quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Vamos ver se a Band noticia isso

Que a grande mídia é golpista todos nós sabemos, segundo Gramsci a grande imprensa é o Partido do Capital. No entanto poucas vezes, pelo menos desde a eleição de Fernando Collor em 1989, tivemos a oportunidade de ver isso de maneira tão exacerbada. O Partido dos Trabalhadores vem sofrendo desde que chegou ao governo central a maior campanha midiática com intuito desmoralizador que o Brasil já assistiu. Ondas de denuncismo, de achincalhação contra seus militantes, de preconceito contra o presidente democraticamente eleito, patrulhamento ideológico. Mentiras inventadas a exaustão e repetidas mil, duas mil vezes – a nossa mídia se mostra pupila de Göebbels – são as armas utilizadas pelo Partido do Capital a fim de expulsar da vida pública “essa raça”, palavras de Herr Bornhausen, um dos oráculos da grande mídia.

Na linha de frente dessa batalha travada pelo Partido do Capital versus o Partido dos Trabalhadores e a esquerda consciente estão os grandes meios de comunicação, sobretudo a ditos canais de TV aberta. O Grupo Bandeirantes através de suas emissoras de rádio e TV colocou no ar, semana passada, um editorial no qual acusava o governo Lula de irresponsável por rever os índices de produtividade no campo e insuflava os ruralistas a se levantar em guerra civil contra o governo democrático.

O Grupo Bandeirantes já teria passado de todo e qualquer limite possível dentro dos parâmetros democráticos fosse apenas a campanha enviesada contra a revisão dos índices de produtividade ao omitir, ou seria obliterar propositalmente, que ele próprio – cujo dono é Johnny Saad, neto e herdeiro de Adhemar de Barros – possui dezenas de grandes propriedade rurais, portanto, está no bojo dos empresários do agronegócio e é parte interessada na questão.

Agora o Ministério do Desenvolvimento Agrário traz à tona a consolidação dos resultados duma pesquisa realizada pelo IBGE em 2006 onde desmistifica a crença de que o agronegócio é o impulsionador da economia rural no Brasil. Mais, prova que as pequenas propriedades rurais, especialmente as que se encontram no segmento da agricultura familiar, são a garantia da segurança alimentar do país.

Os números são impressionantes. Por exemplo, além de ser a responsável pela manutenção do homem no campo, a agricultura familiar, que não ocupa nem um quarto das terras no país, corresponde a 38% do valor da produção.

Será que o Grupo Bandeirantes informará aos seus ouvintes e telespectadores os números da pesquisa? Ou usarão de algum subterfúgio e criarão mais um sofisma para desqualificá-la?

Não é à toa que o nosso Partido do Capital chama os golpistas de Honduras de “governo interino”.

Censo confirma: agricultura familiar produz mais em menor área


http://www.mda.gov.br/portal/index/show/index/cod/134/codInterno/22464


30/09/2009

O Censo Agropecuário 2006 traz uma novidade: pela primeira vez, a agricultura familiar brasileira é retratada nas pesquisas feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Foram identificados 4.367.902 estabelecimentos de agricultura familiar, que representam 84,4% do total, (5.175.489 estabelecimentos) mas ocupam apenas 24,3% (ou 80,25 milhões de hectares) da área dos estabelecimentos agropecuários brasileiros.

Apesar de ocupar apenas um quarto da área, a agricultura familiar responde por 38% do valor da produção (ou R$ 54,4 bilhões) desse total. Mesmo cultivando uma área menor, a agricultura familiar é responsável por garantir a segurança alimentar do País, gerando os produtos da cesta básica consumidos pelos brasileiros. O valor bruto da produção na agricultura familiar é de 677 reais por hectare/ano.
"Isso mostra a representatividade, o peso deste setor para a formação da nossa economia e da produção primária no País. Com isso, a agricultura familiar demonstra capacidade em gerar renda, em aproveitar bem o espaço físico e contribuir para a produção agrícola brasileira", afirma Daniel Maia, ministro interino do Desenvolvimento Agrário.

Os dados do IBGE apontam que em 2006, a agricultura familiar foi responsável por 87% da produção nacional de mandioca, 70% da produção de feijão, 46% do milho, 38% do café , 34% do arroz, 58% do leite , 59% do plantel de suínos, 50% das aves, 30% dos bovinos e, ainda, 21% do trigo. A cultura com menor participação da agricultura familiar foi a soja (16%). O valor médio da produção anual da agricultura familiar foi de R$ 13,99 mil.

Permanência no campo

Outro resultado positivo apontado pelo Censo 2006 é o número de pessoas ocupadas na agricultura: 12,3 milhões de trabalhadores no campo estão em estabelecimentos da agricultura familiar (74,4% do total de ocupados no campo). Ou seja, de cada dez ocupados no campo, sete estão na agricultura familiar , que emprega 15,3 pessoas por 100 hectares.


Para o ministro interino, esses números refletem a eficácia das políticas do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para manter os agricultores familiares no campo com boa produção e renda. "Os resultados desse Censo permitem constatar o quanto a participação da agricultura familiar é importante para a agropecuária e para a economia brasileira. O cenário, antes de pauperização e fuga do homem do campo, está sendo mudado, revertido", frisa.

Dois terços do total de ocupados no campo são homens. Mas o número de mulheres é bastante expressivo: 4,1 milhões de trabalhadoras no campo estão na agricultura familiar. As mulheres também são responsáveis pela direção de cerca de 600 mil estabelecimentos de agricultura familiar.

O Censo Agropecuário 2006 revela ainda que dos 4,3 milhões de estabelecimentos, 3,2 milhões de produtores são proprietários da terra. Isso representa 74,7% dos estabelecimentos com uma área de 87,7%.

Os critérios que definem o que é agricultura familiar foram determinados pela Lei nº 11.326 aprovada em 2006. Eles são mais restritivos do que os critérios usados em estudos feitos anteriormente por outros organismos como a Fao/Incra e universidades brasileiras que estudaram o setor. A Lei 11.326 determina que quatro módulos fiscais é o limite máximo para um empreendimento familiar. Determina também que a mão-de-obra deve ser predominantemente da própria família e a renda deve ser originada nas atividades da propriedade e a direção também tem que ser feita por um membro da família.

domingo, 27 de setembro de 2009

10 + – 7ª Posição: Led Zeppelin

Por Elias Varella

http://whiplash.net/materias/cds_users/071133-ledzeppelin.html

O que viria a ser o maior expoente do Hard Rock nos anos 70, famosos pela sua megalomania, lendárias historias envolvendo seus integrantes e, é claro, pela música impecável que viria a influenciar várias vertentes do Rock, teve um álbum de estréia que merece destaque dentro da sua discografia.

O auto intitulado Led Zeppelin, primeiro disco da carreira, já mostrava o potencial criativo da banda, que recheou o disco com blues, rock n’roll e músicas acústicas, demonstrando uma originalidade aparente e que chamou a atenção do público inglês da época. Robert Plant (vocal), Jimmy Page (guitarra), John Bonham (bateria) e John Paul Jones (baixo e órgão) fizeram questão mostrar o diferencial da banda dentre as outras que surgiam na época criando o “estilo Led Zeppelin” de música logo no primeiro disco. Todos eram excelentes músicos e juntos mostraram a magia que o Led Zeppelin conseguia transmitir nas suas músicas.

Logo na primeira faixa, Good Times Bad Times, eles já detonam fazendo um rock n’roll sincero com feeling e virtuosismo, características que transbordam nas musicas deste primeiro compacto. John Bonham traz uma batida diferente e original para a música e prova porque é considerado um dos melhores bateristas de todos os tempos. O ex-Yardbirds, Jimmy Page, deslancha uma linha e um timbre de guitarra que se tornou sua marca registrada e inconfundível com direito a um solo com raízes no blues.

