segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Não dá pra ficar calado!!!

"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho, que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei.". Mas "no quarto dia vieram e me levaram. Já não havia ninguém para reclamar".

(Martin Niemoler)

Ao ler a famosa frase do pastor luterano nascido na Alemanha e testemunha dos horrores do nazismo, simplesmente não dá para ficarmos calados diante da onda de ódio, preconceito e intolerância que toma conta de alguns setores ditos “politizados” do Brasil. Escolhermos nos calar nesse instante, significa pecarmos por omissão diante do monstro que aos poucos vai sendo fomentado por uma elite que se recusa a repartir até migalhas, quanto mais construir uma sociedade minimamente civilizada e que faça jus, ao menos, de ser chamada de democrática.

Estou lendo com muita atenção a obra recém lançada do filósofo francês Jacques Rancière “Ódio à Democracia” e é incrível perceber o quanto a conquista de direitos por minorias – entendamos por minoria os oprimidos política, cultural e economicamente – traz consigo a intolerância daqueles que antes detinham determinados privilégios.

Temos vivido isso nessas primeiras semanas pós eleições. Na verdade uma certa onda de intolerância e preconceito já nos ronda bem antes da campanha desse ano. Quem não se lembra da frase recheada de preconceitos jactada por Jorge Bornhausen em 2005? Naquela oportunidade o então senador pelo PFL de Santa Catarina expôs o sentimento de muitos dos seus confrades ao se referir ao PT, seus membros e simpatizante como “raça” – “Vamos acabar com essa raça. Vamos nos ver livres dessa raça por pelo menos 30 anos”.

No entanto, após promulgado o resultado da última eleição presidencial em que sagrou-se vencedora a presidenta candidata a reeleição, todo e qualquer pudor foi prontamente deixado de lado e foram retirados do armário esqueletos de intolerância, ódio e preconceito. O fascismo deixou de ser apenas flertado por parte de nossa “elite” e foi assumido sem nenhum rubor. Os militares chamados de volta e o Brasil, do dia para a noite, se converteu numa república bolivariana, comunista, soviética...

Nesse contexto pobres, negros, mulheres, militantes dos mais diversos movimentos sociais, sindicalistas, homossexuais, defensores dos direitos humanos, mas sobretudo nordestinos (esses nos últimos dias ganharam a companhia de cariocas e mineiros) passaram a ser tratados como escória da humanidade e sujeitos incapazes de participar de forma plena da sociedade, tendo que ser constante e permanentemente tutelados. Todo esse “povo” que faz parte da sociedade brasileira, na visão elitista forma um grupo de preguiçosos, indolentes, inaptos, idiotas que se vendem em troca dos parcos benefícios oriundos dos programas sociais financiados pelos exorbitantes impostos pagos por quem realmente trabalha, mas é massacrado diuturnamente pela presença do Estado aparelhado pela camorra que dele se apropriou há 12 anos. Portanto, nada mais justificável do que, por exemplo, chamar nordestinos de antas, mineiros de burros e ao mesmo tempo clamar para que uma intervenção militar livre o Brasil desse governo corrupto bolivariano, comunista, soviético...

É essa visão preconceituosa, divorciada de qualquer nexo com a realidade, difusora do discurso do ódio, da intolerância e do autoritarismo que somos obrigados a combater se quisermos de fato avançar na construção de uma sociedade mais justa, mais igual, mais democrática. Se quisermos de fato sairmos do atual estágio de democracia meramente formal para alcançarmos aquilo que o cientista político canadense C. B. Macpherson chama de democracia substancial. Democracia substancial é justamente aquela cujos poderes transpassam a esfera das instituições estatais e torna a sociedade civil organizada sua co-protagonista. Infelizmente não conseguiremos chegar a tanto enquanto parte de nossa sociedade preferir viver na Idade das Trevas ao invés do século XXI.

Ontem eu estava lendo um artigo dedicado a contar um pouco da história do Partido Operário Social Democrata da Suécia e seus ininterruptos e incríveis 40 anos no poder. Não dá pra comparar Suécia com Brasil e menos ainda o sistema parlamentarista dos escandinavos com nosso presidencialismo torto. Mas o que achei interessante é que em muitos momentos houve na Suécia um consenso entre governo e oposição em torno de temas que mudariam a face da sociedade sueca. Como pensar em algo assim no Brasil quando o partido que perde uma eleição sequer reconhece sua derrota? Pior, acaba com isso incitando (diretamente ou não) o clima de nós contra eles, de Brasil dividido por conta do mapa eleitoral.

