segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Juan Evo Morales Ayma: Um Estadista

O atual processo de secessão na vizinha Bolívia vem nos alertar para o quão perverso e hipócrita são as elites brancas latino-americanas. Os prefeitos dos supostos departamentos “rebeldes” não só procuram desesperadamente dar um golpe fulminante na democracia boliviana como não satisfeitos com tal ato, já repudiado pela população, são responsáveis por chacinas de indígenas.

São perversos ao assumirem sem nenhum pudor o caráter racista do golpe de estado que pretendem perpetrar com apoio de alguns setores conservadores da sociedade, sobretudo na região conhecida como Media Luna. E são hipócritas ao se afirmarem como democratas e manipularem os grandes meios de comunicação. São ainda mais hipócritas ao não aceitarem como legítimo o resultado final do último referendo. Referendo este proposto por eles próprios, todavia com um resultado nada interessante para esta classe, pelo contrário parecia ser uma balde d`água fria em suas pretensões desestabilizadoras. Então resolveram apelar de vez para um golpe de estado no país.

Os confrontos ocorridos desde a semana passada revelam um jogo sujo encampado por uma elite racista, sediciosa e distante dos anseios da maioria do povo boliviano. Ademais essa elite conta com o aval peremptório e o financiamento ideológico e econômico do governo estadunidense.

Mas não é só a elite boliviana que consegue ser tão hipócrita. A grande imprensa brasileira na sua versão PIG e nossas elites também o são de forma escandalosa.

Quando Morales nacionalizou refinarias, a nossa elite aproveitou a catarse para bradar aquilo como ato antibrasileiro e clamar por uma intervenção militar no país vizinho sob a escaramuça de que a Petrobrás, dona das refinarias nacionalizadas, tratar-se de uma empresa estatal e portanto constituída com capital proveniente do contribuinte brasileiro. Omitindo do povo a triste, porém inegável realidade, que desde o governo FFHH a Petrobrás é uma empresa de capital misto com papéis negociados nas principais bolsas do mundo e com investidores estrangeiros – inclusive o litígio entre Petrobrás e governo boliviano corre na Corte Internacional de Arbitragem na Holanda como se é de praxe em litígios dessa magnitude envolvendo empresas privadas. O que queriam então Reinaldo Azevedo e seus congêneres da ultradireita tupiniquim? Que nossos jovens soldados das FFAA morressem para defender o interesse do grande capital internacional!!! No entanto o governo Lula num momento de lucidez não embarcou em semelhante aventura e através de novos acordos manteve de modo inalterado a distribuição de gás natural para o Brasil oriundo do país andino.

Agora o PIG se cala diante da afronta consumada por terroristas separatistas cruzenhos ao sabotarem gasodutos e ameaçarem de forma direta a distribuição de gás para o Brasil.

Em La Paz neste momento se está jogando o futuro da América Latina, caso os movimentos populares que as duras vias alcançaram o poder ao longo da última década sofram um refluxo por conta da intervenção do governo ianque através de seu corpo diplomático – utilizando a sutileza da CIA – ou da violação da soberania boliviana através duma ação militar direta alegando interesses humanistas – tal qual um dos pretextos para intervenção na Bósnia – caso a Bolívia de fato mergulhe em uma guerra civil.

Já o governo do presidente Evo Morales tem se mostrado duma capacidade enorme de superação ao enfrentar obstáculos muito maiores que a pequena economia do país mais pobre da América do Sul parecia suportar, e escreve seu nome no panteão dos grandes estadistas ao manter o diálogo com uma oposição nada afeita as normas democráticas e constitucionais, ao lutar contra o poder econômico ao mesmo passo que promove a redistribuição de renda e a nacionalização dos recursos naturais, ao interpelar o racismo sem recorrer ao populismo ou ao discurso demagogo. Morales é hoje um ícone para os movimentos populares na América Latina e o seu lucro significa perda para o grande capital internacional, daí o motivo do ódio nutrido contra ele pelas elites retrogradas.

Um comentário:

Blog do Morani disse...

Blog do Morani disse...
EM 17/09/08

HURRA AO ESTADISTA EVO MORALES AYMA!


