presidenciais de outubro.
O intuito imediato agora é barrar a onda vermelha que ameaça varrer o país elegendo na maioria dos estados governadores aliados ao projeto petista, além de uma confortável bancada tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado Federal.
Mesmo que a oposição de direita consiga manter os governos estaduais de São Paulo – duvido que não haja segundo turno ali – e Minas Gerais – por ora há apenas a ascensão do “Boneco de Ventríloquo”, coisa já esperada, enquanto Hélio Costa continua a ser competitivo, algo que Serra, por exemplo, parece não ser mais no plano federal – será pouquíssimo se comparado à força que imaginava obter antes de deflagrada a campanha. A oposição farisaica corre o sério risco de se ver reduzida a pó.
Diante dessa iminência a oposição farisaica está apelando aos discursos mais baixos. E não me refiro a baixaria na internet ou no horário eleitoral gratuito, ela está apelando para novos e antigos subterfúgios e sofismas na busca desesperada de construir um discurso capaz de legitimar um golpe de estado.
O Partido do Capital – a mídia oligopolizada – sempre teve lampejos nesse sentido, seja na forma de denuncismo, principal artimanha desde a “crise do mensalão”, seja o flerte com o golpismo expresso no discurso udenista contra, por exemplo, o PNDH ou a Revisão da Lei de Anistia ou, ainda, os aplausos incontidos perante a judicialização da política.
Mas quanto ao PSDB, é difícil determinar quando definitivamente adotou essa linha (golpista) como estratégia política. Talvez tenha sido quando o presidenciável tucano cunhou o governo de Luis Inácio Lula da Silva como sendo uma tentativa de implantação duma Republica Sindicalista – exatamente o mesmo termo usado pela UDN e os militares em 1964 para derrubar Jango.
Já durante o 8º Congresso Brasileiro de Jornais, no dia 19 último, José Serra declarou para deleite da plateia presente: "Uma coisa é divergir de notícias, uma coisa é debater as notícias, outra coisa, completamente diferente, é usar a opressão do Estado... em função do partido"; e emendou ao tratar das inúmeras conferências promovidas pelo governo federal nesses sete anos do Presidente Lula: "Essa é uma via democrática de estabelecer o controle, porque as conferências pagas com o dinheiro público são de frações de partido, do PT, que é a favor disso". O tucano ainda acusou categoricamente os petistas de realizarem "perseguição sistemática e pressão psicológica" sobre membros da imprensa.
Tais declarações foram refutadas e dadas como fantasiosas pelo insuspeito Financial Times através de seu correspondente no Brasil, Jonathan Wheatley, curiosamente num artigo onde defende Serra como único capaz de retomar as “imperiosas” reformas iniciadas nos idos FFHH.
Talvez tenha sido no Congresso Brasileiro de Jornais que Serra deu o sinal de que, na impossibilidade de chegar ao poder através do voto, a coalizão conservadora da qual ele próprio é líder – PSDB/DEMO/PPS/CNA/Partido do Capital et caterva – deve se dispor a tomar o poder doutras maneiras.
Nessa semana que passou o Partido do Capital foi fértil em criar inúmeras teorias a fim de justificar uma ruptura democrática. Vários colunistas têm emprestado suas penas para alertar acerca do perigo de “chavinização” da política brasileira. Entretanto, na verdade, nem eles sabem ao certo o significado do termo que eles próprios insistem em forjar.
Numa delas Ricardo Noblat postou em seu blog um artigo de Sandro Vaia cujo teor acusa o Partido dos Trabalhadores de não saber lidar com as instituições democráticas, de aparelhamento do Estado – essa lenga-lenga é antiga, surrada e fácil de ser desmontada – além de não saber conviver com a oposição, chegando mesmo a querer dizimá-la. Esquece-se o jornalista conservador que o Partido dos Trabalhadores foi ao longo de 22 anos, desde sua fundação em 1980 até a eleição de Lula para a presidência da República em 2002, oposição sistemática aos diversos governos federais do período. Passando, e sobrevivendo, como oposição pelo Gal. Figueiredo, o último ditador do ciclo militar, pelos governos Sarney e Collor, pelo governo Itamar/FFHH e pelos mandatos presidenciais de FFHH, e enquanto tal jamais pregou a ruptura democrática. Muito pelo contrário, ao longo de sua trajetória foi aos poucos se submetendo ao status quo e se institucionalizando.
Na visão torpe e oportunista de Vaia, a continuidade do PT a frente do governo federal poderá colocar em xeque as instituições democráticas.
No sábado Serra surgiu novamente em cenário carregando o figurino “vivandeira de quartel” – Marco Aurélio Garcia já havia alertado sobre o fim melancólico do ex-governador de São Paulo. Leiam o que Serra foi capaz de dizer em encontro com associados do Clube Militar no Rio de Janeiro:
"Em 64, não sei se os senhores já estavam nas Forças Armadas, mas uma grande motivação da derrubada de Jango era a ideia, equivocada, de uma 'república sindicalista'. Não tinha menor possibilidade, tal a fraqueza (do governo)... Mas eles (PT) fizeram agora uma república sindicalista. Não pelo socialismo, estatismo, mas para curtir"
Tal declaração dispensa maiores comentários, por si só já é bastante didática e escancara o que passa pela cabeça da oposição farisaica.
Todavia nenhuma tentativa de golpe de Estado nesse país pode ser pensada ou aventada sem a palavra de Gilmar Mendes. E foi justamente ele quem retornou aos holofotes nesse domingo.
Em entrevista à Folhona Ditabranda Mendes fez inúmeras elucubrações sobre a suposta quebra de sigilo fiscal de pessoas vinculadas ao PSDB. Também referiu-se, ainda que disfarçadamente, ao PT como partido clandestino, acusou o governo federal de aparelhamento do Estado e ao mesmo tempo de usar de “paradigmas selvagens da política sindical”.
Em suma, tudo parece estar orquestrado para uma tentativa de ruptura democrática, resta saber se há na direita coesão e coragem para tanto.
2 comentários:
Será que em pleno século 21 regrediremos a esse patamar?
Parece-me tão ilusório acreditar que com todos os avanços do Brasil e a posição assumida por nós internacionalmente que um golpe aos moldes de 1964 se faça. Talvez a direita golpista busque outros meios, mas ditadura de novo não há como pensar nem aceitar.
O pior de tudo é ver a direita atacando a candidatura da Dilma com argumentos golpistas e a chamada "extrema esquerda", que faz o jogo da direita, atacar a Dilma ao invés do Serra.
CANALHAS!
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