A linda balada sedutora Babe I’m Gonna Leave you vem na seqüência. Jimmy Page mostra que sabe dedilhar um violão com genialidade, que voltará a ser evidenciada numa outra musica do disco. Mas o destaque fica por conta da interpretação de Plant, que canta com dor, sofrimento e faz o ouvinte entrar na musica e sentir tudo isso junto com ele, abusando do seu potencial interpretativo e alterando o tom de sua voz entre sussurros e gritos, tudo na hora certa, com direito aos famosos “babe, baby, baby, babe” do cantor.

You shook me é um dos famosos blues que o Led Zeppelin adorava interpretar e que se fizeram presentes ao longo de toda sua discografia. É uma aula de música: Page detonando solos monstruosos, Plant tocando gaita e cantando de forma magistral, principalmente no final, quando faz uma jam com a guitarra e solta seus gritos peculiares e afinados; a cozinha Jones e Bonham dando firmeza ao blues, incluindo solo de órgão de Jones que completa a excelente música.

Um ponto alto do disco acontece quando os primeiro acordes de baixo iniciam Dazed and Confused e um clima exótico e tenso aparece no ar. Hipnotizado pelo baixo, o ouvinte se entrega à música quando Plant inicia um dos seus melhores trabalhos vocais da sua carreira; é extremamente cativante a maneira como ele conduz a música. Aqui, Page se utiliza de um artifício que o tornou muito famoso e chamativo durante as performaces ao vivo (vide o dvd How The West Was Won): a utilização de um arco de violino para tocar a guitarra. O efeito é muito interessante e vale a pena conferir. A música sofre uma mudança de andamento que tem o ápice num inspiradíssimo solo de guitarra para depois voltar ao ritmo cadenciado do começo. Uma obra prima da música que mostra todo o inesgotável potencial da banda.

Your Time is Gonna Come é uma canção simples e bonita com um refrão que denuncia a época em que o disco foi lançado, 1969.

A viajem experimental do Led Zeppelin (e eles viajam muito bem) ocorre em Black Mountain Side, música instrumental e acústica, na qual Page, explorador de diferentes afinações no seu instrumento, muda a afinação de seu violão causando um efeito muito chamativo, complementado por Bonham que faz um excelente trabalho de percussão, dando à música um clima bem exótico.

Communication Breakdown dispensa comentários. Sucesso absoluto da banda. Um rockão simples, direto, calcado nos três acordes e que muitos acreditam ser a música precursora do punk rock, devido à sua estrutura bem básica e característica do movimento do final dos anos 70. Porém, diferentemente do que ocorre no punk, aqui tem lugar pra um solo de guitarra rápido e inspirado.

Mais um blues no estilo de You Shook Me é o que vem na seqüência em I Can’t Quit You Baby. E dá-lhe virtuosismo e feeling mais uma vez por parte de todos os músicos. O destaque fica com os solos de guitarra, que num tom improvisado, Page esbanja criatividade e impressiona com sua habilidade e desfila licks que contribuíram para sua fama de Guitar Hero.

O disco fecha com How Many More Times, faixa animada que é levada pela linha de baixo de Jones e fica na cabeça do ouvinte logo nos primeiros minutos da audição.

O disco de estréia da maior banda de Hard Rock de todos os tempos deve estar presente na discografia básica de qualquer amante da boa música. Marcante, imperdível, essencial!

Formação:

Jimmy Page (guitarras)
Robert Plant (vocal)
John Paul Jones (baixo)
John Bonhan (bateria)

Faixas:


1- Good Times Bad Times
2- Babe I’m Gonna Leave You
3- You Shook Me
4- Dazed And Confused
5- Your Time Gonna Come
6- Black Mountain Side
7- Communication Breakdown
8- I Can’t Quit You Baby
9- How Many More Times

Produção: Jimmy Page e Peter Grant

Luis Fernando Veríssimo

Quem lê meu blog há mais tempo sabe da aversão que nutro por Ricardo “Barriga Noblat. Quem ainda não sabe disto basta ler: http://dissolvendo-no-ar.blogspot.com/2009/06/sobre-pesquisas-analises-e-barrigadas.html.

O individuo além de praticar um mau jornalismo, na acepção do termo, não se preocupando em apurar os fatos noticiados em seu blog, ainda, ao que tudo indica, usa os contatos conseguidos por anos e anos trabalhando em Brasília para grandes veículos de comunicação – já trabalhou no Jornal do Brasil e atualmente trabalha para a família Marinho – em prol de benesses para si próprio tendo a petulância de pousar como vestal.

Noblat também é daqueles que não poupa esforços para bater no presidente Lula. Embora seja bem mais sutil que o fascista Reinaldo Azevedo, não descarta o subterfúgio do preconceito disseminado quando vê que os argumentos defendidos pela elite entreguista se consomem em enormes lacunas. Também é adepto incondicional da teoria formulada por Ali Kamel, a famosa “testando hipóteses”, e, portanto, não está nem aí em ser hipócrita e leviano. Alguns de seu comentários, de tão ruins, me fazem suspeitar que bebeu antes de escrever tamanha asneira.

Mesmo assim algumas pessoas tidas como de esquerda, e outras ligadas ao atual governo, como José Dirceu, por exemplo, estão acostumados a postar semanalmente artigos no citado blog.

Por que estou gastando tanto tempo falando sobre Ricardo “Barriga” Noblat e seu espaço na internet? Apenas para justificar que uma das melhores análises que li acerca da hipocrisia conservadora na questão hondurenha saiu exatamente do Blog do Noblat. A análise, bem pequena alias, é assinada por Luis Fernando Veríssimo, filho de um dos meus escritores preferidos e um dos poucos cronistas identificados como da esquerda que ainda não se converteu a direita a conseguir, ainda, espaço na grande mídia.

Boa leitura!!!


Perigo de gol


Por Luis Ferando Veríssimo, no Bolg do Noblat


http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2009/09/27/perigo-de-gol-226932.asp

Acho que está na hora de se desagravar a expressão “em cima do muro”. Ficar em cima do muro significa não ter opinião, não querer se comprometer, tentar agradar a todo o mundo — enfim, ser uma plasta assumida.

Mas o topo do muro também pode ser o lugar ideal para se estar, numa controvérsia.

Em cima do muro você e seus argumentos estão sobre uma base sólida (o muro), você pode examinar os dois lados da questão de uma posição privilegiada e ver mais longe do que qualquer um — e ainda ficar a salvo em caso de briga. Ou seja: também existe “em cima do muro” no bom sentido.

Por exemplo: Cuba. Há anos a esquerda brasileira é obrigada a preservar sua admiração pela pequena ilha que se transformou de bordel dos Estados Unidos numa imperfeita mas válida experiência de equalização social, com ênfase em educação e saúde públicas (e de independência, nas barbas dos seus antigos donos), de fatos inegáveis da ilha como a repressão à dissidência, a falta de pluralismo político e o culto à personalidade de um infindável Fidel.

E fica fazendo repetidas varia ções em torno da velha máxima de que fins nobres justificam meios sujos. De cima do muro pode-se admirar o admirável e lamentar o lamentável sem ter que recorrer a máximas. Em cima do muro não há julgamentos absolutos.

A direita brasileira está num dilema parecido com relação a Honduras. Não pode, sem o risco de ser chamada de hipócrita, dizer que o golpe não foi golpe, foi apenas um soluço nas formalidades democráticas.

Mas o desrespeito às formalidades democráticas condena qualquer regime, para a direita. Pelo menos da sua boca para fora. Teria sido uma ação preventiva em defesa da democracia ameaçada?

Quando um juiz de futebol apita uma falta que ninguém viu dentro da área, diz-se que apitou “perigo de gol”, para evitar problemas.

