Por Rubens Caruso
Vergonhosa, para dizer pouco, a situação em que se coloca a prefeitura de Poços de Caldas diante de um fato aparentemente banal: circula no Facebook a "produção" abaixo, a respeito da polêmica que se tornou a simples implantação de um canil municipal.
Até onde minha vista alcança, o projeto não levou em conta o democrático debate com os moradores do bairro São José, dos mais carentes da cidade, motivo pelo qual o vereador Flávio Faria, que sei acompanha com lupa aquela população, teria proposto a elaboração de uma petição ou abaixo-assinado, um formato de participação popular reconhecido desde sempre.
Quem já deparou numa repartição com o aviso "Destratar funcionário público no exercício da função é crime" sabe que, se por um lado essa categoria conta com prerrogativas que não alcançam o cidadão "comum", por outro é dever de quem está justamente "servindo o público" (e recebendo para tanto!) ser modelo de decoro, comportamento e ética, inclusive quando não está no exercício da função.
Por isso, causa estranheza e lamento aqui que à frente desse movimento contra o vereador estejam servidores públicos municipais, em um texto agressivo que emprega, por exemplo, o termo "mentirosamente" a uma fala atribuída a ele.
Se a Câmara Municipal não sai em defesa dos seus, a Prefeitura não apenas admite que servidores ataquem uma autoridade eleita pelo voto -a segunda maior votação da última eleição- como pelo jeito não vai tomar qualquer providência em relação ao fato.
Só para esclarecer, especialmente a quem não é de Poços de Caldas: prefeito, presidente da Câmara e o vereador ofendido são do mesmo partido, o PT. Que, definitivamente, rachou.
Mais diálogo, senhores. O poder passa. Reitero: protestar é um direito sagrado, seja de quem quer o canil, seja de quem não o quer. O que não dá para aceitar é que dois poderes -Executivo e Legislativo- tolerem esse tipo de situação que, no fim, os desmoraliza.
Rubens Caruso Jr,, é jornalista radicado há anos em Poços de Caldas.