sábado, 3 de novembro de 2012

Poços de Caldas - E o desejo de mudança venceu!!!


O triunfo do PT em Poços soma-se a outras vitórias importantes em Minas que deram ao partido a responsabilidade de governar o maior número de habitantes no estado de Aécio Neves. Serão mais de 3,4 milhão de habitantes ou 17% do total do estado governados pelo PT a partir de janeiro próximo. Um feito importante para um partido que pretende em 2014 derrubar a hegemonia tucana em Minas e no plano federal dar outro mandato a Dilma Rousseff. Isso se torna ainda mais relevante se levarmos em conta o clima de terrorismo dessas eleições municipais que transcorreram, numa “suprema” coincidência, de forma paralela ao julgamento do chamado “mensalão”.

Outro dado relevante é que 2012 marcou o triunfo do novo sobre o velho em boa parte do país: Eloísio Lourenço sobre Geraldo Thadeu (e Paulinho Courominas) em Poços; Fernando Haddad sobre José Serra em São Paulo; Geraldo Júlio sobre Humberto Costa no Recife; são alguns exemplos dum processo de renovação da politica nacional. Os velhos nomes que marcaram a transição do período militar para a consolidação da democracia estão dando lugar a novos nomes e a uma salutar oxigenação da vida política.

Voltando a Poços, após oito longos anos o PT voltará a governar a maior cidade do Sul de Minas Gerais (segunda maior mesorregião mineira) e o 14º maior PIB do estado. O partido ganhou esse direito após uma das eleições mais espetaculares de toda a história política da cidade. Com um candidato, a princípio, pouco conhecido do eleitorado e disputando a Prefeitura contra o atual prefeito e um ex-prefeito atualmente no terceiro mandato de deputado federal, o PT surpreendeu a muitos e trouxe uma enorme alegria, além, claro, de um desabafo aos seus filiados, simpatizantes, militantes e a todos aqueles que sonham com uma Poços diferente da que nos acostumamos a ver e morar nos últimos anos.

O Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores seguiu a risca aquilo que o PT nacional já vinha elaborando e optou pela renovação de seus quadros – tomemos o slogan de Haddad em São Paulo: "o homem novo para um tempo novo". Pois tanto Eloísio Lourenço quanto Nizar El Khatib surgiram nessas eleições como neófitos no jogo político-eleitoral e pela primeira vez, após várias eleições, o PT lançou chapa pura.

A estratégia petista no caso de Poços era a do “novo” representando uma mudança, um novo modo de se fazer política em oposição a um modo arcaico, obsoleto e ultrapassado no qual a máquina pública é vista apenas como meio para atingir objetivos que não possuem qualquer valor republicano. Passadas as eleições e com a estratégia petista triunfando, vejo que essa mudança e esse novo, personificados na figura do prefeito eleito Eloísio Lourenço, trarão vida nova a política local, que há muito já dava sinais claros da necessidade de renovação de seus quadros, tanto à esquerda quanto à direita.

E foi justamente nisso que se assentou a vitória de Eloísio e do PT: na percepção que o momento histórico pedia por renovação, por um novo discurso, por novas ideias, novas caras, novos compromissos. A fenomenal arrancada de Eloísio, saindo de meros 4% na primeira pesquisa Ibope divulgada em 29 de agosto, na qual aparecia numa ingrata 4ª posição, até chegar em 7 de outubro angariando 44,05% dos votos – por pouco não obteve a soma dos votos de seus dois principais adversários – confirmou essa percepção. No mais, a campanha de seus adversários se mostrou desde cedo repleta do mais do mesmo. Não fosse a forma propositiva, ponderada e serena como Eloísio conduziu a campanha, estaríamos fadados a uma campanha sem nenhuma novidade para a população poços-caldense ou sequer algum discurso que tratasse dos problemas cotidianos, mesmo com a cidade passando por uma grave crise administrativa e vendo seus indicadores socioeconômicos e sua importância política no âmbito estadual caindo cada vez mais.

Chega a espantar ouvir tanta gente se perguntando qual foi o segredo do PT nessa campanha, quando na realidade não houve segredo algum. Costumo dizer que cada eleição tem a sua própria história. Os fatores que levaram a vitória petista em Poços nesse 2012 dificilmente se repetirão. Todavia o PT se mostrou sábio ao manter candidatura própria, mesmo diante de muitas tribulações.  Ao insistir na candidatura própria, o partido se viu obrigado a fazer uma campanha com poucos recursos financeiros, mas ao mesmo tempo chamando a responsabilidade para a militância. Indubitavelmente aí reside boa parte do seu “segredo”, na força da sua militância e naquilo que o partido representa.