Pena, ainda estamos anos-luz de sermos uma sociedade minimamente civilizada. Ainda falta muito para termos uma sociedade na qual haja uma defesa intransigente das liberdades individuais e radical dos direitos coletivos.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

A luta de classes em evidência

Por Tiago Barbosa Mafra

O processo eleitoral que se encerra trouxe definitivamente à tona a disputa em voga na sociedade brasileira. O processo redistributivo e a mudança efetiva nas condições de vida dos trabalhadores, iniciada há 12 anos, fizeram com que as pautas de reivindicações adquirissem um patamar superior, em busca de serviços públicos de maior qualidade, uma vez supridas em parte as demandas mais elementares.

Venceu nas urnas a proposta apoiada pelos movimentos sociais e pela militância que sentiu a obrigação de tomar as ruas em sua defesa. São esses movimentos que conseguiram canalizar as “jornadas de junho” e suas demandas, pedindo dentre outras coisas, mais participação popular e a reforma política profunda, com supressão do financiamento privado das campanhas eleitorais, mudanças nas formas de coligação e alianças entre os partidos.

Os movimentos sociais cobrarão agora, após papel decisivo no segundo turno do processo eleitoral, uma radicalização em direção às mudanças estruturais tão necessárias para seguir combatendo a desigualdade e fortalecendo a democracia. Têm como pauta central, a reforma política a ser conduzida com participação ampla da população (após quase 8 milhões de votantes no plebiscito popular) e o controle social da mídia, em voga em países ditos “desenvolvidos” e chamado de “censura” ou “controle bolivariano” pelos que tem ojeriza à efetiva participação popular nas decisões políticas.

A elite vê com medo qualquer ato em direção à distribuição do poder decisório e de execução, algo que tomou para si como privilégio do qual não quer abrir mão. Estaríamos a caminho da ditadura do proletariado? Talvez ai resida a raiz da onda histérica anti-PT, propagada pela classe dominante através de seus meios de comunicação de massa e adotada, infelizmente, por muitos trabalhadores conforme apontou o resultado apertado do pleito de domingo (26).

Sintomaticamente, na primeira terça (28) após a reeleição, a Câmara dos Deputados derrubou o decreto do Executivo Federal que instalava os conselhos de participação popular como mecanismo de empoderamento e controle social. Isso antes mesmo da posse do novo congresso, onde será mais difícil consolidar alianças e avançar em questões de aprofundamento das reformas estruturais como querem os movimentos sociais, tendo em vista o perfil mais conservador dos representantes que passarão a compor as duas casas legislativas em 2015.

Isso posto, urge ao campo democrático popular, mas em especial ao Partido dos Trabalhadores, repensar sua prática enquanto organização representativa, como partido dirigente e como vanguarda das transformações sociais e anseios populares que foi e que em certa medida ainda é. Cabe perceber que tal papel tem sido deixado em segundo plano para priorizar adequações às lógicas em vigência na disputas leitorais. Prima pelo poder formal, institucional e deixa de lado seu estatuto, as bases e a vontade dos filiados, militantes e demais grupos progressistas que historicamente o apoiaram. Para não se igualar aos demais partidos brasileiros, terá que se reinventar, como ressaltou Tarso Genro ainda durante o processo eleitoral.

A luta de classes está evidenciada. A disputa das ruas e das mentalidades também. A direita apropria-se do sentimento de necessidade de mudança da população, sem ao menos qualificar quais mudanças pretende. A população, a classe trabalhadora, sem referenciais em razão do afastamento e da deficiência de representatividade, divide-se entre a opção pelo projeto de continuidade da melhora dos últimos anos e uma proposta de mudança que não se sabe ao certo qual.

Cabe aos setores mais progressistas continuar e aprofundar a participação nestas disputas. Aos partidos, em especial ao PT, a autocrítica e a reorganização. Ao governo, optar pela composição que aprofundará o status quo ou a tentativa de colocar em marchas mudanças mais profundas na sociedade brasileira e comprar briga com o congresso mais conservador desde 1964. O poder está em disputa, no intento de conter os impulsos raivosos e totalitários da elite que acusa seus adversários de “bolivarianismo” para manter intacto seu patrimônio. Como ensinou Hannah Arendt, “onde se esvai o poder, sobressai a violência”.

Encerro, com a ainda atual reflexão de Florestan Fernandes: “Contra as ideias da força, a força das ideias”.



Tiago Barbosa Mafra é companheiro de lutas populares aqui em Poços de Caldas, professor de Geografia da rede pública municipal de ensino e coordenador do pré vestibular comunitário Educafro.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Pequena reflexão sobre o 26 de Outubro

Passados os dias a pressão vai voltando ao normal e já dá pra fazer algumas análises.

Essa foi a eleição mais acirrada de todos os tempos. Nunca uma eleição presidencial foi decidida por margem tão estreita!

A campanha dos grupos conservadores – partidos de direita, mídia, elite branca – flertou sem nenhum pudor com o golpismo e o fascismo, e transformou uma disputa eleitoral numa verdadeira demonstração de imbecilidade, ódio e desprezo à Democracia. Surgiu até uma militância tucana de rua. Na verdade anti-PT ou qualquer coisa que mesmo de longe lembre o PT (anti-Nordeste, anti-Cuba, anti-Venezuela, anti-bolivarismo, sem sequer saber o que é bolivarismo, etc e tal), dando uma energia incrível a criação da chamada “onda conservadora”.

