Os maiores prejudicados com o aumento da tarifa do transporte público de R$3,00 para R$3,30 (10%) são seus usuários, na imensa maioria trabalhadores assalariados.
Num exemplo simples: se o trabalhador “A” recebe um salário mínimo e lhe é descontado 6% referente ao Vale Transporte, em 2015 esse percentual representava R$47,28, já ao longo de 2016 com o aumento da tarifa do transporte público lhe será descontado R$52,80 por mês. A diferença anual chegará a R$66,24 o suficiente para comprar aproximadamente 13 kg de feijão ou 30 kg de arroz.
Agora vejamos outro exemplo. Imaginando que o trabalhador “A” tenha uma família, esposa e dois filhos maiores de cinco anos. Se ele quiser num domingo aproveitar com sua família de algum dos poucos espaços públicos destinados ao lazer e para isso precisar se deslocar utilizando duas linhas do transporte público, ele desembolsará R$26,30. Somadas os valores desse “passeio” mais o que é descontado em folha chega-se a bagatela de R$79,10 ou 8,98% do seu salário. Isso se o trabalhador “A” permitir a si e a sua família apenas um final de semana com lazer fora de casa. Isso também se durante todo o mês nem ele e nem sua família precisarem utilizar o transporte público para qualquer outra eventualidade como consultas médicas ou mesmo pagamento de outras tarifas públicas como água, luz, IPTU – lembrando que a maioria dos bairros da periferia de Poços não contam com postos aptos a receber essas tarifas.
Pensemos noutro exemplo, mais drástico. O trabalhador “B” recebe dois salários mínimos (R$1760,00, valor considerado razoável para os padrões poços-caldenses).
No entanto o trabalhador “B” também possui dois filhos, ambos cursam o Ensino Médio e no bairro onde moram só possuí escolas voltadas para o Ensino Fundamental. Nosso herói – nesse caso não se trata de eufemismo – gastará por dia com transporte público para seus filhos R$6,60. Por semana R$33,00. Por mês considerando vinte dias letivos R$132,00. Mas os gastos da família com o transporte público não param por aí. Uma vez por semana a esposa de nosso herói precisa se deslocar até a região central da cidade para diversos afazeres – buscar medicamentos que só são distribuídos na farmácia central; fazer o supermercado ou feira; pagar contas de água, luz IPTU; participar de reuniões na escola dos filhos; etc. O trabalhador “B” também gosta de passear com sua família e o faz uma vez por mês. Além disso, participam num domingo por mês do almoço de família promovido na casa dos pais de nosso herói. Os jovens filhos do casal também gostam de se encontrar com os amigos e pelo menos uma vez por mês se deslocam até bairros mais distantes para revê-los. Somados todos os gastos de nosso herói só com passagens chegamos a R$330,00 ou 18,74% do seu salário bruto (lembrando que sobre o salário incide outros descontos como o INSS e a contribuição sindical).
Resta claro que o transporte público tem grande impacto nas finanças familiares. Mas temos outras reflexões sempre utilizando o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Em 2013 a tarifa em Poços custava R$2,60 e a inflação acumulada naquele ano foi 5,91%. No entanto, o aumento da passagem foi de 7,69% indo a R$2,80. Em 2014 a inflação foi de 6,41 e a passagem saltou para R$3,00, com um aumento de 7%, portanto, e novamente, acima da inflação. Já em 2015 a inflação chegou a 10,67% e aumento foi de 10%, pela primeira vez nos últimos três anos pouco abaixo da inflação.
Voltando um pouco no passado, porém não tão distante, em janeiro de 2010 os poços-caldenses pagavam R$2,00 na tarifa do transporte público. A inflação acumulada de lá pra cá foi de 48,9%. Se reajustarmos pelo IPCA a tarifa chegará a R$2,98. Ou seja, por esses cálculos a tarifa deveria estar 0,32 centavos mais barata.
Mas ainda nem chegamos ao pior. Em dezembro de 2014 o prefeito Eloísio do Carmo Lourenço enviou à Câmara projeto de lei reduzindo a alíquota do ISS (Imposto Sobre Serviços) da empresa concessionária do transporte público de 5% para 2%, ou seja, a empresa conseguiu o que nenhum outro contribuinte conseguiu ultimamente, baixar em 60% um dos impostos que paga.
Ao que tudo indica o cidadão comum de Poços, o trabalhador, aquele que não tem alternativa a não ser usar o transporte público e que teve aumento de 30,36% em sua conta de luz e 3,65% em seu IPTU ao longo do último ano, terá que dormir sabendo que paga cada vez mais caro também na passagem de ônibus enquanto a empresa concessionária, ao contrário de todos os cidadãos comuns, paga menos impostos.
