segunda-feira, 13 de julho de 2009

Hoje é dia de Rock

Hoje é o “dia Internacional do Rock”, e eu, como admirador e ouvinte assíduo (diário) do gênero não poderia deixar de escrever umas poucas linhas.

Segundo Paulo Chacon em “O que é Rock” – Ed. Brasiliense – a gênese do Rock está na fusão de três diferentes gêneros comuns nos EEUU do inicio do século. O Blues (negros do sul do país), o Folk (quase um gênero folclórico) e o Country (muito comum no meio rural). No entanto definir o Rock assim é muito simples – obviamente o próprio Chacon sabe e por isso não pára por aí. Na verdade desde que Little Richards, Chuck Berry, Bill Haley e posteriormente Elvis Presley, lançaram as primeiras canções de Rock And Roll, que o gênero não só se reconstrói seguidamente, como também faz os primeiros estilos parecerem incompatíveis com os atuais.

O Rock é uma “metamorfose ambulante”, daí a capacidade de mesmo sendo um estilo extremamente comercial (quando lançado por Elvis)não ter se tornado obsoleto, ou ter se dissolvido no ar como o velho Marx falava sobre as relações burguesas.

Passando pelos três primeiros citados acima (qual de fato foi o pai do Rock, ou será que o pai é ainda mais velho, tipo Robert Johnson?), damos de cara com os Beatles que souberam como ninguém explorar comercialmente um gênero-estilo musical e ao ganharem a importância que nenhum astro da música havia tido até então, acabaram com brincadeira de fazer apenas jingles para fazerem algo mais sério e extrapolarem nas viagens psicodélicas. E também com a conversão de Bob Dylan ao Rock no célebre Newport Folk Festival, trazendo consigo canções de protesto, poesia e letras mais profundas, fugindo de qualquer clichê comercial.

Chegamos no mesmo período ao Rolling Stones, Animals, Who, todos da primeira british invasion, nos perguntamos, já naquela época, o que realmente é Rock And Roll.

Analisando a britsh invasion e o surgimento de tantas bandas na Terra da Rainha, constatamos o domínio destes sobre o cenário roqueiro mundial pós 1963. Então é importante salientar que os jovens ingleses ouviam músicos estadunidenses censurados no seu país. É interessante notar o espanto de Bryan Jones, Mick Jagger e Keith Richards na primeira excursão dos Stones pela América do Norte, enquanto tocavam covers de Jimmy Reed , Bud Guy e Moody Waters pensando que o público adorava aquelas músicas, quando na realidade poucos, muito poucos, conheciam os ídolos dos Stones.

Roger Daltrey numa entrevista recente declarou que ouvia o som negro dos EEUU, o choro, a dor, a lamentação, e transportava para o Reino Unido. Lá eram os herdeiros da mão-de-obra explorada durante a primeira Revolução Industrial e a conseguinte segregação social que compartilhava de tais sentimentos. Como os negros estadunidenses não eram censurados na Inglaterra e a identificação entre eles e a classe operária era grande, originou dali o fermento para as futuras bandas inglesas.

Final dos anos 1960. É a vez do psicodelismo rolar solto. Jefferson Airplane, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Crosby, Stills, Nash & Young, Doors e o (quase) inigualável Jim Morrison. Surge também o Cream (literalmente a nata com Clapton, Bruce e Baker), o Pink Floyd (qual o primeiro álbum progressivo da Historia? Sgt Peppr’s ou The Piper At The Gates Of Dawn?), e o Led Zeppelin (qual banda foi maior? Led ou Beatles? Ou as duas ao mesmo tempo?).

Nos anos 1970. Um rock mais pesado experimentado antes por Hendrix, Who, Cream e elevado a enésima potência pelo Led ganha cada vez mais espaço. É a vez do Deep Purple encontrar um estilo e passar pro primeiro time, assim como o Black Sabbath ganhar fãs nos quatro cantos da Terra. Começa também uma disputa entre os pauleiras e os progressivos. De um lado a santíssima trindade Led-Purple-Sabbath do outro Pink Floyd, Yes, Emerson, Lake & Plamer, Genesis, Camel. Alheios a essa disputa surge o glam rock, tendo David Bowie, e de certa forma o Queen, como expressão máxima.

Entretanto o Rock aí está cada vez mais virtuoso. Para retomar as origens aparece simultaneamente dos dois lados do Atlântico o movimento punk, talvez o mais politizado desde Bob Dylan, e com certeza o mais áspero e duro contra o sistema. Sex Pistols, Clash, Ramones tomam as rádios.

Porém a Austrália também produz Rock de primeira e o AC/DC nem metal nem punk, simplesmente AC/DC, ganha projeção internacional pra nunca mais perder. Até encontram uma boa maneira de superar a morte de Bon Scott. Encontram um vocalista, Bryan Johnson, tão bom quanto o original e lançam Back In Balck. Tá bom ou quer mais?

Antes de acabar a década ainda dá tempo de surgir a New Wave of British Heavy Metal com Iron Maiden e Judas Priest entre os protagonistas.

Década de 1980. A fusão do Rock com o reggae e o ska da Jamaica forja bandas como The Police e outras cem parecidas. Fugindo da moda, criando um estilo próprio, os Smiths arrebentam e também inspiram outras cem bandas no mundo todo. O Joy Division perde seu líder, Ian Curtis e muda de nome, até hoje é o New Order. Mais pro final do decênio é a vez do Metallica tomar as rádios e trazer o trash metal para os ouvidos da galera.

Nos anos 1990 a novidade é a garotada de Seatle (serão todos de lá?) e o movimento grunge. Kurt Cobain vira expoente e guru do movimento. É um novo Jim Morrison, tão genial, indolente, insaciável e forte quanto o primeiro e que, tragicamente, tal qual ao década de 1960, morre prematuramente aos 27 anos. O Nirvana não chega a revolucionar, mas chega muito perto e muda muita coisa em relativamente pouco tempo. No embalo do sucesso do Nirvana é o Pearl Jam de Eddie Vedder quem mais lucra e produz som de qualidade. Do outro lado, os britânicos promovem o debute de Oasis e Radiohead.

Chegamos à primeira década desse novo século. O Rock, embora ainda tenha muitos fãs, já não é tão forte quanto antes. Contudo coisas boas continuam a acontecer. Por exemplo, Wolfmothers, Strokes, Arctic Monkey, White Stripes e mais meia dúzia de boas bandas estão aí pra confirmar que o Rock não morreu, que continua a escrever sua história, e tem muito o que comemorar nesse 13 de julho de 2009.

Além do mais, a dúvida ainda não foi esclarecida. Afinal o que é Rock?

Um comentário:

Professor Marcelo Fonseca disse...

boa.....

"long live Rock and Roll"