Em Honduras inauguraram uma nova expressão para o léxico político das Américas: perigo de venezuelização. Zelaya estaria se preparando para ser o Chávez de Honduras e as instituições se autogolpearam para impedi-lo. Uma espécie de suicídio profiláctico.

Contra uma assombração também vale qualquer meio. E, depois das políticas de segurança nacional dos tempos da Guerra Fria, o conservadorismo latino-americano encontra um novo pretexto para se mobilizar. Subamos todos no muro.

Em cima do muro não é preciso muita ginástica intelectual para explicar tantas contradições — mesmo porque não há muito espaço. E, olha: até o clima é melhor.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Tegucigalpa e o Itamaraty

A direita tupiniquim está esbravejando perante o acinte, segundo eles, perpetrado pelo Itamaraty ao abrir as portas para o presidente constitucionalmente eleito de Honduras. Alguns vêem na atitude algo mais que um mero ato isolado, afinal de contas Lula discursará na abertura da Assembléia da ONU nesta quarta-feira, 23 de setembro. E o refugio, asilo, ou abrigo dado a Manuel Zelaya fortalece o Brasil no cenário mundial, ou na pior das hipóteses no continente latino-americano.

É chover no molhado dizer que Zelaya trata-se do governo constitucional de Honduras, no entanto nossa mídia emporcalhada e mazombeira já decretou que, embora seja legítimo o governo brasileiro condenar o golpe de estado perpetrado pela direita hondurenha, se intrometer em assuntos internos e dar abrigo ao presidente deposto é atitude inapropriada e que não condiz com nossa tradição diplomática.

Na verdade temos uma mídia canhestra e tucana. Canhestra por ser tão desajeitada, afinal se posicionou contra o golpe, mas cobra do Estado brasileiro que não tome partido. E tucana, porque tal qual os tucanos nos anos 80 e inicio dos 90 fugir de tomar posições mais duras. Bom mesmo é ficar em cima do muro e vestir a camisa do lado vencedor.

Vale lembrar que toda a comunidade internacional, até mesmo os EEUU – ainda que de maneira tíbia e dúbia, porém oficialmente – condenou o golpe de estado liderado pela caserna golpista e apoiada efusivamente pele elite local. Então o Brasil agiu de modo correto e em sintonia com a comunidade internacional, a Unasul, a OEA e a ONU e qualquer agressão que nossa embaixada venha a sofrer poderá ser motivo de represália por parte do Conselho de Segurança da ONU. E aqui cabe um adendo, nem os regimes mais ditatoriais, tirânicos e perversos do século passado ousaram macular embaixadas. Portanto, na realidade, não é de se esperar que o governo de “facto”, encabeçado pelo usurpador Roberto Micheletti caia na tentação de cometer tamanho achaque.

Desde o anátema de Zelaya, em 28 de julho, que os golpistas vêm levando a crise em “banho Maria”, como se diz cá nas Minas. Fazia parte da estratégia não aceitar o retorno de Zelaya e ao mesmo tempo manter o calendário eleitoral, que por sua vez prevê eleições para presidente em 29 de novembro próximo. Com Zelaya deposto, longe do país e a margem do processo, e com um novo presidente eleito por sufrágio universal, defensores do antigo mandatário, mundo afora, estariam numa situação no mínimo incômoda, pois o golpe continuaria vivo, mas deixaria a comunidade internacional entre resignada e constrangida diante do futuro governo, aparentemente legítimo. Agora com o retorno de Zelaya ao local da ação, a pressão internacional é reacendida, as manifestações pró governo constitucional voltam às ruas e ninguém sabe ainda ao certo como se dará o desfecho da crise desencadeada pela direita retrógrada e anti-democrática.

O que mais preocupa no momento é a postura dos golpistas frente o retorno de Zelaya, o presidente legitimo e único, e a população, principalmente na capital Tegucigalpa, francamente a favor do governo deposto.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O Jejum no Mês de Ramadan

Por Nizar El-Khatib

No jejum do Ramadan (9º mês lunar), que iniciou-se em 22/agosto e terminou neste domingo com a comemoração de “Al Id”, mais de 1 bilhão de muçulmanos em todo o mundo abstiveram-se de beber água e comer, do alvorecer ao pôr-do-sol.

O Al Id é o dia em que as pessoas desejam felicitações umas às outras, geralmente durante as festas que são preparadas nas mesquitas quando do término do jejum. Sentimos uma alegria incomum após jejuarmos durante um mês inteiro.

A abstenção de alimentos nos faz refletir de maneira mais intensa sobre a nossa espiritualidade e a nossa atitude diante do mundo material e do consumo.

A sensação de fome nos coloca no lugar de nossos semelhantes que lutam com muita dificuldade pela sobrevivência, nos levando a refletir sobre a dor de tantas crianças famintas e o desespero de tantas mães para alimentarem seus filhos. O jejum nos leva a meditar e nos ensina a humildade. Durante este período desejamos paz, saúde e prosperidade para todas as pessoas e mentalizamos um mundo melhor, mais justo, com pessoas dignas e respeitadas, independentemente de religião, cor ou nacionalidade.

A privação de alimentos por vontade própria também nos leva a perceber nosso sistema digestivo como um importante centro de saúde ou enfermidade, e o alimento seu melhor remédio. É um processo de aprendizagem tanto sobre o nosso corpo quanto sobre os alimentos que ingerimos.

O jejum cultiva no homem, uma consciência vigilante e sã, um sentido criador de esperança e uma atitude otimista perante a realidade.
Cria no homem o verdadeiro espírito de dedicação social, de unidade, fraternidade e de igualdade perante a Deus e perante as Leis.
O jejum cria o sentimento de misericórdia e nos acostuma à disciplina, à generosidade e à paciência nas dificuldades.

O Islamismo, com a Instituição do jejum de Ramadan, traz à humanidade um benefício incomparável, transformando as pessoas em bondade, compreensão e amor.

Kúl ám u antúm bikheir (Felicidades em árabe)

Um forte abraço a todos e Feliz AL ID !

Nizar El-Khatib
, representante da comunidade árabe e companheiro de lutas populares aqui em Poços de Caldas.

domingo, 20 de setembro de 2009

10 + – 8ª Posição: Bringing It All Back Home

Bringing It All Back Home (Bob Dylan)

Por Rubens Leme da Costa


http://www.beatrix.pro.br/mofo/dylan.htm

Gravado rapidamente, Bringing It All Back Home marca uma espetacular virada em sua carreira [de Bob Dylan]. Muitos consideram seu melhor trabalho até hoje, não apenas pelas músicas, mas também pela evolução como letrista.

O primeiro ponto a se destacar é o título do álbum: "Trazendo tudo de volta para casa" fazia uma referência que o rock havia nascido na América, nos anos 50, e não com as bandas britânicas que invadiam a América. Dylan tentava, dessa maneira, fazer um resgate não apenas do rock, mas também de si mesmo.

A capa trazia várias referências: no colo do cantor havia um gato batizado de Rolling Stone; atrás apareciam capas de discos de Robert Johnson, Lenya, Von Schmidt e The Impressions; à sua frente uma capa da revista Time; dentro da lareira o seu disco Another Side Of Bob Dylan. A morena que aparece logo atrás dele era Sally Grossman, esposa de Albert Grossman, empresário do cantor.

No disco ainda conta com algumas fotos, tais como o cantor tocando com Joan Baz, uma foto do cantor Peter Yarrow- do trio Peter, Paul & Mary -, além da presença do poeta beat Allen Ginsberg.

O disco traz dois momentos distintos: o lado A era essencialmente elétrico mostrando seu futuro e o lado B, acústico retratatando seu passado.

Bringing It All Back Home abria com "Subterranean Homesick Blues", que seria o primeiro compacto do disco. A canção já dava mostras do novo som do cantor, cheio de guitarras influencidas por Chuck Berry, com uma letra bem sarcástica.

