domingo, 24 de fevereiro de 2013
sábado, 23 de fevereiro de 2013
Conceição Lemes: “Se o Gurgel não abrir inquérito contra o Aécio, estará prevaricando”
Em Minas, o ex-procurador Alceu Marques Torres arquivou duas representações contra Aécio e Andrea Neves. Em 31 de maio de 2011, os deputados Rogério Correia, Sávio Souza Cruz e Antonio Júlio entregaram a Roberto Gurgel outra denúncia. Ela está na gaveta do procurador-geral da República há 22 meses e 17 dias
por Conceição Lemes
17 de abril de 2011. Madrugada de domingo, Leblon, Zona Sul carioca. O senador Aécio Neves (PSDB-MG), dirigindo uma Land Rover, é parado pela polícia numa blitz de trânsito. Convidado a fazer o teste do bafômetro, ele se recusa. A carteira de habilitação, vencida, é apreendida. Leva duas multas.
A partir daí, o poderoso bunker montado para protegê-lo foi sofrendo alguns abalos.
O Movimento Minas Sem Censura (MSC), bloco de oposição que reúne parlamentares do PT, PMDB, PCdoB e movimentos sociais, descobriu fatos até então desconhecidos. Além de denunciá-los publicamente, fez representações a várias instâncias, pedindo que fossem investigados.
Essas ações não deram em nada até agora.
Na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), as tentativas para instalar CPIs não prosperaram. Lá, como em São Paulo, vige a lei da mordaça tucana.
Alceu José Marques Torres, procurador-geral da Justiça de Minas até início de dezembro de 2012, arquivou as duas representações feitas contra o senador, a irmã Andrea Neves e a rádio Arco-Íris.
“Como o procurador nada apurou, nós entramos com a segunda representação”, diz o deputado estadual Rogério Correia (PT-MG), líder do MSC. “O promotor João Medeiros Silva Neto, do Ministério Público do Estado de Minas, abriu inquérito para investigá-la. Porém, o doutor Alceu avocou para si o processo e arquivou. O então procurador-geral prevaricou.”
Em 31 de maio de 2011, Rogério e os colegas Luiz Sávio de Souza Cruz e Antônio Júlio, ambos do PMDB, foram a Brasília.
Entregaram pessoalmente a Roberto Gurgel representação denunciando Aécio e a irmã dele, Andrea Neves, por ocultação de patrimônio e sonegação fiscal. A representação está na gaveta do procurador-geral da República há 22 meses e 17 dias.
“Como em 2010 Aécio se tornou oficialmente sócio da rádio Arco-Íris, cujo valor de mercado é de R$ 15 milhões, se tinha patrimônio total declarado de R$ 617.938,42?”, questiona Sávio Souza Cruz, vice-líder do MSC. “Como Aécio viajava para cima e para baixo em jatinho da Banjet, cujo dono preside a Codemig e é dono de empresas que prestam serviços ao governo de Minas? Por que Aécio indicou Oswaldinho para presidir a Codemig?”
Rogério Correia denuncia: “Há fortes indícios de ocultação de patrimônio e sonegação fiscal. Aécio se recusa a prestar esclarecimentos sobre o seu patrimônio. Andrea destinou dinheiro público para empresas da família. Isso é improbidade administrativa!”
“Em Minas, o Aécio tudo pode”, continua Souza Cruz. “Nós poderíamos ter copiado tantas coisas aprazíveis da Bahia, acabamos por reproduzir uma das menos positivas, o Aecinho Malvadeza.”
“Está tudo dominado”, ele sentencia. “A Assembleia Legislativa homologa tudo o que é do interesse do Aécio. O ex-procurador geral de Justiça de Minas virou o zagueiro do Aécio, nós passamos a chamá-lo de ‘Aéceu’.”
AS DENÚNCIAS MENOSPREZADAS PELA MÍDIA CORPORATIVA
Rádio Arco-Íris, Banjet, Oswaldinho, aplicação de verbas públicas em empresas da família, voos em jatinho do presidente da Codemig, suspeitas de ocultação de patrimônio e sonegação fiscal, blindagem.
Nenhuma dessas denúncias, praticamente desprezadas pela mídia corporativa, é novidade. Todas, desde 2011, têm sido feitas e reiteradas (confira aqui, aqui e aqui).
O ponto de partida, relembramos, foi o flagrante do teste do bafômetro, em 17 de abril de 2011, na cidade do Rio de Janeiro.
O carro que o senador dirigia na hora da blitz — Land Rover TDV8 Vogue, ano 2010, placa HMA 1003, valor mercado R$ 255 mil, comprado após as eleições de 2010 — pertencia à rádio Arco-Íris, de Belo Horizonte (MG), cujos sócios são Aécio, a irmã Andrea e sua mãe, Inês Maria Neves Faria.
Há anos é propriedade da família Neves. Em 1987, o então deputado federal Aécio Neves ganhou a concessão para explorá-la do à época presidente da República José Sarney, atualmente senador.