Num exemplo simples: se o trabalhador “A” recebe um salário mínimo e lhe é descontado 6% referente ao Vale Transporte, em 2015 esse percentual representava R$47,28, já ao longo de 2016 com o aumento da tarifa do transporte público lhe será descontado R$52,80 por mês. A diferença anual chegará a R$66,24 o suficiente para comprar aproximadamente 13 kg de feijão ou 30 kg de arroz.
Agora vejamos outro exemplo. Imaginando que o trabalhador “A” tenha uma família, esposa e dois filhos maiores de cinco anos. Se ele quiser num domingo aproveitar com sua família de algum dos poucos espaços públicos destinados ao lazer e para isso precisar se deslocar utilizando duas linhas do transporte público, ele desembolsará R$26,30. Somadas os valores desse “passeio” mais o que é descontado em folha chega-se a bagatela de R$79,10 ou 8,98% do seu salário. Isso se o trabalhador “A” permitir a si e a sua família apenas um final de semana com lazer fora de casa. Isso também se durante todo o mês nem ele e nem sua família precisarem utilizar o transporte público para qualquer outra eventualidade como consultas médicas ou mesmo pagamento de outras tarifas públicas como água, luz, IPTU – lembrando que a maioria dos bairros da periferia de Poços não contam com postos aptos a receber essas tarifas.
Pensemos noutro exemplo, mais drástico. O trabalhador “B” recebe dois salários mínimos (R$1760,00, valor considerado razoável para os padrões poços-caldenses).
No entanto o trabalhador “B” também possui dois filhos, ambos cursam o Ensino Médio e no bairro onde moram só possuí escolas voltadas para o Ensino Fundamental. Nosso herói – nesse caso não se trata de eufemismo – gastará por dia com transporte público para seus filhos R$6,60. Por semana R$33,00. Por mês considerando vinte dias letivos R$132,00. Mas os gastos da família com o transporte público não param por aí. Uma vez por semana a esposa de nosso herói precisa se deslocar até a região central da cidade para diversos afazeres – buscar medicamentos que só são distribuídos na farmácia central; fazer o supermercado ou feira; pagar contas de água, luz IPTU; participar de reuniões na escola dos filhos; etc. O trabalhador “B” também gosta de passear com sua família e o faz uma vez por mês. Além disso, participam num domingo por mês do almoço de família promovido na casa dos pais de nosso herói. Os jovens filhos do casal também gostam de se encontrar com os amigos e pelo menos uma vez por mês se deslocam até bairros mais distantes para revê-los. Somados todos os gastos de nosso herói só com passagens chegamos a R$330,00 ou 18,74% do seu salário bruto (lembrando que sobre o salário incide outros descontos como o INSS e a contribuição sindical).
Resta claro que o transporte público tem grande impacto nas finanças familiares. Mas temos outras reflexões sempre utilizando o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Em 2013 a tarifa em Poços custava R$2,60 e a inflação acumulada naquele ano foi 5,91%. No entanto, o aumento da passagem foi de 7,69% indo a R$2,80. Em 2014 a inflação foi de 6,41 e a passagem saltou para R$3,00, com um aumento de 7%, portanto, e novamente, acima da inflação. Já em 2015 a inflação chegou a 10,67% e aumento foi de 10%, pela primeira vez nos últimos três anos pouco abaixo da inflação.
Voltando um pouco no passado, porém não tão distante, em janeiro de 2010 os poços-caldenses pagavam R$2,00 na tarifa do transporte público. A inflação acumulada de lá pra cá foi de 48,9%. Se reajustarmos pelo IPCA a tarifa chegará a R$2,98. Ou seja, por esses cálculos a tarifa deveria estar 0,32 centavos mais barata.
Mas ainda nem chegamos ao pior. Em dezembro de 2014 o prefeito Eloísio do Carmo Lourenço enviou à Câmara projeto de lei reduzindo a alíquota do ISS (Imposto Sobre Serviços) da empresa concessionária do transporte público de 5% para 2%, ou seja, a empresa conseguiu o que nenhum outro contribuinte conseguiu ultimamente, baixar em 60% um dos impostos que paga.
Ao que tudo indica o cidadão comum de Poços, o trabalhador, aquele que não tem alternativa a não ser usar o transporte público e que teve aumento de 30,36% em sua conta de luz e 3,65% em seu IPTU ao longo do último ano, terá que dormir sabendo que paga cada vez mais caro também na passagem de ônibus enquanto a empresa concessionária, ao contrário de todos os cidadãos comuns, paga menos impostos.