Mês passado participei da convenção duma empresa para a qual trabalho. Durante dias, ao meio de inúmeras palestras motivacionais, a figura do presidente estadunidense Barack Obama foi recorrentemente lembrada como sinônimo de perseverança. Vez ou outra, o jogador Ronaldo também foi lembrado. Confabulei com um amigo e companheiro de trabalho que Lula, gostemos ou não, representa perseverança bem mais que Obama – sobre o futebolista então, nem preciso falar nada. Tive a impressão que lembrar o nome de Lula ali seria um sacrilégio. Como se estivesse proibido fazer qualquer analogia entre Lula e a marca da empresa em questão.
Não vou gastar meu tempo digitando a trajetória do retirante que fugiu da fome, trabalhou como metalúrgico, depois virou líder sindical, peitou a Ditadura Militar, fundou e ainda está à frente do maior partido de esquerda do Hemisfério Sul e, finalmente, tornou-se presidente da República. Todos a conhecem.
O mote desse texto será outro. O prestígio internacional que o ex-metalúrgico goza. Ontem, Obama, o presidente estadunidense para quem mídia e elite tupiniquim abanam o rabinho como um cãozinho a espera dum afago, disse que “Lula é o cara”. E em seguida emendou, “Eu adoro esse cara” e ainda engatou “Ele é o político mais popular do planeta”, ao que o primeiro- ministro australiano acrescentou, “O mais popular político de longo mandato.”
Aqui em Minas tem um ditado: "Santo de casa não faz milagre"... Acho que a origem desse ditado popular está ligada a uma passagem bíblica mais ou menos assim: "o profeta não é bem-vindo em sua terra". Pois é, enquanto o PIG, a oposição farisaica e a elite burguesa chamam Lula de apedeuta, ignorante, burro, analfabeto, vulgar, idiota, xucro, vagabundo, malandro, pingaiada e "nordestino" – acho que não preciso discorrer sobre a conotação preconceituosa como usam o último adjetivo –, o mundo trata-o como verdadeiro líder. E o pior pra eles (os detratores do presidente brasileiro), o “analfabeto” é bem quisto e admirado pelo mesmo presidente de quem ridiculamente cobriram a posse como se fosse a chegada triunfal do novo César ao poder, e a quem elegeram como o Messias capaz de salvar o capitalismo da débâcle. Obama, pra eles, significa justamente isso, uma mescla entre o César romano e o Messias cristão. E agora, esse César - Messias, cabeça do maior Império da Terra, lhes prega essa peça.
O blogueiro globista Ricardo Noblat, um dos porta-vozes da oposição farisaica e do PIG, não perdeu tempo e decretou que a frase de Obama não passou de "deboche". Vejam só: “Faz tempo que não implico com Lula. Dirão que voltei a implicar. Mas desconfio que debocharam com classe dele em Londres, ontem e hoje”. Dá até pra desconfiar se o Noblat não havia tomado “umas a mais” para escrever artigo de teor tão imbecil. É que pra essas viúvas doutras tempos, fica complicado reconhecer que Lula é respeitado, enquanto FFHH ou era saudado como presidente do México, ou então embasbacado consigo mesmo, discursava em francês na Assembléia Nacional em Paris (e éramos nós a ser chamados jocosamente de caipiras por aquele cavalheiro!!!).
Concordo com o governo Lula em vários pontos e o crítico (de forma construtiva) em outros inúmeros pontos. Não estamos vivendo em “Pasárgada” e algumas medidas do governo Lula têm claro viés neoliberal. Todavia, é inegável o avanço pelo qual o país, e o mais importante, o povo brasileiro, vem passando nesses últimos 75 meses. Ademais, é insofismável que o Brasil tem hoje, de fato, um estadista, e não um “pavão cafona”, um mero politiqueiro, ou algum representante das oligarquias como presidente da República.
A seguir listo alguns dos motivos pelos quais Lula é admirado no exterior e conta com enorme popularidade em sua terra, ainda que o PIG, a oposição farisaica e a elite entreguista e mazombeira, teimem em afirmar o contrário. Lula, em boa parte, contraria até aquele ditado mineiro citado acima.
Salário mínimo acima dos 200 dólares; política externa independente; Bolsa família; Luz para Todos; ProUni; auto-suficiência em Petróleo (e descoberta dos enormes campos do Pré-Sal); fomentação do mercado interno; sucessivos saldos positivos,e crescentes, na balança comercial; solução para a questão do gás natural proveniente da Bolívia (quando da justa reclamação do país vizinho, sem que com isso o Brasil ficasse um único dia sem fornecimento de gás e tampouco tivesse aumento no preço deste para os brasileiros); agilidade para o financiamento da casa própria (nunca antes tantos brasileiros adquiriram casa própria); quebra constante de recordes na indústria automobilística; apoio à programas de energia sustentável ; reservas de 200 bilhões de dólares; governo com credibilidade para lançar programa de 1 milhão de casas populares; divida externa zerada; Brasil em condições de propor uma reforma bilateral do FMI ( e emprestando dinheiro a instituição); seis milhões de empregos gerados só nos primeiros quatro anos; surgimento do Brasil como promotor e principal agente da integração latino-americana; operações eficientes da republicana Policia Federal; diminuição gradativa da desigualdade social; perdão da dívida dos países mais pobres para conosco;retomada do estado como parceiro da iniciativa privada; Brasil com cacife para pleitear uma reforma da ONU e um assento permanente num novo Conselho de Segurança; melhoria do IDH, aproximando-nos dos níveis de países desenvolvidos; diversificação dos parceiros no comércio exterior, saindo assim da dependência do mercado estadunidense.
2 comentários:
Concordo inteiramente, Prof. Vilas Boas!
A crítica contra Lula à direita é tão furiosa, venenosa e doentia que às vezes acabo me abstendo de fazer-lhe críticas à esquerda, para evitar jogar mais água no moinho dos que querem ver a elite separatista retomar o poder no Brasil.
O que é uma pena, pois o debate acaba se empobrecendo. Ao invés de discutirmos os melhores caminhos para o Brasil, temos que defender o governo Lula contra os ataques canalhas, deixando de lado nossas divergências com ele em certos pontos.
Sábado, 4 de Abril de 2009
"ECCE HOMO"
Eis como eu apresentaria Lula ao mundo: da mesma maneira como Pilatos entregou o Homem Jesus às mãos da turba - "Ecce Homo"! Do pátio do Sinédrio, levaram-No diretamente ao Gólgota para a crucificção sem a justa razão que O pusesse no papel de um criminoso comum. E ainda declarou mais o governante romano: "Não vejo culpa alguma nesse homem". Para o incauto judeu da época, aquilo soava como uma espécie de "salvo conduto", ou seja: dava ao Homem Jesus "status" de inocência, contrariando a turba ululante.
Barack Obama foi o Pilatos da Era Moderna, e em vez de levar o objeto de seu "elogio" para lugar igual conduziu-o docilmente para onde seus olhos se voltam: ao pré-sal - a imensa reserva petrolífera em águas brasileiras que está lá há milhões de anos e que servirá mais aos interesses estrangeiros do que propriamente ao Brasil.
"Luiz Inácio Lula da Silva - Ecce Homo!
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