Outros fatores vieram a colaborar para o excelente desempenho petista na maior cidade do Sul de Minas – afinal, além da espetacular virada de Eloísio, o PT ainda fez os dois vereadores mais votados de toda a mesorregião, respectivamente Paulo Tadeu e Professor Flávio –, entre eles podemos citar que enquanto se assistia as mais variadas baixarias em pleno horário eleitoral – baixarias que exploravam desde a dor de mães que haviam perdido os filhos até ataques a vida pessoal dos candidatos, passando por denúncias de mau uso de recursos e equipamentos públicos – a campanha petista soube canalizar o sentimento de frustração da sociedade poços-caldense ante o abandono da cidade e a consequente rejeição ao atual prefeito, além de fazer o clima presunçoso de “já ganhou” que tomou conta da candidatura de Geraldo Thadeu jogar contra o próprio candidato.

Eloísio também soube explorar o vazio de projetos dos candidatos mais experientes e a falta de explicação para a ruptura do “grupo dos caciques” (Geraldo, Navarro, Mosconi) com Paulinho Courominas. Num terreno como este Eloísio soube com raro faro político capitalizar o desejo de mudança e o desconforto causado pelo deserto de ideias apresentado pelos dois principais oponentes.

Com certeza Poços viverá outros tempos com Eloísio e o PT sepultando o coronelismo conforme implantem politicas sociais que atendam de fato a população e que tragam consigo a responsabilidade no trato da coisa pública, além do estreitamento do diálogo com a sociedade, tornando a cidade mais justa, mais democrática e mais transparente.

4 comentários:

Blog do Pedro Afonso Junqueira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tiago Mafra disse...

E como escrevi dias atrás e também mencionei na última reunião de diretório: que nunca mais duvidem da força e da capacidade do PT em Poços de Caldas. Nos momentos mais difíceis, temos que manter o apego àquilo que nos erigiu, não nos dobrar a alianças que nos destroem frente a opinião pública e entre nós mesmo.

Parabéns a nós, que não desistimos e optamos pelo menos provável. Demonstramos que é viável e é possível. O próximo passo é realizar um bom governo, com a cara do socialismo. É nossa próxima batalha.

Boa Sorte pra todos nós!

Blog do Morani disse...

Amigo Hudson:

O mundo gira e o blog do Hudson roda o Brasil inteiro. É um prazer sempre renovado fazer-me presente neste espaço. Aos vencedores a coroa de louros, e os parabéns pelas vitórias obtidas. O amigo sabe a minha aversão pelo PT, contudo, votei mais uma vez num petista em Friburgo para o nosso Legislativo, porque eu voto no homem e não uma sigla que se viu enlameada por elementos com sonhos além dos que é possível ter. O caso Mensalão é para ser mesmo esclarecido; aliás, nem precisava. Já sabemos que para fazer vencedoras suas propostas, o governo Lula usou de meios ilícitos pagando aos deputados federais por uma vitória incontestável. Esse caso não é uma invenção dos partidos opositores, mas uma realidade vergonhosa. Não defendo "a" ou "b"; sou totalmente contra o PSDB e o DEM e os seus homens. Tenho aversão redobrada por FHC e sua empáfia de homem letrado. Acompanhei o nascimento do PT desde a sua fundação e as suas primeiras reuniões. Acreditei que finalmente o Brasil teria o partido do trabalhador e, pois, do povo brasileiro. Votei no candidato Lula e em sua primeira vitória como governante. Aos poucos, porém, abriram-se os meus olhos; o entendimento se aguçou e a minha avaliação sobre o homem Lula soçobrou de vez. Sinta o amigo que não sou apegado a esse ou àquele nome, a essa ou àquela sigla. Sou, tão somente, a favor de um homem Probo - melhor sem partido algum - para a condução dessa pátria infeliz cujo povo se inebria ao aceno de promessas e tem por base de sua cultura novelas, BBBs, Fazendas, carnaval, samba e cachaça, sem falar no futebol. Até 20l4, muita água passará por baixo dos acontecimentos futuros. Não se deve esquecer o velho caçador de marajás, de Alagoas. Esse é outro que não gosto de citar o nome. Foi um desastre. Uma nódoa nojenta introduzida à nobre arte da política. Um abraço.

Tiago Mafra disse...

Infelizmente Morani, homens isolados não desenvolvem política. Isso é resultado de ação coletiva em busca de um fim. Os partidos representam modos de ver e realizar projetos e programas para o país. Os erros que o PT cometeu, temos que ter como referência para que não se repitam. Apesar de achar que não há inocentes nesse jogo, o modo como o julgamento da ação 470 (mensalão) se mostra como uma ferramenta de condenação baseada na denuncia infundada, não comprovada e baseada na fala de quem tinha interesses envolvidos.

Mas enfim, continuo a defender o resgate daquele partido que o senhor achou que era uma saída para o país, aquele da década de 1980. Claro que adaptado ao modelo econômico do século XXI. Adaptado não no sentido de ceder a ele, mas a ponto de compreender este sistema e criar a forma de subvertê-lo.

O partido não é perfeito e se fosse, não precisaria de militantes e muito menos de auto crítica. Ainda creio no partido como forma de transformação e em todos nós como forma de transformação dos partidos. Desacreditar isso é individualizar a responsabilidade e a ação.