Haroldo Ceravolo Sereza
Do UOL Notícias
http://noticias.uol.com.br/politica/2010/01/28/crise-do-mensalao-ajudou-a-esconder-o-surgimento-do-lulismo-diz-cientista-politico-andre-singer.jhtm
Na edição mais recente da revista “Novos Estudos”, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, o cientista político e jornalista André Singer, professor da Universidade de São Paulo, publicou o artigo “Razões Sociais e Ideológicas do Lulismo”, em que discute a emergência desta nova base de apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se tornou visível nas eleições de 2006.
O ano de 2010 é o último ano de Lula, eleito em 2002 e reeleito em 2006, à frente da Presidência da República. Passados esses anos todos, o presidente é o mesmo – mas o eleitorado mudou. Esse fenômeno tem sido chamado “lulismo” pelos cientistas políticos e sociólogos na análise da política brasileira.
Há quem veja no processo uma despolitização, como é o caso do sociólogo Francisco de Oliveira. O ex-presidente e também sociólogo Fernando Henrique Cardoso escreveu um artigo comparando o processo ao peronismo argentino.
Para André Singer, Lula, com uma política ao mesmo tempo manteve a ordem e distribuiu renda conquistou o segmento do “subproletariado”: trabalhadores que não tinham carteira assinada e que votaram maciçamente no PT nas eleições de 2006.
Lula ganhou a eleição de 2006 por uma margem de 20 milhões de votos sobre um adversário do PSDB – um número próximo do observado em 2002. Mas, para Singer, “essa semelhança é superficial”: “Por trás dessa aparente igualdade, existe uma transformação da base social que elegeu Lula.”
Singer foi também, durante o primeiro mandato de Lula, porta-voz da Presidência. Em entrevista ao UOL Notícias e a Joaquim Toledo Jr., editor da revista “Novos Estudos”, Singer falou sobre a mudança nessa base social de apoio de Lula, sobre o filme “Lula, o Filho do Brasil” e ainda sobre os principais pré-candidatos à Presidência da República.
Leia abaixo a opinião de Singer sobre os principais tópicos da entrevista.
O QUE É O LULISMO?
“O lulismo é o que a gente poderia chamar de movimento social que emerge na eleição de 2006, quando, na minha opínião, ocorreu um fenômeno de realinhamento eleitoral. O presidente Lula ganhou a eleição de 2006 no segundo turno por uma diferença de votos muito parecida com a que ele tinha recebido em 2002. Ganhou por uma margem de 20 milhões de votos sobre um adversário do PSDB. Na realidade, essa semelhança é superficial. Por trás dessa aparente igualdade, existe uma transformação da base social que elegeu Lula.”
QUEM SÃO OS ELEITORES DE LULA?
“Se a gente olha para a intenção de voto desagregada pela renda, são os eleitores de baixíssima renda. Esses são os eleitores que apoiaram o presidente Lula ainda no primeiro turno, quando o candidato do PSDB chegou perto de 40% teve uma votação expressiva no primeiro turno, o candidato Geraldo Alckmin, vindo a perder votos no segundo turno. Quem sustentou o presidente Lula desde o primeiro turno foram esses eleitores de baixíssima renda. Ocorre que historicamente esses eleitores sempre estiveram afastados da candidatura de Lula à presidência da República e do PT. O eleitorado tradicional do PT é um eleitorado de classe média, se nós considerarmos a parte formalizada da classe trabalhadora como classe média. Essa é uma visão que eu proponho no artigo para tentar compreender esse fenômeno do realinhamento à luz da teoria de classes, que é ver que no Brasil nós temos um conjunto de trabalhadores que estão aquém do proletariado - estou usando um conceito do professor Paul Singer de subproletariado para designar essa camada que veio a apoiar Lula e que nunca havia apoiado desde que ele concorre à Presidência da República, em 1989.”
SEM SE FAZER NOTAR
“Ocorreu um duplo fenômeno. Esse setor que veio aderir ao presidente Lula é um setor da sociedade que está na base da pirâmide social e, nessa medida, ele fica distante dos analistas políticos. Os analistas políticos, de uma maneira geral, são gente de classe média, que tem dificuldade de perceber os movimentos moleculares que ocorrem na base da sociedade. Um outro aspecto é que esse fenômeno veio provavelmente se configurando ao longo do ano de 2005, quando ocorreu a chamada crise do mensalão, e as atenções do mundo político estavam voltadas para o mensalão, ao mesmo tempo em que na base da sociedade começava a ocorrer um fenômeno de adesão ao presidente Lula, que não foi percebido a não ser quando ele já estava se expressando eleitoralmente, perto da campanha eleitoral de 2006.”
O QUE LEVOU AO LULISMO?
“Houve a execução de um programa que, simultaneamente, manteve a ordem - e a manutenção da ordem é uma aspiração deste eleitorado, por razões que não são difíceis de compreender... Vou recuar um pouquinho. Se a gente lembrar como foi a formação do PT, o PT foi um partido que se construiu sobre a ideia de que a luta de classes deveria ocupar o primeiro lugar na cena política. E a luta de classes é, por definição, um conflito social, que ameaça a ordem. Então o PT, que procurou construir uma organização autônoma da classe trabalhadora, se ergueu sobre a ideia e sobre a prática, porque foi um período de greves muito intensas, de que o conflito era positivo. Esse setor do eleitorado tem dificuldade para aceder a essa compreensão até porque é um setor que não pode se organizar, por exemplo, não participa de sindicato, porque não é formalizado. Está aquém das condições de participação da luta de classes. Então, para esse setor, a manutenção da ordem é um valor. Simultaneamente a isso [à manutenção da ordem], o governo Lula promoveu uma série de programas que, no seu conjunto, fizeram com que a qualidade de vida deste setor tivesse uma mudança positiva importante. Se a gente for pegar cada programa isoladamente, ele não talvez represente essa mudança. Mas se olharmos para o conjunto do Bolsa Família, dos aumentos do salário mínimo, da redução do custo da cesta básica e de dezenas de programas focalizados, como Luz para Todos, regularização de terras de quilombolas, construção de cisternas no semi-árido... Se reunirmos esse conjunto, a gente vai observar que o governo executou um conjunto de políticas que transformou a vida de milhões de pessoas que pertencem a esse setor que depois veio a aderir ao presidente Lula.”
CONSERVADORISMO ‘SUI GENERIS’
“É preciso compreender bem o que é a natureza desse conservadorismo. Ele é um conservadorismo muito "sui generis". Ele é ao mesmo tempo conservador e não conservador. Ele é conservador num aspecto: ele recusa o conflito social. Ele quer mudanças dentro da ordem, mas ele quer mudanças. Esse setor do eleitorado apoia vigorosamente a intervenção do Estado na economia, por exemplo. Se a gente entender essa dialética, há uma transformação na qualidade do voto, a partir da adesão ao presidente Lula, o centro e a direita não podem mais fazer o discurso que foi muito eficiente da eleição de 1989 até a eleição de 2002, a de que Lula e o PT representam desordem. Esse tipo de eixo foi quebrado.”
DESPOLITIZAÇÃO E SUBPERONISMO
“Acho que há uma repolitização em bases novas. O professor Francisco de Oliveira tem razão ao assinalar que há um fenômeno novo. Por que é novo? Por que o lulismo mistura elementos de esquerda e de direita. Nesse sentido ele reembaralha as cartas ideológicas de uma maneira nova, e obriga tanto o centro quanto a esquerda e a direita a se reposicionarem diante de uma articulação ideológica e social diferente. Com relação à questão do subperonismo, acho que estamos numa fase de transição, em que não sabemos em que forma política essa força social vai se cristalizar. Eu diria que existe uma possibilidade de que ela cristalize no próprio PT. Acho que ainda é cedo para a gente falar em modelos antigos.”
’LEALDADE’ AO LULISMO
“O fenômeno do lulismo, se a minha hipótese estiver correta, é que as pessoas que mudaram de condição de vida e identificaram essa mudança com um projeto político encabeçado pelo presidente Lula devem se manter leais a esse projeto. Essa seria uma possibilidade, mas é claro que a história vai se construindo de uma maneira inesperada.”
18 BRUMÁRIO DE LULA
“Do mesmo modo como Marx, ao tentar explicar a ascensão do Luís Bonaparte - ninguém esperava que Luís Bonaparte ganhasse as eleições de 2 de dezembro de 1848. Ganhou para surpresa de todos analistas. Essa é a meu ver a genialidade do Marx, ter percebido que ele recebeu os votos de uma parcela enorme da população francesa que tinha dificuldades estruturais para se organizar. Hoje eles estão organizados, naquele momento era muito difícil. Eu fiquei pensando nesses trabalhadores que vivem na informalidade no Brasil, que vivem no setor de serviços, ora estão empregados, ora desempregados, muito em empregos domésticos, que têm muita dificuldade em se expressar. Eles têm de expressar suas aspirações a partir de cima, de alguém que venha de cima. E num certo sentido eles recusam essa organização eleitoralmente, ao não votar no Lula e no PT até 2002. Até eles terem a certeza da ordem.”
O PT É REFÉM DO LULISMO?
“Max Weber viu isso com clareza quase cem anos atrás: em democracias presidencialistas, uma liderança carismática, como é o caso do presidente Lula, que tem muita expressão eleitoral, ela se torna uma força enorme dentro do partido que tem vocação eleitoral. O partido fica observando qual é a direção que essa liderança vai dar. Esse é um fenômeno que não tem novidade em relação a isso, sobretudo nas democracias presidencialistas. O presidente Lula tem um peso enorme dentro do PT.”
"LULA, O FILHO DO BRASIL"
“Ouvi que as índices de público no Nordeste eram muito mais altos que no Sudeste. Acho que isso corresponde um pouco a essa nova divisão política que emergiu da eleição de 2006. Se a hipótese desse realinhamento do subproletariado estiver correta, ela explica a força do lulismo no Nordeste. É que o Nordeste é o coração social, cultural e político do subproletariado. Boa parte das pessoas que estão nessa condição nas periferias do Sudeste vieram do Nordeste. Provavelmente o filme está correspondendo às expectativas onde o lulismo é mais forte.”
