A força de um partido político pode ser medida de várias maneiras. Através de sua votação; através da capacidade de juntar militantes e coloca-los nas ruas; através da sua coerência histórica e da luta pelos objetivos que nunca abandonou ao longo dos anos; através da sua inserção tanto dentro da chamada sociedade civil organizada quanto entre os agentes excluídos do processo democrático – e como democrático entenda-se o acesso às garantias do Estado e a capacidade de viver e participar de forma plena da sociedade.
Numa disputa eleitoral tudo isso é levado em conta, a legitimidade e a força do partido, além, obviamente, da legitimidade e coerência do candidato apresentado para defender as bandeiras propostas pelo partido.
Por mais que alguns teimem em afirmar que a disputa eleitoral está hoje reduzida a capacidade de atrair financiadores para a campanha, o poder do discurso ainda é suficientemente forte para colocar no centro das discussões e do embate temas como políticas públicas, sua aplicação e sua gestão; desenvolvimento social e sustentável; e, sobretudo numa disputa municipal, o combate às mazelas que afligem a população diariamente – educação, saúde, transporte público etc.
Em Poços vivemos um momento no qual as forças conservadoras estão a principio desunidas. O prefeito Paulinho Courominas ao sentir no ar o cheiro azedo e desagradável da traição que estava sendo preparada, se posicionou exigindo o apoio dos caciques ou a ruptura definitiva. Os caciques preferiram a segunda opção.
Não obstante o tradicional e fortíssimo grupo dos caciques, agora apela para que o deputado Geraldo Thadeu se disponha a trocar Brasília por Poços de Caldas, o que para ele não parece ser mau negócio (leia sobre isto aqui). Mesmo assim há diversos complicadores sinalizando que Geraldo dificilmente manterá a coesão que o grupo mostra desde 1996.
O quadro político em Poços se tornou tão esquizofrênico que da noite para o dia passamos a ver o grupo que elegeu Courominas e caminhou com ele até 31 de dezembro do ano passado, fazendo-lhe oposição. Enquanto o PMDB, outrora parte integrante da coligação derrotada em 2008 e até dezembro último oposição ao prefeito, hoje é partido da base desse mesmo prefeito. Isso mostra que coerência não faz parte do vocabulário de nenhum destes lados.
Num campo assim onde a incoerência e os projetos pessoais são plantados, regados e colhidos aos fardos, não sobram muitas alternativas além daquela que poderá ser apresentada pelo único partido que se manteve fiel aos seus princípios e sempre se opôs aos mandos e desmandos do grupo dos caciques. O Partido dos Trabalhadores. Partido este que vem sendo cobiçado por todos os grupos e dissidentes. No entanto o Partido dos Trabalhadores não só tem mantido sua coerência como também continua a ter uma firme plataforma sobre o que acredita ser o melhor para a sociedade poços-caldense.
Vale ainda salientar que no período no qual o PT esteve no poder entre 2001-2004, não lhe foi dado o direito de errar. Afinal, os supostos erros foram em boa medida superados pelos acertos e avanços que Poços de Caldas vivenciou à época do prefeito Paulo Tadeu. Apenas como exemplo vale destacar que o ex- prefeito Paulo Tadeu foi reconhecido com o primeiro lugar em gestão fiscal, enquanto hoje amargamos (pasmem!) uma posição abaixo da posição dois mil.
O PT se encontra num cenário favorável onde pode ao mesmo tempo defender as propostas que sempre teve para a cidade, mostrar os inúmeros avanços obtidos no período em que esteve a frente do governo municipal e se posicionar como força sempre coerente aos seus princípios. Mais, uma pesquisa realizada em dezembro passado mostra o PT como o partido preferido de 20% do eleitorado de Poços. PMDB, o segundo no quesito, aparece com meros 5%. Não é difícil concluir que o PT possui todos os predicados de um partido grande e forte capaz de pleitear com legitimidade o papel de protagonista no processo eleitoral desse ano.
Feitas essas constatações parece claro que o momento é propício para indicar – como, aliás, sempre indicou desde as eleições extraordinárias de 1985 quando Poços enfim voltou a eleger de forma direta seu prefeito – um nome capaz de aglutinar a oposição de esquerda e ao mesmo tempo carregar as bandeiras que o partido sempre levantou. Tenho certeza que a militância petista está esperando por esse nome. Um nome que honre sua história e suas lutas. Seria no mínimo desconfortável ou constrangedor para o militante petista aderir a uma campanha onde o cabeça de chapa não possa ser identificado como alguém capaz de defender as bandeiras do partido, além de não me parecer uma boa tática desperdiçar um capital político de 20% do eleitorado.
Caso exista algum outro partido de esquerda que sempre tenha se mantido fiel as suas bandeiras e que tenha a história e o capital político que o PT tem, que reivindique para si a posição de protagonista da verdadeira oposição em outubro próximo. A militância petista nesse caso não terá problemas em emprestar-lhe seu entusiasmo. Todavia, caso não haja outro partido com essas condições, a militância petista, sabiamente, optará por ser a protagonista mais uma vez.
Um comentário:
Estimado Hudson:
Amo a nossa pátria, muito embora não sejamos atendidos em nossas necessidades pelos que estão no seu comando; amo política, contudo não entendo o "regionalismo" contundente armado à área municipal; entendo as personalidades que compõem um mesmo partido; não se pode exigir o mesmo pensamento, a igualdade de objetivos nem os caminhos que em cada região toma determinado partido. Vão por ai, acredito, as ciumadas e egoísmos, ou sonhos mais abrangentes àqueles que servem de base a uma agremiação, seja de que natureza se apresente e a que destino se pretenda tenha em relação às necessidades de um grupo ou de uma coletividade mais completa. Caciques sempre os houve, desde os tempos em que meu pai, vereador e posteriormente eleito deputado estadual no Rio G. do Norte (não foi empossado por sua morte em 1952), praticava a política. Caciques existem em Brasília. Antes, à época do regionalismo contundente, como foi no nordeste, nos fins do século 19 e em princípios do século 20, eram eles conhecidos por "coronéis", geralmente ricos e poderosos fazendeiros donos de usinas de cana de açúcar, de escravos e emancipados à escravatura pela Lei Áurea. José Lins do Rego fala bem sobre o assunto. Mas bem... Em cada cabeça uma sentença.
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