Uma curiosidade dessa canção é a presença do poeta Allen Ginsberg no vídeo promocional. Dylan fica em pé, com cartazes na mão contendo trechos da letra que ele vai descartando enquanto a música é tocada. Ela alcançou apenas a 39ª posição nas paradas.

Bob Dylan possuía uma profunda admiração pelo escritor: "Ginsberg é um dos dois santos que eu conheço pessoalmente. Ele é o único escritor que eu respeito. Gosto de outros, mas não tenho o mesmo respeito que tenho por Allen. Ele tem uma grande qualidade: ele não é poeta apenas no papel. Eu não me considero um poeta da mesma maneira que não me considero um cantor que faz música de protesto. Mas Allen é um poeta verdadeiro. Ele chegou a musicar seus poemas."

Outro destaque do disco é "Maggie's Farm". Em 1961 Dylan cantava "Hard Times in the Country", em que narrava a exploração de um fazendeiro sobre seus empregados. Dylan também gostava muito da canção "Penny Farm", gravada pelo lendário músico Pete Seeger, em 1950. Dessas duas, nasceu "Maggie's Farm", em que o cantor canta que não trabalhará mais na fazenda de Maggie. Essa canção fez um enorme sucesso na Inglaterra, em 1978, quando a conservadora Margaret Thatcher subiu ao poder. A canção acabou dando nome a uma história em quadrinhos da revista inglesa Time Out.

"Love Minus Zero/No Limit" pode ser considerado uma anti-canção de amor, com Dylan usando uma metáfora de uma mulher isolada no mundo, mas que tenta evitar todas as armadilhas comuns em um relacionamento amoroso.

"On The Road Again" é uma sucessão de imagens grotescas, absurdas que tanto fascinavam o cantor nessa época. "Bob Dylan's 115th Dream" tem como grande curiosidade um ataque de risos do cantor logo no início da música. Dylan quebra a tensão da gravação rindo e depois a canta de um fôlego só. É com ela que o lado A é fechada.

O lado B, totalmente acústico, é o que traz os grandes momentos do disco. São apenas quatro canções, todas clássicas. Abre com "Mr. Tambourine Man", emblemática música que tenta narra a busca da transcedência de um artista. Nessa letra Dylan fala de todas as angústias de um ser humano. Há quem enxergue nela uma apologia às drogas já que "Tambourine Man" poderia ser um curandeiro e que essa transcedência que Dylan tanto busca venha através das drogas ilícitas., tese refutada pelo cantor: "as drogas nunca fizeram parte da canção. Parte da magia da canção vem dos "tambourine men" que encontrei pela vida. O mais impressionante é que essa intricada letra foi escrita quando o cantor tinha apenas 23 anos.

A segunda canção do lado B é "Gates Of Eden", uma canção sobre a salvação espiritual. A música teve como inspiração o poeta William Blake, que escreveu um texto chamado The Keys Of The Gates, que por sua vez tinha sido inspirado em The Gates of Paradise. Dylan joga com a ambiguidade mais uma vez e até hoje se discute se o cantor fala do Eden de uma maneira positiva ou negativa ou se é apenas uma representação de uma busca interior.

"It's Alright Ma (I'm Only Bleeding)" pega o título emprestado da canção de Arthur "Big Boy" Crudup "That's All Right, Mama", primeiro compacto de Elvis Presley, fato confirmado pelo cantor. Nela, Dylan tenta destruir todos os mitos da sociedade atual e fala das mazelas e traz uma das mais famosas frases de sua autoria "he not busy being born, is busy dying" (ele não está ocupado em nascer e sim em morrer). É uma canção que contesta a condição humana e alerta para a revolução sexual que viria a seguir. Um pesadelo em forma de letra.

O disco fecha com a não menos clássica "It's All Over Now, Baby Blue", que funciona como um adeus em diversos níveis. Nela Dylan aborda Carl Jung e o fenômeno da sincronicidade, dá seu adeus à esquerda, às ilusões amorosas e às ilusões plantadas na juventude. "A estrada é para os jogadores e é melhor usar seu bom senso", avisa o cantor logo no início da segunda estrofe. A melodia triste e lenta soa exatamente como um adeus, uma metáfora também ao velho estilo Dylan de cantar.

Lançado em março de 1965, Bringing It All Back Home foi um tremendo sucesso, apesar de confundir a crítica. Alguns desciam a lenha por Dylan ter aderido à guitarra elétrica, enquanto outros elogiavam a postura e consideravam o disco uma obra-prima.

Mas Dylan começou a enfrentar problemas e ser acusado de ter traído a música folk e apostando numa fórmula mais comercial, indo de encontro ao rock. Essas acusações o perseguiriam por todo ano de 1965.

Ironicamente, Dylan encontraria paz e respeito em sua excursão pela Inglaterra entre os meses de abril e junho, tendo na platéia os Beatles e os Rolling Stones. Dylan havia virado uma estrela ainda maior após os Beatles falarem como o cantor havia influenciado o quarteto. Foi nessa excursão que começaram as filmagens do documentário Don't Look Back, que seria lançado comercialmente em 1967 e foi dirigido por D. A. Pennebaker. De uma hora para outra, Dylan foi colocado no altar do mundo pop, deixando de ser apenas um cantor folk favorito dos universitários e foi alçado a condição de mito. Uma posição que o incomodou: "eu não me vejo com uma estrela e por isso não quero passar a imagem que sou isso. Eu prefiro me comportar da mesma maneira do início de minha carreira, quando eu era um desconhecido."


Faixas:


Lado 1

1. "Subterranean Homesick Blues" – 2:21
2. "She Belongs to Me" – 2:47
3. "Maggie's Farm" – 3:54
4. "Love Minus Zero/No Limit" – 2:51
5. "Outlaw Blues" – 3:05
6. "On the Road Again"– 2:35
7. "Bob Dylan's 115th Dream"– 6:30

Lado 2

1. "Mr. Tambourine Man" – 5:30
2. "Gates of Eden" – 5:40
3. "It's Alright, Ma (I'm Only Bleeding)" – 7:29
4. "It's All Over Now, Baby Blue" – 4:12


Músicos:

Al Gorgone, John Hammond, Jr., Bruce Langhorne e Kenneth Rankin (guitarras); Paul Griffin, Frank Owens (piano); William E. Lee, Joseph Macho, Jr. e John Sebastian (baixo) e Bobby Gregg (bateria).

Produção: Tom Wilson

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Abandono Escolar

Por Yuri de Almeida Gonçalves

Em pronunciamento no Senado nesse dia 17 de setembro, o senador Cristovam Buarque revelou que no Brasil acontecem 60 (sessenta) abandonos por minuto na escola pública. Apesar de mais desenvolvido, o sul de Minas contribui para esse alarmante dado.


A questão é que as autoridades políticas continuam pensando que educação se resume em escolas. Isso é ignorância que culmina na responsabilização de professores pela problemática.


O professor é apenas uma peça no processo educacional. No Brasil de hoje falta sim a esse profissional uma melhor didática e entendimento sobre como lidar com comportamentos diferenciados, manifesto na adolescência desde sempre. Se lembrarmos de nós no ensino fundamental e médio também tivemos nossas travessuras. A problemática não são as travessuras de crianças e adolescentes, mas acarretam-se vários fatores em detrimento da educação, chegando ao ponto de manifestar com mais freqüência um maior grau de violência, falta de aprendizagem, falta de interesse e até abandono.


Os obstáculos são muitos, como o problema social, baixa auto-estima devido a falta de perspectiva dos jovens, família desestruturada, falta de limite e impunidade da própria sociedade e em termos psicológicos, problemas afetivos, ou seja, o adolescente em sua formação não tem afeto em casa, não tem na rua, não tem exemplo na TV, não tem na escola e assim por diante.