Mas se essa onda conservadora surgiu tão forte, por que não levou o seu candidato à vitória?

Porque a antiga militância saiu às ruas. Na cabeça do político profissional e dos marqueteiros o pensamento é o seguinte: quando a eleição já está pré-definida com um candidato tendo larga vantagem sobre os demais, a militância é algo improdutivo e que mais atrapalha do que ajuda.

Porém, ah sempre existe esse bendito porém, nem sempre dá pra se decidir eleições com grande antecedência, portanto – e isso, creio eu, não passa pela cabeça dos políticos profissionais e nem pela cabeça dos marqueteiros – quando a disputa está acirrada e é decidida nos pequenos detalhes, a militância faz toda a diferença.

E agora em 2014 militância mostrou sua força e tornou-se peça fundamental para que a onda conservadora e as forças do atraso não chegassem ao poder.

No entanto, de forma alguma podemos imaginar que a militância (ou pelo menos sua grande maioria) concorde com as alianças feitas pelo PT com políticos tradicionais e profissionais (Sarney, Jader Barbalho, Renan Calheiros, Kátia Abreu et caterva) ou com alguns setores dos mais atrasados de nossa sociedade (o agronegócio, alguns grupos neopentecostais) ou com o exorbitante pagamento de juros ao sistema financeiro ou com a inércia dos três primeiros governos do PT frente a urgência das reformas política, agrária, fiscal e tributária, além da urbana (só pra citar as reformas mais urgentes) ou então a sua falta de coragem em enfrentar o oligopólio da mídia.

Ainda assim a militância não é tola e tem consciência que é impossível negar a trnsformção que ocorreu no País nos últimos doze anos. O Brasil saiu do "mapa da fome", o ensino universitário passou por enorme expansão, o salário mínimo foi valorizado e... nem vou citar mais pra não ficar cansativo, tantos e inegáveis são os avanços que fizeram a militância abraçar a candidatura de Dilma Rousseff ante Aécio Neves.

Outro fator foi a própria história de vida da presidenta. Desde a sua juventude como integrante da guerrilha urbana, sua prisão e tortura, passando já como ministra de Lula por uma luta contra o câncer, até os dias mais recentes onde foi humilhada e achincalhada pela "elite branca paulista" que não conhece o significado das palavras respeito e educação.

Por último, a contraposição da biografia da presidenta em relação a do seu adversário no segundo turno. Um típico garotão do Leblon, filhinho de papai, cheio de vida fácil e arrogante que já adulto se tornou um yuppie que gosta de brincar de ser político.

A militância espontânea que não se guia pela enferrujada burocracia partidária, tomou às ruas em defesa dos avanços dos últimos doze anos e de uma mulher, cidadã brasileira, desrespeitada das mais diversas formas pela coragem que sempre teve ao fugir do papel social destinado às mulheres na sociedade machista. E também contra o yuppie ungido a novo príncipe do atraso.

Por tudo isso, dou os meus parabéns a toda a militância de norte a sul do Brasil por  não poupar esforços na luta contra o retrocesso!

Valeu!


domingo, 26 de outubro de 2014

Pra quem não conhece o Brasil

A elite nunca vai entender o porquê do voto em Dilma...
Afinal ela não sabe a emoção do casal de semi-analfabetos que veem o filho se formar numa universidade,
Não sabe a felicidade de pela primeira vez na vida ter luz elétrica em casa,
Não sabe o sentimento da família que depois de anos pagando aluguel, enfim poder ter sua casa própria,
Não sabe o orgulho dos pais ao verem o filho tendo a oportunidade de estudar fora do Brasil,
Não sabe a importância do jovem/adolescente receber pra fazer um curso técnico e assim não precisar parar de estudar pra trabalhar e ajudar a família,
Não sabe o alívio do pai e mãe que hoje têm o que por pra comer na mesa do lar,
Não sabe o que significa uma pessoa ser pela primeira vez na vida atendida por um médico,
Não sabe a alegria do trabalhador que depois de muitos anos poder ter a carteira assinada,
A elite é pobre de espírito e não conhece o Brasil de verdade, só conhece o Brasil que vive a sua volta.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

SOBRE CANIS E LOBOS POLÍTICOS.

Por Rubens Caruso

Vergonhosa, para dizer pouco, a situação em que se coloca a prefeitura de Poços de Caldas diante de um fato aparentemente banal: circula no Facebook a "produção" abaixo, a respeito da polêmica que se tornou a simples implantação de um canil municipal.

