sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O Brasil do presente, o do futuro e o do passado

O ano de 2010 promete ser o mais importante da história recente do Brasil. Nesse ano estarão em disputa não apenas a Presidência da República, os governos estaduais, a renovação total da Câmara dos Deputados, das Assembléias Estaduais e de 2/3 do Senado Federal. Não. Em jogo estará também uma visão de país e a sociedade que queremos legar para as próximas gerações.

Deixando sectarismo, maniqueísmo e platonismo de lado, é hora de compreendermos a importância do momento histórico no qual vivemos e os avanços sociais que o Brasil, a muito custo, conquistou nos últimos sete anos, e em especial a partir de 2005.

Notada e indiscutivelmente o Brasil é hoje bem diverso daquele que se encontrava terra arrasada em 2002. Teimar em dizer o contrário é, como se diz aqui em Minas, tapar o Sol da peneira.

Obviamente o atual governo não descobriu o Brasil ou tampouco o reinventou. Todavia nenhum governante antes teve uma preocupação essencial com a parte social. É pouco? Por certo que é, e ninguém do lado de cá do computador está afirmando que isto seja o bastante. O que estou afirmando é mais simples, não há no momento atual ¬– para infelicidade duns e felicidade doutros – nenhum projeto de país capaz de se apresentar como alternativo as políticas sociais e aos avanços introduzidos pelo governo petista. Os outros projetos que se apresentam são incapazes de dar continuidade as conquistas que a sociedade civil organizada e a classe trabalhadora vêm logrando desde 2003.

O projeto de país da direita, hoje encarnada na sacrossanta aliança PSDB-DEMO-PPS, é, por natureza, conservador, enquanto a esquerda, identificada com o PSOL, não tem nenhum projeto sério a não ser eleger Heloisa Helena Senadora por Alagoas. Para tanto está disposta até a se aliar ao PV, um partideco de aluguel, quiçá a serviço da própria direita.

É nosso dever em outubro desse ano lutar para que o Brasil do futuro, e quando digo ‘futuro’ estou me referindo a um ‘futuro’ bem próximo, seja melhor que o do presente e não pior.

Lula x FHC: por que os tucanos evitam as comparações


Por Marcos Verlaine*, via Vermelho
http://www.vermelho.org.br/

A disputa eleitoral ganhará nova dimensão quando os tucanos escolherem o contendor de Dilma, que tudo indica será o governador de São Paulo, José Serra (PSDB).

Nas eleições de 2010 haverá duas novidades. A primeira é o fato de Lula não ser candidato. A segunda é que pela primeira vez haverá duas candidatas - Dilma e Marina.

Nessa edição do pleito presidencial mais uma vez tucanos e petistas polarizarão a disputa. Ainda que Ciro e Marina possam se apresentar para ocupar a cadeira do Palácio do Planalto, o jogo se concentrará entre a oposição demo-tucana capitaneada pelo PSDB, e os partidos aliados, tendo o PT à frente.

Dois projetos estarão em jogo. Um conservador e elitista que levou o Brasil à bancarrota. Outro mudancista, que permitiu ao País trilhar novos caminhos, com a inclusão de grande massa do povo no processo produtivo.

No debate será inevitável as comparações entre o atual governo e a era FHC. Mas será essa comparação que permitirá ao povo definir com mais clareza sua escolha. Se quer voltar ao passado ou se quer avançar rumo ao futuro.

Para ficar mais fácil fazer essa escolha, basta comparar alguns dados. Em vinte itens, veja a situação do Brasil antes, com FHC e depois, com Lula.

Nos tempos de FHC, o Risco Brasil estava em 2.700 pontos. Nos tempos de Lula, 200 pontos.

O salário mínimo quando Lula assumiu a Presidência da República, em 2003, estava em 64 dólares. Agora, está entre 290 e 300 dólares.

O dólar que valia R$ 3, agora vale R$ 1,78. FHC não pagou a dívida com o FMI. Lula pagou-a em dólar.

A indústria naval, tão importante para o desenvolvimento do País, FHC não mexeu. Lula reconstruiu.

FHC não construiu nenhuma nova universidade. Lula construiu dez novas universidades federais. Quanto às extensões universitárias, no governo do tucanato não houve nenhuma. No governo Lula foram 45.

As escolas técnicas foram esquecidas na era FHC. Ele não construiu uma sequer. Lula construiu 214.

No campo da economia, as reservas cambiais no governo FHC foram 185 bilhões de dólares negativos. No governo Lula, 239 bilhões de dólares positivos.

O crédito para o povo/PIB no governo tucano foi de apenas 14%. No governo Lula, com as políticas anticíclicas, alcançou 34%.

Em relação à infraestrutura, FHC não construiu nenhuma estrada de ferro. Pelo contrário, as privatizou. No governo Lula, três estão em andamento.

Quando Lula assumiu o governo, 90% das estradas rodoviárias estavam danificadas. Agora, 70% estão recuperadas.

No campo da indústria automobilística, na era FHC, 20% em baixa. Na era Lula, 30% em alta.

Nos oito anos em que FHC presidiu o País, houve quatro crises internacionais, que arrasaram o Brasil. Na era Lula, foi enfrentada uma grande crise, que o Brasil superou em razão das reservas acumuladas e das políticas anticíclicas empreendidas pelo governo.

O cambio no governo FH era fixo, e estourou o Tesouro Nacional. No governo Lula é flutuante, com ligeiras intervenções do Banco Central.

