sábado, 21 de março de 2009

Radiohead

Texto original em: http://cotonete.clix.pt

Adaptação: Hudson Luiz



É inevitável não se referir à "Creep" quando o assunto é Radiohead. A banda de Oxford teve o caminho do sucesso garantido com um tema, que afinal não era o espelho sequer do álbum em que esteve integrado, "Pablo Honey", sequer de toda a obra do agrupamento inglês. Três guitarristas, uma voz, um baixo e uma bateria dão forma aos Radiohead. Thom Yorke, Ed O'Brien, Jonny Greenwood, Colin Greenwood e Phil Selway são os nomes daqueles que vão para além de "Creep", no seu pulsar criativo.

Os membros do grupo preferiram a Universidade, primeiro e a carreira artística, depois. A banda começou a tocar, em 1988, adotando a designação de On A Friday, para interromper as atividades pouco depois, devido às atividades escolares. Em 1991, depois de concluídos os estudos, a banda voltou a reunir-se em Oxford e adotou o nome de Radiohead. Um concerto foi o suficiente para que de imediato surgissem dezenas de convites de gravadoras. A banda assinou pela Capitol e gravou o EP "Drill", em 1992. O sucesso não foi esmagador, mas bastou para que fossem convidados a participar em concertos dos Tears For Fears, PJ Harvey e James.
"Pablo Honey" foi o primeiro álbum dos ingleses que viram a sua projeção mundial ser catapultada pelo inebriante sucesso de "Creep". Os Estados Unidos, com um mercado por vezes difícil para as bandas inglesas, cedo se rendeu ao poder do single, proporcionando uma extensa excursão americana que se estendeu ao resto do mundo durante o ano de 93. A responsabilidade dos Radiohead era agora maior, dadas as previsões de grande parte da crítica, que os classificou como banda de um só sucesso. "The Bends", com produção de John Lockie, foi o álbum que se seguiu. Embora não tenha sequer chegado perto do êxito do primeiro trabalho, provou inequivocamente o valor dos rapazes de Oxford e conseguiu críticas bastante positivas. A continuidade do trabalho da banda, que aceitou o convite dos R.E.M. para abrir as apresentações durante o "Monster Tour", acabou por promover, a posteriori, um álbum que não teve resultados imediatos de vendas. Alanis Morissette cantou "Fake Plastic Trees" em quase todos os concertos da turnê, acabando por convidar a banda britânica para participar na abertura dos seus espetáculos, durante o Verão de 96.

Uma nova entrada no estúdio resultou no álbum "Ok Computer", de 1997. O trabalho gravado numa casa inglesa do século XIV, propriedade da atriz Jane Seymour entrou diretamente para o número 1 do top de vendas britânico. A banda optou então, uma vez mais, por uma prolongada turnê. Foram precisos três anos para que por fim surgisse "Kid A", o seu quarto disco, com dez temas que perpetuam os sons inovadores, invulgares e introspectivos do Radiohead. E como se tentasse recuperar o tempo perdido, a banda de Thom Yorke não tardou em voltar ao estúdio, regressando em 2001 com um novo álbum de inéditas, intitulado "Amnesiac", que meses mais tarde foi sucedido por um registro gravado ao vivo nesse mesmo ano, durante a turnê mundial do grupo, chamado "I Might Be Wrong: Live Recordings".
Além de versões ao vivo dos temas de "Kid A" e "Amnesiac", esta edição traz ainda o inédito acústico 'True Love Waits'.

"Hail to the Thief", o sexto disco, é lançado em 2003, o novo trabalho condensa quase todos os sons que o quinteto tinha vindo a explorar desde "Pablo Honey", tornando-se um sucesso comercial no Reino Unido e EUA. O disco é indicado para o Grammy de Melhor Álbum Alternativo do Ano, acabando por levar para casa o prêmio para a Melhor Produção Técnica de um Álbum. Depois de rumores de que o título "Hail to the Thief" era uma referência à controversa eleição à presidência dos EUA, de George W. Bush em 2000, Thom Yorke veio a público explicar que o Radiohead não havia escrito nenhum título e nenhum álbum de protesto, reconhecendo contudo, que as letras foram afetadas pela ameaça de guerra que se vivia no início do novo século.

Ainda neste ano embarcam numa excursão mundial durante a qual editam o EP "COM LAG", com a maior parte dos b-sides da sua carreira. Em 2004, terminam o contrato com a EMI-Parlophone e passam grande parte do ano descansando junto à família.

Em Fevereiro de 2005 surgem rumores de que o grupo tinha entrado em estúdio para começar a preparar o sucessor de "Hail to the Thief". Pelo meio, gravam um tema para o disco da War Child, "Hel: A Day in the Life", intitulado 'I Want None of This'. As gravações decorrem junto ao habitual Nigel Godrich, entre Londres, Oxford e o Somerset britânico, estando oficialmente finalizadas e prontas para serem masterizadas em julho de 2007. Pouco tempo depois, em Outubro, o quinteto surpreende meio mundo ao anunciar que vai lançar o novo disco, "In Rainbows", através de download e sem preço fixo. O inusitado lançamento disponibiliza os dez temas do disco para serem baixados pelos fãs mediante o preço que cada pessoa quiser dar pelo registro, incluindo o não pagamento total. No dia 10 de outubro, data do lançamento, foram contabilizados cerca de 1,2 milhões de downloads, número que contribuiu em muito para "In Rainbows" ser o disco tornar-se o mais vendido do Radiohead. O modo pouco ortodoxo de lançamento levantou naturalmente críticas por parte da indústria, com a banda garantindo que não pretendia criar um novo modelo para o mercado. Como tal, a edição física do disco chega às lojas mesmo no final de 2007, isto depois do grupo disponibilizar uma versão de luxo em formato box set, com a versão em CD e em vinil do disco, bem como todo o artwork da edição.

"In Rainbows" atinge o número um dos tops britânico e norte-americano, levando a banda a receber cinco indicações ao Grammy 2009, incluindo Melhor Álbum do Ano. Paralelamente, a EMI lança sem o apoio da banda, a primeira coletânea da carreira do grupo, com temas de todos os discos lançados sob o seu selo, ou seja, sem integrar as canções de "In Rainbows". Já o disco é pretexto para mais uma excursão mundial. Pela primeira vez a banda se apresenta na America Latina, realizando duas apresentações no Brasil, 20 de março (ontem) na Praça da Apoteose no Rio de Janeiro e 22 de março em São Paulo na Chácara do Jokey.

P.S. Os shows no Brasil ainda terão uma, ou melhor, duas atrações à parte. A abertura, em ambos os shows, ficará por conta de apresentações dos inventores da música eletrônica, os alemães do Kraftwerk, e uma segunda parte onde o público terá a chance de rever os Los Heramanos, o primeiro reencontro da banda carioca após anunciar oficialmente o seu fim em 2007.

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