quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Que venha 2011
É bem verdade que algumas batalhas foram vencidas e outras perdidas, no entanto nem vitórias nem derrotas são definitivas, e é justamente isso que nos faz continuar a luta.
Espero que 2011 seja um ano tão profícuo como foi esse que se encerra amanhã e que não faltem razões pra levar a luta adiante. Parafraseando Albert Camus: “as coisas mudam de nome, mas continuam sendo religiões”.
Desejo a minha família, aos meus amigos, aos meus companheiros de trabalho e aos meus parcos leitores, um 2011 cheio de forças para continuar aquilo que não foi possível terminar em 2010 e muito ânimo para novas empreitadas.
Então, inté então!!!
domingo, 26 de dezembro de 2010
Música de domingo: parabéns pra mim – Parte I
Pois bem, hoje é 26 de dezembro e há exatos 36 anos eu era lançado nesse mundo, portanto iniciava minha trajetória como ser-aí.
Vou comemorar ouvindo muita música!!!
domingo, 19 de dezembro de 2010
Jesuane Savador e A 4 Vozes faz show em homenagem a Noel Rosa
Jesuane Salvador já atuou ao lado de expoentes da música brasileira, como Guinga, Luis Fernando Veríssimo, Vânia Bastos, entre outros.
Show
Nesse dia 22 de dezembro, o espetáculo “Uma Rosa para Noel” conta com participação da flautista e cavaquinista Lívia Miranda e do grupo vocal A 4 Vozes.
Os shows são subsidiados pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura com patrocínio da Alcoa Alumínio S.A.
As apresentações integram a agenda do Natal Encantado 2010.
Serviço
"Jesuane Salvador canta o centenário de Noel Rosa”
Quarta-feira (22), às 20h.
Local: Coreto – Poços de Caldas, MG.
Aberto ao público
Informações: (35) 8865-6420 ou (35) 9130-4696
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Concessionária de transporte público pede 37,5% de reajuste e prefeito bom de coração dá 50%
Na verdade Paulinho Courominas está mais para um flagelo dos deuses ou uma cruz que os cidadãos poçoscaldenses estão fadados a carregar por inacabáveis quatro longos anos. Os exemplos dessa cruz, a cruz da incompetência, arrogância e amadorismo, são tantos que chega a ser difícil enumerá-los ou mesmo apontá-los sem correr o risco de esquecer alguma grande “lambança” aprontada pela atual administração.
A última dessas lambanças iniciou com uma queda de braços teatral protagonizada pelo prefeito municipal e a empresa concessionária do transporte público em Poços de Caldas. A concessionária (Circullare) após o vexame de ver seus usuários preferirem andar a pé a terem que pagar por uma tarifa que julgam salgada, o retumbante fracasso da implantação do SIGA(O) –Sistema Integrado Grande Amigo (da Onça) – e ter transformado as estações periféricas em enormes elefantes brancos; veio a público reivindicar rejuste em suas tarifas argumentando ser vitima dum prejuízo estratosférico acumulado ao dos últimos meses – não por acaso após a implantação do SIGA(O). O reajuste pedido, pelos cálculos da Circullare, deveria ser de 37,5%. A tarifa básica cobrada nas linhas radiais e troncais até anteontem custava R$2,00 e segundo a Circullare deveria chegar a R$2,75. A administração municipal reuniu a imprensa e declarou considerar o pedido elevado. Mais, declarou não pensar em reajustar a tarifa nesse ano.
Ao fim e ao cabo de algumas semanas de encenação, ops, quer dizer, queda de braços com os veículos da imprensa local noticiando dia e noite o assunto, a administração optou por uma solução salomônica dando 15% de reajuste para a tarifa básica. Poucos energúmenos acreditaram que a encenação tenha sido pra valer. Assim teríamos um final feliz com o prefeito posando de “bom de coração”, a concessionária tendo seu rejuste, que quem sabe poderá ajudá-la a sair do “vermelho”, e a população se fazendo de trouxa mais uma vez.
