Enquanto se fala numa possível coligação entre o PSDB de Aécio Neves e o PT de Fernando Pimentel para a disputa da prefeitura de Belo Horizonte, fica patente mais uma vez a postura matreira do Partido dos Trabalhadores de Minas.
A seção estadual do PT não passa de um arquétipo de partido pragmático e que trabalha para o engodo dos movimentos sociais. O PT mineiro não resiste a argumentações sobre os motivos que o levou nos últimos 14 anos a aliar-se com o que há de mais atrasado no cenário político mineiro.
Apoiou Eduardo Azeredo no segundo turno de 1994. Quatro anos depois o partido dividiu-se entre duas “grandes” opções: Azeredo ou Itamar. Sendo que o primeiro fez em Minas o papel que Mario Covas fez em São Paulo, Marcelo Alencar no Rio, Jaime Lerner no Paraná, Antonio Brito no Rio Grande do Sul, Paulo Souto na Bahia e FFHH no plano nacional, qual seja, vender o estado a preço de banana e gerenciar os interesses do capital internacional. Enquanto Itamar encarna a política de manutenção do status-quo buscando dialogar de modo anedótico, fanfarrão e bufão com a população.
Após a eleição de Itamar aceitou sem rodeios num primeiro instante participar de seu governo, para depois assumir uma postura omissa e patética perante aquela pífia administração pública – ao adjetivar a administração Itamar Franco como pífia, gasto minha generosidade.
Antes disso em 1996 já havia embarcado na canoa fisiológica e “desideologizada” de Célio de Castro na capital e apoiado sua reeleição em 2000 já com Fernando Pimentel – então um quadro técnico do partido (é economista por profissão) – como vice na chapa. Pimentel se tornaria prefeito após o afastamento por motivos de saúde de Castro ainda no inicio do segundo mandato.
Mas não para por aí as contradições desse partido em Minas, pois ainda temos a aliança branca com o porta-voz da Rede Globo no estado, Hélio Costa, para o Senado Federal em 2002 e a aliança declarada com o ex-governador Newton Cardoso em 2006 também para a Câmara Alta. Em 2002 o tiro saiu pela culatra, pois naquele ano estavam em jogo duas cadeiras para o senado e o candidato petista, Tilden Santhiago, terminou em terceiro lugar a poucos votos do segundo colocado Hélio Costa. Assim a esperteza do PT em não lançar outro candidato para o Senado ou não apoiar algum outro de esquerda e na última hora pedir votos para Costa, lhe custou caro.
Vale destacar ainda que nas duas eleições de Aécio Neves o partido optou por uma postura no mínimo dúbia, sendo que da última vez nitidamente lançou um candidato para “perder”.
No estado reina um marcatismo perpetrado pelo governador e seus aliados mais próximos e onde está o PT para denunciar isto? Existem algumas figuras de destaque local ou nacional que não concordam com os rumos do partido no estado, no entanto a resignação parece ter tomado conta até mesmo de parte da militância que sempre foi o diferencial da sigla. Há no ar um sentimento de abnegação a todas as lutas que o partido travou durante décadas em troca do gosto pelo poder.
Vivemos em Minas Gerais um momento antagônico onde o Palácio da Liberdade chefiado por um “playboy” e sua irmã, não respeita a liberdade de imprensa – o que vale é a lei da mordaça – quando essa fere seus interesses ou toca em assuntos os quais a população não “precisa” tomar conhecimento. E simplesmente não há contestação política organizada contra as políticas conservadoras vindas desse verdadeiro palácio e nem partido que se proponha a tal. Eis aí o antagonismo, existe um governo conservador, porém não há mobilização contraria, é um governo de consenso, todavia defende exclusivamente os interesses da burguesia.
Mas mesmo com a imprensa amordaçada por força ou por conveniência – e essa á a maioria dos casos – algumas notícias vazam e chegam aos ouvidos da sociedade.
Alguns exemplos são o envolvimento do governador com o “pai de todos os mensalões” ou a utilização de empresas estatais como Cemig e Copasa para bancar campanhas publicitárias enaltecendo as maravilhas do neto de Tancredo. A atuação da Polícia Militar no ataque ao Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais no início de abril, quando a reitoria permitiu a entrada da PM para reprimir a exibição do filme “Grass” e o silêncio do governo em relação a esse atentado a liberdade de expressão e aos direitos individuais. O sucateamento da educação e a efetivação ilegal de professores contratados sem concurso público. Ou ainda o escândalo da compra de ambulâncias em que não cabiam os necessitados por completo – cabiam apenas a cabeça, o tronco e metade das pernas.
Claro também que não me refiro a todo o PT mineiro – mesmo porque seria um desrespeito a alguns companheiros que muito estimo e conheço suas posições –, mas o seu grosso tem se mostrado de uma política execrável por ser matreira e sem princípios. Agora essa insidiosa – até pouco tempo atrás insólita – coligação em BH aprovada por 85% dos delegados do partido exacerba o caráter fisiológico da legenda. O que distingue o Partido dos Trabalhadores em Minas Gerais dos partidos tipicamente ou convencionalmente chamados de direita?
A seção do PT em meu estado contrasta com outras seções, como a fluminense que sempre foi alvo de intervenção da executiva nacional por se recusar a fazer certas alianças. Ou a gaúcha que ao longo de sua historia mantêm-se coerente com os objetivos de quando o partido foi fundado e coloca-se à frente de políticas sociais inovadoras, além de defensora de uma ideologia esquerdista que em outros estados parece ter se perdido e que paga por muitas vezes não comungar das decisões do partido no âmbito nacional.
Um comentário:
COMENTANDO O PT de MG
POSTADO BLOG DISSOLVENDO-NO-AR
De acordo com minha última postura, não irei me estender ao comentário do assunto acima mencionado, mesmo porque o titular do blog já esmiuçou todas as nuances das “trilhas” percorridas pelo partido do Sr.Lula na capital mineira, e ninguém mais abalizado que um nativo do estado, Sr. Hudson – sociólogo e educador – que tem a primazia de viver em Poços de Caldas, MG.
Tendo lido todo o seu comentário, como soe acontecer, mais me convenço de que o comentarista, além dos dois predicados acima, pode muito bem se dar ao luxo de somar a eles o de cientista político, pois que vivencia profundamente a situação em seu estado analisando-a com critério científico.
Que posso eu acrescentar mais às suas assertivas (?) a não ser opinar sobre o seguinte:
l) Realmente, pelos comentários que chegam ao meu conhecimento, o atual governador é um “playboy” que se uniu a uma “play girl” – sua irmã, se adonando, ambos, do timão do Palácio do Governo mineiro. Ponto pacífico!
2) O PT, não é de hoje, “não passa de um arquétipo de partido pragmático e que trabalha para o engodo dos movimentos sociais”.
3) Parece-se a um partido de âmbito regional, nunca nacional e sempre na contramão das verdades e das necessidades populares. A seção gaúcha tem por perfil ser (talvez) a "única que se mantêm coerente com os objetivos de quando foi fundado o partido, defendendo uma ideologia verdadeiramente esquerdista unida a políticas sociais inovadoras".
Fossem todas as seções assim... E teríamos um verdadeiro partido de esquerda.
Morani
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