A taxa de juros Selic atingiu na era FHC incríveis 27%. No governo Lula chegou ao seu menor percentual desde quando foi criada, em 1983, 8,5%.

A mobilidade social no governo tucano foi de apenas 2 milhões de pessoas. No governo Lula, 23 milhões de pessoas saíram da linha de pobreza.

FHC criou apenas 780 mil empregos em oito anos. Lula criou 12 milhões.

O governo tucano nada investiu em infraestrutura. Com o PAC Lula pretende investir R$ 504 bilhões até 2010.

Por fim, no mercado internacional, o Brasil, no governo FHC não teve crédito. No governo Lula, o País foi reconhecido como investment grade pelas três maiores agências de classificação de risco internacionais. Ou seja, deixamos de ser um país em que o capital externo só entrava para especular para ser um país de investimentos.

Estes dados não foram inventados por mim, muito menos por algum petista ou pelo governo. São da conceituada revista britânica The Economist.

Estas são as comparações que os tucanos querem evitar a todo custo na peleja de 2010.

* Jornalista, analista político e assessor parlamentar do Diap

5 comentários:

Prof. Yuri Almeida disse...

Houve avanços no governo Lula sim, mas em todos governos houve avanços. Na época do sarney havia distribuição de leite, Itamar deu uma amenizada nas privatizações e controlou a economia, FHC criou as famosas bolsas assistenciais e realizou muitos assentamentos, Lula continuou com a política econômica tucana, integrou as bolsas e melhorou a educação.
Lula não fez milagre. Quem crê assim são os que se beneficiam com o governo, o que acontece com a turma do PC do B que abandonaram o comunismo para ser sombra do PT.
Perguntemos para os grupos sociais sobre o atual governo, as ongs de comunicação, MST, sem-teto, indígenas, etc... houve avanços, mas como não teria? A economia é a mesma, não houve avanço para um socialismo e nem preocupação com isso.
O PT não quer perder a bocada, mesmo sabendo que Marina e Ciro tem mais experiência e consistência que Dilma, uma mulher que nunca foi nem vereadora.
Prefiro o PT do que PSDB, mas dizer que PT é bom, não é verdade...

Lucas Rafael Chianello disse...

Uai, que é isso? O Yuri virou de direita?

E a luta da Dilma contra a ditadura, não conta? O exercício dos Ministérios da Casa Civil e das Minas e Energia, também não?

Bom, eu gostei muito do texto. Apenas advirto que temos que trabalhar com salto baixo e guarda alta, pois a eleição só termina às 17h00min do primeiro domingo do mês de outubro!

Avante il popolo, alla riscossa!

machado.gui@hotmail.com disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Blog do Morani disse...

Não houve ERA FHC, não houve nada!O que houve foi uma situação desespERAdora de um governo que solapou tudo de bom que o Brasil teria a oferecer aos verdadeiros brasileiros: os que produzem, os que deixam os suores de seus rostos sobre máquinas, sobre balcões, sobre pranchas das construções civís, sobre as terras onde plantam, de sol a sol!
Não houve mudanças de vulto. Salário atual mais ou menos 350 dólares (a R$ 1,47), mas não se pode esquecer a elevação dos preços em geral, como o das tarifas bancárias e outras de serviços essenciais, e dos
remédios. A Saúde, como vai? Mal, mal das pernas. Se um reajuste de R$ 45,00 satisfaz nossas autoridades econômicas, por que não se estender esse "grande" reajuste aos parlamentares, ministros e até aos presidente? Se ao povo, que ganha sempre uma miséria, bastam os R$ 45, mais valerá aos que já ganham mais do que merecem. Isso é inclusão social? O PAC já existe há tempo e ele ainda pretende investir mais, se não usou nem 10% do orçamento inicial? Se apenas inaugura, mesmo sem marcos, obras aqui e acolá sem dar continuidade a elas? Os petistas que me desculpem, mas há muita farofa estragada por baixo do filé mignon acebolado.
Morani - Blog do morani@gmail.com

9 de janeiro de 2010 09:03

Unknown disse...

Yuri meu grande amigo e companheiro de lutas,
Quanto aos assentamentos no governo FFHH realmente foram mais. Mas uma coisa é você assentar 10 mil famílias e não dá-las estrutura alguma, acabando assim por sabotar a Reforma Agrária e dando munição para a burguesia afirmar que a Reforma Agrária é insuficiente e por isso desnecessária. Outra coisa bem diferente é você assentar mil famílias e dar-lhes crédito e infra-estrutura. Aliás, o governo federal tem um programa chamado "Crédito Fundiário", além da enorme expansão do Pronaf.
Quanto a Ciro, seria risível o PT apoiar um ex-presidenciável que em 2002 defendeu o fim da CLT. Já Marina, além de fundamentalista religiosa, se mostrou oportunista ao filiar-se ao PV, um partideco de aluguel. O presidente nacional desse partideco é Luiz Penna, eterno covista e hoje vereador da base de apoio do Kassab, o mesmo Kassab que há mais de um mês deixa um dos bairros mais pobres de São Paulo alagado por chuvas e esgoto. Ah! ia me esquecendo, o coordenador da campanha de Marina será Eduardo Jorge, atualmente secretário do governador José Serra.
No mais pergunte aos integrantes do MST, da CTB, do Conlutas, aos sem-teto, indígenas e demais organizações populares quem eles preferem: Serra, Ciro, Marina ou Dilma? Tenho certeza qual será a resposta.