Passados
os dias a pressão vai voltando ao normal e já dá pra fazer algumas
análises.
Essa
foi a eleição mais acirrada de todos os tempos. Nunca uma eleição
presidencial foi decidida por margem tão estreita!
A
campanha dos grupos conservadores – partidos de direita, mídia,
elite branca – flertou sem nenhum pudor com o golpismo e o
fascismo, e transformou uma disputa eleitoral numa verdadeira
demonstração de imbecilidade, ódio e desprezo à Democracia.
Surgiu até uma militância tucana de rua. Na verdade anti-PT ou
qualquer coisa que mesmo de longe lembre o PT (anti-Nordeste,
anti-Cuba, anti-Venezuela, anti-bolivarismo, sem sequer saber o que é
bolivarismo, etc e tal), dando uma energia incrível a criação da
chamada “onda conservadora”.
Mas
se essa onda conservadora surgiu tão forte, por que não levou o seu
candidato à vitória?
Porque
a antiga militância saiu às ruas. Na cabeça do político
profissional e dos marqueteiros o pensamento é o seguinte: quando a
eleição já está pré-definida com um candidato tendo larga
vantagem sobre os demais, a militância é algo improdutivo e que
mais atrapalha do que ajuda.
Porém,
ah sempre existe esse bendito porém, nem sempre dá pra se decidir
eleições com grande antecedência, portanto – e isso, creio eu,
não passa pela cabeça dos políticos profissionais e nem pela
cabeça dos marqueteiros – quando a disputa está acirrada e é
decidida nos pequenos detalhes, a militância faz toda a diferença.
E
agora em 2014 militância mostrou sua força e tornou-se peça
fundamental para que a onda conservadora e as forças do atraso não
chegassem ao poder.
No
entanto, de forma alguma podemos imaginar que a militância (ou pelo
menos sua grande maioria) concorde com as alianças feitas pelo PT
com políticos tradicionais e profissionais (Sarney, Jader Barbalho,
Renan Calheiros, Kátia Abreu et caterva) ou com alguns setores dos
mais atrasados de nossa sociedade (o agronegócio, alguns grupos
neopentecostais) ou com o exorbitante pagamento de juros ao sistema
financeiro ou com a inércia dos três primeiros governos do PT
frente a urgência das reformas política, agrária, fiscal e
tributária, além da urbana (só pra citar as reformas mais
urgentes) ou então a sua falta de coragem em enfrentar o oligopólio
da mídia.
Ainda assim
a militância não é tola e tem consciência que é impossível
negar a trnsformção que ocorreu no País nos últimos
doze anos. O Brasil saiu do "mapa da fome", o ensino
universitário passou por enorme expansão, o salário
mínimo foi valorizado e... nem vou citar mais pra não
ficar cansativo, tantos e inegáveis são os avanços que fizeram a
militância abraçar a candidatura de Dilma Rousseff ante Aécio
Neves.
Outro
fator foi a própria história de vida da presidenta. Desde a sua
juventude como integrante da guerrilha urbana, sua prisão e tortura,
passando já como ministra de Lula por uma luta contra o câncer, até
os dias mais recentes onde foi humilhada e achincalhada pela "elite
branca paulista" que não conhece o significado das palavras
respeito e educação.
Por
último, a contraposição da biografia da presidenta em relação
a do seu adversário no segundo turno. Um típico garotão do
Leblon, filhinho de papai, cheio de vida fácil e arrogante que já
adulto se tornou um yuppie que gosta de brincar de ser político.
A
militância espontânea que não se guia pela enferrujada burocracia
partidária, tomou às ruas em defesa dos avanços dos últimos doze
anos e de uma mulher, cidadã brasileira, desrespeitada das mais
diversas formas pela coragem que sempre teve ao fugir do papel social
destinado às mulheres na sociedade machista. E também contra o
yuppie ungido a novo príncipe do atraso.
Por
tudo isso, dou os meus parabéns a toda a militância de norte a sul
do Brasil por não poupar esforços na luta contra o
retrocesso!
Valeu!
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