MÍDIA E LULA, MÍDIA E FHC
“Eu tenho evitado me manifestar sobre a mídia. Sou jornalista profissional, não estou exercendo a profissão neste momento, mas trabalhei quase 30 anos como jornalista. Nesse sentido eu tive uma vivência da mídia por dentro. Para não simplesmente dar uma impressão subjetiva de pouco valor, eu teria de estudar. Eu acho que é uma pergunta que está no ar. Eu conheço alguns estudos que mostrem em 2006 por parte de certos veículos uma certa tendência contra Lula e contra o PT. Mas não eu não conheço nenhum estudo comparativo que mostre de maneira inequívoca essa comparação, como foi o comportamento do veículo A, B e C no governo Lula e no governo FHC.”
POLARIZAÇÃO
“Concordo que o corte "ordem-desordem" não está na pauta, ele foi de certa maneira superado, mas ele poderá voltar em outra conjuntura. Porque nós não sabemos os limites da possibilidade da continuação da distribuição de renda dentro desse modelo. Porque este é um modelo, que permitiu a execução dessas políticas distributivas mantendo certas linhas mestras da política econômica anterior. O que está dado é que a oposição não tem neste momento um discurso novo e acredito que se as condições atuais que estamos vendo agora, vamos ter dois candidatos tentando dizer que um é melhor que outro para dar continuidade. Um governo que tem 70% de aprovação, significa que o eleitorado quer que esta linha geral continue. Os dois candidatos vão tentar dizer que um é melhor que outro. A oposição vai ter de tentar mostrar isso: que tem o melhor candidato para dar continuidade às políticas deste governo. O problema é que isso é contraintuitivo.”
SERRA (PSDB)
“O governador Serra é um político muito experiente, já disputou a presidência, muito conhecido no Brasil todo. Ele está à frente neste momento porque ele é a figura mais conhecida. Acho que ele está numa situação em que ele não pode se opor frontalmente ao presidente Lula e provavelmente o que ele procurará fazer é mostrar que ele será o melhor continuador dessas políticas e não a ministra Dilma.”
DILMA (PT)
“É a candidata deste governo que está com 70%, portanto ela deverá naturalmente ter o voto de uma parte significativa desses eleitores que querem a continuidade.”
CIRO GOMES (PSB)
“Ele tem uma característica que eu acho interessante: procurar debater projetos para o Brasil. Nós estamos vivendo uma etapa de rearrumação dos partidos políticos. E essa rearrumação está deixando um pouquinho de lado a discussão programática. Acho que ele tem esse diferencial em relação a outros políticos brasileiros. Acho que seria muito interessante que o PT abrisse uma temporada de conversas com partidos de centro-esquerda como é o caso do PSB do ministro Ciro Gomes para tentar estabelecer uma plataforma e apresente para o país um projeto de aprofundamento dessas mudanças feitas no governo Lula.”
MARINA SILVA (PV)
“A senadora Marina Silva é uma figura humana de primeiríssima grandeza e que tem uma espécie de respeito generalizado em todo o mundo político. A disposição dela de se candidatar já produziu um efeito positivo, já obrigou os outros candidatos a falarem mais da questão ambiental e do desenvolvimento sustentável. Evidentemente será uma candidatura minoritária, ela não tem condição de aspirar a uma condição majoritária, mas ela tem condições de ser o fiel da balança num eventual segundo turno.”
PSOL
“Eu acho que a candidatura da senadora Heloísa Helena em 2006 se beneficiou muito da crise de 2005, do mensalão. Este é um episódio eleitoralmente superado. A situação atual do PSOL é muito diferente daquela de 2006. Na verdade, o PSOL está diante de uma situação que é a necessidade de a esquerda se recolocar diante de um cenário novo. A esquerda não pode ficar simplesmente na oposição a um governo que fez essa distribuição de renda. Pode criticar os aspectos conservadores, mas não pode se opor totalmente a este governo. O PSOL está diante deste dilema, que é como a esquerda vai se posicionar diante de um cenário novo.”
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Quem perde é a democracia
Por Venício Lima na Carta Maior
http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4520
Nos últimos meses, ainda mais do que nas últimas décadas, temos assistido a uma crescente intolerância dos principais grupos de mídia – Estadão, Folha, Globo e Abril – e das associações por eles controladas – ANJ, ANER e ABERT – em relação ao debate sobre as comunicações no Brasil.
Um dos princípios básicos da democracia é exatamente que qualquer tema pode e deve ser discutido pela cidadania. É assim, dizem os liberais, que se forma a opinião pública esclarecida, responsável, em última instância, pela escolha periódica e legítima dos dirigentes políticos do país.
Na democracia praticada pela grande mídia brasileira, no entanto, as comunicações devem ser permanentemente excluídas desse debate.
Qualquer pré-projeto, projeto, estudo, carta de intenções que se encontre em alguma gaveta de um ministério que inclua ou insinue o debate sobre a mídia será, automática e irreversivelmente, rotulado de “ameaça autoritária” e/ou “ataque à liberdade de expressão”.
A rotina é sempre a mesma: um jornalista encontra um desses pré-projetos, projetos, estudos e/ou carta de intenções; o jornalão dá manchete de primeira página alertando para o mais novo ataque do governo à liberdade de expressão e/ou à liberdade de imprensa; os outros jornalões (revistas e emissoras de rádio e televisão) repercutem a matéria entrevistando as mesmas fontes de sempre – pessoas e/ou entidades. Em seguida, todos publicam editoriais e/ou artigos de “analistas” sobre “as ameaças” autoritárias. Está armado o cenário.
Constituição não é parâmetro?
A quem interessa a permanente interdição da mídia como tema da agenda pública de debates? O que realmente querem e esperam os grupos empresariais que controlam a grande mídia no nosso país?
As normas adotadas unanimemente em democracias consolidadas do planeta e a Constituição Federal não servem mais de parâmetro para que se “permita” ou “admita” o debate. Até mesmo propostas de regulamentação de dispositivos Constitucionais têm sido entendidas, sem mais, como significando um “ardil” e/ou uma “armadilha” do governo para instalar um regime autoritário no país e, portanto, são automaticamente desqualificadas.
Ou não foi exatamente isso que ocorreu em relação às propostas da 1ª. Confecom – boicotada pela grande mídia; às diretrizes do III PNDH –ignorado ao longo de todo seu processo de construção; e, mais recentemente, ao documento-base da 2ª Conferência Nacional de Cultura que será realizada em março?
Despreza-se inteiramente a necessidade de leis federais, vale dizer, de um marco regulatório, que regulem a atividade de mídia, inequivocamente expressa na Constituição. Está escrito:
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
(...)
§ 3º - Compete à lei federal:
I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada;
II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:
I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
E a democracia?
Na verdade, a grande mídia tem se colocado acima das leis, da Constituição e das decisões do Judiciário, apesar de se apresentar como defensora suprema das liberdades.
Ao mesmo tempo, se recusa a discutir ou a negociar, boicota conferências nacionais, distorce e omite informações, sataniza movimentos sociais, partidos, grupos e pessoas que não compartilham de seus interesses, projetos e posições. Dessa forma, estimula a intolerância, a radicalização política e o perigoso estreitamento do debate público.
Como explicar, então, a atitude cada vez mais intolerante da grande mídia? Onde encontrar hipóteses e/ou explicações para um comportamento que, tudo indica, é deliberadamente articulado?
Acuar o governo e impedir que ele tome qualquer iniciativa no setor? Intimidar os movimentos sociais? Garantir a manutenção de interesses ameaçados? Estratégia de combate para o ano eleitoral?
Seja qual for a explicação, a principal derrotada é a democracia, exatamente o valor que a grande mídia simula defender.
Veníco Lima é Pesquisador Sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da Universidade de Brasília - NEMP - UNB
http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4520
Nos últimos meses, ainda mais do que nas últimas décadas, temos assistido a uma crescente intolerância dos principais grupos de mídia – Estadão, Folha, Globo e Abril – e das associações por eles controladas – ANJ, ANER e ABERT – em relação ao debate sobre as comunicações no Brasil.
Um dos princípios básicos da democracia é exatamente que qualquer tema pode e deve ser discutido pela cidadania. É assim, dizem os liberais, que se forma a opinião pública esclarecida, responsável, em última instância, pela escolha periódica e legítima dos dirigentes políticos do país.
Na democracia praticada pela grande mídia brasileira, no entanto, as comunicações devem ser permanentemente excluídas desse debate.
Qualquer pré-projeto, projeto, estudo, carta de intenções que se encontre em alguma gaveta de um ministério que inclua ou insinue o debate sobre a mídia será, automática e irreversivelmente, rotulado de “ameaça autoritária” e/ou “ataque à liberdade de expressão”.
A rotina é sempre a mesma: um jornalista encontra um desses pré-projetos, projetos, estudos e/ou carta de intenções; o jornalão dá manchete de primeira página alertando para o mais novo ataque do governo à liberdade de expressão e/ou à liberdade de imprensa; os outros jornalões (revistas e emissoras de rádio e televisão) repercutem a matéria entrevistando as mesmas fontes de sempre – pessoas e/ou entidades. Em seguida, todos publicam editoriais e/ou artigos de “analistas” sobre “as ameaças” autoritárias. Está armado o cenário.
Constituição não é parâmetro?
A quem interessa a permanente interdição da mídia como tema da agenda pública de debates? O que realmente querem e esperam os grupos empresariais que controlam a grande mídia no nosso país?
As normas adotadas unanimemente em democracias consolidadas do planeta e a Constituição Federal não servem mais de parâmetro para que se “permita” ou “admita” o debate. Até mesmo propostas de regulamentação de dispositivos Constitucionais têm sido entendidas, sem mais, como significando um “ardil” e/ou uma “armadilha” do governo para instalar um regime autoritário no país e, portanto, são automaticamente desqualificadas.
