domingo, 30 de setembro de 2012

Madri: manifestantes mobilizam-se para “resgatar a democracia”


A iniciativa “Cercar o Congresso” mobilizou milhares de pessoas que se insurgiram contra as medidas de austeridade e exigiram a demissão do governo de Rajoy 
Os manifestantes concentraram-se, na sua maioria, na Praça Neptuno, nos arredores da Câmara dos Deputados, durante o plenário que desta terça-feira. Para o local, foi mobilizado um significativo contingente policial, composto por 1.300 agentes da polícia de choque, oriundos de 30 dos 52 grupos operacionais das Unidades de Intervenção Policial de toda a Espanha. O local foi ainda patrulhado por polícias a cavalo e por policiais acompanhados de cães.
Alguns elementos teriam tentado transpor as barreiras policiais e arremessado alguns objetos contra a polícia de choque, ao que estes responderam com inúmeras investidas indiscriminadas contra os manifestantes, recorrendo a balas de borracha e a gás lacrimogéneo. Ainda assim, a polícia de choque não conseguiu dispersar todas as pessoas que se concentraram no local.
Manifestantes querem processo constituinte “transparente e democrático” (Foto divulgada pela Juventud sin futuro)
No início da noite, a imprensa espanhola dava conta da detenção de mais de duas dezenas de pessoas, sendo que o primeiro detido foi um manifestante que escalou a barreira de segurança para tentar hastear uma bandeira do Sindicato Andaluz de Trabalhadores. Os media contabilizavam também mais de 60 feridos. Uma das vítimas da repressão policial encontra-se em estado grave.
Durante o protesto, os deputados do Bloco Nacionalista Galego (BNG), da Compromís, de Valência, e da Izquierda Unida foram os únicos a se aproximar e conversar com os manifestantes.
“Resgatar a democracia”
Esta iniciativa, convocada pelos coletivos Plataforma ¡En Pie! e Coordinadora #25s, constituiu uma “resposta aos cortes do governo e ao sequestro da democracia” em favor dos grandes interesses financeiros.
No dia 25 de setembro, “rodeamos a Câmara dos Deputados para resgatá-la de um sequestro que converteu esta instituição num órgão supérfluo”, anunciaram os promotores da iniciativa, adiantando que este “sequestro da soberania popular é levado a cabo pela troika e pelos mercados financeiros e é executado com o consentimento e a colaboração da maioria dos partidos políticos”, que “traíram os seus programas eleitorais, os seus eleitores e a cidadania em geral, não cumprindo promessas e contribuindo para o empobrecimento progressivo da população”.
“Rodeamos o Congresso para dizer-lhes” que “não obedeceremos às suas imposições injustas, como a de pagar a sua dívida, e que defenderemos os direitos coletivos: a habitação, a educação, a saúde, o emprego, a participação democrática, o rendimento. Para iniciar um processo que permita que os responsáveis da crise deixem de ser impunes, para que os pirômanos que provocaram a nossa crise não sejam recompensados e comecem, em alternativa, a ser julgados”.
No manifesto de convocação do “Cerco ao Congresso”, é exigida a demissão do governo, assim como a dissolução do Parlamento e do Conselho de Estado, e a abertura de um “processo constituinte transparente e democrático”, a fim de redigir uma nova Constituição. São ainda reivindicadas medidas como: uma auditoria da dívida pública espanhola, a reforma da lei eleitoral, uma profunda reforma fiscal e a derrogação imediata dos cortes e de todas as reformas contra o estado de bem-estar, que “pressupõem restrições de direitos e liberdades da cidadania”.
Várias outras cidades espanholas foram também palco de concentrações. Em Barcelona, o coletivo “Acampada de Barcelona” – associado ao movimento 15 M – promoveu o protesto “cercar o parlamento” regional.

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