Na madrugada de hoje morreu o escritor Carlos Nelson
Coutinho. Um câncer fulminante fez este homem parar de pensar. Sua atividade
foi impressionante. Foi ele quem introduziu no Brasil o pensamento de Lukacs e
de Gramsci. Traduziu inúmeros de seus livros, editou, e escreveu artigos e
livros sobre o pensamento destes autores, destes dois marxistas, tendo
inclusive trocado uma bela correspondência com o revolucionário húngaro. Sua
capacidade de trabalho era realmente incrível. Volta e meia eu estava lendo um livro
importante, em geral de filosofia, e quando olhava quem era o tradutor, lá
estava ele, Carlos Nelson. Carlos Nelson Coutinho foi um escritor e um pensador
da filosofia e da política. Entre seus inúmeros livros o que mais me chamou
atenção foi o último que li, sobre o estruturalismo. Nele Carlos Nelson mostra
sua enorme cultura. Foi escrito quando ele era ainda jovem.
Carlos Nelson Coutinho foi militante do PCB durante muitos
anos. Nos anos 80 se filiou no PT. E no dia que Luciana Genro, HH, Babá, e João
Fontes foram expulsos do PT, em dezembro de 2003, uma entrevista no JB
anunciava sua saída do PT. Ele, Milton Temer e Leandro Konder. O trio de
amigos, que juntos militaram no PCB, juntos foram para o PT, logo juntos
entrariam no PSOL, ou melhor, ajudariam a fundar o PSOL, dando ao novo partido
a honra de contar com esta tradição de comunistas e intelectuais de primeiro
nível. Por causa da luta política tive a sorte de conhecer Carlos Nelson
pessoalmente. Uma das conversas foi na casa de Temer, tomando um ótimo vinho,
com ele, Temer e Leandro Konder. Fizemos uma entrevista para um dos primeiros
jornais feitos para o PSOL. Quem nos apresentou foi seu amigo íntimo, o próprio
Milton Temer, a quem desejo muita força nesta hora pesada e triste. Conheço
Temer desde 1997, quando ambos estávamos na direção nacional do PT e desde a
fundação do PSOL viramos bons amigos. Temer sempre foi o mais militante do trio
e na brincadeira entre eles o líder político da tendência ( a tendência seria
conformada pelos três mesmo). Agora, infelizmente, esta maravilhosa tendência
política está dissolvida.
Temer me disse hoje pela manha que Carlos Nelson estava
escrevendo um livro sobre a história da filosofia. Espero que tenhamos chances
de ler algo do que já foi trabalhado. Espero que tenhamos a sorte de beber dos
últimos pensamentos sobre filosofia deste camarada que perdemos.
Foto: Texto do Presidente da Fundação Lauro Campos, Roberto
Robaina: Perdemos Carlos Nelson Coutinho Na madrugada de hoje morreu o escritor
Carlos Nelson Coutinho. Um câncer fulminante fez este homem parar de pensar.
Sua atividade foi impressionante. Foi ele quem introduziu no Brasil o
pensamento de Lukacs e de Gramsci. Traduziu inúmeros de seus livros, editou, e
escreveu artigos e livros sobre o pensamento destes autores, destes dois
marxistas, tendo inclusive trocado uma bela correspondência com o
revolucionário húngaro. Sua capacidade de trabalho era realmente incrível.
Volta e meia eu estava lendo um livro importante, em geral de filosofia, e
quando olhava quem era o tradutor, lá estava ele, Carlos Nelson. Carlos Nelson
Coutinho foi um escritor e um pensador da filosofia e da política. Entre seus
inúmeros livros o que mais me chamou atenção foi o ultimo que li, sobre o
estruturalismo. Nele Carlos Nelson mostra sua enorme cultura. Foi escrito
quando ele era ainda jovem. Carlos Nelson Coutinho foi militante do PCB durante
muitos anos. Nos anos 80 se filiou no PT. E no dia que Luciana Genro, HH, Babá,
e João Fontes foram expulsos do PT, em dezembro de 2003, uma entrevista no JB
anunciava sua saída do PT. Ele, Milton Temer e Leandro Konder. O trio de
amigos, que juntos militaram no PCB, juntos foram para o PT, logo juntos
entrariam no PSOL, ou melhor, ajudariam a fundar o PSOL, dando ao novo partido
a honra de contar com esta tradição de comunistas e intelectuais de primeiro
nível. Por causa da luta política tive a sorte de conhecer Carlos Nelson
pessoalmente. Uma das conversas foi na casa de Temer, tomando um ótimo vinho,
com ele, Temer e Leandro Konder. Fizemos uma entrevista para um dos primeiros
jornais feitos para o PSOL. Quem nos apresentou foi seu amigo íntimo, o próprio
Milton Temer, a quem desejo muita força nesta hora pesada e triste. Conheço
Temer desde 1997, quando ambos estávamos na direção nacional do PT e desde a
fundação do PSOL viramos bons amigos. Temer sempre foi o mais militante do trio
e na brincadeira entre eles o líder político da tendência ( a tendência seria
conformada pelos três mesmo). Agora, infelizmente, esta maravilhosa tendência
política está dissolvida. Temer me disse hoje pela manha que Carlos Nelson
estava escrevendo um livro sobre a história da filosofia. Espero que tenhamos
chances de ler algo do que já foi trabalhado. Espero que tenhamos a sorte de
beber dos últimos pensamentos sobre filosofia deste camarada que perdemos.
Roberto Robaina é presidente da Fundação Lauro Campos
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