Ou não foi exatamente isso que ocorreu em relação às propostas da 1ª. Confecom – boicotada pela grande mídia; às diretrizes do III PNDH –ignorado ao longo de todo seu processo de construção; e, mais recentemente, ao documento-base da 2ª Conferência Nacional de Cultura que será realizada em março?
Despreza-se inteiramente a necessidade de leis federais, vale dizer, de um marco regulatório, que regulem a atividade de mídia, inequivocamente expressa na Constituição. Está escrito:
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
(...)
§ 3º - Compete à lei federal:
I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada;
II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:
I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
E a democracia?
Na verdade, a grande mídia tem se colocado acima das leis, da Constituição e das decisões do Judiciário, apesar de se apresentar como defensora suprema das liberdades.
Ao mesmo tempo, se recusa a discutir ou a negociar, boicota conferências nacionais, distorce e omite informações, sataniza movimentos sociais, partidos, grupos e pessoas que não compartilham de seus interesses, projetos e posições. Dessa forma, estimula a intolerância, a radicalização política e o perigoso estreitamento do debate público.
Como explicar, então, a atitude cada vez mais intolerante da grande mídia? Onde encontrar hipóteses e/ou explicações para um comportamento que, tudo indica, é deliberadamente articulado?
Acuar o governo e impedir que ele tome qualquer iniciativa no setor? Intimidar os movimentos sociais? Garantir a manutenção de interesses ameaçados? Estratégia de combate para o ano eleitoral?
Seja qual for a explicação, a principal derrotada é a democracia, exatamente o valor que a grande mídia simula defender.
Veníco Lima é Pesquisador Sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política da Universidade de Brasília - NEMP - UNB
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Haiti: responsabilidades, cinismo e humor negro
Para se entender um pouco mais os problemas internos enfrentados pelo Haiti e a extensão da catástrofe que assolou o país nessa semana pincei dois ótimos artigos na internet. O primeiro extraído do Vi o Mundo, de autoria de Bill Quigley, retrata como a política externa dos EEUU vem ao longo de décadas corroborando com o caos social e político no qual o país caribenho está mergulhado.
Já o segundo foi extraído do site português Esquerda.Net e mostra faces do cinismo e do humor negro estadunidense. O cinismo: Obama criar uma comissão de socorro ao Haiti. (Vocês entenderam melhor a cinismo contido na medida após a leitura do artigo de Bill Quigley). O humor negro: o coordenador dessa ‘comissão’ será George W. Bush!!! Verdade. O ‘senhor da guerra’ que provou toda a sua competência na gestão de auxilio e socorro às vitimas de catástrofes naturais quando o Katrina arrasou New Orleans!!!
E eu que ingenuamente imaginei que estivéssemos livres do câncer.
Haiti: Quem é que privatizou o estado?
Por Bill Quigley, fonte Vi o Mundo
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/haiti-quem-e-que-privatizou-o-estado/
What the Mainstream Media Will Not Tell You About Haiti: Part of the Suffering of Haiti is "Made in the USA" (O que a mídia corporativa não vai te contar sobre o Haiti: Parte do sofrimento é Made in USA).
Parte do sofrimento no Haiti é "Feito nos Estados Unidos". Se um terremoto pode danificar qualquer país, as ações dos Estados Unidos ampliaram os danos do terremoto no Haiti.
Como? Na última década, os Estados Unidos cortaram ajuda humanitária ao Haiti, bloquearam empréstimos internacionais, forçaram o governo do Haiti a reduzir serviços, arruinaram dezenas de milhares de pequenos agricultores e trocaram apoio ao governo por apoio às ONGs.
O resultado? Pequenos agricultores fugiram do campo e migraram às dezenas de milhares para as cidades, onde construiram abrigos baratos nas colinas. Os fundos internacionais para estradas e educação e saúde foram suspensos pelos Estados Unidos.
O dinheiro que chega ao país não vai para o governo mas para corporações privadas. Assim o governo do Haiti quase não tem poder para dar assistência a seu próprio povo em dias normais -- muito menos quando enfrenta um desastre como esse.
Alguns dados específicos de anos recentes.
Em 2004 os Estados Unidos apoiaram um golpe contra o presidente eleito democraticamente, Jean Bertrand Aristide. Isso manteve a longa tradição de os Estados Unidos decidirem quem governa o país mais pobre do hemisfério. Nenhum governo dura no Haiti sem aprovação dos Estados Unidos.
Em 2001, quando os Estados Unidos estavam contra o presidente do Haiti, conseguiram congelar 148 milhões de dólares em empréstimos já aprovados e muitos outros milhões de empréstimos em potencial do Banco Interamericano de Desenvolvimento para o Haiti. Fundos que seriam dedicados a melhorar a educação, a saúde pública e as estradas.
Entre 2001 e 2004, os Estados Unidos insistiram que quaisquer fundos mandados para o Haiti fossem enviados através de ONGs. Fundos que teriam sido mandados para que o governo oferecesse serviços foram redirecionados, reduzindo assim a habilidade do governo de funcionar.
Os Estados Unidos tem ajudado a arruinar os pequenos proprietários rurais do Haiti ao despejar arroz americano, pesadamente subsidiado, no mercado local, tornando extremamente difícil a sobrevivência dos agricultores locais. Isso foi feito para ajudar os produtores americanos. E os haitianos? Eles não votam nos Estados Unidos.
Aqueles que visitam o Haiti confirmam que os maiores automóveis de Porto Príncipe estão cobertos com os símbolos de ONGs. Os maiores escritórios pertencem a grupos privados que fazem o serviço do governo -- saúde, educação, resposta a desastres. Não são guardados pela polícia, mas por segurança privada pesadamente militarizada.
O governo foi sistematicamente privado de fundos. O setor público encolheu. Os pobres migraram para as cidades.
E assim não havia equipes de resgate. Havia poucos serviços públicos de saúde.
Quando o desastre aconteceu, o povo do Haiti teve que se defender por conta própria. Podemos vê-los agindo. Podemos vê-los tentando. Eles são corajosos e generosos e inovadores, mas voluntários não podem substituir o governo. E assim as pessoas sofrem e morrem muito mais.
Os resultados estão à vista de todos. Tragicamente, muito do sofrimento depois do terremoto no Haiti é "Feito nos Estados Unidos".
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George W. Bush coordena o socorro ao Haiti
http://www.esquerda.net/content/view/14934/1/
Depois da desastrosa resposta às vítimas do furacão Katrina, Bush vai coordenar o socorro ao Haiti. Foto ONU/FlickrOs EUA encarregaram os ex-presidentes Bill Clinton e George W. Bush de coordenar o auxílio ao Haiti depois de Barack Obama ter anunciado uma verba de 100 milhões de dólares e o envio de 5200 soldados para combater os efeitos do terramoto.
Haitianos e membros das brigadas internacionais de resgate que trabalham nas operações de salvamento de sobreviventes do terramoto que assolou o Haiti, em especial a capital, Port-au-Prince, têm revelado aos órgãos de comunicação social que o cenário no país é semelhante ao provocado pela explosão de uma bomba atómica, tal o grau de destruição atingido. O auxílio internacional já começou a chegar, embora seja insuficiente para as necessidades da população afectada, cerca de um terço dos habitantes do país.
O número de vítimas mortais continua a ser indefinido, calculado ainda entre limites inferior e superior que variam entre as cem mil e as 500 mil pessoas. Grupos de socorristas com cães farejadores treinados na descoberta de sobreviventes conseguiram chegar já ao território haitiano, tal como um porta-aviões norte-americano transportando um primeiro conjunto de cem soldados e algum auxílio alimentar e médico.
Fontes oficiais norte-americanas informaram que os ex-presidentes Bill Clinton e George W. Bush foram nomeados para coordenar o auxílio humanitário ao Haiti, acumulando também o primeiro o cargo de enviado das Nações Unidas. Alguns meios de comunicação social dos Estados Unidos estranharam, contudo, o envolvimento de Bush tendo em conta o fracasso da sua Administração por ocasião da catástrofe em New Orleans provocada pelo furacão Katrina.
O auxílio de 100 milhões de dólares agora anunciado por Obama também foi considerado escasso quando comparado com as verbas envolvidas nas operações financeiras de socorro aos bancos e outras instituições financeiras e, sobretudo, com o bilião de dólares indexado pelo Pentágono, ao longo dos anos, à guerra contra o terrorismo e às invasões do Afeganistão e do Iraque.
“Será um esforço a longo prazo”, previu a secretária de Estado, Hillary Clinton. Bill Clinton, por seu lado, declarou que o terramoto do Haiti “é uma das grandes emergências humanitárias das Américas”.
A economia do Haiti, país onde o rendimento per capita é inferior a 40 cêntimos de euro por dia, depende totalmente dos Estados Unidos da América. Os produtos agrícolas haitianos são exportados para os Estados Unidos a preços muito baixos e a mão-de-obra barata e sem direitos sociais deste país das Caraíbas alimenta relevantes sectores da indústria norte-americana, designadamente a produção têxtil.
Texto publicado no portal do Bloco no Parlamento Europeu
Já o segundo foi extraído do site português Esquerda.Net e mostra faces do cinismo e do humor negro estadunidense. O cinismo: Obama criar uma comissão de socorro ao Haiti. (Vocês entenderam melhor a cinismo contido na medida após a leitura do artigo de Bill Quigley). O humor negro: o coordenador dessa ‘comissão’ será George W. Bush!!! Verdade. O ‘senhor da guerra’ que provou toda a sua competência na gestão de auxilio e socorro às vitimas de catástrofes naturais quando o Katrina arrasou New Orleans!!!
E eu que ingenuamente imaginei que estivéssemos livres do câncer.
Haiti: Quem é que privatizou o estado?
Por Bill Quigley, fonte Vi o Mundo
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/haiti-quem-e-que-privatizou-o-estado/
What the Mainstream Media Will Not Tell You About Haiti: Part of the Suffering of Haiti is "Made in the USA" (O que a mídia corporativa não vai te contar sobre o Haiti: Parte do sofrimento é Made in USA).