As autoridades em educação precisam cercar o problema na raiz para resolver esse número alto de abandono e de analfabetos que saem da educação básica. Para isso, as unidades escolares precisam de mais profissionais além do diretor, supervisor, professores, secretários, bibliotecários, funcionários em geral, como o assistente social. Muitas unidades precisam desse profissional para fazer uma triagem individual primeva sobre o que acarreta o desinteresse no ensino. Em muitos casos o assistente apontará que o problema deve ser encaminhado ao Ministério Público, pois há bons casos de abandono por maus-tratos até físico em casa, o que foge da autoridade da unidade escolar.


Outro profissional que se faz necessário é o psicólogo, pois se os adultos com sua maturidade mal conseguem entender as desfunções de seu ser, imagina um adolescente em plena mudança hormonal e de mentalidade.

Poderíamos citar ainda o psicopedagogo para auxiliar crianças e adolescentes com dificuldade em aprendizagem. E vou mais longe, até neurologista deve socorrer alguns casos cujo problema comportamental ou de aprendizagem podem estar ligados a problemas orgânicos, necessitando de acompanhamento médico, como por exemplo o TDAH que é um transtorno neurobiológico, o transtorno bipolar, esquizofrenia e muitos outros casos.


Educação não é algo simples que se resolve com quadro, giz e didática apenas, o problema é mais sério e se o Brasil não acordar para isso teremos uma sociedade mais desigual, violenta e corrupta no futuro breve.


“A falta de cultura é o grande problema de nosso povo. Eu pago primeiro ao professor e só depois ao general.” (Pancho Villa)


Yuri de Almeida Gonçalves é bacharel em teologia, licenciado em História e especialista em História e Construção Social no Brasil radicado em Poços de Caldas. O seu e-mail é yuridemetal@yahoo.com.br

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O STF E OLGA BENÁRIO

Por Rui Martins no sítio “Direto da Redação”

www.diretodaredacao.com

Berna (Suiça) - A história é feita de heróis mas também de covardes e vendidos, aos atos de coragem se contrapõem os de traições. Vitórias são sufocadas por derrotas, longas que parecem eternas, e a luz do sol desaparece nas cavernas das prisões dos fascistas de todos os tempos.


Chegamos na encruzilhada, temida mas que parecia impossível de tão absurda, porque além de driblar a lei é também um ato de submissão a um governo estrangeiro, ressurreição e cópia conforme de um momento de trevas na história recente da humanidade.


Olga Benário Prestes, a jovem alemã presa grávida na antiga prisão da Frei Caneca, no Rio, era judia e comunista. Seu feto tinha sido gerado por Luiz Carlos Prestes, o Cavaleiro de uma Esperança que não chegou a concretizar. E a justiça brasileira, na sua Corte Suprema, o STF, rejeitou o que poderia ter impedido o crime hediondo mas legal – o de se deportar para a Alemanha nazista, uma judia com destino certo à morte num campo de concentração, tendo no seu ventre uma menina brasileira, nascida no campo da morte de Ravenscbruck, órfã de mãe já nos seus primeiros meses e que só veria o pai ao ter dez anos.


Esse hediondo crime legal, que ainda hoje envergonha nosso país e desqualifica nosso sistema judiciário, foi cometido dentro dos preceitos, prazos e exigência da lei, com arrazoados, falas e decisões assinadas por togados juízes da nossa mais alta magistratura – o Supremo Tribunal Federal. Mas os nomes da vergonha, daqueles que se sujeitaram aos desejos do Estado Novo e de seu capanga, chefe do Doi-Codi da época, Felinto Muller, se perpetuam e podem ser lidos, pelos amantes do Direito como os autores da pena de morte, decisão tomada por pusilânimes ou covardes.


Diz a Bíblia, que a justiça divina se aplica no decorrer de mil gerações. Amen, que assim seja. O relator do processo que negou habeas-corpus a Olga Benário foi o ministro Bento de Faria, o presidente do STF, Edmundo Lins, e os ministros Hermenegildo de Barros, Plínio Casado, Laudo de Camargo, Costa Manso, Otávio Kelly e Ataulfo de Paiva.


Coincidência ou ajuste de contas divino, Felinto Muller, o delegado Fleury daqueles anos, morreu carbonizado no único acidente internacional da Varig, alguns quilômetros antes de pousar no aeroporto de Orly.


A lei brasileira garantia que uma mulher em estado de gravidez avançado não poderia mais ser extraditada e que, depois de nascido o filho ou filha, já não poderia mais ser expulsa e extraditada. Mas, como dizia o ditador da época, “a lei, ora a lei”(expressão que se tornou antológica, repetida e observada mesmo por togados do STF), e logo surgiram juristas para justificar o desconhecimento da lei, como Clóvis Beviláqua, mesmo se a medida “visando a expulsanda, fosse atingir o nascituro”.


Triste episódio, triste lembrança, triste história do nosso Direito que poderá conhecer um remake, porque a honra, a coragem e a humanidade não são transmissíveis como os genes, mas se constroem no decurso da vida.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

10 + – 9ª Posição: Disraeli Gears

Disraeli Gears (Cream)

Por Aroldo Glomb

http://www.dropmusic.com.br/index.php/opiniao/discos-essenciais/361-cream-disraeli-gears

Disraeli Gears é o nome do disco que melhor representa a sonoridade da banda [Cream]. Lançado em 1967, apresenta Eric Clapton (guitarra), Jack Bruce (baixo) e Ginger Baker (bateria) no auge da forma. Um dos melhores power trios de todos os tempos começa o disco com STRANGE BREW, uma canção lenta e marcada pelo som agudo da guitarra de Clapton. Aliás, ele ganhou a fama de ´slow hand´ (mão lenta) por causa de músicas como esta. Isso nunca foi um insulto para ele, mas uma definição de seu estilo de tocar blues de maneira singular. A cozinha jazzística da banda dava o tempero que Clapton precisava, e logo na entrada é notório que eles não estavam pra brincadeiras. No auge de um período psicodélico, eles mandam bala na mais do que aclamada SUNSHINE OF YOUR LOVE , com o marcante riff que consagraria a banda. Até mesmo Hendrix regravou esta música de maneira instrumental e raivosa, provando que até mesmo o maior dos guitarristas da época havia se rendido à magia do Cream. Essa é daquelas canções que até mesmo o mais distraído, musicalmente falando, para e afirma: EI, JÁ ESCUTEI ESSA DAQUI. SIM, estamos falando de um clássico absoluto. Mas o disco tem mais...

WORLD OF PAIN é igualmente carregada no estilo a banda, até mesmo na bateria, que segue com mais bumbos do que caixas. A prova de que Clapton havia escolhido bem os seus seguidores, está nesta melancólica canção. DANCE THE NIGHT AWAY é uma música que segue a fórmula apresentada até agora. Engraçado como, apesar de ter a mesma fórmula em todas as faixas , o disco não soa repetitivo. DANCE... é a prova, já que se utiliza da mesma estrutura da anterior, e consegue apresentar uma guitarra mais frenética. Mas o disco ainda tem mais....

BLUE CONDITION é um blues raiz, arrastado e com guitarras bem arranjadas. As viradas que as baquetas proporcionam, mesmo parecendo simples, mostram a qualidade da banda em transformar coisas simples em algo espetacular. Até que o ponto alto do disco aparece....SE PREPAREM PARA A GRANDE ´TALES OF BRAVE ULYSSES´!!!!

Aqui o bicho pega... wah-wah direto nas guitarras, batidas mezzo-indígenas / mezzo-jazz na batera, baixo firme em escala, não há desculpas mesmo! A banda arrebenta tudo em prol do rock e cria uma dos clássicos mais absolutos dos anos sessenta. Ao lado de SUNSHINE, a melhor coisa que tem neste disco, sem sombras de dúvida. Mas, como dizer isso sem cair em contradição agora? Poxa, começa a tocar SWLAB e a frenética guitarra entra em ação. Essa é para agitar qualquer festa, evento, casamento, funeral, etc. Preste atenção no solo e pense se era exagero algumas pessoas chamarem Clapton de Deus da guitarra... acho que não tinha nenhum exagero! As ´muitas cores fantásticas´ desta canção levam, até mesmo que não viveu aqueles tempos, de volta no tempo. E... o disco ainda não acabou....