No entanto para a surpresa dos usuários não foi bem assim que as coisas aconteceram. Se a tarifa básica teve reajuste de 15% – o que já é muito acima da inflação de 6,41% registrada nos últimos doze meses pelo IPC – a tarifa das linhas alimentadoras, aquelas com trajeto menor geralmente ligando bairro à estação periférica, sofreu um injustificável aumento de 50%, passando de R$1,00 para R$1,50.
Belo presente de Natal dado por nosso magnânimo prefeito a toda a população poçoscaldense nesses dias que antecedem o Natal!
Aliás, aproveitando o clima de Natal peçamos a Papai Noel para que nos dê um prefeito competente, zeloso e responsável. Só esses predicados já bastam.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
WikiLeaks e o eterno amor pelo entreguismo nutrido pelos tucanos
Aécio Neves – “o bon vivant” , que algumas pessoas teimam em confundir com “bom de gestão”, o político mais neoliberal do ninho tucano e também o homem que amordaçou a imprensa em Minas, além de adorar perseguir os movimentos sociais – diz querer refundar o PSDB.
Ele até pode conseguir refundar o PSDB, seja lá o que signifique exatamente isso, mas será uma tarefa árdua tornar a pecha de entreguista dos tucanos coisa do passado, afinal eles próprios construíram com tanto afinco essa pecha.
Que o diga o WikiLeaks!
Nos bastidores, o lobby pelo pré-sal
Por Natalia Viana, no blog CartaCapital WikiLeaks
“A indústria de petróleo vai conseguir combater a lei do pré-sal?”. Este é o título de um extenso telegrama enviado pelo consulado americano no Rio de Janeiro a Washington em 2 de dezembro do ano passado.
Como ele, outros cinco telegramas a serem publicados hoje pelo WikiLeaks mostram como a missão americana no Brasil tem acompanhado desde os primeiros rumores até a elaboração das regras para a exploração do pré-sal – e como fazem lobby pelos interesses das petroleiras.
Os documento revelam a insatisfação das pretroleiras com a lei de exploração aprovada pelo Congresso – em especial, com o fato de que a Petrobras será a única operadora – e como elas atuaram fortemente no Senado para mudar a lei.
“Eles são os profissionais e nós somos os amadores”, teria afirmado Patrícia Padral, diretora da americana Chevron no Brasil, sobre a lei proposta pelo governo . Segundo ela, o tucano José Serra teria prometido mudar as regras se fosse eleito presidente.
Partilha
Pouco depois das primeiras propostas para a regulação do pré-sal, o consulado do Rio de Janeiro enviou um telegrama confidencial reunindo as impressões de executivos das petroleiras.
O telegrama de 27 de agosto de 2009 mostra que a exclusividade da Petrobras na exploração é vista como um “anátema” pela indústria.
É que, para o pré-sal, o governo brasileiro mudou o sistema de exploração. As exploradoras não terão, como em outros locais, a concessão dos campos de petróleo, sendo “donas” do petróleo por um deteminado tempo. No pré-sal elas terão que seguir um modelo de partilha, entregando pelo menos 30% à União. Além disso, a Petrobras será a operadora exclusiva.
Para a diretora de relações internacionais da Exxon Mobile, Carla Lacerda, a Petrobras terá todo controle sobre a compra de equipamentos, tecnologia e a contratação de pessoal, o que poderia prejudicar os fornecedores americanos.
A diretora de relações governamentais da Chevron, Patrícia Padral, vai mais longe, acusando o governo de fazer uso “político” do modelo.
Outra decisão bastante criticada é a criação da estatal PetroSal para administrar as novas reservas.
Fernando José Cunha, diretor-geral da Petrobras para África, Ásia, e Eurásia, chega a dizer ao representante econômico do consulado que a nova empresa iria acabar minando recursos da Petrobrás. O único fim, para ele, seria político: “O PMDB precisa da sua própria empresa”.
Mesmo com tanta reclamação, o telegrama deixa claro que as empresas americanas querem ficar no Brasil para explorar o pré-sal.