Parte do sofrimento no Haiti é "Feito nos Estados Unidos". Se um terremoto pode danificar qualquer país, as ações dos Estados Unidos ampliaram os danos do terremoto no Haiti.
Como? Na última década, os Estados Unidos cortaram ajuda humanitária ao Haiti, bloquearam empréstimos internacionais, forçaram o governo do Haiti a reduzir serviços, arruinaram dezenas de milhares de pequenos agricultores e trocaram apoio ao governo por apoio às ONGs.
O resultado? Pequenos agricultores fugiram do campo e migraram às dezenas de milhares para as cidades, onde construiram abrigos baratos nas colinas. Os fundos internacionais para estradas e educação e saúde foram suspensos pelos Estados Unidos.
O dinheiro que chega ao país não vai para o governo mas para corporações privadas. Assim o governo do Haiti quase não tem poder para dar assistência a seu próprio povo em dias normais -- muito menos quando enfrenta um desastre como esse.
Alguns dados específicos de anos recentes.
Em 2004 os Estados Unidos apoiaram um golpe contra o presidente eleito democraticamente, Jean Bertrand Aristide. Isso manteve a longa tradição de os Estados Unidos decidirem quem governa o país mais pobre do hemisfério. Nenhum governo dura no Haiti sem aprovação dos Estados Unidos.
Em 2001, quando os Estados Unidos estavam contra o presidente do Haiti, conseguiram congelar 148 milhões de dólares em empréstimos já aprovados e muitos outros milhões de empréstimos em potencial do Banco Interamericano de Desenvolvimento para o Haiti. Fundos que seriam dedicados a melhorar a educação, a saúde pública e as estradas.
Entre 2001 e 2004, os Estados Unidos insistiram que quaisquer fundos mandados para o Haiti fossem enviados através de ONGs. Fundos que teriam sido mandados para que o governo oferecesse serviços foram redirecionados, reduzindo assim a habilidade do governo de funcionar.
Os Estados Unidos tem ajudado a arruinar os pequenos proprietários rurais do Haiti ao despejar arroz americano, pesadamente subsidiado, no mercado local, tornando extremamente difícil a sobrevivência dos agricultores locais. Isso foi feito para ajudar os produtores americanos. E os haitianos? Eles não votam nos Estados Unidos.
Aqueles que visitam o Haiti confirmam que os maiores automóveis de Porto Príncipe estão cobertos com os símbolos de ONGs. Os maiores escritórios pertencem a grupos privados que fazem o serviço do governo -- saúde, educação, resposta a desastres. Não são guardados pela polícia, mas por segurança privada pesadamente militarizada.
O governo foi sistematicamente privado de fundos. O setor público encolheu. Os pobres migraram para as cidades.
E assim não havia equipes de resgate. Havia poucos serviços públicos de saúde.
Quando o desastre aconteceu, o povo do Haiti teve que se defender por conta própria. Podemos vê-los agindo. Podemos vê-los tentando. Eles são corajosos e generosos e inovadores, mas voluntários não podem substituir o governo. E assim as pessoas sofrem e morrem muito mais.
Os resultados estão à vista de todos. Tragicamente, muito do sofrimento depois do terremoto no Haiti é "Feito nos Estados Unidos".
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George W. Bush coordena o socorro ao Haiti
http://www.esquerda.net/content/view/14934/1/
Depois da desastrosa resposta às vítimas do furacão Katrina, Bush vai coordenar o socorro ao Haiti. Foto ONU/FlickrOs EUA encarregaram os ex-presidentes Bill Clinton e George W. Bush de coordenar o auxílio ao Haiti depois de Barack Obama ter anunciado uma verba de 100 milhões de dólares e o envio de 5200 soldados para combater os efeitos do terramoto.
Haitianos e membros das brigadas internacionais de resgate que trabalham nas operações de salvamento de sobreviventes do terramoto que assolou o Haiti, em especial a capital, Port-au-Prince, têm revelado aos órgãos de comunicação social que o cenário no país é semelhante ao provocado pela explosão de uma bomba atómica, tal o grau de destruição atingido. O auxílio internacional já começou a chegar, embora seja insuficiente para as necessidades da população afectada, cerca de um terço dos habitantes do país.
O número de vítimas mortais continua a ser indefinido, calculado ainda entre limites inferior e superior que variam entre as cem mil e as 500 mil pessoas. Grupos de socorristas com cães farejadores treinados na descoberta de sobreviventes conseguiram chegar já ao território haitiano, tal como um porta-aviões norte-americano transportando um primeiro conjunto de cem soldados e algum auxílio alimentar e médico.
Fontes oficiais norte-americanas informaram que os ex-presidentes Bill Clinton e George W. Bush foram nomeados para coordenar o auxílio humanitário ao Haiti, acumulando também o primeiro o cargo de enviado das Nações Unidas. Alguns meios de comunicação social dos Estados Unidos estranharam, contudo, o envolvimento de Bush tendo em conta o fracasso da sua Administração por ocasião da catástrofe em New Orleans provocada pelo furacão Katrina.
O auxílio de 100 milhões de dólares agora anunciado por Obama também foi considerado escasso quando comparado com as verbas envolvidas nas operações financeiras de socorro aos bancos e outras instituições financeiras e, sobretudo, com o bilião de dólares indexado pelo Pentágono, ao longo dos anos, à guerra contra o terrorismo e às invasões do Afeganistão e do Iraque.
“Será um esforço a longo prazo”, previu a secretária de Estado, Hillary Clinton. Bill Clinton, por seu lado, declarou que o terramoto do Haiti “é uma das grandes emergências humanitárias das Américas”.
A economia do Haiti, país onde o rendimento per capita é inferior a 40 cêntimos de euro por dia, depende totalmente dos Estados Unidos da América. Os produtos agrícolas haitianos são exportados para os Estados Unidos a preços muito baixos e a mão-de-obra barata e sem direitos sociais deste país das Caraíbas alimenta relevantes sectores da indústria norte-americana, designadamente a produção têxtil.
Texto publicado no portal do Bloco no Parlamento Europeu
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
...E a direita grita!
A gritaria generalizada da mídia oligopolizada não cessa e os ataques ao 3º Plano Nacional dos Direitos Humanos assinado pelo Presidente Lula em dezembro último chegam ao cumulo de clamar até por golpe de Estado. Não acredita, leia no Vi o Mundo o que José Neumane Pinto declarou ontem em rede nacional no SBT [http://www.viomundo.com.br/opiniao/lula-nao-leu-oposicao-nao-leu-neumanne-nao-leu/] ou, então, a fantástica entrevista de Ives Gandra, notório militante da seita fundamentalista Opus Dei, a Boris Casoy, por seu turno ex-militante do CCC (Comando de Caça aos Comunistas) e para quem os lixeiros são ‘merda’. A análise dessa entrevista está no blog do Altamiro Borges [http://altamiroborges.blogspot.com/2010/01/casoy-e-gandra-ccc-e-opus-dei-unidos.html].
Outros que têm sistematicamente atacado o PNDH-3 são: Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão, Associação Nacional dos Editores de Revistas e Associação Nacional de Jornais. Dentre os membros titulares dessas associações podemos destacar as famílias Marinho, Civita, Frias, Mesquita, Saad, Sarney et caterva. Penso ser desnecessário listar a contribuição dessas famílias para a democracia brasileira, mas só como exemplo vale lembrar que os Frias cederam peruas para transportar presos políticos durante a Ditadura Militar; os Marinho acertavam a linha editorial de suas emissoras de rádio e TV e de seus jornais de acordo com o que os milicos lhe pedissem – em troca de caros favores –; e os Sarney, bem os Sarney são os Sarney.
No blog do Reinaldo ‘Boca de Esgoto’ Azevedo, aquele sujeito desprovido de pensamento próprio e que só escreve o que os Civita – simpatizantes do sionismo e sócios da Naspers – mandam, o PNDH-3 é tido como as trombetas do apocalipse e a senha para a tomada definitiva do Estado e a subseqüente implantação duma ditadura lulo-petista.
Dá pra notar bem quem está contra o PNDH-3.
Já do outro lado estão as mais diversas entidades de defesa dos direitos humanos, entidades em prol da igualdade racial, sindicatos e federações trabalhistas, OAB , o grosso da intelectualidade brasileira, a parte mais lúcida da Igreja Católica etc.
No entanto, para melhor explicar o PNDH-3, sugiro o artigo a seguir. O autor do artigo é o insuspeito Cláudio Lembo, filiado ao DEMO e ex-governador de São Paulo (foi vice de Geraldo Alckmin). Portanto, a menos que eu esteja muitíssimo equivocado, não se trata dum petista e menos ainda dum comunista ultrapassado. Ou será que ele quer um boquinha no governo federal assim que se instalar a ‘ditadura lulo-petista’???
Vá à fonte
Cláudio Lembo, no Terra Magazine
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4195318-EI8421,00-Va+a+fonte.html
Uma grande celeuma. Por pouco. O Governo Federal editou nos últimos dias de dezembro - mais precisamente no dia vinte e um daquele mês - extenso e estranho documento.
Estranho por indicar, com grandiloqüência, processo que se desenvolve continuamente, graças à instauração da democracia nos anos oitenta. A sua evolução é normal, apesar de núcleos reacionários contrários.
Este documento legal denomina-se PNDH-3. É o terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos. Arrola temas comuns nos debates acadêmicos e presentes nos meios de comunicação.
Aqui e ali, utiliza linguagem marcada por uma deformação ideológica oriunda dos anos 60. Isto, porém, não incomoda. Indica, apenas, que seus autores, um dia, procuraram ser agentes da utopia.
Ora, quem lê, sem preconceitos, o documento presidencial constatará que ele enfoca temas que, necessariamente, deverão ser abordados pela sociedade e, depois, analisados pelo Congresso Nacional.
Em uma sociedade com conflitos sociais latentes, onde poucos dominam, pelas mais diversas formas, a grande maioria, preservando-a em situação alarmante, apontar temas para o debate é essencial.