WE´RE GOING WRONG é mais estranha do álbum, talvez um momento mais calmo, para refrescar a cabeça nesta altura do campeonato. Mesmo assim, uma canção hipnótica e paranóica que mostra tudo o que um grupo pode explorar (preste atenção aos detalhes ao final dela). Novamente, o blues de forma simples aparece em OUTSIDE WOMAN BLUES, onde Clapton se sente mais à vontade. O disco esta terminando, infelizmente....
TAKE IT BACK lembra muito Rolling Stones, com gaita harmônica e tudo. Nada mais justo, já que todas as bandas desta época viviam no mesmo círculo de amizades e de shows. Até mesmo o clima criado por gritos de estúdio, como se fosse ao vivo, nos remete aos Stones. Um grande solo de harmônica corre solto pela canção e, de repente, o disco acaba (não, não tem mais não...) na pequena Mother´s Lament, uma brincadeira apenas com piano e voz, mostrando que o bom humor também pode dar as caras em um disco importante.

É isso! Um dos melhores representantes dos anos sessenta é a ´nata´ mesmo. Cream é sinônimo de boa música que nunca será datada, mesmo após mais de 30 anos do lançamento de Disraeli Gears.

E pensar que o disco só entrou na minha coleção após muitos anos, dá vontade de me autopunir de alguma forma. Não cometa o mesmo erro que eu, e procure logo este clássico absoluto!!!! Ou vai ficar apenas lendo aqui?

Faixas:

1. "Strange Brew"
2. "Sunshine Of Your Love"
3. "World Of Pain"
4. "Dance The Night Away"
5. "Blue Condition"
6. "Tales Of Brave Ulysses"
7. "S.W.L.A.B.R."
8. "We're Going Wrong"
9. "Outside Woman Blues"
10. "Take It Back"
11. "Mother's Lament"


Cream:

Eric Clapton (guitarras)
Jack Bruce (baixo e vocal)
Ginger Baker (bateria e percussão)



Produção: Felix Pappalardi

domingo, 13 de setembro de 2009

10 + – 10ª Posição: London Calling

London Calling (The Clash)

Por André Melo


http://lemonsoup.blogspot.com/2004/09/clash-london-calling.html

É inegável a influência do Clash ao longo de sua existência e a que ainda ostenta quase 20 anos depois de ter encerrado as atividades. Desde 1976, ano em que apareceu no cenário punk de Londres, pipocam bandas pelo mundo todo querendo se aproximar musicalmente dos caras, não importando se são seus conterrâneos (The Cure, Joy Division, Echo & The Bunnymen) ou surgidos nesta ultima grande onda punk de dez anos atrás (Green Day, Offspring, Rancid). Em terras brasileiras também apareceram seguidores (Ira!, Capital Inicial, Legião Urbana).

A obra-prima de Joe Strummer (guitarra e vocal), Mick Jones (guitarra e vocal), Paul Simonon (baixo) e Topper Headon (bateria) foi London Calling. Lançado originalmente em 1979 como vinil duplo (a versão em CD é simples), mas custando o preço de um simples (o quarteto abriu mão de parte dos seus lucros), o álbum mostra a banda politizada como sempre foi, mas flertando um pouco mais com outros ritmos, trazendo mais informação musical para as já manjadas três notas do punk. Em várias faixas podemos ouvir pianos, órgãos e metais se somando ao som do grupo e contribuindo para os elementos de reggae e de jazz aqui presentes.

Já na capa do disco pode-se perceber a que eles vieram. Trata-se de uma paródia ao álbum de estréia do Elvis Presley, com as palavras "London" e "Calling" dispostas na mesma fonte, cor e posição das palavras "Elvis" e "Presley" do disco do rei, mas com a foto de Simonon prestes a estilhaçar um Fender Precision (seu baixo preferido) no palco de um show em Nova York. Os restos mortais do instrumento podem ser encontrados hoje no museu do Rock & Roll Hall of Fame.

O álbum é aberto com a faixa-título. O hino London Calling clama a presença de garotos e garotas londrinos para uma guerra já declarada pelo movimento punk contra a sociedade local - "London Calling to the faraway towns, now that war is declared, and the battle come down, London Calling to the underworld, Come out the cupboard, all you boys and girls". E a guerra se estende por todo o disco, sejam as letras falando sobre a polícia, como na jazzística Jimmy Jazz; sobre traficantes, na festiva Hateful; ou sobre uma guerra de verdade, como em Spanish Bombs. Aliás, com seu refrão em espanhol, esta é uma das mais empolgantes do disco.
As letras afiadas de Strummer e Jones não perdem uma só oportunidade de criticar o governo e a forma de vida inglesa dos anos 70. A primorosa Lost in the Supermarket, além de mostrar uma banda afinadíssima (riffs bacanas, baixo e bateria no lugar exato, vocais se completando...) discute a febre consumista, Koka Kola fala da cocaína (e do refrigerante) infiltrada nos "corredores do poder"...

O reggae e o ska aparecem de forma marcante. Rudie Can't Fail, The Guns of Brixton e Wrong 'Em Boyo mostram o porquê de hoje ser tão dificil conseguir classificar (comercialmente falando) bandas novas como sendo representantes de ska ou de punk. A penúltima faixa, Revolution Rock, só vem ratificar essa fusão de ritmos. É engraçado ouvir uma música com um título forte como este ser na verdade... Um reggae! E com direito à batida havaiana, naipe de metais, baixo suingado e uma guitarra chorada de dar dó.

Na verdade, a porrada do disco está em Death or Glory. Seria possível título mais punk do que este? E para fechar com toda a classe, a ótima Train in Vain (Stand by Me) , que desde a introdução na bateria (que 15 anos mais tarde foi tomada de empréstimo pelo Garbage para a sua Stupid Girl) até os acordes finais é cativante - "The only thing I can say, Stand by me". Um álbum que ficou para a história, London Calling foi como uma introdução aos anos 80. Ouvindo suas 19 músicas, é difícil não achar alguma coisa que não tenha influenciado quem foi sucesso em qualquer parte do planeta à época, sejam punks, pós-punks ou new wave. E pensar que depois disso o Clash ainda teve lenha para queimar e fez mais alguns discos muito bons.

Faixas:


Lado 1

01.London Calling (Joe Strummer e Mick Jones)
02. Brand New Cadillac (Vince Taylor)
03. Jimmy Jazz (Joe Strummer e Mick Jones)
04. Hateful (Joe Strummer e Mick Jones)
05. Rudie Can’t Fail (Joe Strummer e Mick Jones)

* As faixas de 1 a 4 são cantadas por Joe Strummer e a faixa 5 é cantada por Joe Strummer e por Mick Jones.

Lado 2
01. Spanish Bombs (Joe Strummer e Mick Jones)
02. The Right Profile (Joe Strummer e Mick Jones)
03. Lost in the Supermarket (Joe Strummer e Mick Jones)
04. Clampdown (Joe Strummer e Mick Jones)
05. The Guns of Brixton (Paul Simonon)

* As faixas 1 e 4 são cantadas por Joe Strummer e Mick Jones, a faixa 2 é cantada por Joe Strummer, a faixa 3 é cantada por Mick Jones e a faixa 5 é cantada por Paul Simonon.