Para a Exxon Mobile, o mercado brasileiro é atraente em especial considerando o acesso cada vez mais limitado às reservas no mundo todo.
“As regras sempre podem mudar depois”, teria afirmado Patrícia Padral, da Chevron.
Combatendo a lei
Essa mesma a postura teria sido transmitida pelo pré-candidtao do PSDB a presidência José Serra, segundo outro telegrama enviado a Washington em 2 de dezembro de 2009.
O telegrama intitulado “A indústria de petróleo vai conseguir combater a lei do pré-sal?” detalha a estratégia de lobby adotada pela indústria no Congresso.
Uma das maiores preocupações dos americanos era que o modelo favorecesse a competição chinesa, já que a empresa estatal da China, poderia oferecer mais lucros ao governo brasileiro.
Patrícia Padral teria reclamado da apatia da oposição: “O PSDB não apareceu neste debate”.
Segundo ela, José Serra se opunha à lei, mas não demonstrava “senso de urgência”. “Deixa esses caras (do PT) fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava… E nós mudaremos de volta”, teria dito o pré-candidato.
O jeito, segundo Padral, era se resignar. “Eles são os profissionais e nós somos os amadores”, teria dito sobre o assessor da presidência Marco Aurelio Garcia e o secretário de comunicação Franklin Martins, grandes articuladores da legislação.
“Com a indústria resignada com a aprovação da lei na Câmara dos Deputados, a estratégia agora é recrutar novos parceiros para trabalhar no Senado, buscando aprovar emendas essenciais na lei, assim como empurrar a decisão para depois das eleições de outubro”, conclui o telegrama do consulado.
Entre os parceiros, o OGX, do empresário Eike Batista, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e a Confederação Naiconal das Indústrias (CNI).
“Lacerda, da Exxon, disse que a indústria planeja fazer um ‘marcação cerrada’ no Senado, mas, em todos os casos, a Exxon também iria trabalhar por conta própria para fazer lobby”.
Já a Chevron afirmou que o futuro embaixador, Thomas Shannon, poderia ter grande influência nesse debate – e pressionou pela confirmação do seu nome no Congresso americano.
“As empresas vão ter que ser cuidadosas”, conclui o documento. “Diversos contatos no Congresso (brasileiro) avaliam que, ao falar mais abertamente sobre o assunto, as empresas de petróleo estrangeiras correm o risco de galvanizar o sentimento nacionalista sobre o tema e prejudicar a sua causa”.
domingo, 12 de dezembro de 2010
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Jesuane Salvador comemora centenário de Noel Rosa com série de shows em Poços de Caldas
A cantora Jesuane Salvador fecha o ano do centenário de Noel Rosa com uma série de shows em Poços de Caldas (MG).
Nesse dia 12 as 20 hs na Estação FEPASA. Entrada Gratuita.
A composição dos arranjos tem o cuidado de não pecar pelo exagero, evidenciando a delicadeza e os climas típicos das rodas de samba e choro que mantém a formação tradicional.
Jesuane Salvador já atuou ao lado de expoentes da música brasileira, como Guinga, Luis Fernando Veríssimo, Vânia Bastos, entre outros.
Shows
Nesse dia 12 de dezembro, o espetáculo “Uma Rosa para Noel” conta com participação da flautista e cavaquinista Lívia Miranda.
Os shows são subsidiados pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura com patrocínio da Alcoa Alumínio S.A.
As apresentações integram a agenda do Natal Encantado 2010.
Serviço
Série de espetáculos “Uma Rosa para Noel – Jesuane Salvador canta o centenário de Noel Rosa”
Domingo (12), às 20h.
Local: Largo da antiga estação ferroviária da FEPASA – Poços de Caldas, MG.
Aberto ao público
Informações: (35) 8865-6420 ou (35) 9130-4696
domingo, 5 de dezembro de 2010
Pó-de-Arroz
Por quê?