Claro que alguns tópicos arrolados, no documento, à primeira vista, se assemelham descabidos. O uso de símbolos religiosos em recintos públicos da União, por exemplo.
A tradição cultural brasileira sempre aceitou - sem contestação, ainda porque a imensa maioria da sociedade pertencia a uma única religião - a afixação de símbolos religiosos em locais oficiais de trabalho.
Hoje, a formação da sociedade alterou-se. São inúmeras as confissões religiosas e as novas crenças que se acresceram ao cenário social do País. Antes que conflitos surjam, é bom que um Estado laico trate do tema.
Outros assuntos versados também parecem extravagantes. A verdade, no entanto, que eles permeiam a sociedade, apesar de alguns poucos quererem vê-los como descabidos.
Examinem-se alguns poucos. A situação das prostitutas no contexto social. Marginalizadas. Usadas como objetos. Repudiadas como seres fora da normalidade. Posição anti-social inaceitável.
A questão da homo-afetividade, já tratada por muitos países, inclusive pelos seus parlamentos - como aconteceu na última semana na Assembléia da República portuguesa - e na penumbra por aqui.
Há temas que causam aflição e desconforto permanente. Nem por isto não devem ser trazidos à tona e debatidos, a partir das inúmeras posições religiosas e visões, morais.
A eutanásia não pode ser esquecida. Até onde vai a vontade de familiares e médicos em manter a vida vegetativa? É moral manter a vida de quem se encontra condenado pela plena falência biológica?
O aborto criminalizado pela nossa lei penal e, assim, levando, particularmente, à mulher todo o ônus da condição humana, deve ser cinicamente omitido entre os problemas da sociedade?
Claro que estes assuntos, no campo moral, sempre causam repulsas. Nem por isto, porém, devem deixar de ser examinados e debatidos pela sociedade. Permanecer estagnados é que se mostra grave.
No campo político, o documento legal mostra-se limitado. Quer analisar o Estado Novo e os acontecimentos de 1964. Bom e oportuno. Mas violência ocorre no Brasil desde 1500. A colonização foi um ato de força.
São tantas e tão diversas as questões inseridas no Terceiro Programa Nacional dos Direitos Humanos que se torna difícil uma análise mais abrangente de seu conteúdo.
Contudo, oportuno notar que sua formatação não contém nenhuma força coercitiva. Trata-se apenas de um roteiro para futuros exercícios de cidadania.
Os professores, acostumados a ler os trabalhos contemporâneos de seus alunos, constatarão que o documento parece produto de uma tarefa própria de um exercício de informática.
Origina-se de uma longa atividade de coleta de dados, sem que isto aponte para qualquer vício cometido pelos seus autores. Na verdade eles foram a trabalhos concretizados pela União Européia, ultimamente.
Antes, contudo, nos anos sessenta, os temas consolidados mereceram grande explicitação nas universidades norte-americanas e, por aqui, em vários organismos privados de pesquisa e extensão.
O melhor, no caso do decreto n. 7.037, de 21 de dezembro de 2009, é o acesso ao texto integral pelo cidadão responsável. Faça este a sua própria análise do documento.
Ganham os direitos humanos, afastam-se as interpretações facciosas. Não ouça terceiros. Vá à fonte. É melhor e mais seguro.
Outros que têm sistematicamente atacado o PNDH-3 são: Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão, Associação Nacional dos Editores de Revistas e Associação Nacional de Jornais. Dentre os membros titulares dessas associações podemos destacar as famílias Marinho, Civita, Frias, Mesquita, Saad, Sarney et caterva. Penso ser desnecessário listar a contribuição dessas famílias para a democracia brasileira, mas só como exemplo vale lembrar que os Frias cederam peruas para transportar presos políticos durante a Ditadura Militar; os Marinho acertavam a linha editorial de suas emissoras de rádio e TV e de seus jornais de acordo com o que os milicos lhe pedissem – em troca de caros favores –; e os Sarney, bem os Sarney são os Sarney.
No blog do Reinaldo ‘Boca de Esgoto’ Azevedo, aquele sujeito desprovido de pensamento próprio e que só escreve o que os Civita – simpatizantes do sionismo e sócios da Naspers – mandam, o PNDH-3 é tido como as trombetas do apocalipse e a senha para a tomada definitiva do Estado e a subseqüente implantação duma ditadura lulo-petista.
Dá pra notar bem quem está contra o PNDH-3.
Já do outro lado estão as mais diversas entidades de defesa dos direitos humanos, entidades em prol da igualdade racial, sindicatos e federações trabalhistas, OAB , o grosso da intelectualidade brasileira, a parte mais lúcida da Igreja Católica etc.
No entanto, para melhor explicar o PNDH-3, sugiro o artigo a seguir. O autor do artigo é o insuspeito Cláudio Lembo, filiado ao DEMO e ex-governador de São Paulo (foi vice de Geraldo Alckmin). Portanto, a menos que eu esteja muitíssimo equivocado, não se trata dum petista e menos ainda dum comunista ultrapassado. Ou será que ele quer um boquinha no governo federal assim que se instalar a ‘ditadura lulo-petista’???
Vá à fonte
Cláudio Lembo, no Terra Magazine
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4195318-EI8421,00-Va+a+fonte.html
Uma grande celeuma. Por pouco. O Governo Federal editou nos últimos dias de dezembro - mais precisamente no dia vinte e um daquele mês - extenso e estranho documento.
Estranho por indicar, com grandiloqüência, processo que se desenvolve continuamente, graças à instauração da democracia nos anos oitenta. A sua evolução é normal, apesar de núcleos reacionários contrários.
Este documento legal denomina-se PNDH-3. É o terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos. Arrola temas comuns nos debates acadêmicos e presentes nos meios de comunicação.
Aqui e ali, utiliza linguagem marcada por uma deformação ideológica oriunda dos anos 60. Isto, porém, não incomoda. Indica, apenas, que seus autores, um dia, procuraram ser agentes da utopia.
Ora, quem lê, sem preconceitos, o documento presidencial constatará que ele enfoca temas que, necessariamente, deverão ser abordados pela sociedade e, depois, analisados pelo Congresso Nacional.
Em uma sociedade com conflitos sociais latentes, onde poucos dominam, pelas mais diversas formas, a grande maioria, preservando-a em situação alarmante, apontar temas para o debate é essencial.
Claro que alguns tópicos arrolados, no documento, à primeira vista, se assemelham descabidos. O uso de símbolos religiosos em recintos públicos da União, por exemplo.
A tradição cultural brasileira sempre aceitou - sem contestação, ainda porque a imensa maioria da sociedade pertencia a uma única religião - a afixação de símbolos religiosos em locais oficiais de trabalho.
Hoje, a formação da sociedade alterou-se. São inúmeras as confissões religiosas e as novas crenças que se acresceram ao cenário social do País. Antes que conflitos surjam, é bom que um Estado laico trate do tema.
Outros assuntos versados também parecem extravagantes. A verdade, no entanto, que eles permeiam a sociedade, apesar de alguns poucos quererem vê-los como descabidos.
Examinem-se alguns poucos. A situação das prostitutas no contexto social. Marginalizadas. Usadas como objetos. Repudiadas como seres fora da normalidade. Posição anti-social inaceitável.
A questão da homo-afetividade, já tratada por muitos países, inclusive pelos seus parlamentos - como aconteceu na última semana na Assembléia da República portuguesa - e na penumbra por aqui.
Há temas que causam aflição e desconforto permanente. Nem por isto não devem ser trazidos à tona e debatidos, a partir das inúmeras posições religiosas e visões, morais.
A eutanásia não pode ser esquecida. Até onde vai a vontade de familiares e médicos em manter a vida vegetativa? É moral manter a vida de quem se encontra condenado pela plena falência biológica?
O aborto criminalizado pela nossa lei penal e, assim, levando, particularmente, à mulher todo o ônus da condição humana, deve ser cinicamente omitido entre os problemas da sociedade?
Claro que estes assuntos, no campo moral, sempre causam repulsas. Nem por isto, porém, devem deixar de ser examinados e debatidos pela sociedade. Permanecer estagnados é que se mostra grave.
No campo político, o documento legal mostra-se limitado. Quer analisar o Estado Novo e os acontecimentos de 1964. Bom e oportuno. Mas violência ocorre no Brasil desde 1500. A colonização foi um ato de força.
São tantas e tão diversas as questões inseridas no Terceiro Programa Nacional dos Direitos Humanos que se torna difícil uma análise mais abrangente de seu conteúdo.
Contudo, oportuno notar que sua formatação não contém nenhuma força coercitiva. Trata-se apenas de um roteiro para futuros exercícios de cidadania.
Os professores, acostumados a ler os trabalhos contemporâneos de seus alunos, constatarão que o documento parece produto de uma tarefa própria de um exercício de informática.
Origina-se de uma longa atividade de coleta de dados, sem que isto aponte para qualquer vício cometido pelos seus autores. Na verdade eles foram a trabalhos concretizados pela União Européia, ultimamente.
Antes, contudo, nos anos sessenta, os temas consolidados mereceram grande explicitação nas universidades norte-americanas e, por aqui, em vários organismos privados de pesquisa e extensão.
O melhor, no caso do decreto n. 7.037, de 21 de dezembro de 2009, é o acesso ao texto integral pelo cidadão responsável. Faça este a sua própria análise do documento.
Ganham os direitos humanos, afastam-se as interpretações facciosas. Não ouça terceiros. Vá à fonte. É melhor e mais seguro.
domingo, 10 de janeiro de 2010
ELEIÇÕES 2010: análise política
* Por João Alexandre Moura
O dramaturgo alemão Bertolt Brecht já escrevia que o pior analfabeto é o analfabeto político, portanto 2010 é um ano mais do que propicio a falarmos de política, ou melhor, de eleições partidárias que decidirão o rumo do país.
Grande parte do eleitorado brasileiro anda desacreditado da classe política, “mensalões” da esquerda, da direita, do horizonte e das verticais comprovam o falho sistema político brasileiro que necessita imediatamente ser revisto.
