quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Alguns acontecimentos

Voltando das férias alguns acontecimentos nesse início ano merecem destaque e os comentarei.

O primeiro acontecimento não poderia deixar de ser o preconceito declarado de Boris Casoy para com a população pobre e trabalhadora do Brasil. Ao desdenhar os votos de fim de ano de dois garis paulistas esse sujeito repugnante deixou cair a máscara que tentara em vão construir durante décadas. Ali ficou escancarado para quem ouviu o quão Casoy sofre de elitismo e preconceito – o áudio em que o âncora do Jornal da Noite diz “Que merda: dois lixeiros desejando felicidades do alto da suas vassouras. O mais baixo na escala do trabalho”, foi capturado sem que o jornalista se desse conta.

Casoy, antigo militante do CCC (Comando de Caça aos Comunistas), prestou serviços como assessor de imprensa dos milicos durante a Ditadura. Ainda no período militar teve uma ascensão meteórica no Grupo Folha, o mesmo grupo que emprestava peruas para transportar presos políticos, tornando-se em pouco tempo editor editor-chefe da Folha de São Paulo. Desde 1988 é âncora de telejornais, sempre destilando seu ódio contra movimentos sociais e a tudo que cheira povão. Seja trabalhando para o dono do Baú da Felicidade, para os bispos da Universal ou agora para Johnny Saad, nunca deixou de ser um legitimo cão de guarda dos interesses burgueses – expressão sartreana – , porta-voz de interesses que jamais levam em conta as necessidades do trabalhador. Dentre as bandeiras defendidas por Boris Casoy está a privatização indiscriminada de empresas estatais, a menor presença do Estado na economia, a revogação dos direitos trabalhistas, a criminalização do MST etc.

Durante a chamada crise do “mensalão” fez do Jornal da Record, então apresentado por ele, palanque da oposição farisaica que clamava pela derrubada do governo eleito democraticamente. Em 29 de março de 2006 escreveu artigo para a Folha de São Paulo cujo teor deixa transparecer todo o desejo golpista do reacionário jornalista: “Jamais o Brasil assistiu a tamanho descalabro de um governo... Há, desde o tempo do Brasil colônia, um sem número de episódios graves de corrupção e incompetência. Mas o nível alcançado pelo governo Lula é insuperável... Todos os limites foram ultrapassados; não há como o Congresso postergar um processo de impeachment contra Lula”.

Em outubro passado já trabalhando para o Grupo Bandeirantes, Casoy e outros serviçais do Partido do Capital leram editorial daquela empresa tentando insuflar ruralistas contra o governo federal, praticamente pregando guerra civil, por conta da revisão dos índices de produtividade rural – índices esses cuja revisão está prevista em Constituição para ser realizada a cada dez anos e que se mantêm inalterado desde a década de 1970.

Boris Casoy não passa dum lixo humano, portador dos sentimentos mais vis que alguém pode nutrir por seu semelhante e pregador do que há de mais reacionário e arcaico na sociedade brasileira.

Caso queiram escrever uma carta de repúdio a ele, eis o email:

Boris Casoy: bcasoy@band.com.br

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Outro acontecimento que pulula minha mente e me deixa encafifado é a hipocrisia desenfreada que tomou conta dos meios de comunicação e da mídia oligopolizada em especial, àquela que Antonio Gramsci denominou de Partido do Capital.

Como tem sido reveladora a cobertura que a imprensa vem fazendo sobre a tragédia de Angra dos Reis e Ilha Grande! Até o momento já são contabilizados mais de 50 mortes e o governador Sérgio Cabral Filho foi rapidamente alçado a condição de bode expiatório da ocasião. Por ora me abstenho de criar juízo de valor e dizer se realmente o governador fluminense é responsável ou não pela tragédia. Não é esse, agora, meu intuito. Meu intuito é somente denunciar o modo discrepante como a mídia trata situações não muito diversas. O modo como trata a morte de mais de 50 pessoas, quase todas oriundas da classe média ou alta de nossa sociedade e o modo como trata as vítimas de chacinas que ocorrem de forma bem mais regular na Baixada Fluminense e nos morros cariocas. Chacinas essas, na grande maioria das vezes, promovidas pela Polícia Militar que por sua vez executa um plano de apartheid social idealizado e levado a cabo pelo mesmo governador Sérgio Cabral Filho.

