sábado, 25 de julho de 2009

Nassif acertou em cheio

Esse curto artigo do Luis Nassif acerta em cheio e vem bem ao encontro sobre o que eu penso da campanha midiática contra Sarney e o mal que o próprio oligarca representa para a Democracia. No mais, ainda fala sobre a arrogância de Lula e sua teimosia em jogar o PT numa situação complicadíssima, defender (Sarney) o indefensável.

Hipocrisia da mídia, arrogância de Lula

[http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/07/25/hipocrisia-da-midia-arrogancia-de-lula/]

Por Luis Nassif


Que José Saney é um horror de político não se discute. E é evidente que a atual campanha contra ele tem propósitos nada moralizantes. O que se quer é derrubar o senador e transformar o Senado em fator de instabilidade política para 2010.

Há nos ataques uma hipocrisia sem tamanho.

1. Sarney só se tornou presidente graças ao empenho do então PMDB (Ulisses, FHC e outros) de incluí-lo na vice-presidência de Tancredo Neves.

2. O seu governo marcou o apogeu da influência de Roberto Marinho. Sarney não dava um passo, não indicava um Ministro sem, antes, pedir a bênção de Marinho. Não se trata de segredo algum, mas de um dado que nenhum historiador poderia ignorar.

3. Foi um amigo fidelíssimo da Folha de São Paulo, através de seu homem-chave Saulo Ramos, a quem a Folha se tornou eternamente grata.

4. A prorrogação do Cruzado, que resultou em um desastre de proporções incalculáveis, foi atribuída a ele. Mas os beneficiários diretos foram governadores e senadores do então PMDB que vencem em todo o país. Se alguém tiver curiosidade e tempo, poderá levantar todos os nomes beneficiados pela prorrogação do Cruzado.

Nesses anos todos, seus abusos foram ignorados por quase toda a mídia, com exceção de alguns colunistas.

Ele tirou dois governadores eleitos do cargo, por manobras do tapetão, sem que houvesse uma reação maior. Quando explodiu o escândalo Gautama, a maioria das notícias crucificava seu adversário Jackson Lago, sabendo-se que a empreiteira entrara no Estado pelas mãos do grupo Sarney. Mas era apresentado como o grande comandante na transição para a democracia.

Por outro lado, as manifestações de apoio ostensivas de Lula, saindo em fotos com ele, Collor e Renan, é a face oposta da hipocrisia: simboliza arrogância, vício perigoso em quem senta em cima de altos índices de popularidade.

No fundo, trata-se de um jogo complicadíssimo, cheio de nuances. Ao se expor diariamente na defesa pública de Sarney, Lula enfraquece os argumentos de todos os que lutam contra essa campanha por entendê-la desestabilizadora do jogo político, não por considerar Sarney um injustiçado.

É evidente que a campanha da mídia é hipócrita, mas a indignação de parte da opinião pública contra Sarney é genuína. Ignorá-la é enveredar pelo perigoso terreno da arrogância.

Um comentário:

RLocatelli Digital disse...

Absurdo o PT ter aderido ao "Fora Sarney". Acho que os senhores senadores petistas estão mais preocupados com suas carreiras pessoais do que com o futuro do Brasil.
Se os demotucanos conseguirem tirar Sarney, farão do Senado mais uma base de Serra, ao lado do STF do coroné Gilmar Dantas.