domingo, 21 de fevereiro de 2016

Que nos libertemos em comunhão!

Por Ana Paula Ferreira

É muito comum na mesma área de trabalho haver pequenas rivalidades, dissabores, ausência de diálogo entre profissionais. Exemplificando o campo da educação que é o terreno onde piso, há certo mal estar entre professores da lei 100, os concursados e os designados. Em termos municipais há a incoerente diferença salarial entre as professoras regentes de turma do Ensino Fundamental I (quase todas com nível superior) e os professores regentes de aula, os PII, que provoca comparações e cria espaço para uma hierarquia simbólica onde na verdade ela não existe. Nesse cenário nos aprisionamos em nossos afazeres cotidianos e nos impossibilitamos de superar os percalços da educação.

Quantos de nós já não ouvimos: “Fecho a porta da sala e faço o meu trabalho”? Não quero dizer com isso que o professor dessa linha de pensamento não faça um bom trabalho pedagógico, mas se nega a aprofundar o que a educação nos mostra ser: um caminho para nos libertarmos em comunhão.
           
Liberdade consiste em ter tempo livre; em não precisar ser escravo de dois ou três períodos para lecionar diante da miséria salarial; de termos dinheiro suficiente para o lazer; para além de educarmos os filhos de outros, termos tempo para nossos filhos; tempo livre para formação política para sabermos de nossos direitos e não só dos deveres.
           
Seríamos então livres diante da ditadura de uma sociedade que sucateia o trabalho docente ao ponto de lhe cercear a produção intelectual e transformá-lo em mero executor de programas? Estaríamos exercendo a liberdade ao sermos obrigados a trabalhar dois turnos ou mais diante do peso das responsabilidades financeiras contrastando com salários insuficientes?
           
Se os problemas entre os professores não são individuais, mas marcas de uma categoria, o posicionamento de embate deve ser de um coletivo como expressão de um grupo que não apenas ensina conteúdos, mas ensina com o exemplo da luta.

Ser educador é acreditar em mudança! Ser educador é criticar quando necessário, mostrando que a contradição que dinamiza o processo, embora a não concordância para aqueles que ocupam o poder cause um mal-estar.

Queremos liberdade não a conta-gotas, queremos mais tempo para o lazer, para o estudo, para formação humana e profissional. Temos a lei 11.738 que nos ampara! Temos o PNE que pontua em uma de suas metas a equiparação salarial do docente com outros profissionais que tenham curso superior.  

Para exercermos a liberdade de escolha por um cargo apenas de 30hs – tal qual a proposta do Executivo - precisamos de um salário realmente compensatório, pois caso contrário é nos aprisionarmos nas amarras financeiras. Ninguém quer cansar de trabalhar! Precisamos! E talvez representantes políticos fechem os olhos para isso.

Não há processo de libertação se não for para todos. Por isso, o projeto encaminhado pelo Executivo municipal de Poços de Caldas não satisfaz haja vista que em termos concretos beneficia só uma parcela dos profissionais da educação. Faz parte da prática dominante o “dividir para conquistar”! Mas, perante isso, que não nos rendamos a discursos mesquinhos e individualistas, principalmente daqueles que já se beneficiaram uma vez da redução da carga horária e hoje novamente querem fazer esse movimento. Que continuemos na luta para que a educação deixe de ser mero discurso político em época de eleição e passe a ser atenção verdadeira daqueles que nos representam.

Ana Paula Ferreira é Pedagoga e mestranda em Educação pela UNIFAL.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

DEPOIS DE 2 MESES

Por Joel Borges Junior

Há 2 meses atrás, fiz um post¹ falando sobre as eleições na Argentina e cheguei a conclusão de que Mauricio Macri não seria tão diferente do que estava acontecendo na Argentina.

Depois de 2 meses fiz um balanço:

- Aumento de 700% da conta de Luz

- Desvalorizou o peso e mudou a matriz arrecadatória, beneficiando os exportadores e prejudicando as classes baixa e média.

- Gerou mais inflação. (Calcularam uma inflação de 25 a 30% para 2016 e só Janeiro já atingiu 9.11%. Ano passado, a média era de 1.4% por mês.)

- Poderá atrair, de acordo com o governo, 20 bilhões de investimento no país.

- Desvalorizou os salários dos trabalhadores (A Cristina quando saiu, deixou 5588 pesos que valiam 607,81 dolares e estava acordado desde agosto para ir para 6060 pesos quando virasse o ano. Com a desvalorização do peso, mesmo indo para 6060 pesos, o salário está em 463,69 dólares.).

- Despediu mais de 24 mil empregados públicos (Alguns se dedicavam à implementação de projetos do Estado em bairros pobres e outros porque não concordavam com a política neoliberal)

- Abandonou os inundados do litoral (A província de Entre Ríos foi parcialmente inundada. Macri chegou a passar de helicóptero pela cidade de Concordia, a mais afetada. Faz 1 mês do acontecido e não teve nenhum plano de ação para atender a população afetada até agora. Muita gente foi salva por próprios civis. Segundo noticias, tem 30 mil pessoas desabrigadas.)

- Reprimiu os protestos sociais, deixando trabalhadores feridos porque eles simplesmente reclamavam por seus postos de trabalho. (nenhuma manifestação na era Kirchner foi reprimida com balas de borracha ou cassetete, como foi com Macri em seu primeiro mês de mandato)

- Burlou o Congresso, nomeando dois juízes da Corte Suprema a dedo e violando a Lei dos Médios (com a ajuda de Héctor Magnetto, o dono do Grupo Clarín)

- Taxando mais os serviços públicos, pondo em risco o déficit fiscal.
- E o ponto mais agravante na minha visão: Na Argentina há um mecanismo chamado Decreto de Necessidade de Urgência, que só pode ser utilizado em situações extremas pelo Executivo. Cristina Kirchner usou este recurso 29 vezes em 8 anos. Macri usou este recurso 260 vezes em 2 meses, e pior, muitos deles fere a Constituição.

Começou com o papo padrão de político "Vamos acabar com a corrupção, diminuir a maquina pública, combater o narcotráfico, readquirir confiança dos investidores". Sempre o mesmo papo abstrato, sem mostrar solução. A unica solução é colocar nas costas da classe média, trabalhadora e pobre.

Na minha análise, de até o momento, ele está terrível e eu errei grandiosamente na análise feita 2 meses atrás. Macri não é essa maravilha como estão tentando passar. Está prejudicando a população, os trabalhadores e ajudando somente os empresários. Ele está agindo como ditador pesado e a grande mídia argentina (que é do lado dele, ainda mais depois que ele mudou a lei dos médios na base da caneta) está escondendo isso.

Mas ainda há tempo para mudar minha opinião. Mas por enquanto é tenebroso seu mandato.

Joel Borges Junior,  funcionário público