Por coincidência, Aécio votou a favor da ampliação do mandato de Sarney para cinco anos, o que lhe valeu entre adversários a alcunha de “Aecinco”. Antonio Carlos Magalhães, ministro das Comunicações naquele momento, assinou a outorga. Inicialmente a sede da emissora ficava em Betim, depois foi transferida para BH.
A matéria abaixo de Veja, publicada na seção Radar, em 1987, circulou muito após o teste do bafômetro. Ela diz que Aécio já seria proprietário de outras três rádios, em Cláudio, Formiga e São João Del-Rei. Investigação feita em 2011 revelou que oficialmente ele era sócio apenas da Arco-Íris. Estavam em nome de Andrea outra emissora e um jornal em São João Del-Rei.
Aécio, aliás, só passou a integrar legalmente a sociedade da rádio Arco-Íris dois meses após ser eleito senador. Mais precisamente a partir de 28 de dezembro de 2010 com valor declarado à Junta Comercial de Minas Gerais de R$ 88 mil, o equivalente a 88 mil cotas. A mãe, dona Inês Maria Neves Faria, repassou-lhe a maior parte das suas.
Em consequência, as 200 mil cotas da empresa ficaram assim distribuídas: Andrea, 102 mil (51%); Aécio, 88 mil (44%); e dona Inês Maria, 10 mil (5%).
Foi a sétima alteração contratual da empresa, que iniciou atividades em 1986. Abaixo a última página do contrato.
A rádio Arco-Íris, além da Land Rover, era proprietária em 2011 de outros 11 veículos registrados no Departamento de Trânsito de Minas (Detran-MG).
Dos 12 veículos, seis são carros de passeio de luxo, em geral não utilizados para fins empresariais.
Mais surpreendentes foram as frequentes autuações dos veículos da Arco-Íris no Estado do Rio de Janeiro. Afinal, ela é retransmissora da rádio Jovem Pan FM, tem sede em BH, não possui departamento de Jornalismo e se atém a músicas para jovens.
As multas aplicadas em 2011 no Toyota Fielder (HEZ1502) e na Land Rover TDV8 Vogue (HMA 1003) decorreram de excesso de velocidade nas cidades de Búzios, Rio Bonito e Rio de Janeiro e em rodovias fluminenses. A informação é do Detran-MG. Abaixo uma do Toyota Fielder (HEZ1502) .
MILAGRE DOS PEIXES
Aécio governou Minas de janeiro de 2003 a abril de 2010. Durante os dois mandatos, a irmã Andrea comandou o Núcleo Gestor de Comunicação Social da Secretaria de Governo, criado por decreto em 3 de abril de 2003, pelo próprio governador.
O setor tinha as funções de:
1) coordenar, articular e acompanhar a execução de toda a política de comunicação social do Estado, inclusive a das secretarias, autarquias, empresas públicas e fundações estaduais;
2) decidir a alocação de recursos financeiros de toda a publicidade do Estado de Minas Gerais, sua administração direta e indireta, até mesmo das empresas controladas pelo poder público mineiro, bem como o patrocínio de eventos e ações culturais e esportivas.
De 2003 a 2010, as despesas com “divulgação governamental” somaram R$ 489 milhões. No primeiro mandato, foram R$ 157 milhões; no segundo, R$ 325 milhões, de acordo com o Sistema Integrado de Administração Financeira do Tesouro (Siafi).
Nesses valores não estão incluídos os gastos com publicidade de empresas públicas ou de economia mista controladas pelo Estado, como as companhias Mineradora (Codemig), Energética (Cemig), Saneamento (Copasa) e Gás (Gasmig), assim como as do Banco de Desenvolvimento de Minas (BMDG) e Loteria estadual (LEMG). Eles totalizaram mais de R$ 325 milhões de 2003 a 2009, conforme o Tribunal de Contas do Estado.
Pois era Andrea que orientava, determinava e supervisionava quanto, quando, como e onde aplicar todos esses recursos do Estado e suas empresas, diretamente ou via agências de publicidade.
No decorrer das gestões do irmão-governador, o seu núcleo aplicou, a título de publicidade, dinheiro de estatais mineiras e da administração direta estadual na rádio Arco-Íris e em outras empresas de comunicação dos Neves.
Exatamente quanto não se sabe, pois o ex-procurador-geral Alceu José Marques Torres nem ao menos investigou quanto de dinheiro público a rádio Arco-Íris recebeu.
Por falar em patrimônio, em fins de 2010, quando Aécio passou a ser oficialmente sócio da rádio Arco-Íris, o capital social registrado não representava o valor real. Somente os 12 veículos em nome da empresa valiam aproximadamente R$ 714 mil em maio de 2011. Já o valor comercial da emissora, de acordo com fontes do mercado, era de aproximadamente R$ 15 milhões.
Contudo, no início de 2010, ao registrar a candidatura ao Senado, Aécio declarou à Justiça Eleitoral patrimônio total de R$ 617.938,42. Um decréscimo de cerca de 20% em relação ao de 2006. Apenas a parte dele no valor dos automóveis da rádio Arco-Íris seria de R$ 314 mil! Um milagre dos peixes às avessas.