Lado 3

01. Wrong ‘Em Boyo (Clive Alphonso)
02. Death or Glory (Joe Strummer e Mick Jones)
03. Koka Kola (Joe Strummer e Mick Jones)
04. The Card Cheat (Jones, Strummer, Simonon, Topper Headon)

* As faixas de 1 a 3 são cantadas por Joe Strummer e a faixa 4 é cantada por Mick Jones.

Lado 4

01. Lover’s Rock (Joe Strummer e Mick Jones)
02. Four Horsemen (Joe Strummer e Mick Jones)
03. I’m Not Down (Joe Strummer e Mick Jones)
04. Revolution Rock (Jackie Edwards, Danny Ray)
05. Train in Vain (Joe Strummer e Mick Jones)

* A faixa 1 é cantada por Joe Strummer e Mick Jones, as faixas 2 e 4 são cantadas por Joe Strummer e as faixas 3 e 5 são cantadas por Mick Jones.

Formação:


Joe Strummer - Voz, guitarra base e piano
Mick Jones - Voz, guitarra e piano
Paul Simonon - Voz e baixo
Topper Headon - Bateria e percussão
Mickey Gallagher – Órgão

Produção: Guy Stevens

10 +

Há alguns meses atrás me empenhei numa deliciosa pesquisa empírica a fim de descobrir quais seriam em minha subjetividade os discos de Rock & Roll mais gostosos de ouvir. Após esse trabalho, nada enfadonho, compilei uma lista e busquei em vários blogs e sites especializados resenhas sobre pelo menos os dez primeiros colocados.

Agora, enfim, com três meses de atraso começo a postar as resenhas.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O discurso monocórdio

Parece piada, mas não é.

O Jornal Nacional da Rede Globo está completando 40 anos com uma série de reportagens sobre si próprio.

Nessa quinta-feira, 10 de setembro, foi ao ar um resumo sobre a história política do Brasil nas últimas quatro décadas. Obviamente esse resumo foi feito de acordo a visão do JN.

Após passar pelo período da ditadura militar, pela eleição indireta de Tancredo Neves, pela redemocratização do país, pela promulgação da Constituição de 1988, eleição e impeachment de Collor, governo Itamar Franco e primeiro governo FFHH, o JN deu ênfase ao primeiro pronunciamento de FFHH reeleito, onde o “mestre” de todos os tucanos afirmou peremptoriamente, e coube a Willian Bonner reafirmar, que reduziria os “gastos do governo”.

O JN não disse, e nem precisava, mas essa era a receita dos tucanos no intuito de combater a crise econômica, originada na Rússia, que se abatera sobre nós.

Nada mais simbólico pra um governo que ficou marcado pela ineficiência, pelo sucateamento do Estado e pelo entreguismo exasperado, do que simplesmente cortar – ainda mais!!! – gastos públicos. Além do monocórdio discurso do Estado mínimo, essa é única receita aviada pelos tucanos.

Serra ou Aécio podem, inclusive, mostrar ao Brasil como o governo deles – afinal Serra era ministro da Saúde e Aécio um dos principais deputados do bloco governista – enfrentou a crise de 1998-99 e comparar às medidas tomadas por Lula dez anos depois.

O povo brasileiro agradeceria tal exercício de reflexão.

Pela imediata privatização da revista Veja

Por Altamiro Borges em seu blog

http://altamiroborges.blogspot.com/

Numa conversa descontraída no aeroporto de Brasília, o irreverente Sérgio Amadeu, professor da Faculdade Cásper Libero e uma das maiores autoridades brasileiras em internet, deu uma idéia brilhante. Propôs o início imediato de uma campanha nacional pela privatização da Veja. Afinal, a poderosa Editora Abril, que publica a revista semanal preferida das elites colonizadas, sempre pregou a redução do papel do Estado, mas vive surrupiando os cofres públicos. “Se não fossem os subsídios e a publicidade oficial, as revistas da Abril iriam à falência”, prognosticou Serginho.

As “generosidades” do governo Lula


Pesquisas recentes confirmam a sua tese. Carlos Lopes, editor do jornal Hora do Povo, descobriu no Portal da Transparência que “nos últimos cinco anos, o Ministério da Educação repassou ao grupo Abril a quantia de R$ 719.630.139,55 para compra de livros didáticos. Foi o maior repasse de recursos públicos destinados a livros didáticos dentre todos os grupos editoriais do país... Nenhum outro recebeu, nesse período, tanto dinheiro do MEC. Desde 2004, o grupo da Veja ficou com mais de um quinto dos recursos (22,45%) do MEC para compra de livros didáticos”.

Indignado, Carlos Lopes criticou. “O MEC, infelizmente, está adotando uma política de fornecer dinheiro público para que o Civita sustente seu panfleto – a revista Veja”. Realmente, é um baita absurdo que o governo Lula ajude a “alimentar cobras”, financiando o Grupo Abril com compras milionárias de publicações questionáveis, isenção fiscal em papel e publicidade oficial. Não há o que justifique tamanha bondade com inimigos tão ferrenhos da democracia e da ética jornalística. Ou é muita ingenuidade, ou muito pragmatismo, ou muita tibieza. Ou as três “virtudes” juntas.

A relação promiscua com os tucanos


Já da parte de governos demos-tucanos, o apoio à famíglia Civita é perfeitamente compreensível. Afinal, a Editora Abril é hoje o principal quartel-general da oposição golpista no país e a revista Veja é o mais atuante e corrosivo partido da direita brasileira. Não é de se estranhar suas relações promiscuas com o presidenciável José Serra e outros expoentes do PSDB-DEM. Recentemente, o Ministério Público Estadual acolheu representação do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) e abriu o inquérito civil número 249 para apurar irregularidades no contrato firmado entre o governo paulista e a Editora Abril na compra de 220 mil assinaturas da revista Nova Escola.

A compra de 220 mil assinaturas representa quase 25% da tiragem total da revista Nova Escola e injetou R$ 3,7 milhões aos cofres do “barão da mídia” Victor Civita. Mas este não é o único caso de privilégio ao grupo direitista. José Serra também apresentou proposta curricular que obriga a inclusão no ensino médio de aulas baseadas nas edições encalhadas do “Guia do Estudante”, outra publicação da Abril. Como observa do deputado Ivan Valente, “cada vez mais, a editora ocupa espaço nas escolas de São Paulo. Isso totaliza, hoje, cerca de R$ 10 milhões de recursos públicos destinados a esta instituição privada, considerado apenas o segundo semestre de 2008”.

O mensalão da mídia golpista


Segundo o blog NaMariaNews, que monitora a deterioração da educação em São Paulo, o rombo nos cofres públicos pode ser ainda maior. Numa minuciosa pesquisa aos editais publicados no Diário Oficial, o blog descobriu o que parece ser um autêntico “mensalão” pago pelo tucanato ao Grupo Abril e a outras editoras, como Globo e Folha. Os dados são impressionantes e reforçam a sugestão de Sérgio Amadeu da deflagração imediata da campanha pela “privatização” da revista Veja. Chega de sugar os cofres públicos! Reproduzo abaixo algumas mamatas do Grupo Civita:


- DO de 23 de outubro de 2007. Fundação Victor Civita. Assinatura da revista Nova Escola, destinada às escolas da rede estadual de ensino.
Prazo: 300 dias. Valor: R$ 408.600,00. Data da assinatura: 27/09/2007. No seu despacho, a diretora de projetos especial da secretaria declara “inexigível licitação, pois se trata de renovação de 18.160 assinaturas da revista Nova Escola.

- DO de 29 de março de 2008. Editora Abril. Aquisição de 6.000 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 365 dias. Valor: R$ 2.142.000,00. Data da assinatura: 14/03/2008.

- DO de 23 de abril de 2008. Editora Abril. Aquisição de 415.000 exemplares do Guia do Estudante. Prazo: 30 dias. Valor: R$ 2.437.918,00. Data da assinatura: 15/04/2008.