Enquanto comunidades inteiras são isoladas e sitiadas pela PM fluminense, o BOPE – e seu “Caveirão” – surge como garantidor da lei e da ordem. Não importa se centenas, talvez milhares, de inocentes morrem a cada ano por essas investidas do poder público contra traficantes e milicianos – onde se encontravam o poder público e o Estado enquanto essas facções tomavam conta dos morros ? – o silêncio e os ouvidos moucos da mídia além de serem abomináveis, são também cúmplices de tanto sangue vertido.

Será que a vida de cinqüenta e tantas pessoas da classe média vale mais que a de milhares de pobres? Por que a tragédia de Angra e as chacinas na Baixada Fluminense e nos morros cariocas ocupam espaço tão desproporcional nos jornais, rádios, TVs e internet? Por que tanta indignação por conta das mortes por deslizamento de terra em Angra e Ilha Grande e tão pouca pelos assassinatos perpetrados pela PM em favelas cariocas? Por que culpar Sérgio Cabral Filho pela tragédia do Ano Novo e isentá-lo de qualquer responsabilidade pelas tragédias do dia-a-dia nos morros cariocas?

Ademais não consigo entender o razão pela qual Sérgio Cabral Filho pode ser responsabilizado pelos acontecimentos em Angra e Ilha Grande e José Serra não pode ser responsabilizado pelas enchentes que assolam São Paulo, paralisam a maior metrópole do Hemisfério Sul, causam danos incalculáveis e o pior, também ceifam vidas. A razão seria que Cabral é aliado de Lula enquanto Serra é o provável candidato tucano ao Planalto nesse ano de 2010?

A mídia oligopolizada é anti-povo. Prova disso é que a polícia de Cabral pode matar pobres a vontade sem ser incomodada pela grande imprensa e Boris Casoy pode chamar lixeiros de merda sem se preocupar com futuras conseqüências dentro do Grupo Bandeirantes.

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Por último gostaria rapidamente de dividir com meus parcos leitores a alegria em receber na blogosfera meu companheiro de lutas populares e grande amigo Diney Lenon. Acessem o Resistência [http://dineylenon.blogspot.com] e confiram. Além dos ótimos textos postados pelo signatário, vocês também poderão participar duma enquete para escolher o homem do século XX.

Ah!!! a imagem colada na parte de cima do Resitência é das melhores que já vi na internet.

3 comentários:

Blog do Morani disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Blog do Morani disse...

Blogger Blog do Morani disse...

quarta-feira, 06/01/2010

Sobre o âncora Boris Casoy e sua fala chula cheia de preconceitos, nada a comentar.

Ao outro comentário, devo dizer que tanto o governador do Rio como José Serra, de São Paulo, têm que ser responsabilizados, sim, pelas tragédias nas duas cidades. Muito mais ao José Serra, governador do maior Estado da Federação, que tem por obrigação, juntamente ao seu prefeito, zelar pela segurança dos cidadãos. O que temos visto - e é assim em todas as chuvas torrenciais que soem cair sobre a metropole paulistana - é alagamento de ruas, praças e avenidas da capital com dificuldades, mortes, perdas de patrimônios e desespero das classes mais pobres. Até quando continuarão essas tragédias anunciadas a levar mais miséria a um povo já miserável que vive nas periferias? Quando hão de se construir residências populares - mas não caixotes de sardinhas - para que esses cidadãos explorados por escorchantes impostos municipais, estaduais e federais possam aspirar uma vida digna? Um trilhão e oitocentos bilhões de impostos, para quê? Para quem? Por quê?
Que nos respondam o prefeito paulistano, José Serra o governador, e o senhor Lula, o Pinochio brasileiro, presidente da República!

6 de janeiro de 2010 12:28

Lucas Rafael Chianello disse...

O blog do Diney está muito bom, bem como este texto sobre a grande imprensa brasileira. Grande no poder econômico, minúscula em sua atividade real.