quarta-feira, 8 de julho de 2009

Lula e a vergonha da elite mazombeira

E não é que o pingaiada analfabeto está deixando nossa mídia mazombeira mordendo os cotovelos!!!

É claro que vivemos numa sociedade de consumo (cada vez mais exacerbado), mas, as loas que a mídia joga para o futebolista Ronaldo como sinônimo de superação são inversamente opostas à omissão que a própria mídia dá aos feitos internacionais, e nacionais, de Lula.

É obvio que eu sei bem o que Ronaldo representa numa sociedade consumista, e por isso não importa a sua futilidade ao dizer que não leva malas em viagens, simplesmente compra o necessário (e muitas vezes o não-necessário também) onde está. Não importa se Ronaldo prefere que seu filho brinque com garotos europeus e considere os curumirins má influência. Não importa se Ronaldo é flagrado em festas onde o álcool rola solto, mesmo sendo ele um atleta profissional. Não estou pegando no pé de Ronaldo, se ele pretende levar a vida da maneira mais fútil o possível é uma opção feita por ele. O que me irrita é o fato da mídia fechar os olhos pra tudo isso só (sic) porque atrás dele estão grandes marcas internacionais. É o reflexo da sociedade atual, o que importa não é a pessoa, mas sim o que ela tem.

Para mim Lula “é” e ao mesmo tempo “tem”. Simbolicamente Lula é o trabalhador brasileiro. O alto índice de aprovação ao seu governo se deve muito em parte por esse simbolismo. O trabalhador, principalmente o mais humilde, enxerga no presidente Lula um homem simples, que veio debaixo, que não esquece suas raízes. Não é à toa que Lula usa tantas metáforas, é a forma como o homem simples se comunica e explica determinadas situações, faz parte recorrente do arcabouço intelectual dos brasileiros comuns. Lula é o intelectual orgânico de Gramsci. E Lula tem. Tem o cacife de estar à frente do maior partido de esquerda da América Latina e do Hemisfério Sul. Partido esse que se tornou escola para a esquerda nacional. Tem a história a seu lado, pois as greves lideradas por ele durante a década de 1970 iniciaram o último capítulo da ditadura militar. Tem o prestígio de um governo responsável e que luta para alterar a face dum país tão desigual. Tem ao seu lado o respeito da comunidade internacional. Tem ao seu lado a multidão, o trabalhador, o povo brasileiro que não pensaria duas vezes em dar-lhe um terceiro mandato consecutivo.

O governo Lula pode até ser marcado por ambigüidades e contradições, mas, já escrevi isso antes, representa em primeiro lugar uma quebra de paradigma numa sociedade marcada pelo elitismo e pelo progresso conservador, pelos acordos entre as classes mais abastadas e a (quase) exclusão do povo no processo histórico. Em segundo lugar, trouxe para o primeiro plano os direitos sociais (positivos). Se é um governo onde o limite para as transformações está no consenso e não no embate acirrado, por outro lado também é verdade que servirá pedagogicamente no futuro, talvez não tão distante, como forma de avaliar o conservadorismo de nossa elite e a necessidade de movimentos sociais mais fortes.

De qualquer modo, a elite tupiniquim não aceita ser representada por um retirante nordestino, analfabeto, pingaiada e vagabundo. Não importa para essa elite se Lula enfrentou a difícil luta contra a fome (e venceu), se saiu da condição de mero operário para transformar-se em líder sindical, enfrentou os militares quando quem se dispunha a tanto era cassado, preso, torturado e exilado, quando não assassinado.

Quem nesse país representa melhor o espírito de superação?

Lula reunia todas as condições para morrer de subnutrição, de sede, de fome, ou então para levar uma vida comum, como a de milhões de retirantes nordestinos que vieram para o “sul maravilha”, no entanto, na noite de ontem recebeu o prêmio Félix Houphouët-Boigny concedido pela Unesco – e que ainda pode ser o ponta-pé para o prêmio Nobel da Paz. Talvez seja por isso que nossa elite mazombeira ficou calada e fingiu não saber e não ver nada. Para ela, bom mesmo, seria um Bornhausen ou um Alckmin, e não um Silva, ser o primeiro brasileiro a receber tal prêmio. De certa forma o sucesso do ex-retirante os envergonha.

Quanto à classe trabalhadora, não apenas não se sente representada pela elite nacional, como acaba por ter vergonha dela.

7 comentários:

Anônimo disse...

Compnaheiro,
o LULA, é nosso Lula.
É o pvo em marcha para grande dia.

Zequinha Muniz

Zequinha Muniz disse...

Companheiro,
o LULA, é nosso Lula.
É o pvo em marcha para grande dia.

Zequinha Muniz

RLocatelli Digital disse...

Prezado Prof. Hudson.

Excelente post.

Ronaldo, coitado, é um boboca. Que me desculpem os corintianos, mas a auto-superação dele não é pensando em time algum: é pensando nele mesmo.

Ronaldo já fez propaganda de bebida alcóolica, coisa imperdoável a um formador de opinião. Pior ainda para um atleta.

Lula é o povo. Com sua força e suas contradições, as mesmas do povo.

Não adianta inventarem prêmio fajuto para José Serra. Ele não é nada, a não ser para os paulistas, o povo mais otário do Brasil.

Anônimo disse...

"Lula é a vergonha do Brasil"
Apoia a corrupção,adora dar esmolas para angariar votos,é mentiroso e cego,surdo e mudo,nunca sabe de nada,nunca vê nada.Apoiar Lula é ser tao cego como ele!!!!

Anônimo disse...

Prezado Hudson

Sem querer criar polêmica, por que será que o Lula, tão agressivo quanto outros opositores da ditadura, que sofreram todos os suplícios da época, praticamente não sofreu sanções dos militares? Interessante, não?

Fernando

Unknown disse...

Caro Fernando

Em primeiro lugar é preciso entender que no final da década de 1970 o "milagre econômico" havia acabado e com ele o apoio de grande parte da classe média a ditadura militar. Em segundo lugar a sociedade brasileira, como um todo, mostrava sinais de cansaço com a citada ditadura e o ditador Geisel dava início a abertura lenta, gradual e irrestrita idealizada por Golbery. Outro ponto importante era a pressão internacional naquele momento, não nos esqueçamos que o presidente estadunidense de então era Jimmy Carter, opositor das ditaduras latino-americanas e "único" ocupante da Casa Branca no pós II Guerra a não invadir, bombardear, ou declarar guerra à outra nação.

Isso tudo, de forma alguma, tira o heroísmo dos grevistas do ABC, mesmo porque formaram o único grupo organizado que peitou a ditadura e logrou êxito.

Inté...

Cappacete disse...

Gostei de suas criticas ao Ronaldo baleia, estou para escrever um post metendo o pau nesse jogador, que está sendo venerado como um santo pela mídia e pela corinthianada aqui em São Paulo, o tipo é um mau caráter, que aliás deu declarações comprometedoras ao Lula no programa do Galvão Bueno na Sport TV, logo onde... Acho que foi de propósito, o gordão sempre teve uma predileção
pela elite branca, aliás ele mesmo se considera branco e despreza o povo, nega suas origens.