BANJET, CODEMIG, BANDEIRANTES, IM: RELAÇÕES FAMILIARES E COMERCIAIS
Em 2011, o Minas Sem Censura fez outra denúncia contra o senador tucano: Aécio usava gratuitamente os jatinhos da Banjet Taxi Aéreo Ltda, para deslocamentos no Brasil e exterior. “Uma cortesia da empresa”, justificou-se na época.
A Banjet fazia parte do grupo do extinto Banco Bandeirantes, sendo seus donos os empresários Clemente Faria e Oswaldo Borges da Costa Filho.
Oswaldinho (como Oswaldo Borges da Costa Filho é conhecido em Minas) é casado com Beatriz Faria Borges da Costa, filha do banqueiro Gilberto de Andrade Faria, que foi padrasto de Aécio. Gilberto, falecido em 2008, casou-se em segundas núpcias com dona Inês Maria, com quem viveu durante 30 anos.
Clemente, morto em acidente aéreo em julho de 2012, é o outro filho do primeiro casamento do banqueiro Gilberto Faria. Clemente, portanto, era cunhado do Oswaldinho, seu sócio na Banjet.
Pois Oswaldinho e Clemente eram sócios em outras empresas, entre elas a Star Diamante Ltda (nome fantasia Starminas), criada em setembro de 2003. Em 4 de fevereiro de 2004, Clemente transferiu todas as suas cotas para Oswaldo Borges da Costa Neto, que já era sócio, e Oswaldinho, a quase totalidade. Costa Neto é filho de Oswaldinho e ficou com 259.999 cotas das 260 mil cotas da empresa. Abaixo fragmento da última página do contrato social de constituição dela.
A essa altura, Oswaldo Borges da Costa Filho já presidia a Companhia Mineradora de Minas (Comig), como mostra nota publicada pelo jornal Estado de Minas em 24 de setembro de 2003, página 17.
No final de 2003, a Comig teve nome e objeto social alterados para Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig).
Codemig é uma empresa pública e como tal o diretor-presidente deve ser eleito pelo seu conselho. Mas, na prática, é quem o governador indicar. Em 2003, com Aécio no poder, Oswaldinho – genro do padrasto de Aécio -- passou a presidir a Comig, depois a Codemig, cargo que ocupa até hoje.
Não haveria aí conflito de interesses?
Explico. A mineração é uma das áreas de atuação da Codemig. Além disso, Oswaldo Borges da Costa Filho era sócio ou integrava a diretoria de várias empresas, segundo levantamento feito na Junta Comercial de Minas Gerais em 16 de maio de 2011. Entre elas, a Minasmáquinas S/A e a Bamaq S/A – Bandeirantes Máquinas e Equipamentos, que também pertenceram ao grupo do extinto Banco Bandeirantes e mantêm relações comerciais com o Estado de Minas Gerais, segundo o Minas Sem Censura.
Curiosamente, um dos endereços do liquidado Banco Bandeirantes — Avenida Rio de Janeiro, 600, Belo Horizonte – era o mesmo da IM Participações e Administração Ltda.
Gilberto Faria, relembramos, era dono do extinto Banco Bandeirantes e foi padrasto de Aécio.
A IM, por sua vez, tem como sócios os irmãos Neves da Cunha — Aécio, Andrea e Ângela, a mais nova do clã. A mãe é a administradora. Dona Inês Maria atuou também na gestão do Bandeirantes e foi sócia do marido, o banqueiro Gilberto Faria, em algumas empresas, como a Trevo Seguradora.
A investigação pedida pela oposição mineira poderia esclarecer, por exemplo, se houve alguma triangulação entre o Banco Bandeirantes e a IM.
ASSESSORIA DE AÉCIO: ”MOTIVAÇÃO MERAMENTE POLÍTICA”
Esta repórter buscou falar com o senador e a irmã, para saber o que teriam a dizer sobre as representações feitas contra ambos pelo Minas Sem Censura.
Foram muitos e-mails e telefonemas para o gabinete de Aécio, em Brasília, com a secretária driblando: “os assessores de imprensa estão em Minas”, “estou tentando contatá-los, mas não consigo”.
Até que, depois de muita insistência, veio esta resposta:
A assessoria do senador Aécio Neves informa que se trata de antigas iniciativas de dois deputados de oposição ao PSDB de Minas Gerais, amplamente noticiadas à época e sobre as quais foram prestados todos os esclarecimentos. É nítida a motivação meramente política das mesmas. Registre-se que uma delas chegou a ser apresentada por duas vezes, tendo sido, nas duas ocasiões, investigada e arquivada por falta de fundamento.
De Andrea, nenhum retorno. Em 2003, o então governador Aécio Neves nomeou-a para a presidência doServas (Serviço Voluntário de Assistência Social), cargo que ocupa até hoje. Está na terceira gestão. O site da entidade informa:
O Serviço Voluntário de Assistência Social – Servas é uma associação civil, de direito privado, sem fins econômicos, que tem como objetivo promover e executar ações sociais em Minas Gerais, dotado de autonomia administrativa, financeira e operacional. É reconhecido como entidade de utilidade pública nos níveis municipal, estadual e federal. Existe desde 1951.