Até onde minha vista alcança, o projeto não levou em conta o democrático debate com os moradores do bairro São José, dos mais carentes da cidade, motivo pelo qual o vereador Flávio Faria, que sei acompanha com lupa aquela população, teria proposto a elaboração de uma petição ou abaixo-assinado, um formato de participação popular reconhecido desde sempre.

Quem já deparou numa repartição com o aviso "Destratar funcionário público no exercício da função é crime" sabe que, se por um lado essa categoria conta com prerrogativas que não alcançam o cidadão "comum", por outro é dever de quem está justamente "servindo o público" (e recebendo para tanto!) ser modelo de decoro, comportamento e ética, inclusive quando não está no exercício da função.

Por isso, causa estranheza e lamento aqui que à frente desse movimento contra o vereador estejam servidores públicos municipais, em um texto agressivo que emprega, por exemplo, o termo "mentirosamente" a uma fala atribuída a ele.

Se a Câmara Municipal não sai em defesa dos seus, a Prefeitura não apenas admite que servidores ataquem uma autoridade eleita pelo voto -a segunda maior votação da última eleição- como pelo jeito não vai tomar qualquer providência em relação ao fato.

Só para esclarecer, especialmente a quem não é de Poços de Caldas: prefeito, presidente da Câmara e o vereador ofendido são do mesmo partido, o PT. Que, definitivamente, rachou.

Mais diálogo, senhores. O poder passa. Reitero: protestar é um direito sagrado, seja de quem quer o canil, seja de quem não o quer. O que não dá para aceitar é que dois poderes -Executivo e Legislativo- tolerem esse tipo de situação que, no fim, os desmoraliza.


Rubens Caruso Jr,, é jornalista radicado há anos em Poços de Caldas.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Israel: anão humanitário

Por Tiago Barbosa Mafra

Após as declarações do governo brasileiro considerando a mais recente ação militar israelense sobre o território palestino da Faixa de Gaza como sendo “inaceitável” e “desproporcional”, e ainda, a retirada do representante diplomático brasileiro de Tel Aviv, a resposta dos sionistas foi imputar ao Brasil a alcunha de “anão diplomático”. Obviamente que a quase imediata reação, tão agressiva diplomaticamente quanto a ofensiva militar, num ímpeto de declarar a irrelevância daqueles que chegam a discordar, mesmo que timidamente, de Israel, prova que a opinião do anão não é tão irrisória assim.

Mas a tarefa aqui hoje não é debruçar sobre a decisão do Itamaraty. Faz se necessária uma análise acerca de outro ator desta cena, um outro anão. Estas linhas são dedicadas a discorrer um pouco sobre Israel: o anão humanitário.

Israel tem um histórico infindável, vergonhoso, de violações e desrespeito às convenções ou qualquer acordo internacional no tocante aos direitos humanos. Isso lhe garante a titulação de anão humanitário. Opera diariamente, com maestria, um conjunto de ações na Palestina contra seus irmãos de origem também semita, mas que fazem questão de tentar extinguir. Tarefa que já executam há 67 anos contra os palestinos.

A construção deste desprezo pelos direitos humanos remonta ainda ao século XIX, nos escritos de Herlz e depois alimentado pela Declaração de Balfour (1917), antes mesmo da criação do Estado de Israel, que fomenta a falácia da necessidade de “uma terra sem povo para um povo sem terra”.

Organizados já como Estado em 1948, em processo de ocupação expansionista e unilateral, Israel inicia sua longa escalada de agressões e desrespeito ao povo que ali habitava. Apoiados na banalização da violência, na institucionalização da tortura, na segregação e na discriminação étnica e religiosa, avançam initerruptamente no processo de “colonização”, anexação territorial e migração forçada das populações que não deveriam estar em uma terra prometida apenas a um seleto grupo.

Para que a terra seja realmente aos prometidos, é necessário na visão sionista, retirar os entraves. É a base da apologia ao extermínio palestino, que tem rendido frutos e se concretizado de forma brutal.

Uma coisa é inegável: o anão humanitário aprendeu com a história. Decidiu inclusive reproduzir os feitos de seus professores em proporções gigantescas e prolongadas. Na verdade, os territórios palestinos são hoje grandes campos de concentração. Ratoeiras que dão pouca perspectiva de vida e muito menos de dignidade. O muro de 750 km que dá “segurança” à Israel no entorno da Cisjordância restringe o livre fluxo dos palestinos. Há guaritas e checkpoints espalhados por todo lado. Os muros se reproduzem nas fronteiras de Gaza e até na conexão territorial com o Egito. Não há autonomia sobre nada. Toda a água, comida, combustível, medicamentos, produtos básicos, dependem de autorização para entrar em Gaza. Mas é uma questão de segurança. Como saber se todas essas regalias não serão entregues aos “fundamentalistas” do Hamas? Prevenção do anão.