Mais do que votarmos em outubro teremos que rever nossos conceitos em quem votarmos e garimparmos nossa consciência política para elegermos políticos coerentes e que tenham um projeto de Brasil. O atual quadro configura a disputa das últimas duas décadas entre o PT da ministra Dilma e o PSDB do governador paulista José Serra. Os petistas estão no poder (Lula) que anteriormente esteve nas mãos do PSDB (FHC), ou seja, “o bicho vai pegar” no quesito de não termos um candidato a reeleição (Lula) e os tucanos ao lado dos “democratas” buscando voltar ao poder depois de oito anos.
Sem sombra de dúvidas será uma disputa acirrada que dependerá do discurso que o PSDB vai propor para desbancar a excelente popularidade do governo Lula. Entretanto o perfil “gerentona” e inexperiente de Dilma poderá favorecer o PSDB que aposta em Serra e seus genéricos (DEM e PPS) para chegarem à vitória. Como possíveis alternativas ao projeto tucano e petista surgem Marina Silva (PV) que buscará colocar na agenda política a questão ambiental, o contraditório Ciro Gomes (PSB) e o PSOL de Plínio de Arruda ou Heloísa Helena que podem até apoiarem Marina Silva em uma aliança de ex-petistas.
Em Minas, Aécio Neves (candidato ao Senado ou vice de Serra) tentará transferir votos para o “gerentão” do choque de gestão Anastasia que disputará contra Hélio Costa (PMDB) ou os petistas Pimentel e Patrus.
Nas eleições proporcionais renovaremos ou não 2/3 do Senado e votaremos também para deputados estaduais e federais (pára-quedistas à vista).
Acharia interessante a reflexão sobre as eleições 2010 no sentido de exercermos a cidadania mas também que façamos uma leitura criteriosa de cada candidato, suas demagogias,alianças, projetos e “projetos” .Não sejamos analfabetos políticos e orgulhamos de odiar política porque a mesma é fundamental em nossas vidas na construção de um país melhor.
A escolha é nossa e o que queremos? Mudar, continuar, avançar, inovar ou regredir?
* João Alexandre Moura Oliveira, Geógrafo, Gestor Ambiental, Militante Cultural e professor de Geografia, Filosofia e Sociologia na rede privada de Poços de Caldas-MG.
O dramaturgo alemão Bertolt Brecht já escrevia que o pior analfabeto é o analfabeto político, portanto 2010 é um ano mais do que propicio a falarmos de política, ou melhor, de eleições partidárias que decidirão o rumo do país.
Grande parte do eleitorado brasileiro anda desacreditado da classe política, “mensalões” da esquerda, da direita, do horizonte e das verticais comprovam o falho sistema político brasileiro que necessita imediatamente ser revisto.
Mais do que votarmos em outubro teremos que rever nossos conceitos em quem votarmos e garimparmos nossa consciência política para elegermos políticos coerentes e que tenham um projeto de Brasil. O atual quadro configura a disputa das últimas duas décadas entre o PT da ministra Dilma e o PSDB do governador paulista José Serra. Os petistas estão no poder (Lula) que anteriormente esteve nas mãos do PSDB (FHC), ou seja, “o bicho vai pegar” no quesito de não termos um candidato a reeleição (Lula) e os tucanos ao lado dos “democratas” buscando voltar ao poder depois de oito anos.
Sem sombra de dúvidas será uma disputa acirrada que dependerá do discurso que o PSDB vai propor para desbancar a excelente popularidade do governo Lula. Entretanto o perfil “gerentona” e inexperiente de Dilma poderá favorecer o PSDB que aposta em Serra e seus genéricos (DEM e PPS) para chegarem à vitória. Como possíveis alternativas ao projeto tucano e petista surgem Marina Silva (PV) que buscará colocar na agenda política a questão ambiental, o contraditório Ciro Gomes (PSB) e o PSOL de Plínio de Arruda ou Heloísa Helena que podem até apoiarem Marina Silva em uma aliança de ex-petistas.
Em Minas, Aécio Neves (candidato ao Senado ou vice de Serra) tentará transferir votos para o “gerentão” do choque de gestão Anastasia que disputará contra Hélio Costa (PMDB) ou os petistas Pimentel e Patrus.
Nas eleições proporcionais renovaremos ou não 2/3 do Senado e votaremos também para deputados estaduais e federais (pára-quedistas à vista).
Acharia interessante a reflexão sobre as eleições 2010 no sentido de exercermos a cidadania mas também que façamos uma leitura criteriosa de cada candidato, suas demagogias,alianças, projetos e “projetos” .Não sejamos analfabetos políticos e orgulhamos de odiar política porque a mesma é fundamental em nossas vidas na construção de um país melhor.
A escolha é nossa e o que queremos? Mudar, continuar, avançar, inovar ou regredir?
* João Alexandre Moura Oliveira, Geógrafo, Gestor Ambiental, Militante Cultural e professor de Geografia, Filosofia e Sociologia na rede privada de Poços de Caldas-MG.
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
O Brasil do presente, o do futuro e o do passado
O ano de 2010 promete ser o mais importante da história recente do Brasil. Nesse ano estarão em disputa não apenas a Presidência da República, os governos estaduais, a renovação total da Câmara dos Deputados, das Assembléias Estaduais e de 2/3 do Senado Federal. Não. Em jogo estará também uma visão de país e a sociedade que queremos legar para as próximas gerações.
Deixando sectarismo, maniqueísmo e platonismo de lado, é hora de compreendermos a importância do momento histórico no qual vivemos e os avanços sociais que o Brasil, a muito custo, conquistou nos últimos sete anos, e em especial a partir de 2005.
Notada e indiscutivelmente o Brasil é hoje bem diverso daquele que se encontrava terra arrasada em 2002. Teimar em dizer o contrário é, como se diz aqui em Minas, tapar o Sol da peneira.
Obviamente o atual governo não descobriu o Brasil ou tampouco o reinventou. Todavia nenhum governante antes teve uma preocupação essencial com a parte social. É pouco? Por certo que é, e ninguém do lado de cá do computador está afirmando que isto seja o bastante. O que estou afirmando é mais simples, não há no momento atual ¬– para infelicidade duns e felicidade doutros – nenhum projeto de país capaz de se apresentar como alternativo as políticas sociais e aos avanços introduzidos pelo governo petista. Os outros projetos que se apresentam são incapazes de dar continuidade as conquistas que a sociedade civil organizada e a classe trabalhadora vêm logrando desde 2003.
O projeto de país da direita, hoje encarnada na sacrossanta aliança PSDB-DEMO-PPS, é, por natureza, conservador, enquanto a esquerda, identificada com o PSOL, não tem nenhum projeto sério a não ser eleger Heloisa Helena Senadora por Alagoas. Para tanto está disposta até a se aliar ao PV, um partideco de aluguel, quiçá a serviço da própria direita.
É nosso dever em outubro desse ano lutar para que o Brasil do futuro, e quando digo ‘futuro’ estou me referindo a um ‘futuro’ bem próximo, seja melhor que o do presente e não pior.
Lula x FHC: por que os tucanos evitam as comparações
Por Marcos Verlaine*, via Vermelho
http://www.vermelho.org.br/
A disputa eleitoral ganhará nova dimensão quando os tucanos escolherem o contendor de Dilma, que tudo indica será o governador de São Paulo, José Serra (PSDB).
Nas eleições de 2010 haverá duas novidades. A primeira é o fato de Lula não ser candidato. A segunda é que pela primeira vez haverá duas candidatas - Dilma e Marina.
Nessa edição do pleito presidencial mais uma vez tucanos e petistas polarizarão a disputa. Ainda que Ciro e Marina possam se apresentar para ocupar a cadeira do Palácio do Planalto, o jogo se concentrará entre a oposição demo-tucana capitaneada pelo PSDB, e os partidos aliados, tendo o PT à frente.
Dois projetos estarão em jogo. Um conservador e elitista que levou o Brasil à bancarrota. Outro mudancista, que permitiu ao País trilhar novos caminhos, com a inclusão de grande massa do povo no processo produtivo.
No debate será inevitável as comparações entre o atual governo e a era FHC. Mas será essa comparação que permitirá ao povo definir com mais clareza sua escolha. Se quer voltar ao passado ou se quer avançar rumo ao futuro.
Para ficar mais fácil fazer essa escolha, basta comparar alguns dados. Em vinte itens, veja a situação do Brasil antes, com FHC e depois, com Lula.
Nos tempos de FHC, o Risco Brasil estava em 2.700 pontos. Nos tempos de Lula, 200 pontos.
O salário mínimo quando Lula assumiu a Presidência da República, em 2003, estava em 64 dólares. Agora, está entre 290 e 300 dólares.
O dólar que valia R$ 3, agora vale R$ 1,78. FHC não pagou a dívida com o FMI. Lula pagou-a em dólar.
A indústria naval, tão importante para o desenvolvimento do País, FHC não mexeu. Lula reconstruiu.
FHC não construiu nenhuma nova universidade. Lula construiu dez novas universidades federais. Quanto às extensões universitárias, no governo do tucanato não houve nenhuma. No governo Lula foram 45.
As escolas técnicas foram esquecidas na era FHC. Ele não construiu uma sequer. Lula construiu 214.
No campo da economia, as reservas cambiais no governo FHC foram 185 bilhões de dólares negativos. No governo Lula, 239 bilhões de dólares positivos.
O crédito para o povo/PIB no governo tucano foi de apenas 14%. No governo Lula, com as políticas anticíclicas, alcançou 34%.
Em relação à infraestrutura, FHC não construiu nenhuma estrada de ferro. Pelo contrário, as privatizou. No governo Lula, três estão em andamento.
Quando Lula assumiu o governo, 90% das estradas rodoviárias estavam danificadas. Agora, 70% estão recuperadas.
No campo da indústria automobilística, na era FHC, 20% em baixa. Na era Lula, 30% em alta.
Nos oito anos em que FHC presidiu o País, houve quatro crises internacionais, que arrasaram o Brasil. Na era Lula, foi enfrentada uma grande crise, que o Brasil superou em razão das reservas acumuladas e das políticas anticíclicas empreendidas pelo governo.
