Por Francisco Hugo Vieira de Freitas
O PT já nasceu dividido contra si mesmo. Como, aliás, toda a Esquerda.
A Direita não é um monólito. A Direita é o Poder. No Poder, facções se acomodam e tornam-se monolíticas. A Direita sobrevive fora do Governo, embora prefira estar Governo. Governo pode, vez ou outra, ser o anel que se perde para não se perderem os dedos.
As mais lúcidas mentes anarquistas do século XIX admitiam participação nos governos — nos legislativos —. De onde se pode incomodar, denunciar e minar o Poder.
Capitalista ou comunista, quem está no Poder tem como prioridade única permanecer no Poder. Às vezes, abrem-se, em razão dessa lógica, espaços para novos grupos, facções e interesses. Grupos, facções … por vezes oriundos da Esquerda. O processo é o de cooptação. O Poder corrompe!
O PT já nasceu dividido. No Governo, partes dele se deixaram seduzir pelo Poder. Outras não foram chamadas ou não se conformaram com a divisão das capitanias hereditárias. Admita-se até que houvesse quem, no Governo, pretendesse demolir as seculares — no Brasil — e milenares estruturas do Poder.
Permanecer no Poder não é difícil: bem dosadas, a mentira e a corrupção são suficientes.
Quando grupos, facções forçam adentrarem-se à festa do Poder com amigos e parentes sem convite, um impasse: não há lugar para todos. É a hora do “ranger de dentes”.
A Direita é capaz de um gambito — tipo entregar a peça Sarney — para proteger o Rei.
Quando o menino de Garanhuns foi alçado à Presidência, apresentaram-se à sua tutela nada menos que o Dirceu, o Mercadante, a Marta, o Eduardo…, um ou outro já com um pé na cozinha do Poder.
A Ética sempre foi estranha (alheia) ao Poder e isso se torna flagrante quando grupos que chegam ao governo com discurso ético de imediato se oferecem ao Poder.
Povo é sábio: cuida de sua vida sem aspirações de Poder. Sabe que Polícia e Justiça são instituições criadas para proteger os poderosos. E nem leram a troca de cartas entre o Freud e o Einstein sobre o assunto.
Lula aprendeu que falar em um estádio lotado de metalúrgicos não é a mesma coisa que falar em recinto fechado para executivos de montadoras: são discursos diferentes em tom e em palavras. Tornou-se competente nesse métier.
Afirmar que a Ética não é afim aos sindicatos seria uma tremenda injustiça aos mártires anarcossindicalistas, mas…
Lula não fez uma opção pela Ética. Descartar Marina Silva, Paulo Lacerda, Waldir Pires … não é bom sinal.
Só os neoliberais colhem o que não plantam.
Aos que sonham com um País mais ético — educado, seguro e justo —, é sentir muito: não foi desta vez.
Em tempo: Do Gilmar ao Jô e suas meninas, a Direita está saindo do armário, não está? Há um clima de xeque-mate. Brancas(de olhos azuis) ou pretas?
Francisco Hugo Vieira de Freitas é educador e colaborador constante do Dissolvendo No Ar.
chicohugo@superig.com.br
Um comentário:
Blogger Blog do Morani disse...
31/07/09
Sr. Francisco Hugo V. de Freitas:
Em seu comentário, abordado por mim neste momento e postado no blog do nosso amigo Hudson - Dissolvendo No Ar -, o senhor disse muitas verdades e a que mais doeu foi: " AOS QUE SONHAM COM UM PAÍS MAIS ÉTICO - EDUCADO, SEGURO E JUSTO - É SENTIR MUITO.NÃO FOI DESTA VEZ".
E eu acrescento com mais desânimo:
"NÃO FOI DESTA VEZ E NÃO SERÁ NUNCA!"
Lamentável, não é mesmo?
Abraços.
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