Não bastasse cercar, aperta. Desapropria, confisca, demole casas e conjuntos residenciais inteiros, em razão do abandono. Só não se perguntam porque tudo é deixado pra trás continuamente pelos palestinos. Alguns analistas chegam a dizer que é em razão do alto índice de chuvas: chuva de fósforo branco, que cai em conjunto com toneladas de outras bombas jogadas durante os bombardeios indiscriminados sobre qualquer tipo de construção, seja casa, hospital, escola ou prédio comercial. Reza a lenda que os pilotos israelenses nem precisam fazer treinamento com alvos, pois qualquer local que for atingido será válido, desde que contribua com a causa do povo de deus.

O anão humanitário também tem entendimento relativista no tocante às resoluções das instâncias internacionais. Chego a pensar que a única decisão considerada válida da ONU na visão sionista é a que criou o Estado de Israel. Se bastaram com essa e se viram desobrigados a cumprir quaisquer outras. Talvez por isso tenham infindáveis denúncias e condenações na Anistia Internacional ou na própria ONU.

Na realidade o que está em curso é uma versão atualizada de nazismo, um modelo século 21. Um formato sustentado internamente por dirigentes desajuizados, militares brutais, colonos inescrupulosos e eleitores conservadores, sem memória, como já alertavam alguns intelectuais judeus franceses em 1967. Quase um conjunto de assassinos.

Externamente, a sustentação e custeio vêm das grandes corporações, dos conglomerados midiáticos, da indústria bélica, do governo estadunidense (aliado incondicional), além da impotência dos anões diplomáticos mundo fora.

O resultado é o impedimento da autodeterminação do povo palestino, uma limpeza étnica. O que é chamado de uma república parlamentarista se assemelha mais a um Estado teocrático, beligerante, expansionista e racista.

Por fim, reproduzo uma fala do ex-ministro das relações exteriores do Anão Diplomático em relação ao conflito gerado pelo anão humanitário:

“É lamentável que o humanismo que aprendemos a cultivar, em boa parte, como reação aos sofrimentos causados ao povo judeu, venha a dar lugar a outra visão, em que predominará a expressão da dor no rosto, coberto de lágrimas, da menina palestina, perdida no meio dos escombros causados pelos bombardeios israelenses, e que busca desesperadamente seus pais ou seus irmãozinhos, provavelmente mortos, ao mesmo tempo que procura, em vão, entender o mundo que a rodeia.” Celso Amorim, Ministro da Defesa – 25/07/2014.

Tiago Barbosa Mafra é professor de Geografia na rede pública municipal de Poços de Caldas e membro do pré-vestibular comunitário Educafro.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Um pouco talvez menos gente

Por Tiago Barbosa Mafra

Cercas, muros quilométricos, escassez de produtos básicos à sobrevivência, racionamento de energia elétrica, controle sobre a água, barreiras de contenção e checkpoints para monitorar as movimentações da população. Somadas à dominação territorial e à intolerância, parece um descritivo da situação europeia no ápice da II Guerra Mundial. Mas não é. As táticas são parecidas, mas as vítimas de ontem são hoje os algozes e cada empecilho à uma vida digna citado acima nada mais é do que parte do retrato cotidiano das últimas seis décadas da vida dos palestinos, massacrados em um território descontínuo, mas unidos pela repressão, violência e genocídio aplicados à Cisjordânia e a Gaza.

Mais uma vez, o Estado de Israel e suas forças armadas assassinas avançam implacavelmente sobre Gaza, assassinando indiscriminadamente a população, bombardeando hospitais e escolas e contando com apoio das potências ocidentais, a inoperância da ONU e o silêncio do mundo.

Corpos destroçados, espalhados, crianças ensanguentadas, a chuva de fósforo branco (banido desde 1980 - Genebra) nos céus de Gaza. Imagens e vídeos que correm o mundo graças às possibilidades do fluxo das notícias, que ampliam tanto nosso arcabouço de informações quanto nosso sentimento de impotência frente a mais uma incursão genocida, dentre tantas já perpetradas na Palestina.

Edward Said já dizia: “O mais difícil é ser a vítima das vítimas”. Mais uma vez a frase se materializa.

No prefácio do livro “Os condenados da Terra”, Sartre diz que tem “a esperança como sua concepção de futuro”. As cenas recorrentes do massacre em Gaza, mais uma vez escancaradas ao mundo durante a nova ofensiva, fazem com que até mesmo a esperança na humanidade se esvaia frente ao espetáculo da barbárie.

A vida nada mais vale. Mas o mercado bélico se aquece. Impedidos de ser, de simplesmente existir, os palestinos agonizam mais uma vez enquanto suas escolas, casas, hospitais são bombardeados com uma arma letal proibida pelas convenções internacionais. Mas não há convenções, não há nada que pare Israel e sua máquina militar. Além de ocupar os territórios numa escalada gradativa, os sionistas dão, de tempos em tempos, a mostra de que aprenderam bem com os nazistas o que significa a blitzkrieg.