Ora, como deixar de torcer pra um time cujo técnico é Muricy Ramalho, o homem que disse não ao todo-poderoso Ricardo Teixeira e disse estar dando bom exemplo aos filhos?!? Como deixar de torcer pra um time que tem Fred, que além de ótimo centroavante talvez também seja o único futebolista tupiniquim a curtir rock’n’roll? (Doors é uma de suas bandas preferidas). Como deixar de torcer pra um time que tem Conca, o argentino mais amado do Brasil, e com razão? Como deixar de torcer pra um time que tem Washington “Coração de Leão”, símbolo de humildade mesclada à persistência?
Por outro lado como torcer para o Corinthians cujo principal jogador é exemplo de mau-caratismo e alienação social, todavia endeusado pela midiazona graças as empresas que exploram sua imagem? Isso sem falar nos negócios escusos envolvendo o "Timão" – E lá vem gente que nem sabe o que é de fato ser de esquerda dizendo que o time do parque São Jorge é perseguido por ser o time das massas paulistanas, a mesma “esquerda” que defendeu o brutamontes e autoritário Dunga ou que corre cegamente a se posicionar ao lado da Record quando essa compra uma briga com algum dos outros veículos da mídia oligopolizada, como se a Record não fizesse parte dessa mesma mídia e não fosse controlada por um grupo de, eufemisticamente falando, exploradores do boa fé alheia.
Ou então, como torcer para o Cruzeiro, que me desculpem meus irmãos e meu pai,um clube que há mais de uma década é controlado por uma famiglia que o transformou em , falando eufemisticamente de novo, num enorme balcão de negócios onde o maior beneficiado não é o clube, mas a própria famiglia.
Ah! hoje sou, de coração mesmo, "Tricolor das Laranjeiras", hoje sou "Pó-de-Arroz"!!!
Música do Domingo – Especial Rolling Stones: Sticky Fingers
Há alguns anos comprei “Sexo, drogas e Rolling Stones – Histórias da banda que se recusa a morrer” dos jornalistas e fãs confessos José Emilio Rondeau e Nélio Rodrigues, devorei o livro praticamente numa só sentada.
“Sticky Fingers” é um álbum de 1971, o quinto e penúltimo da extraordinária fase stoniana entre 1967 e 1972 período que entre o mergulho na psicodelia (e drogas pesadas), a saída e morte trágica de Brian Jones, a inclusão de Mick Tayllor, um show histórico no Hyde Park em Londres, uma das turnês mais fantásticas de sua carreira e também um dos shows mais tumultuados da história da musica pop em Almont (Califórnia), idas e vindas ao Brasil (apenas Mick Jagger e Keith Richard), além de um exílio quase voluntário na França, os Stones encontraram o auge de sua verve criativa e foram capazes de colocar nas lojas de discos simplesmente a sequência mais incrível da historia do rock’n’roll: Their Satanic Majesties Request (1967), Beggars Banquet(1968), Let It Bleed (1969), Get Yer Ya-Ya's Out! The Rolling Stones in Concert (1970, ao vivo no Madison Square Garden), o próprio Sticky Fingers e por último o ultrafabuloso Exile on Main St. (1972).
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Campanha cívica: Fora Jobim
Tudo isso já seria motivo o suficiente para a Presidente Dilma encontrar outro nome na base aliada a fim de substituí-lo.
Nelson Jobim só está ministro da Defesa porque no auge da (sic) crise aérea Lula precisava de alguém capaz de apagar o incêndio propagado pela mídia. Quem melhor para tal tarefa que um bonachão de alma tucana e ótimo relacionamento com os donos da mídia oligopolizada?
Não bastasse tudo isso agora ficamos sabendo que Nelson Jobim também é quinta coluna e dado a intrigas sobre seus pares de governo. O ministro, segundo o WikiLeaks, esteve, ao menos durante o período em que Clifford Sobel foi embaixador estadunidense em terras tupiniquins, muito mais fiel a cartilha yankee do que ao governo brasileiro, se posicionando ao lado do “grande irmão do norte”, fazendo intrigas entre o State Department e Samuel Pinheiro Rosa, ex-secretário geral do Itamaraty. Descobrimos, também graças ao WikiLeaks, que Jobim além de entreguista e futriqueiro possui ainda outro predicado: o de exímio fofoqueiro. Jobim espalhou o boato de que Evo Morales sofreria de um tumor no nariz.