Andrea Neves da Cunha permanece na presidência do Servas, de janeiro de 2011 até a presente data, dando continuidade aos programas já existentes, em parceria com o Governo de Minas, empresas e entidades de classe.
Após vários e-mails e telefonemas ao setor de Comunicação do Servas nos últimos 25 dias, a chefe do setor alegou: “Andrea está de férias, não posso encaminhar para ela”.
Em resposta a mais um e-mail enviado por esta repórter, ela respondeu nessa quinta-feira 14: “A senhora Andrea já retornou de férias, mas ainda não pude tratar com ela sobre seu pedido. Havendo um retorno, informo”.
DENÚNCIA CONTRA AÉCIO E ANDREA NA GAVETA DE GURGEL HÁ QUASE 23 MESES
Em 31 de maio de 2011,os deputados Sávio de Souza Cruz, Antonio Júlio e Rogério Correia entregaram nas mãos do procurador-geral da República, em Brasília, a representação contra Aécio e Andrea.
Gurgel fez questão de ir com os parlamentares até o setor de protocolo da Procuradoria Geral da República (PGR). Aí, a representação recebeu o número 1.00.000.006651/2011-19.
“Ligávamos de vez em para o setor de protocolo e a informação era de que não havia novidade”, diz Correia. “Sabíamos apenas que a representação não havia sido arquivada nem inquérito aberto.”
“No dia 29 de janeiro, ligamos e nos disseram que no dia 18 de dezembro de 2012, a Coordenadoria de Comunicações Administrativas (CCA) remeteu a representação e um relatório para o doutor Gurgel”, acrescenta Correia. “Nos disseram que estão na mesa dele.”
Ao Viomundo, a Secretaria de Comunicação da PGR limitou-se a dizer antes do Carnaval: “O documento protocolado pelos deputados encontra-se em análise no gabinete do procurador-geral”.
Nesta sexta-feira 15, voltamos a contatar a Secretaria de Comunicação da PGR para saber se havia tido alguma mudança nesse período. A resposta foi “não“.
Fontes da própria PGR nos disseram que até 28 de janeiro de 2013 — portanto, um dia após Correia ligar para lá — não havia sido dado qualquer despacho na representação protocolada em 31 de maio de 2011, que continua na gaveta do procurador.
Oficialmente não é da alçada da CCA dar parecer jurídico sobre qualquer representação. É um setor grande da PGR. Aí, ficam expediente, protocolo, arquivo, publicação.
Além disso, mesmo não existindo arquivamento, o status da representação dos deputados mineiros contra Aécio e Andrea estava gravado como “arquivado” no sistema. Isso sempre acontece quando o processo está parado há mais três meses.
“Diante de todas essas denúncias, não há outra saída para doutor o Roberto Gurgel a não ser abrir inquérito junto ao STF contra Aécio Neves”, espera Rogério Correia. “Do contrário, ele estará prevaricando.” Sávio Souza Cruz afirma: “Espero que o procurador-geral da República cumpra a Constituição”.
A propósito. Enquanto a representação contra Aécio e Andrea Neves dorme há quase 23 meses na gaveta de Gurgel, ele decidiu, em cinco meses, o destino das acusações feitas em setembro de 2012 pelo publicitário Marcos Valério de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria recebido vantagens financeiras do esquema do mensalão.
No dia 6 de fevereiro, o procurador-geral resolveu mandar para Minas o processo. Nessa quinta 14, o Ministério Público Federal (MPF), em Belo Horizonte, recebeu o depoimento de Valério contra Lula.
“A denúncia de Marcos Valério, réu já condenado, querendo benefício para reduzir pena, foi rapidamente remetida ao MPF para investigação”, compara Correia. ” Já a de duas bancadas, representando 19 deputados estaduais, contra Aécio e Andrea está sem nenhuma providência desde maio de 2011.”
“Parece que o Marcos Valério, como fonte de denúncia, tem mais credibilidade para o procurador-geral do que as bancadas estaduais de Minas dos dois maiores partidos do Brasil”, diz Sávio Souza Cruz. Correia finaliza: “É o cúmulo do partidarismo”.
domingo, 17 de fevereiro de 2013
Música de Domingo - Under My Tumb (Rolling Stones)
Uma das músicas mais marcantes dos Stones.
Será que ainda voltarão ao Brasil?
Será que ainda voltarão ao Brasil?
Distribuição de renda: Caminhando rumo a outros 500 anos
Para aqueles que ainda não acreditam - ou simplesmente não querem acreditar ou pior, fingem que não acreditam, que o Brasil é hoje outro país se comparado a 2002.
Me lembro de uma campanha publicitária do PT no ano 2000 e que pegava gancho nas "comemorações" dos 500 anos da chegada de Cabral ao litoral da Bahia, cujo slogan era o seguinte: "com o PT serão outros 500".
Realmente, após a chegada de Lula ao poder, o Brasil é outro.