- DO de 12 de agosto de 2008. Editora Abril. Aquisição de 5.155 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 365 dias. Valor: R$ 1.840.335,00. Data da assinatura: 23/07/2008.

- DO de 22 de outubro de 2008. Editora Abril. Impressão, manuseio e acabamento de 2 edições do Guia do Estudante. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 4.363.425,00. Data da assinatura: 08/09/2008.

- DO de 25 de outubro de 2008. Fundação Victor Civita. Aquisição de 220.000 assinaturas da revista Nova Escola. Prazo: 300 dias. Valor: R$ 3.740.000,00. Data da assinatura: 01/10/2008.

- DO de 11 de fevereiro de 2009. Editora Abril. Aquisição de 430.000 exemplares do Guia do Estudante. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 2.498.838,00. Data da assinatura: 05/02/2009.

- DO de 17 de abril de 2009. Editora Abril. Aquisição de 25.702 assinaturas da revista Recreio. Prazo: 608 dias. Valor: R$ 12.963.060,72. Data da assinatura: 09/04/2009.

- DO de 20 de maio de 2009. Editora Abril. Aquisição de 5.449 assinaturas da revista Veja. Prazo: 364 dias. Valor: R$ 1.167.175,80. Data da assinatura: 18/05/2009.

- DO de 16 de junho de 2009. Editora Abril. Aquisição de 540.000 exemplares do Guia do Estudante e de 25.000 exemplares da publicação Atualidades – Revista do Professor. Prazo: 45 dias. Valor: R$ 3.143.120,00. Data da assinatura: 10/06/2009.

Para não parecer perseguição à asquerosa revista Veja, cito alguns dados do blog sobre a compra de outras publicações. O Diário Oficial de 12 de maio passado informa que o governo José Serra comprou 5.449 assinaturas do jornal Folha de S.Paulo, que desde a “ditabranda” viu desabar sua credibilidade e perdeu assinantes. Valor da generosidade tucana: R$ 2.704.883,60. Já o DO de 15 de maio publica a compra de 5.449 assinaturas do jornalão oligárquico O Estado de S.Paulo por R$ 2.691.806,00. E o de 21 de maio informa a aquisição de 5.449 assinaturas da revista Época, da Globo, por R$ 1.190.061,60. Depois estes veículos criticam o “mensalão” no parlamento.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

El Lacayo

E não é que o “lacaio” a serviço dos interesses ianques está mais perto do que nunca de disputar pela terceira vez consecutiva a presidência do “protetorado” colombiano.

Sim, porque é exatamente isso que Uribe é, um “lacaio” dos interesses ianques na América do Sul. Já a Colômbia, infelizmente, sob a batuta do Lacaio torna-se a cada dia, mais e mais, um protetorado ianque, ou no mínimo uma enorme base norte-americana incrustada no subcontinente sul-americano.

Pois é, Menem, Fujimori e FFHH fizeram escola na América Latina. Agora durma-se com um barulho desses.

Ademais Uribe para aprovar o primeiro projeto de reeleição parece ter seguido a cartilha dada de presente por FFHH. Nela o nosso ex-presidente tucano, de tristes recordações para o povo brasileiro, lhe ensina passo a passo como comprar votos para emendas constitucionais.

E o pior. A mídia oligopolizada tem vacilado no tratamento do tema. Algumas vezes tem se omitido, outras trata-o de maneira superficial, ou, em alguns casos, elogiado a postura de Álvaro Uribe e o chama de herói (O Estadão da família Frias fez isso com todas as letras e nem se enrubesceu!!!).

Esse tratamento é ridículo se comparado ao dado a Hugo Chávez, Evo Morles e Rafael Correa. Afinal enquanto Uribe é o “herói,” eles são os “lunáticos bolivarianos”. Isso sem falar do tratamento que essa mesma mídia deu ao factóide do terceiro mandato de Lula.

Na Colômbia já não bastasse o fato de estar se tornando paulatinamente um protetorado ianque, ainda temos pelo menos dois enormes agravantes relacionados entre si.

O primeiro é a política de não diálogo adotada por Uribe contra as FARC. Sem diálogo com as FARC há apenas uma tendência para a guerra civil que perdura desde 1964, o recrudescimento em médio prazo do conflito armado. A outra é a ligação de Uribe com grupos paramilitares de direita e narcotraficantes. Tanto alguns dos aliados de Uribe no Congresso Nacional quanto integrantes do alto escalão do governo colombiano estão sendo investigados pela Justiça por envolvimento com o tráfico de drogas, as milícias de direita e chacinas. Inclusive alguns políticos próximos a Uribe já foram condenados ou fugiram para Miami.

Aprovada a emenda do terceiro mandato pelo Congresso colombiano resta ainda passar pelo aval da Procuradoria Geral, que terá um mês para dar luz verde à convocatória para um referendo, em que os colombianos decidirão se estão a favor ou contra a segunda reeleição de Uribe.

Pelo andar da carruagem essa etapa não será maior problema para o Lacaio e seus comparas.

Então resta-nos torcer para que a oposição consiga mobilizar e conscientizar a população colombiana sobre os perigos da quebra do processo democrático embutido num eventual terceiro mandato de Álvaro Uribe, “El Lacayo”.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Jornalismo imparcial

O “Jornal da Globo” de ontem deu uma aula de jornalismo imparcial, independente e isento.

No dia em que o governo federal anunciou o projeto para um novo marco regulatório para o petróleo, levando em conta a dimensão das recentes descobertas do Campo de Tupi, a Rede Globo se superou. É bom lembrar que as Organizações Globo, na década de 1950, fizeram oposição ferrenha a campanha “O Petróleo É Nosso”. O telejornal iniciou com a tradicional cara de consternação de Wiliam Waack, esboçando da forma mais simplória o possível que, pelas novas regras apresentadas pelo governo, a Petrobras ganhou mais do que já tinha e o “governo” – em nenhum momento falou-se em “Estado” – ficará com a maior parte da receita gerada pela extração do Pré-Sal.

Depois, como a Rede Globo prima pelo imparcialismo e isenção, mostrou uma entrevista com o governador José Serra. O provável candidato tucano à sucessão de Lula, afirmou peremptoriamente discordar do modo como o governo conduziu a discussão sobre o tema e que discorda do projeto em si. Todavia se furtou de apresentar a alternativa que acha melhor.

A amostra de jornalismo imparcial, independente e isento continuou com o governador fluminense Sergio Cabral. Este afirmou que o governo federal foi obrigado a rever posições – leia-se alteração na ignominiosa regra dos royalties – antes de apresentar o projeto.

Voltando ao estúdio, William Waack, apresentou Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura. O empresário, que também tem um blog hospedado no G1, declarou que a política de petróleo e gás no Brasil pode sofrer um retrocesso, afugentar investimentos estrangeiros, dar megapoderes a Petrobras e ao Estado e reestatizar um setor que já havia se livrado do danoso jugo estatal. O especialista em infra estrutura usou discurso meramente político, uma vez que se absteve de apresentar qualquer dado técnico.

Waack se despediu do Diretor do CBI e convocou de Brasília Heraldo Pereira com a seguinte frase, “é Heraldo o governo pediu ao Congresso que vote o projeto em 90 dias, quanta pressa! É 2010 chegando?”

Pereira emendou “é isso mesmo”. E a seguir foi à vez do quadro Pinga-Fogo onde os entrevistados da noite foram os senadores pela José Agripino Maia (DEMO – RN) e o desgastado Aluízio Mercadante(PT-SP). Agripino atacou, como sempre, o governo, afinal ele teve 14 meses para elaborar uma proposta de exploração do Pré-Sal e agora quer que o Congresso examine e aprove a proposta em apenas 90 dias. Já as falas de Mercadante pareciam desencontradas e chegou a dizer que o prazo de 90 dias poderá ser prorrogado.

Assim se faz um jornalismo isento imparcial, sério e independente.