Sinceramente, um sujeito desses fazer parte do governo é muito pior e mais danoso do que a oposição, afinal esta está imbuída de seu papel republicano. Já um ministro de Estado num regime presidencialista tem por obrigação, uma vez que seu cargo é de confiança e nomeado pelo próprio chefe de governo e de Estado, alinhar-se ao governo ao qual serve – o que em nenhum momento pode ser confundido em ser mera vaquinha de presépio, mas sim discutir, dialogar e contribuir para com o governo ao qual aceitou prestar serviço.
Iniciemos uma campanha cívica: Fora Jobim!!!
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Marcelo Freixo: Não há vencedores
Eles estão com armas nas mãos e as cabeças vazias. Não defendem ideologia. Não disputam o Estado. Não há sequer expectativa de vida.
Só conhecem a barbárie. A maioria não concluiu o ensino fundamental e sabe que vai morrer ou ser presa.
As imagens aéreas na TV, em tempo real, são terríveis: exibem pessoas que tanto podem matar como se tornar cadáveres a qualquer hora. A cena ocorre após a chegada das forças policiais do Estado à Vila Cruzeiro e ao Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro.
O ideal seria uma rendição, mas isso é difícil de acontecer. O risco de um banho de sangue, sim, é real, porque prevalece na segurança pública a lógica da guerra. O Estado cumpre, assim, o seu papel tradicional. Mas, ao final, não costuma haver vencedores.
Esse modelo de enfrentamento não parece eficaz. Prova disso é que, não faz tanto tempo assim, nesta mesma gestão do governo estadual, em 2007, no próprio Complexo do Alemão, a polícia entrou e matou 19. E eis que, agora, a polícia vê a necessidade de entrar na mesma favela de novo.
Tem sido assim no Brasil há tempos. Essa lógica da guerra prevalece no Brasil desde Canudos. E nunca proporcionou segurança de fato. Novas crises virão. E novas mortes. Até quando? Não vai ser um Dia D como esse agora anunciado que vai garantir a paz.
Essa analogia à data histórica da 2ª Guerra Mundial não passa de fraude midiática.
Essa crise se explica, em parte, por uma concepção do papel da polícia que envolve o confronto armado com os bandos do varejo das drogas. Isso nunca vai acabar com o tráfico. Este existe em todo lugar, no mundo inteiro. E quem leva drogas e armas às favelas?
É preciso patrulhar a baía de Guanabara, portos, fronteiras, aeroportos clandestinos. O lucrativo negócio das armas e drogas é máfia internacional. Ingenuidade acreditar que confrontos armados nas favelas podem acabar com o crime organizado. Ter a polícia que mais mata e que mais morre no mundo não resolve.
Falta vontade política para valorizar e preparar os policiais para enfrentar o crime onde o crime se organiza - onde há poder e dinheiro. E, na origem da crise, há ainda a desigualdade. É a miséria que se apresenta como pano de fundo no zoom das câmeras de TV. Mas são os homens armados em fuga e o aparato bélico do Estado os protagonistas do impressionante espetáculo, em narrativa estruturada pelo viés maniqueísta da eterna "guerra" entre o bem e o mal.
Como o "inimigo" mora na favela, são seus moradores que sofrem os efeitos colaterais da "guerra", enquanto a crise parece não afetar tanto assim a vida na zona sul, onde a ação da polícia se traduziu no aumento do policiamento preventivo. A violência é desigual.
É preciso construir mais do que só a solução tópica de uma crise episódica. Nem nas UPPs se providenciou ainda algo além da ação policial. Falta saúde, creche, escola, assistência social, lazer.