A distribuição da renda dez anos depois
Após dez anos de governos do PT, pode-se detectar uma importante melhora no perfil da distribuição da renda no País. Não vivemos em nenhum paraíso. Muito longe disso. Mas, em contrapartida, a situação é muito melhor que a do final dos anos 1990 e início dos anos 2000.
O índice de Gini foi reduzido. Este índice mede a distribuição da renda e varia entre 0 e 1. Quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade e quanto mais próximo de zero, maior a igualdade. O Gini brasileiro caiu de 0,585, em 1995, para 0,501, em 2011. Contudo, este é um número que ainda está distante dos índices de países tais como França (0,308) ou Suécia (0,244).
No início dos anos 1960, o Brasil possuía um Gini inferior a 0,5. Entretanto, os governos militares (1964-1985) adotaram um modelo de crescimento econômico com concentração de renda. O Gini subiu. Em meados dos anos 1990, com a queda da inflação, o índice de Gini sofreu uma redução.
O índice de Gini é calculado com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE. Mais de 96% das rendas declaradas na Pnad correspondem às remunerações do trabalho e às transferências públicas. Sendo assim, a desigualdade medida pelo Gini/Pnad não é adequada para revelar a distribuição da renda entre trabalhadores, de um lado, e empresários, banqueiros, latifundiários, proprietários de imóveis alugados e proprietários de títulos públicos e privados, de outro. O índice de Gini não revela a participação das rendas do trabalho e do capital como proporção do Produto Interno Bruto (o PIB, que é o valor de todos os serviços e bens que são produzidos).
Além do Gini, é preciso analisar a distribuição funcional da renda: capital versus trabalho. O processo de desconcentração da renda que está em curso no Brasil vai além da redução do índice de Gini. Ocorre, principalmente, devido ao aumento da participação dos salários como proporção do PIB.
Houve uma trajetória de queda da razão salários/PIB de 1995 até 2003, quando caiu a um piso de 46,23% (incluindo as contribuições sociais dos trabalhadores e excluindo a remuneração de autônomos). A partir de então, houve uma inflexão na trajetória, que se tornou ascendente. O último dado divulgado pelo IBGE é de 2009. Neste ano, a participação dos salários alcançou 51,4% do PIB superando a melhor marca do período 1995-2003, que foi 49,16%.
São variadas as causas do movimento positivo de aumento da participação dos salários no PIB. O rendimento médio do trabalhador teve um aumento real significativo entre 2003 e 2012. Houve um vigoroso aumento real do salário mínimo nos últimos dez anos. E houve redução dos juros pagos pelo governo aos proprietários de títulos públicos e redução dos juros cobrados das famílias pelos bancos.
O índice de Gini/Pnad e a participação percentual das remunerações dos trabalhadores no PIB são medidas complementares. Ambas representam dimensões da desigualdade e do desenvolvimento socioeconômico do país. As duas medidas mostram que o desenvolvimento socioeconômico brasileiro está em trajetória benigna desde 2003-4. Elas mostram também que no período anterior (1995-2003) as rendas do trabalho perdiam espaço no PIB para as rendas do capital.
A recuperação do poder de compra dos salários foi o principal pilar da constituição de um imenso mercado de consumo de massas que foi constituído no Brasil nos últimos anos. Foi a formação desse mercado que possibilitou ao Brasil sair apenas com pequenos arranhões da crise de 2008-9. O desenvolvimento econômico e social brasileiro depende, portanto, do aprofundamento do processo distributivo em curso. Não existirá desenvolvimento sem desconcentração de renda.
domingo, 3 de fevereiro de 2013
Um amigo que parte
Um amigo
parte, mas ficam as lembranças.
As
lembranças das viagens juntos, dos papos no corredor da faculdade, dos finais
de ano e do Natal que passamos juntos, da final da Copa, das brincadeiras, das
estórias de quando ele esteve na Amazônia e na Nova Zelândia, das piadas e
risadas, das discussões políticas etc etc etc.
Agora é
ficar com essas lembranças e tentar conter o choro.
Vá em paz
Carlos Eduardo Vilas Bôas!
sábado, 2 de fevereiro de 2013
O ouro alemão nos EUA
Essa semana completou-se
80 anos da chegada de Hitler ao poder. Talvez este tenha sido o fato divisor de
águas do século XX, afinal após Hitler
chegar ao poder e colocar em prática uma aparentemente bem sucedida estratégia
de reerguimento da economia alemã baseada em vultuosos investimentos do Estado
tendo como foco a preparação de uma colossal máquina de guerra, o mundo se viu então dividido num primeiro momento entre uns que enxergavam no führer a encarnação
do líder que o libertaria do perigo bolchevique e reconstruiria o sistema
capitalista abalado pelo crash de 1929 e entre outros menos lunáticos e mais realistas – vide
Escola de Frankfurt – que viam no nazismo uma forma totalitária de
governo na qual toda e qualquer crítica ou oposição ao Estado era imediatamente
tratada como crime de traição.
