Um amigo meu, residente aqui em Poços de Caldas e que desde o fim de semana se encontra em viagem, me enviou email na terça-feira indagando sobre a implantação do sistema integrado no transporte público de nossa cidade. Semana passada conversávamos justamente sobre esse tema e antevíamos o que estava por vir. Para responder-lhe encaminhei outro email tentando retratar a situação da maneira mais honesta e fiel o possível.
Eis um trecho da minha resposta:
As pessoas estão indignadas. Preço [da tarifa] mais caro, sumiço de linhas antigas, o dobro do tempo (ou mais) para chegar ao mesmo destino de antes, ônibus super lotados, trabalhadores e estudantes tendo que sair de casa bem mais cedo e ainda assim chegando atrasados, filas enormes para comprar o cartão "Amigo" (da onça), funcionários da Circullare parecendo barata tonta sem saber informar nada. Acho que isso resume o caos que se tornou o transporte público em Poços nessa semana.
O povo está revoltado.
Não escrevi na resposta ao meu amigo, mas um verdadeira sensação de impotência como cidadão tomou conta de mim na terça-feira. Razão do sentimento, a forma como estão sendo tratados os usuários do transporte público de Poços de Caldas e a cilada que o “todo-poderoso” dono da empresa Circullare – única empresa responsável pela concessão pública de transportes na cidade –, Sr. Flávio Cansado, meteu alguns de seus funcionários, pois estes têm recebido insultos, xingamentos e até ameaças de agressão física justamente por também não entenderem o motivo de tamanho transtorno na vida da população e pela forma amadora como a empresa vem conduzindo o processo.
Mais. Na realidade a causa maior de todo o transtorno se deve a prática monopolística como a Circullare atua na cidade durante décadas a fio. Embora outro amigo, esse advogado, tenha me alertado que por se tratar de concessão pública não possamos falar em “monopólio”, o que vemos na prática é exatamente isso, sem concorrência e com anuência – para não dizer subserviência do poder público – a população poços-caldense se vê refém das ambições de uma única empresa de transporte público.
Todas as alterações perpetradas pela Circullare na última semana podem, do ponto de vista meramente jurídico, serem “legais”, no entanto isso não as torna “justas”. Não é justo o trabalhador/estudante (ainda mais levando em conta que o principal público atendido pela empresa se encontra nas classes mais baixas) pague mais caro para chegar mais tarde ao trabalho/escola. Assim como não é “justo” ser obrigado a “adquirir” (a Circullare não gosta que se empregue o termo “comprar”) o bendito “Cartão Amigo” para ter desconto nas passagens – na verdade não existe desconto algum, quem tiver o cartão paga o preço que já pagava antes e quem não tiver paga mais caro, portanto a passagem teve seu preço alterado para cima. Se não há irregularidades nisso, há nitidamente uma questão de imoralidade e desrespeito para com a população.
Outro ponto, talvez o mais importante de todos. Tudo isso ocorreu sem que a população tivesse a oportunidade de ser ouvida. Não houve audiência pública, não houve Conferencia Municipal da Cidade e nem tampouco do Desenvolvimento Urbano como tem acontecido noutras cidades. O assunto, de enorme importância para a população poços-caldense, sequer passou pela Câmara dos Vereadores, foi resolvido da forma como as autoridades poços-caldense se acostumaram após anos sem o povo ter o direito a voto para eleger o prefeito municipal, na base da canetada.
Para justificar tantos transtornos – outro transtorno que não citei é a criação de várias subestações –, falta de transparência dos gestores públicos, ausência de participação popular na elaboração do projeto, além do amadorismo tanto da empresa concessionária quanto da administração municipal, alguns asseclas do grupo que comanda política e economicamente a cidade vêm nos dizer que as alterações são necessárias para Poços de Caldas visando o futuro, uma vez que a população da cidade deve sofrer um aumento nos próximos anos. Esses asseclas são corajosos demais, não têm medo de cair no ridículo. Ora, quase todas as cidades no Brasil, um país ainda subdesenvolvido, verão sua população aumentar pelo menos durante a próxima década. Como esse argumento por si só é vazio, correram a comparar Poços de Caldas com outras cidades onde, segundo esses asseclas, existe um sistema de integração parecido. As cidades citadas foram, entre outras, Campinas, 1.064.669 habitantes e Uberlândia, 634.345 habitantes, sendo que Poços de Caldas conta hoje com 151.449, segundo dados do IBGE. A menos que eu não entenda nada de aritmética, Poços de Caldas ainda está muito longe do patamar dessas cidades.
Para encerrar não posso deixar passar em branco a atitude do vereador Flávio Faria (PT), único digno de ser chamado como vereador de oposição, autor de um requerimento pedindo a convocação do dono da empresa Circullare, Flávio Cansado, e do secretário municipal de Defesa Social, Sérgio Krisanski , para esclarecimentos na Câmara Municipal no dia 16 desse mês.
Aguardemos os próximos atos dessa balbúrdia recheada de autoritarismo e incompetência.
Um comentário:
o Flavio Cansado é um cuzão desgraçado filho de uma P#T#!!!!!!!!
Cartão amigo de CU È ROLA !!!
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