Por Tiago Barbosa Mafra
Certa vez, Mário Quintana escreveu: “Democracia é dar a todos o mesmo ponto de partida. Quanto ao ponto de chegada, isso depende de cada um”. No ano de 1959, 53 anos atrás, começava a surgir para a América Latina a possibilidade de mudar a situação de exploração e desigualdade a que estava entregue (e em muitas áreas ainda está) o continente. Cuba e sua revolução vitoriosa mostravam ao mundo naquele 1º de janeiro que o poder do povo por nada pode ser barrado. Um país dominado por gangsters, interesses internacionais e uma elite entreguista e violenta, sustentava-se na miséria do povo e na opressão. Tudo isso começava a acabar naquele dia.
53 anos de socialismo não deram aos cubanos os melhores computadores, equipamentos ou quinquilharias tecnológicas propulsoras do consumismo da sociedade individualista atual. Mas deram muito mais. Deram trabalho, dignidade e o entendimento de que na coletividade se constrói o presente de todos. O socialismo cubano deu a seu povo o que falta a bilhões de pessoas no mundo, a milhões de brasileiros e a milhares de poços caldenses. Esses últimos, em especial, dominados pela política local clientelista, conservadora, arcaica. O socialismo deu ao povo cubano o mesmo ponto de partida, aquele citado por Quintana.
Ponto de partida para pensar, trabalhar, viver, escolher, refletir, criticar, se fazer como ser e compreender as contradições de seu tempo. Isso tudo nos falta pelas razões as quais todos conhecem, mas ignoram, se resignam.
Após mais de meio século de revolução, Cuba persiste como a utopia que não se entrega. Não é um modelo a ser seguido. É, no entanto, fonte de inspiração para a construção autêntica de cada povo, em cada lugar do mundo ainda dominado pela exploração e pela desigualdade, pelos pontos de partida destoantes. É a mostra de que outro mundo pode vir a ser real.
Assim, em comemoração ao feito mais importante dos cubanos no século XX, que comecemos 2012 na busca do mesmo ponto de partida para todos. Que a Revolução Cubana seja nosso exemplo.
Como escreveu o líder máximo da Revolução, Fidel Alejandro Castro Ruz, durante sua defesa quando preso pela ditadura pré revolução, “Quando há muitos homens desonestos, há sempre outros que são portadores da dignidade da maioria. São esses os que se rebelam com força terrível contra os que roubam a liberdade ao povo, que é o mesmo que roubar dos homens sua dignidade”.
Que 2012 seja o ano de nossa rebelião.
Viva a Revolução Cubana!
01/01/2012 – Ano 53 do Triunfo da Revolução
Tiago Barbosa Mafra é professor de Geografia na rede pública municipal de ensino e no curso pré-vestibular comunitário Educafro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário