segunda-feira, 14 de setembro de 2009

10 + – 9ª Posição: Disraeli Gears

Disraeli Gears (Cream)

Por Aroldo Glomb

http://www.dropmusic.com.br/index.php/opiniao/discos-essenciais/361-cream-disraeli-gears

Disraeli Gears é o nome do disco que melhor representa a sonoridade da banda [Cream]. Lançado em 1967, apresenta Eric Clapton (guitarra), Jack Bruce (baixo) e Ginger Baker (bateria) no auge da forma. Um dos melhores power trios de todos os tempos começa o disco com STRANGE BREW, uma canção lenta e marcada pelo som agudo da guitarra de Clapton. Aliás, ele ganhou a fama de ´slow hand´ (mão lenta) por causa de músicas como esta. Isso nunca foi um insulto para ele, mas uma definição de seu estilo de tocar blues de maneira singular. A cozinha jazzística da banda dava o tempero que Clapton precisava, e logo na entrada é notório que eles não estavam pra brincadeiras. No auge de um período psicodélico, eles mandam bala na mais do que aclamada SUNSHINE OF YOUR LOVE , com o marcante riff que consagraria a banda. Até mesmo Hendrix regravou esta música de maneira instrumental e raivosa, provando que até mesmo o maior dos guitarristas da época havia se rendido à magia do Cream. Essa é daquelas canções que até mesmo o mais distraído, musicalmente falando, para e afirma: EI, JÁ ESCUTEI ESSA DAQUI. SIM, estamos falando de um clássico absoluto. Mas o disco tem mais...

WORLD OF PAIN é igualmente carregada no estilo a banda, até mesmo na bateria, que segue com mais bumbos do que caixas. A prova de que Clapton havia escolhido bem os seus seguidores, está nesta melancólica canção. DANCE THE NIGHT AWAY é uma música que segue a fórmula apresentada até agora. Engraçado como, apesar de ter a mesma fórmula em todas as faixas , o disco não soa repetitivo. DANCE... é a prova, já que se utiliza da mesma estrutura da anterior, e consegue apresentar uma guitarra mais frenética. Mas o disco ainda tem mais....

BLUE CONDITION é um blues raiz, arrastado e com guitarras bem arranjadas. As viradas que as baquetas proporcionam, mesmo parecendo simples, mostram a qualidade da banda em transformar coisas simples em algo espetacular. Até que o ponto alto do disco aparece....SE PREPAREM PARA A GRANDE ´TALES OF BRAVE ULYSSES´!!!!

Aqui o bicho pega... wah-wah direto nas guitarras, batidas mezzo-indígenas / mezzo-jazz na batera, baixo firme em escala, não há desculpas mesmo! A banda arrebenta tudo em prol do rock e cria uma dos clássicos mais absolutos dos anos sessenta. Ao lado de SUNSHINE, a melhor coisa que tem neste disco, sem sombras de dúvida. Mas, como dizer isso sem cair em contradição agora? Poxa, começa a tocar SWLAB e a frenética guitarra entra em ação. Essa é para agitar qualquer festa, evento, casamento, funeral, etc. Preste atenção no solo e pense se era exagero algumas pessoas chamarem Clapton de Deus da guitarra... acho que não tinha nenhum exagero! As ´muitas cores fantásticas´ desta canção levam, até mesmo que não viveu aqueles tempos, de volta no tempo. E... o disco ainda não acabou....

WE´RE GOING WRONG é mais estranha do álbum, talvez um momento mais calmo, para refrescar a cabeça nesta altura do campeonato. Mesmo assim, uma canção hipnótica e paranóica que mostra tudo o que um grupo pode explorar (preste atenção aos detalhes ao final dela). Novamente, o blues de forma simples aparece em OUTSIDE WOMAN BLUES, onde Clapton se sente mais à vontade. O disco esta terminando, infelizmente....
TAKE IT BACK lembra muito Rolling Stones, com gaita harmônica e tudo. Nada mais justo, já que todas as bandas desta época viviam no mesmo círculo de amizades e de shows. Até mesmo o clima criado por gritos de estúdio, como se fosse ao vivo, nos remete aos Stones. Um grande solo de harmônica corre solto pela canção e, de repente, o disco acaba (não, não tem mais não...) na pequena Mother´s Lament, uma brincadeira apenas com piano e voz, mostrando que o bom humor também pode dar as caras em um disco importante.

É isso! Um dos melhores representantes dos anos sessenta é a ´nata´ mesmo. Cream é sinônimo de boa música que nunca será datada, mesmo após mais de 30 anos do lançamento de Disraeli Gears.

E pensar que o disco só entrou na minha coleção após muitos anos, dá vontade de me autopunir de alguma forma. Não cometa o mesmo erro que eu, e procure logo este clássico absoluto!!!! Ou vai ficar apenas lendo aqui?

Faixas:

1. "Strange Brew"
2. "Sunshine Of Your Love"
3. "World Of Pain"
4. "Dance The Night Away"
5. "Blue Condition"
6. "Tales Of Brave Ulysses"
7. "S.W.L.A.B.R."
8. "We're Going Wrong"
9. "Outside Woman Blues"
10. "Take It Back"
11. "Mother's Lament"


Cream:

Eric Clapton (guitarras)
Jack Bruce (baixo e vocal)
Ginger Baker (bateria e percussão)



Produção: Felix Pappalardi

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