E sempre “cede” e “cessa”, quando a matança começa a gerar mal estar. Então para, se retira, os holofotes se apagam no dinamismo da informação globalizada, e mais uma vez a Palestina respira, espera, agoniza, em destroços, uma vez mais como inúmeras outras nos últimos 60 anos. O “exército da paz” se vai enquanto os “terroristas” do Hamas podem voltar tranquilamente a maquinar o fim de Israel.

Enfim, tem dias que são de descrença na humanidade, que tiram o sono, a utopia, a força, a vontade. Hoje a esperança morreu um pouquinho, junto com os mais de 80 palestinos já assassinados. Dois terços dessas vítimas são mulheres e crianças. Hoje só resta lembrar o maluco beleza: “Tem dias que a gente se sente, um pouco talvez menos gente”.



Tiago Barbosa Mafra é professor de Geografia na rede pública municipal de Poços de Caldas e membro do pré vestibular comunitário EDUCAFRO.

domingo, 18 de maio de 2014

OS PERIGOS DO FACEBOOK E OUTRAS REDES SOCIAIS

Hoje no começo da noite fui buscar minha esposa no Shopping Poços de Caldas (ela estava trabalhando num feirão). Pois bem, chegando lá soube que está repercutindo nas redes sociais que um dos seguranças do shopping teria maltratado, chutado e espancado um cachorro. 


Ao que tudo indica o que de fato aconteceu foi que o segurança apenas retirou um cachorro, aparentemente sem dono, sem os devidos cuidados (até porque o shopping não tem equipamentos para tanto).

Agora, o segurança (um trabalhador) está sendo caluniado e achincalhado nas redes sociais. Fico me perguntando, como pode acontecer isso??? Como as pessoas podem agir dessa forma, julgar e condenar sem se darem ao trabalho de conhecer os fatos??? O que leva as pessoas a terem essa sede de justiça???


Me lembrei do caso da mulher que foi linchada no Guarujá por conta de um "boato" também espalhado pelas redes sociais.


Como a foto da segurança já espalhou pelas redes sociais, cabe também perguntar: as pessoas podem simplesmente usar a imagem de outras sem ter permissão para isso???


Realmente, vivemos tempos líquidos onde a fragilidade das relações nos dá uma justiça feita de forma instantânea. Primeiro condenemos, depois apuramos os fatos.

domingo, 20 de abril de 2014

Patologia anti-PT

Como disse meu camarada e irmão de lutas Lucas Rafael Chianello, virou uma patologia, uma verdadeira epidemia dizer-se anti-PT. O PT virou bode expiatório pra tudo que existe de ruim no Brasil há 500 anos. 
Então vamos relembrar algumas "coisas" (apenas algumas) que não existiam ou passaram por forte expansão no Brasil há 12:
Criação do PROUNI
Aumento real do slário mínimo ano a ano
Expansão do SAMU
Criação dos Restaurantes Populares
Criação do Bolsa-Família
Criação do Ciência Sem Fronteiras
Criação do Luz para Todos
Criação do Minha Casa Minha Vida
Criação do Mais Médicos
Expansão das Universidades Federais
Expansão (mais do dobro) do número de Institutos Técnicos Federais
Adaptação do ENEM como forma de acesso as Universidades Federais
Reforma das estradas federais
Controle da inflação
Criação de cerca de 15 milhões de empregos
Menor taxa de desemprego da história
Autonomia da Polícia Federal
Fortalecimento da Petrobras
Fortalecimento do Banco do Brasil
Fortalecimento da Caixa Econômica Federal
Menor burocracia no financiamento da casa própria
Implantação do sistema de cotas nas Universidades e Institutos federais
Maior investimento na Cultura

Etc, etc, etc, etc...

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Carta aberta aos companheiros Professores de Minas Gerais


Greve dos 112 dias dos professores da rede estadual em 2011


Como professor de Sociologia da rede estadual de Minas Gerais, não posso me calar diante dos métodos pouco pedagógicos e nada democráticos como a Educação tem sido tratada em meu estado nos últimos doze anos e cujos nefastos reflexos todos nós, educadores e educandos, temos sentido na pele.

Em 26 de março último, por unanimidade os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) declararam inconstitucional a Lei Complementar (LC) 100, que efetivou, em 2007, cerca de 98 mil servidores do estado de Minas Gerais. A corte analisou a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), proposta pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que questionou a forma de ingresso na administração pública. A PGR pediu a derrubada da legislação que igualou os antigos designados, contratados com vínculos precários e lotados, em sua maioria, na área da educação, aos efetivos. No entendimento do Supremo, devem deixar o cargo, a partir da publicação do acórdão, todos aqueles que não prestaram concurso público para a função que ocupam.