A história da Bolívia confunde-se com as de outras nações do continente sul americano ou dos que fazem parte da chamada América Latina, formada por países da língua espanhola, porque o Brasil é o único no Cone Sul que fala a língua portuguesa, por sua colonização ter sua origem no reino português. Para o nosso país, isto foi de certa forma prejudicial, como o foram para as repúblicas que têm seu litoral, quando os têm, para o Pacífico. O natural era serem colonizados por asiáticos. Se o Brasil sofreu a depredação com a coroa portuguesa, por outro lado a Bolívia, que é o país em foco do presente comentário, também vem sofrendo e acumulando perdas desde a época de sua colonização pelos povos ibéricos, muito principalmente por espanhóis. Mas, é bom que se diga, a Bolívia perdeu o antigo território do Acre para o Brasil. Ainda não fiz um estudo de como se deu o avanço do Brasil naquela parte do território boliviano; se foi por Tratados diplomáticos ou pela força. E outros países vizinhos também avançaram sobre terras bolivianas anexando-as aos seus territórios.
Com essa dúvida desde a tarde de ontem, depois de ter lido por duas vezes o comentário do Sr. Hudson, fiquei ao silêncio do meu quarto conjeturando sobre os acontecimentos recentes, mas sem olvidar os antigos. Todos eles vêm corroendo a democracia no país vizinho, e que não são de agora, pois são planejados pela elite branca (termo usado não só pelo eminente amigo Hudson – sociólogo e educador – como pelos catedráticos da UNB, doutores Francisco Doratiolo e Antonio Barbosa), dando um perfil de exceção às manifestações nos departamentos do Médio Luna, muito principalmente no de Santa Cruz de La Sierra – o mais rico deles indo culminar em Tarija, ao sul da “meia lua”, formada geograficamente pelas posições dos departamentos do lado ocidental da Bolívia. Cheguei à conclusão, ontem ainda, de que a Bolívia está na iminência de uma guerra civil.

O mandato de Evo Morales foi conseguido pelo voto tendo, portanto, o apoio do povo boliviano, em sua grande maioria formado por indígenas, sendo ele mesmo um deles. E que está fazendo esse verdadeiro estadista? Está justamente dando àquela parcela do povo de seu país – os pobres, sempre esquecidos pela famigerada elite branca – participação na riqueza que consegue, às duras penas, e com medidas também de exceção, por em prática em sua política corajosa e desalinhada dos projetos que têm para a maioria dos países da América Latina o poderoso Grande Chefe Estrelado da nação norte-americana. Revoluções sociais já não cabem mais no nosso continente, na ótica dos dois eminentes catedráticos da UNB, pois os países sul-americanos têm, neste novo século, que se vai esvaindo sem mudanças drásticas, um só objetivo: firmarem-se como nações que exigem o respeito dos demais continentes às suas prerrogativas, como povos independentes que buscam ser, apesar das influências nocivas dessas elites que sempre dominaram os caminhos de mando. O interessante é que se os departamentos litigiosos taxam o governo de Evo Morales de medidas de exceção, por seu lado o que fazem com essas desobediências políticas de independência e massacres de indígenas? Puras medidas de exceção. Agora, com a prisão pelo exército boliviano do prefeito de um desses departamentos revoltosos, os demais estão tentando se alinhar ao eixo imposto por Morales com muita propriedade e determinação. Quando Evo mandou que o exército ocupasse o complexo da Petrobrás em terras bolivianas deixou um claro recado ao mundo: o processo neoliberal não está surtindo o efeito a que se propusera: divisão mais humana das riquezas; diminuição do profundo abismo das diferenças sociais; nacionalização dos complexos ao invés de cedê-los aos interesses do capitalismo feroz, sempre tão predador, tão cáustico e tão interesseiro.

Essa elite branca em nada se difere da que temos aqui em nosso país e criam na afinidade das elites; tinham em sua conta de que o governo de Lula (palmas para ele, uma vez na vida, pelo menos, com a atitude e posicionamento tomados no caso boliviano) daria cobertura às suas reivindicações. O mesmo se deu a Hugo Chávez, apoiando o colega Evo Morales. Três países apenas se alinham às recomendações do Grande Chefe do norte: Chile com sua estrutura econômica e política bastante firme, Venezuela, também rica e Colômbia, mas sem influências que possam vir prejudicar as decisões do presidente Evo Morales. O Brasil, como maior em território e com um parque fabril de vulto, estabilizado economicamente (salvo as intempéries que podem surgir com a derrocada de grandes conglomerados nos EUA), tem como suposto a liderança no Cone Sul. A Argentina, sucateada, desde o período peronista e aprofundado pelos regimes militares, de suas indústrias tenta se reerguer e espero que as divergências nas falidas Conversações de Doha – Brasil e Argentina não se consorciaram, como países irmãos, aos cânones impostos pelos poderosos e que não obtiveram êxito em Genebra, graças a Deus!não venhar azedar a velha amizade entre os dois países. Divergiram um do outro e não só às exigências de terceiros. Aqui não se leva em conta países como Espanha, Portugal e Grécia, considerados Argentina, Bolívia e Paraguai da Europa. Porém, por almejar ser o líder do Continente, o Brasil tem o dever de auxiliar, da melhor maneira possível, essa Argentina que já foi pujante, economicamente falando e, agora, a Bolívia de Evo Morales que desenvolve um trabalho de Hércules em seu país. Unirem-se em todos os sentidos, deve ser o objetivo comum aos países do Mercosul (ou do Unasul?). Aguardemos o desenrolar do complicado novelo da “novela” arranjada pelos departamentos revoltosos bolivianos. Contudo, e apesar de tudo, que reine a Paz e a Concordância entre todos!
Morani

17 de Setembro de 2008 10:07