Por Yuri de Almeida Gonçalves
No que
concerne a posicionamento político esquerdista, a maior referência
da história foi a Rússia. Nesse Estado aconteceu na práxis o que a
esquerda do mundo inteiro sonhava. Lenin é considerado o socialista
a posteriori enquanto Marx o comunista a priori.
A Rússia
vivia uma situação de desmando na política e na economia. O povo
não sabia o que era cidadania. Havia censura, absolutismo e muita
miséria. O único partido de oposição era clandestino e marxista.
Mas esse partido se dividia em dois: os mencheviques e os
bolcheviques. O segundo era considerado mais radical às ideias
marxistas, não criam em alianças com o inimigo e os avanços seriam
possíveis apenas com o socialismo. O primeiro acreditava em pequenos
avanços na política mediante alianças.
Em março
de 1917, após a queda do Tzar Nicolau II, Kerenski entrou no poder,
apoiado por partidos burgueses. Os mencheviques apoiaram o governo
liberal crendo em avanços, afinal, o absolutismo estava derrubado,
haveria eleições inéditas para o legislativo, a imprensa estava
livre e uma nova constituição a caminho. Mas Lenin alertava, a
grande reivindicação do povo era reforma agrária, fim do
racionamento de alimentos e que a Rússia saísse da 1ºGuerra –
reivindicações nunca cumpridas.
Após a
revolução socialista, Lenin entrou no poder. Suas primeiras medidas
foram: o Decreto da Terra, fazendo reforma agrária e o Tratado de
Brest-Litovski, tirando a Rússia da 1º Guerra. Daqui para frente é
criada a URSS. Houve várias tentativas de guerra contra o
socialismo. Mesmo com um bloqueio econômico, a economia planificada
soviética fez da URSS uma potência socioeconômica.
Pois
bem, o Brasil também tem sua história política, com esquerda,
direita, conservadores, liberais, etc. A história se repete no
mundo. Não há nada novo debaixo do céu, dizia Salomão. O Brasil
também tem seus mencheviques, que reivindicam ser a esquerda, que
creem em avanços se aliando a burguesia, mesmo que para isso
continuemos na guerra, sem reforma agrária, mantendo as estruturas
burguesas, conservadoras, etc...
Quem são
os mencheviques brasileiros? Essa resposta é fácil. Há pelo menos
dois, talvez três partidos no Brasil que batem na tecla, “somos de
esquerda”, mas esqueceram da reforma agrária, tampam os olhos para
a problemática da Educação, praticam PPPs e privatizações, se
aliam a ruralistas, antigos torturadores da época da ditadura, a
ex-presidentes que aumentaram as desigualdades no país e que
entraram para a história por corrupção, improbidade, tráfico de
influência, impeachment e até por neoliberalizar a nação.
Os
bolcheviques eram radicais e loucos. Assim são tratados todos da
esquerda brasileira que não aceitam o fortalecimento do setor
privado mediante o Estado, que denunciam a Educação sucateada, que
defendem uma economia planificada em detrimento do mercado, que
enxergam o mal da propriedade privada na formação de uma sociedade
igualitária, que percebem o mal da grande mídia, que...
A Rússia avançou não com as alianças dos mencheviques com a
burguesia e sim com a aplicação do socialismo. Brasil avançará
com os mencheviques no poder ou com o socialismo?
Yuri
Almeida Gonçalves é companheiro de lutas e Professor de História na rede pública municipal.