Confesso que dei pouca atenção ao debate de ontem à noite na Bandeirantes. Debates tão cheio de regras e com as campanhas cada vez mais aos cuidados dos marqueteiros, há muito que deixaram de chamar a atenção de simpatizantes, militantes ou apenas eleitores. Apenas aqueles mais politizados ou os mais curiosos por política ainda sentem ânimos de ficar a frente do aparelho de TV assistindo aos debates, mesmo assim, na grande maioria dos casos, sem a vibração de outros tempos.
Os candidatos, embora haja nítida diferença entre as proposta apresentadas, sobretudo no modo como veem o papel do Estado, se portam diante das câmeras como produtos pasteurizados.
Não é somente a semelhança no discurso dos candidatos – pasteurização das campanhas – evitando adentrar em temas polêmicos a culpada pela pouca audiência dos debates. O formato rígido e nada flexível, além, obviamente, do crescente desinteresse da população pela política de forma geral também são corresponsáveis.
Num cenário assim era de se esperar que os candidatos coadjuvantes se saíssem melhor e aproveitassem o espaço para fugir da mesmice. Mas esperar isso de Marina Silva quando ela é candidata por uma legenda de aluguel que nem o PV é pedir demais.
Do outro lado Plínio de Arruda Sampaio, um socialista que não tem vergonha de sê-lo, soube aproveitar o espaço e defender exatamente aquilo que há décadas defende. Na verdade o candidato do PSOL é sinônimo de coerência, ética e integridade dentro da esquerda brasileira. Os valores humanistas estão tão arraigados na biografia de Plínio, que é impossível dissociá-lo da luta pelos direitos civis e por uma sociedade onde a superação da desigualdade seja sua marca.
Plínio é a exceção à regra nessa campanha. No entanto dificilmente terá mais que 5% dos votos no primeiro domingo de outubro – e olhe que 5% já será uma vitória. Não obstante, saiu como vencedor do primeiro debate e terminará as eleições com a biografia, e consequentemente a admiração da esquerda, do mesmo modo de quando iniciou.
8 comentários:
Meu amigo:
Um socialista que não se envergonha de sê-lo - Plínio. Você está correto em sua explicação. Os debates perdem o interesse do eleitor pois que os ditos são rigidamente controlados pela midia que não deseja muito vocabulário pesado. Mas, como eu disse antes, dos três piores ficaria com Plínio Arruda que foi mais enfático e menos "cheio de dedos". Dilma, que deveria ser a mais contundente se perdeu em meio a palavreas feitas e usou de muitos termos decorados e cifras já sabidas de todos. Engasgou, levou mais tempo que o previsto pela direção do debate, olhava para a câmera errada. Nervosismo de marinheiro de primeira viagem. Discursar ao lado de Lula é uma coisa; sozinha, é totalmente diferente. Fico com o do PSoL, mas preferia Heloisa Helena como candidata. Abraços
Gostei do Plínio, foi muito bem no debate, questionador como deveria ser!!!
Muito bom!!!
Eu já não vi nada demais na atuação dele ontem. Jamais posso concebê-lo como vencedor do debate depois que a Dilma comprovou matematicamente a eficiência da política de reforma agrária que ele e a extrema esquerda que faz o jogo da direita diz não ter avançado. Vencedor? Plínio foi um ortodoxo, isso sim.
Lucas, meu caro! Plínio não foi extrema esquerda, apenas se postou coerentemente como um socialista, nada mais!
E outra, a Dilma não provou matematicamente nada, apenas citou números que não comprovam o que o INCRA comprovou, que FHC assentou mais. Tanto Lula como FHC não promoveram uma política de reforma agrária, pelo contrário, valorizram o agronegócio. Pesquise e verás que o que falo é verdade...
Dilma, gaguejou, mostrou-se fraca e se posicionou contra os movimentos sociais no que se refere à campanha de limite da propriedade fundiária.
Plínio represetou a esquerda, foi coerente e "venceu" mesmo o debate.
Até quando pessoas inteligentes e com leitura crítica irão acreditar que essa proposta social-liberal nos levará ao socialismo? Dilma foi clara: contra a reforma agrária, ou seja, contra o movimento social mais vançado da esquerda latino-americana! Ou se é santa ou se é puta, Lucas, aprendi isso com seu pai.
Sem o Plínio no debate, teríamos um mero debate de gestão, de dados, de administração do sistema... Plínio fez do debate um espaço político, falou de classe e para a classe... o resto é mais do mesmo...
Amigos, a desenvoltura de Plínio já é conhecida. A clareza de seus argumentos também. Mesmo não tendo "ganhado" com certeza foi um dos mais comentados, isso porque grande parte da massa foi conhecê-lo apenas no debate...
Pena que o modelo de debate é viciado, o tempo de exposição é pequeno, a grana é curta, Dilma ou Serra nos serão empurrados goela abaixo da mesma forma e por aí vai...
Imaginem se ele tivesse a máquina ao seu lado? Não, ele não se submeteria a tanto...
Também gostei da postura do Plínio, coerente com suas ideias. Um verdadeiro representante dos movimentos sociais e da esquerda brasileira.
Opa, meu comnetário acima saiu como anônimo!! acho que não sei postar direito, então aí vai: eu sou o Diney!! rsrsrs
É... vejo não estar só, isolado, emparedado, em relação ao meu primeiro comentário. Assisti ao debate, por inteiro. Não podemos deixar de buscar novos ares para ventilarmos nossas idéias sobre os candidatos. Os três principais: Dilma, Serra e Marina são os piores apresentados em toda a história da política brasileira. Esse é "o Cara", porém sem cacife, sem o crédito popular, sem os "pirulitos" dos engodos e sem a primordial "base" do Poder. Quem é esse Plínio Arruda? Perguntar-se-ão nossos paupérrimos eleitores... Pena, lamentável que os bons soçobrem e os péssimos tenham todas as chances. Não precisamos mudar os políticos... O que necessitamos é mudar-nos a nós mesmos! O Brasil é o que é por ter um povo política e civilmente ignorante.
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