O poder público não recolhe o lixo nas áreas em que a polícia é instrumento de apartheid. Pode parecer repetitivo, mas é isso: uma solução para a segurança pública terá de passar pela garantia dos direitos básicos dos cidadãos da favela.
Da população das favelas, 99% são pessoas honestas que saem todo dia para trabalhar na fábrica, na rua, na nossa casa, para produzir trabalho, arte e vida. E essa gente -com as suas comunidades tornadas em praças de "guerra"- não consegue exercer sequer o direito de dormir em paz.
Quem dera houvesse, como nas favelas, só 1% de criminosos nos parlamentos e no Judiciário...
Deputado estadual (PSOL-RJ), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Artigo extraído do jornal Folha de São Paulo, domingo (28)
domingo, 28 de novembro de 2010
Música do Domingo – Voodoo Child (Jimi Hendrix) e Beware of Darkness (George Harisson)
Então vai aí um petardo a la Hendrix.
Uma dúvida: seria Hendrix, Clapton, Iommi, Harisson, Beck ou Page o “deus da guitarra”???
Por falar em George Harisson, hoje é aniversário (9 anos) de sua morte.
Sempre achei pra lá de monótono a eterna discussão sobre quem foi melhor, ou quem dava alma aos Beatles, John ou Paul?
Os Beatles só persistem a existir até hoje porque contavam com três gênios: George, John e Paul (e essa ordem que apresento é meramente alfabética).
Quanto a Ringo, bom, esse apenas formava o quarteto de Liverpool (e olha que isso não é pouca coisa).
sábado, 27 de novembro de 2010
Chico Alencar sobre a guerra no Rio: "Há um Estado desorganizado e dentro da própria institucionalidade do Estado um crime organizado"
Violência no Rio é fruto da omissão crônica do poder público
por Bruno Huberman 26 de novembro de 2010 às 17:41h
O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) acredita que as UPPs são apenas o início da luta contra o crime. A Bruno Huberman. Foto: Marcos de Paula/AE
O Rio de Janeiro está passando por uma situação criada pela má gestão de seus últimos governantes. A ausência do poder público nas favelas abriu espaço para o surgimento de um poder paralelo. Para o deputado federal carioca Chico Alencar (Psol), os atuais governos combatem de maneira errada esses criminosos. Insistem em intervir no varejo das armas e das drogas enquanto fazem vista grossa aos atacadistas. Enquanto a polícia faz ações espetaculares nos morros, os “traficantes burgueses” continuam a lucrar com as transações internacionais. Até porque “não havia nenhum barão das drogas naquela marcha tétrica da Vila Cruzeiro ao Alemão”.
Alencar vê como simplista a responsabilidade dada às Unidades Policiais Pacificadoras (UPPs) como a principal causa dos ataques ocorridos desde o domingo 20. Para ele, as UPPs são um início, mas como elas mesmo mostraram, não serão eficazes a longo prazo se não houver uma política estrutural junto. Leia abaixo a entrevista feita por telefone com o deputado que está no Rio para acompanhar de perto os acontecimentos dos próximos dias.
CartaCapital: Como você enxerga o que está acontecendo no Rio de Janeiro?
Chico Alencar: O diretor daquela cena que corre o mundo, de mais de 200 jovens, pobres, de baixíssima escolaridade, armados, atravessando àquela estrada, que liga uma comunidade pobre a outra, chama-se: omissão crônica do poder público. Quem arregimenta esses figurantes do mal é a política institucional, do clientelismo e da reprodução das áreas de abandono das grandes cidades. Evidente, nessa altura, que isso acabaria nessa situação dramática, que não vai durar muito tempo, como sabemos. É necessário combinar as ações estruturantes das políticas que nunca existiram no Rio de educação, saúde e urbanismo, para não ter uma sociabilidade de barbárie como há nessas comunidades pobres, com a ação imediata. Víamos ontem o contraste de vários homens de chinelo com armas de potencial letal enorme nas mãos. Quem lembra de alguma operação, seja nas fronteira do Brasil, do Estado do Rio de Janeiro, na Baia de Sepetiba ou na Baia de Guanabara interceptando comboios de armas e munição de maneira expressiva? Isso não acontece. O negócio transnacional das armas ninguém enfrenta.
