O modo como a comunidade internacional trata o (sic) problema iraelo-palestino não passa de mero esquivo e esperar para ver o que acontece. Além de ser, claro, duma cumplicidade ignominiosa com crimes de guerra e genocídio patrocinados por um Estado contra uma população civil – só na Faixa de Gaza, transformada em “gueto”, (sobre)vivem hoje cerca de 1,2 milhão de pessoas. A vergonha recai sobre todos aqueles que se afirmam, ou julgam-se, ser humanos por sua tartamudez perante um escabroso extermínio de cultura, história, comunidade e por fim a própria vida na Palestina ocupada.
Teimar em não reconhecer o Hamas ou qualquer outra agremiação política palestina como portadora de legitimidade é atestar total ignorância diante de fatos consumados e abandonar a Palestina a sua própria (má) sorte. Esquecem-se a União Européia e os EE.UU. do fato que Israel só existe hoje enquanto estado devido as sistemáticas ações terroristas perpetradas por diversos grupos sionistas ao longo de anos. Grupos esses que atingiram seu ápice ao findar a Segunda Guerra Mundial e lograram êxito não só expulsando as tropas britânicas da região como também fazendo a recém criada Organização das Nações Unidas reconhecerem um estado formado por uma minoria e, pasmem, estrangeira num território ocupado e em ainda em guerra.
Talvez alguns judeus tenham aprendido técnicas requintadas de crimes contra a humanidade durante a estadia no inferno dos campos de concentração erguidos pelos nazistas em solo europeu e as transportado para o Oriente Médio. Enquanto somos entulhados cotidianamente por filmes, peças, ensaios, livros ou até publicações acadêmicas sobre o holocausto cometido por alemães ensandecidos contra o povo judeu, há, na mesma proporção, só que em sentido inverso, um silêncio ensurdecedor sobre o mesmo tipo de lesa humanidade adotada como política de estado por Israel. Um estado que tem sua gênese não no Reinado de David ou de Salomão, ou em estórias bíblicas ou da Carochinha (tanto faz), mas sim nos ataques de grupos terroristas judeus como Stern ou Irgun responsáveis pelo do massacre de Deir Yassin, um exemplo hediondo da capacidade de terror desses grupos.
Em 9 de abril de 1948, houve o massacre de 250 palestinos (incluindo 100 mulheres e crianças), na aldeia de Deir Yasin, próxima a Jerusalém.Naquele dia sombrio anciões e crianças foram degolados, mulheres grávidas estripadas. O ato terrorista, executado por homens do Irgun e do Stern, sob comando do chefe do Irgun, Menahem Begin, tinha como objetivo amedrontar os árabes. Após o massacre, o restante da população de Deir Yasin foi forçada a desfilar como animais pelas ruas de Jerusalém. "O banho de sangue de Deir Yasin foi a operação mais abjeta jamais realizada pelos terroristas sionistas" (Arthur Koestler, escritor judeu, in "Promise and Fulfilment", Mac Millan, New York, 1949; cfr. Hussein Triki, op. cit., pg. 182).
Ao contrário daquilo que muitos analistas tupiniquins têm vomitado ultimamente os fatos recentes não são apenas parte de propaganda eleitoral. É certo que tanto Ehud Olmert (atual carrasco-mor, ou seja, premiê) e as principais personagens envolvidas no processo eleitoral que se desenrola, a ministra das Relações Exteriores Tzipi Livni, o líder do Partido Trabalhista Ehud Barak e Bibi Netanyahu, principal nome do Likud partido de oposição, querem guerra e sangue palestino jorrando. O genocídio do povo palestino é adotado como legítima política de estado e foge de qualquer crítica mais contundente que por ventura possa vir da comunidade internacional ou mesmo de dentro da sociedade israelense. Manifestações pacifistas ou são impedidas, censuradas ou até mesmo ganham a pecha de serem formadas por traidores. Nessa conjuntura Israel não consegue hoje viver doutra maneira que não seja refém dum estado de beligerância perpétuo. A economia, a sociedade, a política e a cultura, enfim as instituições que formam Israel estão fortemente fincadas num estado militar que impele a guerra justamente para manter-se vivo.
Um dos maiores desafios da promessa de mudança chamada Barack Obama reside em arrefecer os ânimos dos trogloditas israelenses e do poderoso lobby montado às cercanias do Capitólio e Casa Branca e buscar não uma saída honrosa para Israel, mas, sim, entregar a posse da Palestina há quem de fato e direito lhe pertence, ou seja, aos palestinos.
No entanto é hora também de se cobrar uma posição mais clara em defesa do povo palestino por parte de todas as outras nações do mundo, e em especial do mundo árabe e demais países mulçumanos. A omissão – por que não conivência – através da qual os demais países do Oriente Médio têm demonstrado tamanha apatia diante do completo genocídio na Faixa de Gaza e a política sionista de extermínio dos palestinos, apenas denota o quão frágeis são seus estados perante a truculência imperialista israelense tornando-os alvo em potencial num futuro não tão longínquo.
Um comentário:
INDIFERENÇA E CONFORMISMO
Como se já não bastasse à Humanidade estarrecida (?) as últimas atrocidades perpetradas pelo governo norte-americano com sua política externa protecionista ao verdadeiro terrorismo no mundo (o que Israel pratica sem qualquer obstáculo e a seu bel prazer), a nação dita de Deus retorna com os bombardeios covardes – a sua força militar é bem mais poderosa que a dos palestinos – atingindo, ontem, hospital infantil da faixa de Gaza. Dizer ou desculpá-los pela ignorância de não saberem da existência de um nosocômio para crianças, no local marcado para as bombas despejadas pela Força Aérea Israelense, é querer taxar os homens de estúpidos e sem raciocínio lógico.
O que acontece atualmente aos palestinos é coisa de longa data, e sempre com o apoio de governos de “Uncle Sam”, numa bestialidade insuportável que a Humanidade deveria rechaçar sem piedade e sem mais delongas.
Se pelo lado israelense existia a truculência de um Sharon (que fim levou esse primeiro-ministro em seu estado de coma?), pelo outro se apresentava o maior terrorista com licença especial para invadir, torturar, enforcar e dizimar como se fosse um Agente Secreto 007: o senhor Bush, cujo governo agoniza, e de modo ridículo. Não creio numa política diferente de Barak Obama mesmo tendo ascendência muçulmana, para a resolução do conflito palestino-israelense que assume ares de eternidade na região. Dizem os escolhidos de Deus que eles não fazem guerra ao povo palestino, mas sim ao Hammas. Não é o que se tem visto nas telinhas: há muito mais civis imolados pela fúria judia do que militares ou terroristas.
Toda aquela região, conflagrada pela sanha dos governos israelenses, pertenceu desde priscas eras aos árabes, seus verdadeiros senhores, traídos na ONU por uma votação para lá de duvidosa em matéria de lisura.
Os judeus, que não tinham pátria, hoje fincam bandeiras de uma só estrela – a de David – para demarcar seus territórios, numa pretensão sabida de expulsar para mais longe os palestinos ocupando suas terras, sob o beneplácito dos poderosos senhores das guerras!
Deverá ser mais esta caótica situação a cópia moderna da lenda de David contra o gigante filisteu, com os papéis invertidos: palestino no de David e israelenses no do avantajado filisteu.
Quem lançará a primeira pedra com a funda moderna da diplomacia (??) para aquietar o terrível gigante de Israel?
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