quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Vamos ver se a Band noticia isso

Que a grande mídia é golpista todos nós sabemos, segundo Gramsci a grande imprensa é o Partido do Capital. No entanto poucas vezes, pelo menos desde a eleição de Fernando Collor em 1989, tivemos a oportunidade de ver isso de maneira tão exacerbada. O Partido dos Trabalhadores vem sofrendo desde que chegou ao governo central a maior campanha midiática com intuito desmoralizador que o Brasil já assistiu. Ondas de denuncismo, de achincalhação contra seus militantes, de preconceito contra o presidente democraticamente eleito, patrulhamento ideológico. Mentiras inventadas a exaustão e repetidas mil, duas mil vezes – a nossa mídia se mostra pupila de Göebbels – são as armas utilizadas pelo Partido do Capital a fim de expulsar da vida pública “essa raça”, palavras de Herr Bornhausen, um dos oráculos da grande mídia.

Na linha de frente dessa batalha travada pelo Partido do Capital versus o Partido dos Trabalhadores e a esquerda consciente estão os grandes meios de comunicação, sobretudo a ditos canais de TV aberta. O Grupo Bandeirantes através de suas emissoras de rádio e TV colocou no ar, semana passada, um editorial no qual acusava o governo Lula de irresponsável por rever os índices de produtividade no campo e insuflava os ruralistas a se levantar em guerra civil contra o governo democrático.

O Grupo Bandeirantes já teria passado de todo e qualquer limite possível dentro dos parâmetros democráticos fosse apenas a campanha enviesada contra a revisão dos índices de produtividade ao omitir, ou seria obliterar propositalmente, que ele próprio – cujo dono é Johnny Saad, neto e herdeiro de Adhemar de Barros – possui dezenas de grandes propriedade rurais, portanto, está no bojo dos empresários do agronegócio e é parte interessada na questão.

Agora o Ministério do Desenvolvimento Agrário traz à tona a consolidação dos resultados duma pesquisa realizada pelo IBGE em 2006 onde desmistifica a crença de que o agronegócio é o impulsionador da economia rural no Brasil. Mais, prova que as pequenas propriedades rurais, especialmente as que se encontram no segmento da agricultura familiar, são a garantia da segurança alimentar do país.

Os números são impressionantes. Por exemplo, além de ser a responsável pela manutenção do homem no campo, a agricultura familiar, que não ocupa nem um quarto das terras no país, corresponde a 38% do valor da produção.

Será que o Grupo Bandeirantes informará aos seus ouvintes e telespectadores os números da pesquisa? Ou usarão de algum subterfúgio e criarão mais um sofisma para desqualificá-la?

Não é à toa que o nosso Partido do Capital chama os golpistas de Honduras de “governo interino”.

Censo confirma: agricultura familiar produz mais em menor área


http://www.mda.gov.br/portal/index/show/index/cod/134/codInterno/22464


30/09/2009

O Censo Agropecuário 2006 traz uma novidade: pela primeira vez, a agricultura familiar brasileira é retratada nas pesquisas feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Foram identificados 4.367.902 estabelecimentos de agricultura familiar, que representam 84,4% do total, (5.175.489 estabelecimentos) mas ocupam apenas 24,3% (ou 80,25 milhões de hectares) da área dos estabelecimentos agropecuários brasileiros.

Apesar de ocupar apenas um quarto da área, a agricultura familiar responde por 38% do valor da produção (ou R$ 54,4 bilhões) desse total. Mesmo cultivando uma área menor, a agricultura familiar é responsável por garantir a segurança alimentar do País, gerando os produtos da cesta básica consumidos pelos brasileiros. O valor bruto da produção na agricultura familiar é de 677 reais por hectare/ano.
"Isso mostra a representatividade, o peso deste setor para a formação da nossa economia e da produção primária no País. Com isso, a agricultura familiar demonstra capacidade em gerar renda, em aproveitar bem o espaço físico e contribuir para a produção agrícola brasileira", afirma Daniel Maia, ministro interino do Desenvolvimento Agrário.

Os dados do IBGE apontam que em 2006, a agricultura familiar foi responsável por 87% da produção nacional de mandioca, 70% da produção de feijão, 46% do milho, 38% do café , 34% do arroz, 58% do leite , 59% do plantel de suínos, 50% das aves, 30% dos bovinos e, ainda, 21% do trigo. A cultura com menor participação da agricultura familiar foi a soja (16%). O valor médio da produção anual da agricultura familiar foi de R$ 13,99 mil.