Não obstante o STF só tenha julgado a LC-100 há poucas semanas, a decisão era prevista e aguardada por grande parte dos profissionais em educação, atingidos diretamente ou não pela decisão, e o Sind-UTE (Sindicato Únicos dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais) já havia apontado para tanto, sem jamais deixar de se solidarizar com os profissionais que em 2007 receberam esse verdadeiro “presente de grego” que desde o início claramente feria a Constituição Federal.


Ademais, a postura do Sind-UTE sempre foi a de entender que os “efetivados” – termo que traz em si uma conotação pejorativa e que passou a ser empregada pelo próprio governo mineiro – jamais poderiam ser culpabilizados por um arrobo de ataque a Constituição, antes, a total responsabilidade deveria, e ainda há tempo para isto, recair sobre quem de fato agiu de maneira inconstitucional, demagógica, imoral e patrimonialista, ou seja, o governo de Minas Gerais na figura do seu então governador, o senhor Aécio Neves.


Mas a lambança não acaba por aí. Enquanto perdurou a inconstitucional LC-100 muitos professores aprovados em concurso, tal como rege a Constituição de 1988, tiveram cerceado o direito à nomeação, pois inúmeras vagas encontravam-se preenchidas de maneira ilegítima.


Segundos dados da própria Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais, hoje mais de 1/3 dos professores da rede estão na condição de beneficiados pela LC-100, todavia até o presente momento o governo tem se esquivado de responder as duvidas desses professores e a secretária Ana Lúcia Gazzola sequer procurou dar uma resposta – ou mea culpa – aos milhares de profissionais atingidos “não” pela decisão do STF, mas “sim” pela irresponsabilidade do governo mineiro que insistiu numa tentativa torpe de burlar a Carta Magna.


Pode-se afirmar, sem medo de engano, que nos últimos doze anos a educação em Minas Gerais tem sido tratada de forma irresponsável e portanto nada condizente com a importância que representa para a construção de uma sociedade mais justa e livre ou para a autonomia do indivíduo. A derrubada da LC-100 é, desafortunadamente, somente mais um capítulo do modo Aécio de tratar a Educação.


Para citar apenas mais alguns capítulos, podemos rememorar a divisão das turmas de Ensino Médio em áreas de Humanas, Exatas e Biológicas. Um projeto polêmico, esdrúxulo e criticado por estudantes, professores e pais, que fadado ao fracasso não vingou por mais de quatro anos. Ou então quando em 2010 quando o governo do estadual já com o ano letivo em andamento, promoveu ao Ensino Fundamental II, sem qualquer planejamento, estudantes que no ano anterior haviam sido retidos nas séries iniciais. Ou ainda, o Reinventando o Ensino Médio, projeto embutido de vários pontos positivos, que, no entanto, está em fase de implantação sem o mínimo de estrutura, não trazendo as ferramentas necessárias para cativar os estudantes e que denota uma incrível falta de planejamento pedagógico.


Poderia citar diversos outros exemplos como o congelamento do plano de carreira, a transformação do salário dos profissionais da Educação em subsídio, a retirada de benefícios conquistados ao longo de décadas tais como quinquênio, pagamento em espécie de férias prêmio ou a da gratificação do pó de giz.


Por fim, os professores mineiros estão angustiados, perplexos e decepcionados com os rumos que a Educação em Minas tem tomado.

Finalizo com as palavras do mestre Paulo Freire:

Seria uma atitude muito ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que permitissem às classes dominadas perceberem as injustiças sociais de forma crítica



Hudson Luiz Vilas Boas, cidadão, educador, professor de Sociologia das redes estaduais de Minas Gerais e São Paulo, professor de Cultura e Cidadania e coordenador do Pré-Vestibular Comunitário Educafro.

quarta-feira, 26 de março de 2014

RESPOSTA AO VEREADOR MARCOS TADEU DE MORAES SALA SANSÃO (PSDB)

Por Tiago Barbosa Mafra 

Nobre vereador: em uso da tribuna da Câmara Municipal na Reunião Ordinária de 25/03/2014, o senhor vereador afirmou que acha “estranho”cargos de confiança da administração municipal se manifestarem na presença do governador, impedindo que os discursos fossem ouvidos, sendo que o “chefe” (prefeito) estava recebendo o mesmo.

Primeiramente senhor vereador: um governo que não acata a pauta da educação, que finge pagar o piso nacional através de subsídios, que congela a carreira dos servidores da educação, que não consegue manter a merenda dos alunos em dia e que por fim, não dialoga e entra pela porta dos fundos, não merece mesmo ser ouvido. Estávamos lá para demonstrar realmente qual é o tipo de compromisso que este governo tem com o povo de Minas Gerais e com a educação. E fiz questão de furar a segurança e expor um cartaz de protesto de frente ao governador.

