Por Sâmia Gabriela Teixeira na Revista Forum
Diversas entidades ambientalistas participaram de audiência pública realizada pela Frente Parlamentar pela Reforma Agrária e Agricultura Familiar na última sexta-feira (2/12). O ato foi presidido pelo deputado Simão Pedro (PT), que salientou a importância do encontro e da participação de um representante do senado, uma vez que a decisão agora está nas mãos do Congresso Nacional. O convidado para dividir espaço na mesa de discussão foi Aloysio Nunes (PSDB), que não pôde comparecer e enviou seu assessor João Guariba.
Estiveram também no ato Delveque Mateus, da Via Campesina; Marco Astrini, do Greenpeace; Belo Monteiro e Malu Ribeiro, do SOS Mata Atlântica; Daniel Cunha, do Conselho Municipal da Juventude; e trabalhadores rurais e militantes de movimentos sociais.
Delveque discursou sobre os caminhos que o país segue defendendo os interesses do agronegócio. Para ele, a reforma do Código Florestal “concretiza a inviabilidade da reforma agrária, que será comandada pelo capital financeiro internacional, abusando da mão de obra barata dos trabalhadores brasileiros para o benefício de poucos”. Ainda disse do trabalho da Via Campesina e da possibilidade de enxergar a agricultura a partir de outro parâmetro, “de desenvolvimento viável social e economicamente, protegendo áreas indígenas, nascentes e rios”.
Marco Astrini relembrou que o Código Florestal tem sido objeto de manobra da bancada ruralista desde o início e que há posições contrárias do Ministério Público, da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), e da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). “Ou seja, temos a lei, a igreja e a ciência contra essa reforma. Algo de muito errado deve haver isso não?”, questionou.
Malu Ribeiro reafirmou a esperança que os movimentos têm sobre a decisão da presidente Dilma Rousseff, dizendo terem sido tranquilizados pelo ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho (PT). “Ele nos garantiu que poderíamos confiar na palavra da presidenta. Ela disse que vetaria o desmatamento e acreditamos nisso. Mas, ainda assim, acho importante a mobilização da sociedade”, analisou Malu. “Só que não podemos deixar de pensar que quando faltar água na torneira, quando não houver mais saída para o tratamento de esgoto, quando os efeitos das mudanças climáticas afetarem as nossas vidas como já vem afetando, será tarde demais para reclamar.”
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