quarta-feira, 20 de maio de 2009

Regina "Buffalo Bill" Duarte

Regina Duarte também tem medo de índio

Do Blog do Sakamoto

http://colunistas.ig.com.br/sakamoto

A atriz global e pecuarista Regina Duarte, em discurso na abertura da 45ª Expoagro, em Dourados (MS), disse que está solidária com os produtores e lideranças rurais quanto à questão de demarcação de terras indígenas e quilombolas no estado.

“Confesso que em Dourados voltei a sentir medo”, afirmou a atriz, neste domingo (18), com referência à previsão de criação de novas reservas na região de Dourados. “O direito à propriedade é inalienável”, explicou ela, de forma curta, grossa e maravilhosamente elucidativa o que faz do BRASIL um brasil. Em verdade, ela deve estar sentindo medo desde a campanha presidencial de 2002…

(O deputado Ronaldo Caiado, principal defensor desses princípios, deveria cobrar royalties de Regina Duarte… Inalienáveis deveriam ser o direito à vida e à dignidade, mas terra vale mais que isso por aqui.)

“Podem contar comigo, da mesma forma que estive presentes nos momentos mais importantes da política brasileira.” Ela e o marido são criadores da raça Brahman em Barretos (SP).

Dos 60 assassinatos de indígenas ocorridos no Brasil inteiro em 2008, 42 vítimas (70% do total) eram do povo Guarani Kaiowá, do Mato Grosso do Sul, de acordo com dados Conselho Indígenista Missionário (Cimi). “Ninguém é condenado quando mata um índio. Na verdade, os condenados até hoje são os indígenas, não os assassinos”, afirma Anastácio Peralta, liderança do povo Guarani Kaiowá da região.

“Nós estamos amontoados em pequenos acampamentos. A falta de espaço faz com que os conflitos fiquem mais acirrados, tanto por partes dos fazendeiros que querem nos massacrar, quanto entre os próprios indígenas que não tem alternativa de trabalho, de renda, de educação”, lamenta Anastácio Peralta.

A população Guarani Kaiowá é composta por mais de 44,5 mil. Desse total, mais de 23,3 mil estão concentrados em três terras indígenas (Dourados, Amambaí e Caarapó), demarcadas pelo Serviço de Proteção ao Índio (criado em 1910 e extinto em 1967), que juntas atingem 9.498 hectares de terra. Enquanto os fazendeiros, muitos dos quais ocuparam irregularmente as terras, esparramam-se confortavelmente por centenas de milhares de hectares. O governo não tem sido competente para agilizar a demarcação de terras e vem sofrendo pressões até da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA). Mesmo em áreas já homologadas, os fazendeiros-invasores se negam a sair - semelhante ao que ocorreu com a Raposa Serra do Sol.

É esse massacre lento que a pecuarista apóia, como se as vítimas fossem os pobres fazendeiros. Só espero que, na tentativa de apoiar a causa, ela não resolva levar isso para a tela da TV, em um épico sobre a conquista do Oeste brasileiro, nos quais os brancos civilizados finalmente livram as terras dos selvagens pagãos.

2 comentários:

Lucas Rafael Chianello disse...

Hudsão, tudo em cima? Rapaz, você já reparou também que na BAND tem um comercial de produtores rurais clamando pela mudança nas leis ambientais, por que elas prejudicam o agronegócio? Comentei algo no Reta Oposta, confere lá.

Blog do Morani disse...

21/05/09

Bons dias comentaristas:

Lembro-me, há anos atrás, por volta da década de 50,ter visto uma reportagem de David Nasser na revista "O Cruzeiro" sobre índios. Numa das fotos, tiradas do aeroplano,aparecia um grupo deles em uma clareira tentando flechar o aparelho. Lógico que não conseguiram seu intento, mas depreende-se do gesto que os nossos índios - ainda nus e livres das mazelas dos brancos - não queriam intromissões por lá, e o recado - imagino - era: "Não nos procurem, somos felizes do jeito que somos; deixem-nos viver, como até os dias de hoje,sem a interferência de uma raça diferente que anda pelos céus com azas enormes e muito ruído". Essa tribo ainda não tinha sido abordada pelos brancos e era uma das mais selvagens à época desse fato.Tempo depois, alguns exploradores e religiosos faziam a primeira investida com relativo sucesso a essa tribo cujo nome não me lembra agora. Era grande e famosa. Os irmãos Villas Boas foram, como sempre, os primeiros a chegar próximos a eles. Trocaram-se bugigangas. A eles ofertaram tesouras, facas, espelhos, panelas de ferro e
demais miudezas, mas iam travestidos do desastre que levariam futuramente a outras tribos felizes em convivências mútuas nos esconsos das nossas florestas. Curavam-se com os seus remédios - plantas medicinais hoje roubadas às nossas florestas. Aos males herdados dos brancos civilizados não havia remédio nas matas; alimentavam-se de caça, pesca e de raízes por elas plantadas; tinham suas próprias culturas, sendo felizes com elas.Dividiam suas próprias áreas e construíam suas malocas; passaram a ser visitados por jovens universitários, em projetos humanitários dos governos - médicos, dentistas e sanitaristas. E, hoje, o que vemos? Verdadeiras guerras entre posseiros - que também precisam sobreviver - e os nativos. Eles, os índios, se sentem hoje como nós nos sentiríamos se invadidos por povos alienígenas. Foi bom para as tribos esses contátos? Deixo aos conhecimentos aprofundados dos sociológos a resposta aos leigos. O que eu entendo é que precisa ser encontrado um denominador comum para resolver todos os impasses e estabelecer todos os direitos entre índios e brancos.