A mais recente pesquisa Datafolha sobre a sucessão ao governo de São Paulo mostrou alguns dados interessantes. Pela pesquisa nota-se que o Grupo Folha já dá como consumada a candidatura de José Serra à presidência da República – ou então por qual outro motivo o nome do atual governador não seria aventado em nenhum cenário pesquisado? Passa-se assim aos incautos leitores a sensação que não há uma disputa fratricida entre Serra e Aécio dentro da agremiação tucana. A pesquisa também revelou a força que o PSDB ainda tem no estado após 15 anos ininterruptos (des)governando essa unidade federativa – leia o Tucanato e a Tragédia Paulista [http://dissolvendo-no-ar.blogspot.com/2008/10/o-tucanato-e-tragdia-paulista.html ] – além de confirmar que o PT vem sistematicamente perdendo espaço entre os eleitores paulistas.
Quanto aos números da pesquisa em si é interessante ver Geraldo Alckmin largando à frente de seus possíveis rivais (é sempre bom lembrar que o Picolé de Chuchu e Príncipe do Atraso é muito bom de saída e inversamente ruim de chegada, quem mais conseguiu ter menos votos num segundo turno do que os obtidos no primeiro???). O Príncipe do Atraso conta hoje, segundo o Datafolha, com um percentual que varia entre 41% e 46% das intenções de voto de acordo com o cenário apresentado. Seu pior desempenho seria diante de Marta Suplicy. O tucano da Opus Dei crava 41% enquanto a petista fica num longínquo 13%. Nos outros dois cenários apresentados em que aparece o nome do ex-governador, tendo os petistas Fernando Haddad com 1% e Antonio Palocci com 3%, Alckmin tem respectivamente 46% e 45% das intenções. Outros possíveis candidatos a se destacarem dependendo do cenário, o nome de Aloysio Nunes substituindo o de Alckmin foi testado em dois dos cinco cenários, foram Paulo Maluf (entre 13% e 20%), Luiza Erundina (entre 7% e 14%) e, quem diria, Soninha Francine (entre 5% e 10%).
Também é importante ressaltar a não inclusão do senador Eduardo Suplicy. Claro, alguém dirá que ele não é suficientemente "confiável" à cúpula do partido por não rezar a cartilha da Articulação (antigo Campo Majoritário), portanto, o estado maior petista dificilmente o lançará candidato. No entanto numa eleição tão importante para os objetivos e futuro do Partido dos Trabalhadores, e especialmente delicada como no caso de São Paulo, por que não levantar a idéia do senador Suplicy ser o postulante do partido ao Palácio dos Bandeirantes?
Acredito que o PIG não colocará por conta própria nome de Eduardo Suplicy entre os possíveis candidatos por uma questão simples. O senador tem simpatia e votos e poderia mostrar-se bem melhor colocado nas intenções de voto que Marta, Palocci ou o ministro Haddad (que faz um bom trabalho à frente do Ministério da Educação). A idéia do PIG é passar aos seus leitores que o PT não possui candidato forte a sucessão de Serra e emplacar de vez algum nome da sacrossanta aliança entre PSDB/DEMO/PMDB que se formou no estado.
Estrategicamente não seria má idéia ter Eduardo Suplicy como candidato. Abriria espaço para Mercadante, outro candidato em potencial, tentar a reeleição ao Senado, enquanto Marta e Haddad poderiam disputar uma cadeira na Câmara com enorme chance de puxarem a legenda para cima. Mais, o PT não perderia nada. O mandato de Eduardo Suplicy só encerra em 2014. Caso derrotado voltaria normalmente ao Senado. Como São Paulo é um estado extremamente conservador e apegado ao "udenismo", um nome há tanto tempo na política, porém, nunca maculado por denúncias de corrupção ou improbidade e tradicionalmente reconhecido como moderado, viria a calhar.
Pode não ser o nome que gostaríamos para mudar o estado (nem Marta, Mercadante, Haddad e menos ainda Palocci o são), todavia, já representaria um grande avanço em comparação à última década e meia.
3 comentários:
Não é má idéia, a de lançar o senador Suplicy como um pré-candidato. Hudson tem razão ao dizer que o PIG quer vender a idéia de que não há candidatos, nem do PT nem dos demais partidos, e que tudo está decidido: é Serra para presidente e Alckmin (oh my God!) para governador.
A velha mania da Folha de querer pautar os fatos políticos, ao invés de simplesmente registrá-los.
É preciso que o PT se mexa mais em SP, está muito opaco. Já não conta com a mídia cooptada pelo Serra, e ainda sua militância está parada, olhando prá dentro, sei lá. Cadê o PT nas demissões da Embraer, no caos do Ensino, na podridão da Segurança, o partido assiste os erros (quando não crimes) dos tucanos-pefelistas e não dá uma resposta audível à população. Na Assembléia, dividiu cargos na Mesa, sem contrastar com a base servil do Serra.
Ou estou muito mal informado, ou o PT paulista está dormindo no ponto. Será abatimento pela derrota da Marta? Passado é passado e a próxima eleição é mil vezes mais importante.
Olá, Graciliano!
Digo mais: cadê o PT na manifestação em frente à Folha de Serra, contra a tal "ditabranda"?
Ouvi registrar a presença da "juventude do PT", mas o Partido mesmo não estava oficialmente presente.
Desse jeito fica difícil...
24/03/09
Excelente nome a ser sufragado como Governador de São Paulo. Tenho aversão pelo PT, mas não posso deixar de reconhecer nesse Senador - alvo da sugestão do blog Dissolvendo No Ar para o cargo maior paulista -, Eduardo Suplicy, um ótimo nome para suceder Serra. Este Senador e o Paulo Paim, ambos do PT, são, no momento, ao meu modo dever, os dois melhores da agremiação petista no Senado. Nenhuns outros nomes dentro do PT me sugerem confiança e seriedade, denodo e coerência e, sobretudo, sobriedade!
Postar um comentário