quarta-feira, 27 de maio de 2015

DERROTA DE EDUARDO CUNHA, VITÓRIA DA SOCIEDADE

Há de se registrar que nossos nobres e probos deputados federais não agiram pensando apenas nos valores democráticos ou no futuro da sociedade brasileira. Tampouco tiverem o desprendimento que se espera de cidadãos que se colocam a disposição da sociedade e do povo.

Muito pelo contrário, retirando as exceções de praxe, a maioria agiu de forma bastante individualista pensando única e exclusivamente no próprio umbigo. Afinal, manter as atuais regras é, no caso dos deputados, manter-se na zona de conforto. Mudar as regras do jogo poderia jogá-los numa área escura onde o faro de sobrevivência lhes aconselhava ser melhor não arriscar tanto.

Foi justamente esse instinto de sobrevivência que levou nossos deputados a votarem contra o distritão e na sequência contra a oficialização do financiamento privado.

Quantos dos atuais deputados se elegeriam caso fosse implantado o distritão? Quantos conseguiriam alancar recursos cada vez maiores numa disputa cada vez mais desigual caso fosse oficializado o financiamento privado de campanhas?

Porém, mesmo por vias tortas (diria eu basante tortas) o autoritarismo e a prepotência de Eduardo Cunha foram derrotados. A manutenção do atual sistema de eleição para os legislativos e o do atual modelo de financiamento eleitoral nem de longe representam o que a sociedade quer e necessita, mas são um mal bem menor se comparados as aberrações que seriam defendidas por Cunha e seus asseclas.

Outro derrotado é o todo-poderoso ministro do STF Gilmar Mendes. Com a derrota da proposta de Cunha de oficializar o financiamento privado, sobe a pressão para que Mendes devolva o processo no qual o STF já estava prestes a decidir sobre a inconstitucionalidade desse tipo de financiamento de campanha.

Uma coisa é certa. O Brasil amanheceu hoje menos pior do que amanheceria se Cunha tivesse logrado mais um êxito. Na verdade cada derrota de Cunha é um retrocesso a menos para o Brasil.

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