sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

50 ANOS DE REVOLUÇÃO

Publicado originalmente em: www.alemdagrandemidia.blogspot.com

"Não há revolução sem consciência" - Jean Jaurés

Oportuna e ímpar a frase citada quando se trata da revolução cubana. Tal consciência, popular, é pilar fundamental do socialismo em Cuba. Não é somente a consciência do cidadão que acompanha a política diariamente para exercer e reivindicar seus direitos frente aos órgãos estatais, mas é acima de tudo, e isso é o mais importante, uma consciência histórica, daquilo que era o país antes e após determinado fato.

Desde o dia 1º de janeiro de 1959 Cuba nunca mais foi a mesma. Nem mesmo as imensas atrocidades estadunidenses cometidas contra a Ilha, principalmente o covarde bloqueio econômico, foram capazes de impedir a realização de um projeto de sociedade executado por um povo que escolheu ser dono do seu próprio destino. E talvez resida aqui a maior causa do sucesso deste projeto.

Durante a Guerra Fria, Cuba não pediu licença à União Soviética para executar o seu modelo de socialismo. Liderada por Fidel Castro, tomou por si só a atitude de erradicar o analfabetismo, a fome, a falta de moradia e vestuário e dentre outros inúmeros avanços sociais, como por exemplo a medicina acessível a todos, mostrou ao mundo que é possível proporcionar aos cidadãos a mais plena e infindável busca pela igualdade social.

Não bastasse inserir todos os seus cidadãos na construção da igualdade nos seus mais enumerados âmbitos, principalmente o social e o político, Cuba também deixou, em 50 anos de revolução, sua marca na solidariedade internacionalista. Até então, conforme citado anteriormente, Cuba era o único país da América Latina a ter erradicado o analfabetismo. A aplicação do método audiovisual "Si, yo puedo" (Sim, eu posso) foi decisiva para que a Bolívia presidida por Evo Morales e a Venezuela presidida por Hugo Chávez fossem os próximos países da América Latina a erradicarem o analfabetismo.

Em matéria de relações entre Cuba e Brasil, não podemos esquecer da solidariedade cubana em ter oferecido asilo político para vários militantes brasileiros que fugiram do país para não serem presos pela ditadura militar, assim como para a família desses militantes, como a de Carlos Lamarca.

Tudo isso poderia ter sido colocado a perder quando a URSS, presidida por Mikhail Gorbatchov deflagrou a glasnost e a perestróika. Mas a autodeterminação do povo cubano falou mais alto, quando seu porta-voz, Fidel Castro, desconfiou da proposta política do último presidente soviético. A queda do Muro de Berlim, a devassa neoliberal mundo afora mais o endurecimento do bloqueio econômico através das leis Torricelli e Helms-Burton não foram capazes de tirar Cuba dos caminhos do socialismo e da igualdade. E assim Cuba mais uma vez se afirmava como inspiração alternativa de um modelo político, social e econômico.

Por fim, importante ressaltar que a resistência cubana faz da ilha o único país latino-americano a resistir a golpes de Estado patrocinados pelos EUA na América Latina ao longo da segunda metade do século XX. Enquanto o maior império da história da humanidade, localizado a 200 Km da costa litorânea cubana, promoveu ações militares que culminaram em golpes de Estado de governantes esquerdistas e progressistas na América Latina, como João Goulart no Brasil em 1964 e Salvador Allende no Chile em 1973, lá estava e ainda está Cuba, caminhando em função de seus objetivos e resistindo à força do império estadunidense.

Diversos outros motivos existem para Cuba comemorar o cinquentenário de sua revolução, mas o mais importante é que em meio às suas escolhas, dificuldades e solidariedade internacional, Cuba venceu e continua vencendo diariamente no sentido de mostrar à humanidade que para ela é possível outro caminho além do capitalismo e da exploração do homem pelo homem, nos restando, portanto, reconhecer seus méritos e parabenizar o povo cubano.

Lucas Rafael Chianello, além da grande mídia.

Um comentário:

Blog do Morani disse...

03/01/09

O regime revolucionário de Cuba - o Paraiso do Caribe - está tomando outro perfil nas mãos de Raul Castro. Pelas últimas notícias que temos sobre a ilha sofrida, face as covardes medidas tomadas por país prepotente como os Estados Unidos, o irmão do revolucionário maior [Fidel Castro] encaminha a revolução socialista para um capitalismo democrático. Não sei se será bom para um povo tão sofrido e se a medicina e educação continuarão tendo todas as atenções que merecem em favor ao menos àquela gente necessitada de tantas coisas. A erradicação do analfabestismo foi uma das grandes bandeiras revolucionárias, e a medicina moderna, e igualitária, um passo gigantesco à direção dos lídimos direitos dos cidadão cubanos. Sim, Cuba resistiu a todas as inconformidades de um mundo capitalista liderado por Tio Sam, a famigerada figura que nem representa Papai Noel nem o Coelhinho da Páscoa, mas o demonio do capitalismo, que hoje presenteia o mundo sofisticado com uma tremenda crise econômica.
Há pobreza endêmica em Cuba? Sim, há, mas Cuba sempre teve à frente de seus governos crápulas como o sargento Fulgêncio Batista ligado aos interesses norte-americanos que, mercê a atitudes de cerceamento à agricultura, impostas unicamente com o escopo de controlar os preços da cana-de-açúcar, empobreceu a economia da ilha jogando seu povo à pobreza ingente. Um trabalhador cubano ganha aoenas 30 dólares/mês! Falta alimentos, falta renovação de véiculos, de modo geral, porém só não faltam àquela gente aguerrida o espírito independente e a bravura própria dos vencedores.