Segundo: meus Camaradas Hudson Luiz Vilas BoasClayton Gonçalves,Vanessa Barzagli e eu, antes de cargos comissionados, somos militantes, membros do PT e atuantes em movimentos sindicais e sociais. Os governos passam, mas a militância permanece. Não há cargo e nem cerimônia que silencie a indignação frente a um governo que não se sensibiliza com uma greve de 112 dias como foi a dos profissionais da educação em Minas. O que há em curso é um desmonte do aparato da educação, uma desmobilização da categoria, uma fragmentação conduzida pelo governador do seu partido. Portanto é necessário relembrar a frase de Gramsci que diz que viver é tomar partido. Nós tomamos partido da educação e de seus profissionais e alunos. O senhor parece ter tomado do lado contrario.

Por fim, não há que haver estranheza em relação a nossas ações. Fomos forjados assim e continuamos em construção dentro do Partido dos Trabalhadores, dos movimentos sindicais e sociais e permaneceremos lá mesmo quando este governo findar. Estranheza deve haver com um governo que não cumpre o mínimo constitucional para a educação há anos; estranheza deve haver quando alunos ficam sem refeição nas escolas estaduais; estranheza deve haver quando patrimônios públicos são restaurados com dinheiro público e entregues à iniciativa privada.

Esta é minha resposta nobre Vereador: não se dá ouvidos e não devemos deixar ressoar a voz daqueles que não consideram os movimentos sociais e suas pautas. Que o ano de 2014 seja o fim do desmonte que o seu partido promove em Minas Gerais.

“Ser professor e não lutar é uma contradição pedagógica”


Tiago Barbosa Mafra é professor de Geografia na Rede Municipal de Ensino e no curso pré-vestibular comunitário Educafro.
tiago.fidel@yahoo.com.br

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Os mencheviques do Brasil


Por Yuri de Almeida Gonçalves

No que concerne a posicionamento político esquerdista, a maior referência da história foi a Rússia. Nesse Estado aconteceu na práxis o que a esquerda do mundo inteiro sonhava. Lenin é considerado o socialista a posteriori enquanto Marx o comunista a priori.

A Rússia vivia uma situação de desmando na política e na economia. O povo não sabia o que era cidadania. Havia censura, absolutismo e muita miséria. O único partido de oposição era clandestino e marxista. Mas esse partido se dividia em dois: os mencheviques e os bolcheviques. O segundo era considerado mais radical às ideias marxistas, não criam em alianças com o inimigo e os avanços seriam possíveis apenas com o socialismo. O primeiro acreditava em pequenos avanços na política mediante alianças.

Em março de 1917, após a queda do Tzar Nicolau II, Kerenski entrou no poder, apoiado por partidos burgueses. Os mencheviques apoiaram o governo liberal crendo em avanços, afinal, o absolutismo estava derrubado, haveria eleições inéditas para o legislativo, a imprensa estava livre e uma nova constituição a caminho. Mas Lenin alertava, a grande reivindicação do povo era reforma agrária, fim do racionamento de alimentos e que a Rússia saísse da 1ºGuerra – reivindicações nunca cumpridas.

Após a revolução socialista, Lenin entrou no poder. Suas primeiras medidas foram: o Decreto da Terra, fazendo reforma agrária e o Tratado de Brest-Litovski, tirando a Rússia da 1º Guerra. Daqui para frente é criada a URSS. Houve várias tentativas de guerra contra o socialismo. Mesmo com um bloqueio econômico, a economia planificada soviética fez da URSS uma potência socioeconômica.

Pois bem, o Brasil também tem sua história política, com esquerda, direita, conservadores, liberais, etc. A história se repete no mundo. Não há nada novo debaixo do céu, dizia Salomão. O Brasil também tem seus mencheviques, que reivindicam ser a esquerda, que creem em avanços se aliando a burguesia, mesmo que para isso continuemos na guerra, sem reforma agrária, mantendo as estruturas burguesas, conservadoras, etc...

Quem são os mencheviques brasileiros? Essa resposta é fácil. Há pelo menos dois, talvez três partidos no Brasil que batem na tecla, “somos de esquerda”, mas esqueceram da reforma agrária, tampam os olhos para a problemática da Educação, praticam PPPs e privatizações, se aliam a ruralistas, antigos torturadores da época da ditadura, a ex-presidentes que aumentaram as desigualdades no país e que entraram para a história por corrupção, improbidade, tráfico de influência, impeachment e até por neoliberalizar a nação.
Os bolcheviques eram radicais e loucos. Assim são tratados todos da esquerda brasileira que não aceitam o fortalecimento do setor privado mediante o Estado, que denunciam a Educação sucateada, que defendem uma economia planificada em detrimento do mercado, que enxergam o mal da propriedade privada na formação de uma sociedade igualitária, que percebem o mal da grande mídia, que...

A Rússia avançou não com as alianças dos mencheviques com a burguesia e sim com a aplicação do socialismo. Brasil avançará com os mencheviques no poder ou com o socialismo?


Yuri Almeida Gonçalves é companheiro de lutas e Professor de História na rede pública municipal.