Num segundo momento, com
o totalitarismo alemão chegando ao seu ápice e já com a sua máquina de guerra tomando quase toda a Europa, é constituída uma impensável aliança anti-nazismo entre os liberais-capitalistas
do Ocidente e o regime stalinista soviético, contendo também muito mais que a simpatia dos autênticos socialistas das mais variadas vertentes espalhados pelo planeta.
A aventura nazista – que prometia um “reich de mil anos” – findou
em 1945 com a tomada de Berlim pelo Exercito Vermelho. No entanto a Alemanha
até hoje sofre com as marcas daquele período abjeto e ignominioso,
tendo inclusive algumas feridas não cicatrizadas. Por exemplo, a Alemanha
continua a ter tropas estadunidenses em seu território e sua reserva em ouro “guardada”
nos EUA.
Li a matéria
abaixo no sítio português Resistir. Info e resolvi tunga-la.
As bases americanas na Alemanha e a
base ouro
Por Antal E. Fekete
[*] no Resistir.Info
A Alemanha não é nem independente nem soberana, apesar das
pretensões habituais. Ela tem tropas americanas no seu solo por razões
inexplicadas e inexplicáveis após a retirada de todas as tropas soviéticas há
quase 25 anos atrás. Igualmente significativo é o facto de que a fatia do leão
da reserva ouro alemã esteja sob a custódia americana. Se o Bundesbank pediu a
repatriação de uma parte simbólica daquele ouro durante um longo período de
tempo, podemos considerar como garantido que isto foi feito sob instruções
americanas.
Mas por que os americanos pediriam ao Bundesbank para
requerer o retorno de uma parte do ouro alemão armazenados na
"segurança" dos porões do Federal Reserve Bank of New York na parte
baixa de Manhattan? Certamente não porque os porões estejam cheios de ouro
americano e eles tenham de arranjar espaço para mais.
É tudo grande teatro. Há uma agenda oculta que tem de ser
camuflada. O melhor meio de fazer isso é montar um show. O público fica
fascinado por imagens com tramas de ouro de bancos centrais.
Uma razão, talvez a principal para este exercício, é que os
administradores do sistema de moeda fiduciária (fiat money) global estão a
preparar-se para a próxima confrontação decisiva, a cortina final sobre o que
há alguns anos atrás chamei de The Last Contango in Washington. Por outras
palavras, os decisores políticos estão a preparar-se para (ou a tentar
defender-se da) a permanente escassez ( backwardation ) nos mercados futuros de
ouro de todo o mundo que está a ameaçar rasgar em pedaços o actual e desgastado
sistema de pagamentos mundial que repousa na fé (make-belief).
A multa por atraso ( contango ) é a condição normal dos
mercados futuros de outro quando o preço spot do ouro está com um desconto em
relação ao preço de contratos futuros. O contango demonstra que está disponível
muito ouro para satisfazer a procura actual. As pessoas estão confiantes em que
promessas de entrega de ouro serão honradas. A condição oposta à situação de
contango é chamada de escassez (backwardation) que se verifica quando os preços
futuros perdem o seu prémio em relação ao preço spot e ficam menores. No
mercado de ouro esta condição é altamente anómala porque, face a isto, permite
aos comerciantes ganharem lucros sem risco. Eles vendem ouro spot com um prémio
e compram-no de volta com um desconto para entrega futura. Contudo, lucros sem
risco são efémeros uma vez que a própria acção de comerciantes os eliminará
instantaneamente. O que isto sugere é que escassez permanente de ouro nunca
poderia acontecer pela própria natureza do caso.
Mas sem o conhecimento do público geral um perigo muito
grande está a surgir, perigo semelhante a um que não ameaçava o mundo desde o
colapso da parte ocidental do Império Romano há mais de 1500 anos atrás. Este
perigo, se se materializar, marcaria o fim da nossa civilização e princípio de
uma nova Idade Média (Dark Age). Estou a falar acerca da ameaça do súbito e
completo colapso do comércio mundial. Isto seria anunciado pela escassez
permanente de ouro, algo que alegadamente nunca poderia acontecer. Directamente
nos seus calcanhares seguir-se-ia o colapso do sistema de pagamentos em dólar.
O comércio por trocas (barter), naturalmente, começaria entre países vizinhos,
mas o comércio mundial tal como o conhecemos desapareceria junto.
O indicador pelo qual a viragem do contango para a escassez
(backwardation) poderia ser medido é chamado a base ouro. É o prémio sobre o
preço do ouro para entrega futura de acordo com o contrato que o acompanha
relativo ao preço spot. Portanto a base ouro negativa é equivalente a escassez.
Mal se passaram uns 40 anos de história de orientação pela base ouro, porque
não havia comércio organizado de futuro de ouro antes de a América incumprir
suas obrigações internacionais de ouro em 15 de Agosto de 1971.
O comércio de futuros começou com uma base ouro robusta. O
contango estava no seu pico. A base ouro não pode ser mais elevada do que o
pleno encargo de armazenagem (carrying charge) (também conhecido como o custo
de oportunidade de possuir ouro, cujo principal componente é o juro). Mas
bastante cedo a base ouro começou a erodir-se e a erosão continuou até hoje.
