O
Vasco tem razão, ao menos em parte. Se o regulamento do Campeonato
Brasileiro elaborado pela CBF prevê em seu artigo 21 apenas
trinta minutos
de pausa e mais trinta
de acréscimo em
caso de paralisação
e o arbitro só retornou a partida após mais de setenta
minutos, não entendo o porquê da
grita de
tanta gente da crônica esportiva com o provável recurso do Vasco
junto ao STJD.
Porém,
aí termina a razão do Vasco. O Clube da Cruz de Malta pode até
querer se safar do rebaixamento com tal recurso, contudo
sua torcida também esteve envolvida no tumulto – e aqui pouco ou
nada importa quem começou o tumulto – e já era reincidente. O
Vasco foi punido pelo próprio STJD em setembro por conta da briga
generalizada que sua torcida protagonizou com
a
torcida do Corinthians em
Brasília.
Portanto, como Vasco já era reincidente, deveria, isso sim, ter
confirmado pela
CBF
seu rebaixamento para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro e,
pior, iniciando a disputa com pontos negativos.
Não
sei se o regulamento elaborado pela CBF prevê esse tipo de punição,
mas me lembro
que
em 2006 depois
de eclodido
um
escândalo da máfia
de apostas, a
Juventus
perder
dois scudettos, além
de ser
rebaixada e iniciado a segunda divisão italiana com 17 pontos
negativos.
Essa
seria uma
boa
punição
para
o
Vasco da Gama. Mas, e quanto ao Clube Atlético Paranaense, outro
reincidente? Afinal
estava mandando jogos em Joinville justamente porque havia sido
punido pelo STJD com a perda de mando de dois jogos após a briga
entre seus torcedores e os do Coritiba!
Nesse
caso, se a CBF fosse uma entidade séria e não um principado
de mafiosos, o jogo seria anulado, Atlético-PR e Vasco não
voltariam a se enfrentar e o clube curitibano perderia a vaga para a
Libertadores da América de
2014
e ainda iniciaria o próximo Brasileirão com pontos negativos.
Essas
medidas ajudariam a moralizar os diversos campeonatos esportivos –
não apenas os de futebol – e poderiam nos tirar da primeira
posição no triste ranking da violência nos estádios. Segundo o
sociólogo paulista Maurício Murad em 2012 morreram vinte
e uma
pessoas em estádios, o que já era recorde mundial foi
quebrado
agora em 2013 com trinta
mortes, aumento
de mais de 40%.
Cabe
a CBF e
demais
autoridades – governo, Judiciário, Ministério Público –
decidirem se querem nosso futebol líder em tal ranking.