O cambio no governo FH era fixo, e estourou o Tesouro Nacional. No governo Lula é flutuante, com ligeiras intervenções do Banco Central.
A taxa de juros Selic atingiu na era FHC incríveis 27%. No governo Lula chegou ao seu menor percentual desde quando foi criada, em 1983, 8,5%.
A mobilidade social no governo tucano foi de apenas 2 milhões de pessoas. No governo Lula, 23 milhões de pessoas saíram da linha de pobreza.
FHC criou apenas 780 mil empregos em oito anos. Lula criou 12 milhões.
O governo tucano nada investiu em infraestrutura. Com o PAC Lula pretende investir R$ 504 bilhões até 2010.
Por fim, no mercado internacional, o Brasil, no governo FHC não teve crédito. No governo Lula, o País foi reconhecido como investment grade pelas três maiores agências de classificação de risco internacionais. Ou seja, deixamos de ser um país em que o capital externo só entrava para especular para ser um país de investimentos.
Estes dados não foram inventados por mim, muito menos por algum petista ou pelo governo. São da conceituada revista britânica The Economist.
Estas são as comparações que os tucanos querem evitar a todo custo na peleja de 2010.
* Jornalista, analista político e assessor parlamentar do Diap
Deixando sectarismo, maniqueísmo e platonismo de lado, é hora de compreendermos a importância do momento histórico no qual vivemos e os avanços sociais que o Brasil, a muito custo, conquistou nos últimos sete anos, e em especial a partir de 2005.
Notada e indiscutivelmente o Brasil é hoje bem diverso daquele que se encontrava terra arrasada em 2002. Teimar em dizer o contrário é, como se diz aqui em Minas, tapar o Sol da peneira.
Obviamente o atual governo não descobriu o Brasil ou tampouco o reinventou. Todavia nenhum governante antes teve uma preocupação essencial com a parte social. É pouco? Por certo que é, e ninguém do lado de cá do computador está afirmando que isto seja o bastante. O que estou afirmando é mais simples, não há no momento atual ¬– para infelicidade duns e felicidade doutros – nenhum projeto de país capaz de se apresentar como alternativo as políticas sociais e aos avanços introduzidos pelo governo petista. Os outros projetos que se apresentam são incapazes de dar continuidade as conquistas que a sociedade civil organizada e a classe trabalhadora vêm logrando desde 2003.
O projeto de país da direita, hoje encarnada na sacrossanta aliança PSDB-DEMO-PPS, é, por natureza, conservador, enquanto a esquerda, identificada com o PSOL, não tem nenhum projeto sério a não ser eleger Heloisa Helena Senadora por Alagoas. Para tanto está disposta até a se aliar ao PV, um partideco de aluguel, quiçá a serviço da própria direita.
É nosso dever em outubro desse ano lutar para que o Brasil do futuro, e quando digo ‘futuro’ estou me referindo a um ‘futuro’ bem próximo, seja melhor que o do presente e não pior.
Lula x FHC: por que os tucanos evitam as comparações
Por Marcos Verlaine*, via Vermelho
http://www.vermelho.org.br/
A disputa eleitoral ganhará nova dimensão quando os tucanos escolherem o contendor de Dilma, que tudo indica será o governador de São Paulo, José Serra (PSDB).
Nas eleições de 2010 haverá duas novidades. A primeira é o fato de Lula não ser candidato. A segunda é que pela primeira vez haverá duas candidatas - Dilma e Marina.
Nessa edição do pleito presidencial mais uma vez tucanos e petistas polarizarão a disputa. Ainda que Ciro e Marina possam se apresentar para ocupar a cadeira do Palácio do Planalto, o jogo se concentrará entre a oposição demo-tucana capitaneada pelo PSDB, e os partidos aliados, tendo o PT à frente.
Dois projetos estarão em jogo. Um conservador e elitista que levou o Brasil à bancarrota. Outro mudancista, que permitiu ao País trilhar novos caminhos, com a inclusão de grande massa do povo no processo produtivo.
No debate será inevitável as comparações entre o atual governo e a era FHC. Mas será essa comparação que permitirá ao povo definir com mais clareza sua escolha. Se quer voltar ao passado ou se quer avançar rumo ao futuro.
Para ficar mais fácil fazer essa escolha, basta comparar alguns dados. Em vinte itens, veja a situação do Brasil antes, com FHC e depois, com Lula.
Nos tempos de FHC, o Risco Brasil estava em 2.700 pontos. Nos tempos de Lula, 200 pontos.
O salário mínimo quando Lula assumiu a Presidência da República, em 2003, estava em 64 dólares. Agora, está entre 290 e 300 dólares.
O dólar que valia R$ 3, agora vale R$ 1,78. FHC não pagou a dívida com o FMI. Lula pagou-a em dólar.
A indústria naval, tão importante para o desenvolvimento do País, FHC não mexeu. Lula reconstruiu.
FHC não construiu nenhuma nova universidade. Lula construiu dez novas universidades federais. Quanto às extensões universitárias, no governo do tucanato não houve nenhuma. No governo Lula foram 45.
As escolas técnicas foram esquecidas na era FHC. Ele não construiu uma sequer. Lula construiu 214.
No campo da economia, as reservas cambiais no governo FHC foram 185 bilhões de dólares negativos. No governo Lula, 239 bilhões de dólares positivos.
O crédito para o povo/PIB no governo tucano foi de apenas 14%. No governo Lula, com as políticas anticíclicas, alcançou 34%.
Em relação à infraestrutura, FHC não construiu nenhuma estrada de ferro. Pelo contrário, as privatizou. No governo Lula, três estão em andamento.
Quando Lula assumiu o governo, 90% das estradas rodoviárias estavam danificadas. Agora, 70% estão recuperadas.
No campo da indústria automobilística, na era FHC, 20% em baixa. Na era Lula, 30% em alta.
Nos oito anos em que FHC presidiu o País, houve quatro crises internacionais, que arrasaram o Brasil. Na era Lula, foi enfrentada uma grande crise, que o Brasil superou em razão das reservas acumuladas e das políticas anticíclicas empreendidas pelo governo.
O cambio no governo FH era fixo, e estourou o Tesouro Nacional. No governo Lula é flutuante, com ligeiras intervenções do Banco Central.
A taxa de juros Selic atingiu na era FHC incríveis 27%. No governo Lula chegou ao seu menor percentual desde quando foi criada, em 1983, 8,5%.
A mobilidade social no governo tucano foi de apenas 2 milhões de pessoas. No governo Lula, 23 milhões de pessoas saíram da linha de pobreza.
FHC criou apenas 780 mil empregos em oito anos. Lula criou 12 milhões.
O governo tucano nada investiu em infraestrutura. Com o PAC Lula pretende investir R$ 504 bilhões até 2010.
Por fim, no mercado internacional, o Brasil, no governo FHC não teve crédito. No governo Lula, o País foi reconhecido como investment grade pelas três maiores agências de classificação de risco internacionais. Ou seja, deixamos de ser um país em que o capital externo só entrava para especular para ser um país de investimentos.
Estes dados não foram inventados por mim, muito menos por algum petista ou pelo governo. São da conceituada revista britânica The Economist.
Estas são as comparações que os tucanos querem evitar a todo custo na peleja de 2010.
* Jornalista, analista político e assessor parlamentar do Diap
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Alguns acontecimentos
Voltando das férias alguns acontecimentos nesse início ano merecem destaque e os comentarei.
O primeiro acontecimento não poderia deixar de ser o preconceito declarado de Boris Casoy para com a população pobre e trabalhadora do Brasil. Ao desdenhar os votos de fim de ano de dois garis paulistas esse sujeito repugnante deixou cair a máscara que tentara em vão construir durante décadas. Ali ficou escancarado para quem ouviu o quão Casoy sofre de elitismo e preconceito – o áudio em que o âncora do Jornal da Noite diz “Que merda: dois lixeiros desejando felicidades do alto da suas vassouras. O mais baixo na escala do trabalho”, foi capturado sem que o jornalista se desse conta.
Casoy, antigo militante do CCC (Comando de Caça aos Comunistas), prestou serviços como assessor de imprensa dos milicos durante a Ditadura. Ainda no período militar teve uma ascensão meteórica no Grupo Folha, o mesmo grupo que emprestava peruas para transportar presos políticos, tornando-se em pouco tempo editor editor-chefe da Folha de São Paulo. Desde 1988 é âncora de telejornais, sempre destilando seu ódio contra movimentos sociais e a tudo que cheira povão. Seja trabalhando para o dono do Baú da Felicidade, para os bispos da Universal ou agora para Johnny Saad, nunca deixou de ser um legitimo cão de guarda dos interesses burgueses – expressão sartreana – , porta-voz de interesses que jamais levam em conta as necessidades do trabalhador. Dentre as bandeiras defendidas por Boris Casoy está a privatização indiscriminada de empresas estatais, a menor presença do Estado na economia, a revogação dos direitos trabalhistas, a criminalização do MST etc.
Durante a chamada crise do “mensalão” fez do Jornal da Record, então apresentado por ele, palanque da oposição farisaica que clamava pela derrubada do governo eleito democraticamente. Em 29 de março de 2006 escreveu artigo para a Folha de São Paulo cujo teor deixa transparecer todo o desejo golpista do reacionário jornalista: “Jamais o Brasil assistiu a tamanho descalabro de um governo... Há, desde o tempo do Brasil colônia, um sem número de episódios graves de corrupção e incompetência. Mas o nível alcançado pelo governo Lula é insuperável... Todos os limites foram ultrapassados; não há como o Congresso postergar um processo de impeachment contra Lula”.
Em outubro passado já trabalhando para o Grupo Bandeirantes, Casoy e outros serviçais do Partido do Capital leram editorial daquela empresa tentando insuflar ruralistas contra o governo federal, praticamente pregando guerra civil, por conta da revisão dos índices de produtividade rural – índices esses cuja revisão está prevista em Constituição para ser realizada a cada dez anos e que se mantêm inalterado desde a década de 1970.