Isto foi um processo agourento e que foi ignorado por todos os políticos,
economistas e jornalistas financeiros.
O desvanecimento da base ouro é ainda mais curioso uma vez
que tem estado a acontecer contra o pano de fundo de um avanço constante no
preço do ouro. Os manuais de teoria económica ensinam que um avanço no preço
sempre e em toda a parte chama novas oferta. Contudo, os manuais de teoria
económica são impotentes quando se trata de ouro. Para o ouro, o verdadeiro é
exactamente o oposto: um avanço no preço faz a ofertar contrair; e um avanço
muito grande pode fazer a oferta desaparecer totalmente. A razão para este
paradoxo é que o ouro é um metal monetário. Toda a difamação do ouro por
economistas pagos por governo não alterará este facto. Nesta altura o declínio
foi tão longe que a base ouro é praticamente zero, com ocasionais afundamentos
em território negativo.
A academia evita ostensivamente investigar a base ouro,
pretendendo que ela tem tanta relação com a economia mundial quanto a base para
carcaças de porcos congelados. O público é mantido na ignorância total. Mas só
se pode ignorar a base ouro correndo perigo. Trata-se do único indicador
disponível que mostra a deterioração progressiva do sistema de moeda
fiduciária. Como é bem sabido, em toda a história nunca houve um experimento
com êxito de moeda fiduciária. E nem foi por falta de tentativas. Todos estes
experimentos ou foram abandonados quando governos esclarecidos decidiram
retornar a divisa a uma base metálica, ou acabaram em fracasso absoluto
provocando tremendo sofrimento económico para o povo quando a moeda fiduciária
estava a perder rapidamente todo o seu poder de compra.
A implacável contracção da base ouro significa que o ouro
disponível para entrega futura está a desaparecer rapidamente. O ouro está
constantemente a mover-se para mãos fortes que o agarram e não o abandonarão
mesmo em face de altas de preços abruptas. Finalmente a oferta de ouro secará e
a escassez esporádica dará lugar à escassez permanente. As minas de ouro
recusam-se a receber papel-moeda pelo seu produto. Se quiser ter ouro, terá de
recorrer ao barter.
Escassez permanente significa que a confiança na divisa
fiduciária em papel e nas promessas do governo de pagar evaporaram-se. Afinal
de contas, considerando a sua origem, notas de banco irresgatáveis são nada
mais do que promessas desonradas de pagar ouro. Uma vez estilhaçada a
confiança, todos os cavalos do rei e todos os homens do rei não podem juntar
Humpty Dumpty outra vez. A escassez permanente é como um buraco negro. Não há
caminho para dele sair. Nem mesmo um raio de luz pode escapar das suas garras.
Eis como os buracos negros ganharam sua fama. "Escassez permanente"
não é um nome tão sugestivo como "buraco negro", mas mesmo assim pode
devorar a economia mundial.
A base ouro é afim à eficiência do dinheiro de suborno. A
princípio o suborno é aceite sem se fazerem perguntas. Mas quando se torna uma
característica regular do comércio de ouro, a sua efectividade é perdida. No
fim o suborno é recusado quando se percebe que o objectivo é trapacear o
proprietário e retirar-lhe a sua posse de ouro. Um sistema de comércio
construído sobre o suborno é um castelo de cartas. Ele é desonesto. Depende do
engano e de tramas falsas.
Isto traz-me de volta à reserva ouro alemã. Como a escassez
esporádica em ouro torna-se cada vez mais frequente, os cavalheiros
responsáveis pelo andamento do sistema mundial de moeda fiduciária ficam
alarmados. O único meio de pacificar o mercado é libertar cada vez mais ouro de
bancos centrais. Ouro físico. A besta deve ser alimentadas. O ouro de papel não
o fará (mas, naturalmente, estes cavalheiros continuarão a tentar inundar o
mercado com ele).
Libertar ouro americano directamente do Fed para os mercados
de futuros está fora de causa. Isso confirmaria a suspeita, já desenfreada, de
que o dólar é um colosso com pés de barro sustendo-se com água até os joelhos.
Assim, deixem os estados clientes da América fazerem a libertação. Os alemães
têm a reputação de favoráveis à divisa forte. Eles estão relutantes em aderir à
"corrida para a base" das divisas. A Alemanha é a escolha natural
para alimentar mercados futuros de ouro num esforço para proteger o dólar
contra o último assalto que está a perfilar-se.