CC: Isso mostra que os governos não agem no ponto exato, apenas na consequência do processo?
CA: Claro, agem muito mais na consequência do que na origem. Muito mais atacando o varejo armado das drogas do que nos grandes atacadistas. Claro que uma juventude sem perspectiva de vida, criada no ambiente da violência e de individualismo máximo que a sociedade de mercado estimula cria um caldo de cultura para esse tipo de situação. O interessante que nessas comunidades pobres, que são conviventes, mas não coniventes com o poder do tráfico ou das milícias igualmente criminosas, os políticos vão lá buscar votos periodicamente e muitos deles fazem acordos com os poderes locais. Na verdade é um conluio, uma cumplicidade que acabou levando a essa situação.
CC: Existe alguma solução?
CA: A esperança são a de autoridades, que respeito muito, como o secretário de segurança do Rio, José Mariano Beltrame, e o secretario nacional de Segurança Pública, Roberto Balestra. Eles têm uma visão mais profunda sobre o problema e não são adeptos da política do extermínio dos bandidos. Os grupos armados se reproduzem muito rápido porque há uma profunda crise de valores na sociedade e de noção de país. É uma luta de todos contra todos. O monopólio da força pelo Estado só será legitimado e eficaz se de fato for poder público, ou seja, estiver a favor da sociedade e das maiorias sempre esquecidas. Temos hoje um Estado privatizado que vê os pobres das cidades como massa de manobra eleitoral e de negócios escusos.
CC: Há um avanço na política de segurança pública do Rio de Janeiro na gestão do Beltrame?
CA: Ele, ao contrário da tradição da cúpula de segurança e do ex-chefe de segurança Álvaro Lins, um emblema fortíssimo disso, não faz pacto com a corrupção. Atualmente, na cúpula, até por uma questão de sobrevivência, foram colocadas pessoas dignas. Isso não significa que acabou a corrupção na polícia. Ainda precisa de uma profunda reforma nas polícias, uma renovação, uma dignificação salarial, enfim, isso leva tempo, mas o Beltrame sempre deixou claro o respeito pelas populações dos morros. Embora, eu tenho que deixar claro, que em 2007 houve uma operação no mesmo complexo do Alemão que matou 23 pessoas, várias inocentes, algumas executadas sumariamente. Foi o Estado de barbárie entrando lá. E não adiantou absolutamente nada. Está lá uma área com o poderio entocado do tráfico. Esse tipo de ação espetacular é muito midiático, sensacionalista e ineficiente.
CC: E as UPPs?
CA: Elas representam o controle de apenas 2% do total de áreas dominadas fora do poder do Estado. Dominadas em sua maioria pelas milícias e também em boa parte pelo narcotráfico armado. Só 2% das áreas fora do controle do Estado foram, digamos “reconquistadas”. Mas pacificar não é ocupação militar. Se não houver, como não houve no Chapéu Mangueira, que é uma das UPPs mais antigas, políticas sociais, creches, atendimento de saúde, oportunidades de trabalho e espaços culturais, não resolverá o problema em profundidade. As UPPs só se realizam plenamente quando um conjunto de políticas sociais estiver sendo oferecido no morro como é oferecido em qualquer bairro do asfalto. É exagero também dizer que os ataques são apenas uma reação às UPPs, porque elas controlaram áreas do Rio de Janeiro turístico e olímpico, o que foi uma escolha política do Cabral. Claro que tem também uma insatisfação por perda de territórios, mas é um conjunto de fatores que provocaram essa reação dos traficantes, que deveria ser previsível por um serviço de Inteligência meramente decente. Não dá para prever que dois moleques vão incendiar um carro, isso é incontrolável, agora, uma previsão de que poderia haver essa orquestração, deveria estar nos cálculos, mas aparentemente houve uma surpresa do poder público com os ataques.
CC: E essa história das ordens terem saído dos presídios?