Boris Casoy não passa dum lixo humano, portador dos sentimentos mais vis que alguém pode nutrir por seu semelhante e pregador do que há de mais reacionário e arcaico na sociedade brasileira.
Caso queiram escrever uma carta de repúdio a ele, eis o email:
Boris Casoy: bcasoy@band.com.br
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Outro acontecimento que pulula minha mente e me deixa encafifado é a hipocrisia desenfreada que tomou conta dos meios de comunicação e da mídia oligopolizada em especial, àquela que Antonio Gramsci denominou de Partido do Capital.
Como tem sido reveladora a cobertura que a imprensa vem fazendo sobre a tragédia de Angra dos Reis e Ilha Grande! Até o momento já são contabilizados mais de 50 mortes e o governador Sérgio Cabral Filho foi rapidamente alçado a condição de bode expiatório da ocasião. Por ora me abstenho de criar juízo de valor e dizer se realmente o governador fluminense é responsável ou não pela tragédia. Não é esse, agora, meu intuito. Meu intuito é somente denunciar o modo discrepante como a mídia trata situações não muito diversas. O modo como trata a morte de mais de 50 pessoas, quase todas oriundas da classe média ou alta de nossa sociedade e o modo como trata as vítimas de chacinas que ocorrem de forma bem mais regular na Baixada Fluminense e nos morros cariocas. Chacinas essas, na grande maioria das vezes, promovidas pela Polícia Militar que por sua vez executa um plano de apartheid social idealizado e levado a cabo pelo mesmo governador Sérgio Cabral Filho.
Enquanto comunidades inteiras são isoladas e sitiadas pela PM fluminense, o BOPE – e seu “Caveirão” – surge como garantidor da lei e da ordem. Não importa se centenas, talvez milhares, de inocentes morrem a cada ano por essas investidas do poder público contra traficantes e milicianos – onde se encontravam o poder público e o Estado enquanto essas facções tomavam conta dos morros ? – o silêncio e os ouvidos moucos da mídia além de serem abomináveis, são também cúmplices de tanto sangue vertido.
Será que a vida de cinqüenta e tantas pessoas da classe média vale mais que a de milhares de pobres? Por que a tragédia de Angra e as chacinas na Baixada Fluminense e nos morros cariocas ocupam espaço tão desproporcional nos jornais, rádios, TVs e internet? Por que tanta indignação por conta das mortes por deslizamento de terra em Angra e Ilha Grande e tão pouca pelos assassinatos perpetrados pela PM em favelas cariocas? Por que culpar Sérgio Cabral Filho pela tragédia do Ano Novo e isentá-lo de qualquer responsabilidade pelas tragédias do dia-a-dia nos morros cariocas?
Ademais não consigo entender o razão pela qual Sérgio Cabral Filho pode ser responsabilizado pelos acontecimentos em Angra e Ilha Grande e José Serra não pode ser responsabilizado pelas enchentes que assolam São Paulo, paralisam a maior metrópole do Hemisfério Sul, causam danos incalculáveis e o pior, também ceifam vidas. A razão seria que Cabral é aliado de Lula enquanto Serra é o provável candidato tucano ao Planalto nesse ano de 2010?
A mídia oligopolizada é anti-povo. Prova disso é que a polícia de Cabral pode matar pobres a vontade sem ser incomodada pela grande imprensa e Boris Casoy pode chamar lixeiros de merda sem se preocupar com futuras conseqüências dentro do Grupo Bandeirantes.
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Por último gostaria rapidamente de dividir com meus parcos leitores a alegria em receber na blogosfera meu companheiro de lutas populares e grande amigo Diney Lenon. Acessem o Resistência [http://dineylenon.blogspot.com] e confiram. Além dos ótimos textos postados pelo signatário, vocês também poderão participar duma enquete para escolher o homem do século XX.
Ah!!! a imagem colada na parte de cima do Resitência é das melhores que já vi na internet.
O primeiro acontecimento não poderia deixar de ser o preconceito declarado de Boris Casoy para com a população pobre e trabalhadora do Brasil. Ao desdenhar os votos de fim de ano de dois garis paulistas esse sujeito repugnante deixou cair a máscara que tentara em vão construir durante décadas. Ali ficou escancarado para quem ouviu o quão Casoy sofre de elitismo e preconceito – o áudio em que o âncora do Jornal da Noite diz “Que merda: dois lixeiros desejando felicidades do alto da suas vassouras. O mais baixo na escala do trabalho”, foi capturado sem que o jornalista se desse conta.
Casoy, antigo militante do CCC (Comando de Caça aos Comunistas), prestou serviços como assessor de imprensa dos milicos durante a Ditadura. Ainda no período militar teve uma ascensão meteórica no Grupo Folha, o mesmo grupo que emprestava peruas para transportar presos políticos, tornando-se em pouco tempo editor editor-chefe da Folha de São Paulo. Desde 1988 é âncora de telejornais, sempre destilando seu ódio contra movimentos sociais e a tudo que cheira povão. Seja trabalhando para o dono do Baú da Felicidade, para os bispos da Universal ou agora para Johnny Saad, nunca deixou de ser um legitimo cão de guarda dos interesses burgueses – expressão sartreana – , porta-voz de interesses que jamais levam em conta as necessidades do trabalhador. Dentre as bandeiras defendidas por Boris Casoy está a privatização indiscriminada de empresas estatais, a menor presença do Estado na economia, a revogação dos direitos trabalhistas, a criminalização do MST etc.
Durante a chamada crise do “mensalão” fez do Jornal da Record, então apresentado por ele, palanque da oposição farisaica que clamava pela derrubada do governo eleito democraticamente. Em 29 de março de 2006 escreveu artigo para a Folha de São Paulo cujo teor deixa transparecer todo o desejo golpista do reacionário jornalista: “Jamais o Brasil assistiu a tamanho descalabro de um governo... Há, desde o tempo do Brasil colônia, um sem número de episódios graves de corrupção e incompetência. Mas o nível alcançado pelo governo Lula é insuperável... Todos os limites foram ultrapassados; não há como o Congresso postergar um processo de impeachment contra Lula”.
Em outubro passado já trabalhando para o Grupo Bandeirantes, Casoy e outros serviçais do Partido do Capital leram editorial daquela empresa tentando insuflar ruralistas contra o governo federal, praticamente pregando guerra civil, por conta da revisão dos índices de produtividade rural – índices esses cuja revisão está prevista em Constituição para ser realizada a cada dez anos e que se mantêm inalterado desde a década de 1970.
Boris Casoy não passa dum lixo humano, portador dos sentimentos mais vis que alguém pode nutrir por seu semelhante e pregador do que há de mais reacionário e arcaico na sociedade brasileira.
Caso queiram escrever uma carta de repúdio a ele, eis o email:
Boris Casoy: bcasoy@band.com.br
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Outro acontecimento que pulula minha mente e me deixa encafifado é a hipocrisia desenfreada que tomou conta dos meios de comunicação e da mídia oligopolizada em especial, àquela que Antonio Gramsci denominou de Partido do Capital.
Como tem sido reveladora a cobertura que a imprensa vem fazendo sobre a tragédia de Angra dos Reis e Ilha Grande! Até o momento já são contabilizados mais de 50 mortes e o governador Sérgio Cabral Filho foi rapidamente alçado a condição de bode expiatório da ocasião. Por ora me abstenho de criar juízo de valor e dizer se realmente o governador fluminense é responsável ou não pela tragédia. Não é esse, agora, meu intuito. Meu intuito é somente denunciar o modo discrepante como a mídia trata situações não muito diversas. O modo como trata a morte de mais de 50 pessoas, quase todas oriundas da classe média ou alta de nossa sociedade e o modo como trata as vítimas de chacinas que ocorrem de forma bem mais regular na Baixada Fluminense e nos morros cariocas. Chacinas essas, na grande maioria das vezes, promovidas pela Polícia Militar que por sua vez executa um plano de apartheid social idealizado e levado a cabo pelo mesmo governador Sérgio Cabral Filho.
Enquanto comunidades inteiras são isoladas e sitiadas pela PM fluminense, o BOPE – e seu “Caveirão” – surge como garantidor da lei e da ordem. Não importa se centenas, talvez milhares, de inocentes morrem a cada ano por essas investidas do poder público contra traficantes e milicianos – onde se encontravam o poder público e o Estado enquanto essas facções tomavam conta dos morros ? – o silêncio e os ouvidos moucos da mídia além de serem abomináveis, são também cúmplices de tanto sangue vertido.
Será que a vida de cinqüenta e tantas pessoas da classe média vale mais que a de milhares de pobres? Por que a tragédia de Angra e as chacinas na Baixada Fluminense e nos morros cariocas ocupam espaço tão desproporcional nos jornais, rádios, TVs e internet? Por que tanta indignação por conta das mortes por deslizamento de terra em Angra e Ilha Grande e tão pouca pelos assassinatos perpetrados pela PM em favelas cariocas? Por que culpar Sérgio Cabral Filho pela tragédia do Ano Novo e isentá-lo de qualquer responsabilidade pelas tragédias do dia-a-dia nos morros cariocas?
Ademais não consigo entender o razão pela qual Sérgio Cabral Filho pode ser responsabilizado pelos acontecimentos em Angra e Ilha Grande e José Serra não pode ser responsabilizado pelas enchentes que assolam São Paulo, paralisam a maior metrópole do Hemisfério Sul, causam danos incalculáveis e o pior, também ceifam vidas. A razão seria que Cabral é aliado de Lula enquanto Serra é o provável candidato tucano ao Planalto nesse ano de 2010?
A mídia oligopolizada é anti-povo. Prova disso é que a polícia de Cabral pode matar pobres a vontade sem ser incomodada pela grande imprensa e Boris Casoy pode chamar lixeiros de merda sem se preocupar com futuras conseqüências dentro do Grupo Bandeirantes.
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Ah!!! a imagem colada na parte de cima do Resitência é das melhores que já vi na internet.
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