Permanência no campo

Outro resultado positivo apontado pelo Censo 2006 é o número de pessoas ocupadas na agricultura: 12,3 milhões de trabalhadores no campo estão em estabelecimentos da agricultura familiar (74,4% do total de ocupados no campo). Ou seja, de cada dez ocupados no campo, sete estão na agricultura familiar , que emprega 15,3 pessoas por 100 hectares.


Para o ministro interino, esses números refletem a eficácia das políticas do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para manter os agricultores familiares no campo com boa produção e renda. "Os resultados desse Censo permitem constatar o quanto a participação da agricultura familiar é importante para a agropecuária e para a economia brasileira. O cenário, antes de pauperização e fuga do homem do campo, está sendo mudado, revertido", frisa.

Dois terços do total de ocupados no campo são homens. Mas o número de mulheres é bastante expressivo: 4,1 milhões de trabalhadoras no campo estão na agricultura familiar. As mulheres também são responsáveis pela direção de cerca de 600 mil estabelecimentos de agricultura familiar.

O Censo Agropecuário 2006 revela ainda que dos 4,3 milhões de estabelecimentos, 3,2 milhões de produtores são proprietários da terra. Isso representa 74,7% dos estabelecimentos com uma área de 87,7%.

Os critérios que definem o que é agricultura familiar foram determinados pela Lei nº 11.326 aprovada em 2006. Eles são mais restritivos do que os critérios usados em estudos feitos anteriormente por outros organismos como a Fao/Incra e universidades brasileiras que estudaram o setor. A Lei 11.326 determina que quatro módulos fiscais é o limite máximo para um empreendimento familiar. Determina também que a mão-de-obra deve ser predominantemente da própria família e a renda deve ser originada nas atividades da propriedade e a direção também tem que ser feita por um membro da família.

Um comentário:

Blog do Morani disse...

Em relação ao seu comentário, saindo daqui de Nova Friburgo à direção de Teresopólis, é possível ver-se o chamado "campo", ou região campestre onde abunda pequenas propriedades em franca produção, com desenvolvimento para lá de satisfatório. São muitas as propriedades, e todas com boas residências, um veículo ou mais às portas, pequenos tratores, e a fartura em suas mesas. Já tive a oportunidade de permanecer numa delas o tempo bastante para testemunhar essa verdade. Eles abastecem a nossa cidade e algumas outras limítrofes a Nova Friburgo, indo muito de sua produção para Niterói e Rio de Janeiro. Não posso afirmar seja isso fruto da intervenção do Estado ou da reunião em cooperativas desses produtores. Acredito nessa última possibilidade. O fato é que se trata, realmente, de pequenas propriedades - também não tão pequenas, algumas -, mas que não chegam aos pés das que tive oportunidade de ver ao viajar de Recife a Natal pela BR que liga os muitos estados do nordeste. São quilômetros de um mar verde de plantações de cana, de onde saem os "treminhões" lotados. Eles enchem as estradas de Pernambuco até a Paraiba, e parte do Rio G. do Norte. São, geralmente, terras que viram gerações de famílias poderosas dedicando-se à exploração dessa riqueza; mas, por aqui, pela nossa região montanhosa, não muito afeita a certos cultivos, vemos os pequenos se agigantando, quando unidos. Imagino o Brasil Central, que não conheço, além de Goiania com seu muito arroz. O sul nos oferece o trigo, e os trigais são vistos por quilômetros igualmente. Lá visitei algumas vinícolas - a maioria pequena ou média - em franca produção. Parece exagero dizer, contudo, não encontrei um só garrafão que pudesse comprar. Toda a produção estava, já, comprometida aos negociantes. O amigo não desconhece o fato de as Tvs manterem programas sobre a vida rural. A Globo mesma tem um, aos domingos, porém mais para atender as dúvidas dos proprietários de pequenas e médias propriedades.
Portanto, as estatísticas mostradas em seu comentário - comparativas - têm razão de ser e de serem acreditadas. A produção das grandes fazendas não são exclusivamente - ou quase nada - para o abastecimento. Essas já têm estruturas próprias, com administrações até mesmo controladas por meio da informática, e mais a serviço das multinacionais que lhes compram suas produções, como não poderia deixar de ser face ao gigantismo de seus negócios. Mas são as pequenas e médias propriedades
que de fato abastecem o nosso mercado consumidor, que cresce a cada ano.
Os governos devem pousar mais suas atenções a essas, com incentivos reais e com a finalidade de fazer que permaneçam a sua gente agregada ao campo.