Durante muito tempo a América tem estado a torcer o braço de
outros países, incluindo o Reino Unido e a Suíça, fazendo-os vender centenas de
toneladas de ouro do banco central, ao passo que a América não estava a vender
nem uma onça. "Faça como eu digo, não como eu faço!" Durante todo
este tempo a Alemanha tão pouco estava a vender. Era mantida a aparência de que
esta decisão foi tomada na Alemanha. Não foi; ela tem, ao invés, a marca "made
in USA". O ouro alemão é a última defesa do dólar. Por esta altura
praticamente todos os bancos centrais ignoram o canto de sereia da América. De
vendedores eles se tornaram compradores de ouro. De acordo com o plano mestre
americano a Alemanha é a última fortaleza [a impedir] a desintegração do
sistema global de moeda fiduciária. A Alemanha não falhará: é para isso que se
mantêm tropas americanas no solo alemão. A Alemanha cumprirá obedientemente a
tarefa de alimentar com ouro os mercados de futuros num esforço para defender-se
da escassez permanente. A repatriação de uma parte a reserva de ouro alemã é um
balão de ensaio. Se os mercados ficarem com medo e verificar-se pânico de
vendas antes de o Bundesbank começar a vender, então muito melhor. Mas se a
trama falsa fracassar e a marcha do mercado mundial de ouro rumo ao
entesouramento privado continuar constante, então deixem o Bundesbank, não o
Fed, sangrar ouro. O ouro da América deve ser poupado apesar de todos os
riscos.
Sobre tais truques e enganos está fundamentado o sistema
monetário internacional.
Qual é, portanto, a solução? Como pode ser impedida a morte
súbita do comércio mundial? Felizmente, ainda há políticos erectos. Godfrey
Bloom do Parlamento Europeu, deputado pelos círculos de Yorkshire e North Lincolnshire
no Reino Unido, sugere que a Alemanha deveria repatriar TODO o seu ouro e
reinstaurar um marco alemão ouro.
A causa subjacente da crise financeira mundial é dívida
desenfreada. O ouro é o único extintor final de vida. A partir da sua expulsão
do sistema monetário internacional a dívida total no mundo só pode crescer,
nunca contrair. Para travar o crescimento canceroso da dívida o ouro deve ser
reinstaurado na sua antiga posição como o guardião da qualidade de dívida.
Se, em desafio dos desejos americanos, a Alemanha tomar a
iniciativa de criar um marco ouro e abrir a Cunhagem Alemã ao ouro em que todos
os que se apresentarem possam converter seus lingotes de ouro em moeda de ouro,
o curso da história mundial será mudado. Seria o mais admirável momento da
Alemanha. A civilização terá sido salva e o arranque da nova Idade Média
impedido. O marco-ouro poderia circular lado a lado com o euro e dólar
irresgatáveis. Deixem as pessoas decidirem se querem ser pagas em divisas
fiduciárias tendentes à crise ou, talvez, se preferem a estabilidade da moeda
de ouro respeitada pela sua antiguidade. Não há dúvida do que seria a escolha
das pessoas.
A iniciativa alemã porá em funcionamento uma reacção em
cadeia de actos virtuosos semelhantes por parte dos principais bancos centrais
do mundo, a fim de impedir a depreciação fatal das suas divisas contra o
marco-ouro. Este tornar-se-á a divisa mais cobiçada do mundo para comércio
internacional. O sistema financeiro será salvo do suplício das desvalorizações
competitivas de divisas e do efeito corrosivo de défices governamentais sempre
em expansão. Governos serão forçados a enfrentar a realidade e viver
responsavelmente dentro dos seus meios como toda a gente. Agricultores já não
serão pagos para não cultivar a terra e trabalhadores fisicamente aptos para
não trabalhar. O desemprego juvenil, em particular, será coisa do passado.
Há um precedente. Em 1948 a Alemanha desafiou a força
ocupante quando criou o Deutsche Mark sem se aborrecer a pedir permissão em
Washington.
Mas não será o padrão tendente à deflação? Na década de 1930
o padrão ouro internacional entrou em colapso por causa disto mesmo, não foi?
Como disse o pai do Deutsche Mark, Wilhelm Röpke
(1899-1966): não foi o padrão ouro que fracassou, mas aqueles a cujos cuidados
estava confiado.
[*] Nasceu em
Budapeste, Hungria, em 1932. Matemático e cientista monetário. Em 1958 foi
nomeado professor assistente de Matemática e Estatística na Memorial University
de Newfoundland, Canadá e em 1993 reformou-se como Professor Titular. Em 1974
fez uma palestra sobre ouro no seminário de Paul Volcker na Universidade de
Princeton. Posteriormente, foi investigador visitante (Visiting Fellow) no
American Institute for Economic Research e editor sénior da American Economic
Foundation. Em 1996 o seu ensaio, Para que o ouro? (Whither Gold?), que se
encontra em http://www.fame.org/htm/Fekete_Anatal_Whither_Gold_AF-001-B.HTM ,
ganhou o primeiro prémio no concurso internacional sobre divisas patrocinado
pelo Bank Lips, da Suíça. Durante muitos anos foi perito em vendas e hedging de
barras de ouro de bancos centrais, e os seus efeitos sobre o preço do ouro e da
própria indústria da sua mineração. Dedica-se agora a escrever e fazer
palestras sobre reforma fiscal e monetária, com ênfase especial no papel do
ouro e da prata no sistema monetário.
No sítio web do
jornalista Lars Schall consta também esta entrevista do prof. Fekete: "
Gold: Permanent Backwardation Ahead! "
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