CA: É outro ponto importante que nos deixa indignados em aceitar que a ordem de articulação desse banditismo, que é tosco, iletrado e muito precário, por mais que as armas que tenham sejam poderosas, veio do Elias Maluco, do Marcinho VP, ou seja, dos presídios. Isso revela que a tal segurança máxima é muito débil porque se não consegue monitorar minimamente um advogado numa conversa ou bloquear um celular. Há muito mais do que crime organizado. Há um Estado desorganizado e dentro da própria institucionalidade do Estado um crime organizado em suas altas esferas.
CC: Há uma legitimação, nesse momento, do extermínio dos traficantes pela polícia do Rio?
CA: Acho que não. É uma expressão da opinião pública que não chegou à compreensão que o Estado não pode agir com os mesmos métodos dos bandidos. Ele tem o dever da racionalidade. Ao contrário do que aconteceu em 2007 no Alemão, a ocupação da Vila Cruzeiro, embora tenha acontecido a perda de uma menina de 14 anos por uma bala perdida, no geral, o confronto que se esperava, não aconteceu. Houve uma ação intimidatória, forte, mas o confronto foi pequeno em relação ao que poderia acontecer. Eles poderiam de imediato invadir o complexo do Alemão ou metralhar aqueles bandidos em fuga, mas não o fizeram porque há uma maior racionalidade, cautela e tática nessas ações. Além de uma maior preocupação com os direitos humanos, que é uma conquista nossa. Estou falando isso agora, mas nada me garante que nesse momento esteja acontecendo alguma atrocidade, gente desarmada sendo executada.
CC: Você anunciou que entrará com um pedido de investigação na comissão de Direitos Humanos da Câmara.
CA: Nós vamos formar uma comissão de acompanhamento, com vários deputados, para dialogar com o secretário nacional de Segurança Pública, com o ministério da Defesa e as autoridades locais do Rio de Janeiro. No sentido de acompanhar, inclusive, os recursos. Soube que no começo deste ano, o Programa Nacional de Segurança da Cidadania destinou 100 milhões de reais para o Rio. Iremos acompanhar como os recursos estão sendo utilizados para garantir uma ação que seja, no imediato, mais ponderada e efetiva, e a médio e longo prazo as políticas estruturantes. Se não cortar as fontes de abastecimento do crime pela sua cúpula que não está nos morros, porque não havia nenhum barão das drogas naquela marcha tétrica da Vila Cruzeiro ao Alemão, vai se estar sempre enxugando gelo de alguma maneira.
CC: Você chegou na quarta-feira ao Rio de Janeiro, vindo de Brasília, no meio de todos os problemas. Como estão as ruas da cidade?
CA: Eu dei uma circulada pela cidade. Eu moro numa rua, em Santa Tereza, onde ao lado dela, esses rapazes do crime passam na porta de casa, mas estão mais interessados no seu negócio, que tem muitos consumidores. O problema não é a droga, que é tão antiga quanto à sociedade humana, mas é a letalidade do negócio da droga e de seu armamentismo. Nas ruas há um ambiente de tensão. Qualquer carro que passa com a sirene ligada, como acabou de passar aqui no Largo do Machado, todo mundo olha assustado. Há uma discussão acalorada, porque o descontrole do poder público foi tão grande que qualquer muleque, estimulado pelo espírito de zoar mesmo, taca fogo em um carro. Ontem, desceram dois do Salgueiro, em área de UPP, e tocaram fogo em um ônibus. O curioso é acontecer em uma área dita “pacificada”, o que mostra que ainda tem uma relação psico-social com as populações marginalizadas, que enquanto elas não forem integradas na sociedade através da escola, cultura e no trabalho, ficam na marginalidade a disposição dessas movimentações. Atribui-se ao varejo armado das drogas um poder além do que tem de fato. Ele não terá grande fôlego se houver ação preventiva e policiamento ostensivo, mas o grande problema é estrutural, que continua criando espaço para apropriação pelo poder paralelo, que elege políticos, como no caso das milícias nessas eleições.