domingo, 27 de setembro de 2009

Luis Fernando Veríssimo

Quem lê meu blog há mais tempo sabe da aversão que nutro por Ricardo “Barriga Noblat. Quem ainda não sabe disto basta ler: http://dissolvendo-no-ar.blogspot.com/2009/06/sobre-pesquisas-analises-e-barrigadas.html.

O individuo além de praticar um mau jornalismo, na acepção do termo, não se preocupando em apurar os fatos noticiados em seu blog, ainda, ao que tudo indica, usa os contatos conseguidos por anos e anos trabalhando em Brasília para grandes veículos de comunicação – já trabalhou no Jornal do Brasil e atualmente trabalha para a família Marinho – em prol de benesses para si próprio tendo a petulância de pousar como vestal.

Noblat também é daqueles que não poupa esforços para bater no presidente Lula. Embora seja bem mais sutil que o fascista Reinaldo Azevedo, não descarta o subterfúgio do preconceito disseminado quando vê que os argumentos defendidos pela elite entreguista se consomem em enormes lacunas. Também é adepto incondicional da teoria formulada por Ali Kamel, a famosa “testando hipóteses”, e, portanto, não está nem aí em ser hipócrita e leviano. Alguns de seu comentários, de tão ruins, me fazem suspeitar que bebeu antes de escrever tamanha asneira.

Mesmo assim algumas pessoas tidas como de esquerda, e outras ligadas ao atual governo, como José Dirceu, por exemplo, estão acostumados a postar semanalmente artigos no citado blog.

Por que estou gastando tanto tempo falando sobre Ricardo “Barriga” Noblat e seu espaço na internet? Apenas para justificar que uma das melhores análises que li acerca da hipocrisia conservadora na questão hondurenha saiu exatamente do Blog do Noblat. A análise, bem pequena alias, é assinada por Luis Fernando Veríssimo, filho de um dos meus escritores preferidos e um dos poucos cronistas identificados como da esquerda que ainda não se converteu a direita a conseguir, ainda, espaço na grande mídia.

Boa leitura!!!


Perigo de gol


Por Luis Ferando Veríssimo, no Bolg do Noblat


http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2009/09/27/perigo-de-gol-226932.asp

Acho que está na hora de se desagravar a expressão “em cima do muro”. Ficar em cima do muro significa não ter opinião, não querer se comprometer, tentar agradar a todo o mundo — enfim, ser uma plasta assumida.

Mas o topo do muro também pode ser o lugar ideal para se estar, numa controvérsia.

Em cima do muro você e seus argumentos estão sobre uma base sólida (o muro), você pode examinar os dois lados da questão de uma posição privilegiada e ver mais longe do que qualquer um — e ainda ficar a salvo em caso de briga. Ou seja: também existe “em cima do muro” no bom sentido.

Por exemplo: Cuba. Há anos a esquerda brasileira é obrigada a preservar sua admiração pela pequena ilha que se transformou de bordel dos Estados Unidos numa imperfeita mas válida experiência de equalização social, com ênfase em educação e saúde públicas (e de independência, nas barbas dos seus antigos donos), de fatos inegáveis da ilha como a repressão à dissidência, a falta de pluralismo político e o culto à personalidade de um infindável Fidel.

E fica fazendo repetidas varia ções em torno da velha máxima de que fins nobres justificam meios sujos. De cima do muro pode-se admirar o admirável e lamentar o lamentável sem ter que recorrer a máximas. Em cima do muro não há julgamentos absolutos.

A direita brasileira está num dilema parecido com relação a Honduras. Não pode, sem o risco de ser chamada de hipócrita, dizer que o golpe não foi golpe, foi apenas um soluço nas formalidades democráticas.

Mas o desrespeito às formalidades democráticas condena qualquer regime, para a direita. Pelo menos da sua boca para fora. Teria sido uma ação preventiva em defesa da democracia ameaçada?

Quando um juiz de futebol apita uma falta que ninguém viu dentro da área, diz-se que apitou “perigo de gol”, para evitar problemas.

Em Honduras inauguraram uma nova expressão para o léxico político das Américas: perigo de venezuelização. Zelaya estaria se preparando para ser o Chávez de Honduras e as instituições se autogolpearam para impedi-lo. Uma espécie de suicídio profiláctico.

Contra uma assombração também vale qualquer meio. E, depois das políticas de segurança nacional dos tempos da Guerra Fria, o conservadorismo latino-americano encontra um novo pretexto para se mobilizar. Subamos todos no muro.

Em cima do muro não é preciso muita ginástica intelectual para explicar tantas contradições — mesmo porque não há muito espaço. E, olha: até o clima é melhor.

2 comentários:

Blog do Morani disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Blog do Morani disse...

Blog do Morani disse...

Jamais me dei à leituras de jornalistas/cronistas da Venus Platinada - Globo - porque não têm nada a dizer dentro da concepção que tenho sobre o Brasil atual. Eu fui tão lulista que deletei de minha TV o noticiário noturno em que o senhor Boris Casoy tinha sempre críticas ao Lula e endeusava o famigerado Fernando Henrique Cardoso.
Já as crônicas do senhor Luiz Fernando Veríssimo são deliciosas e trazem uma fragrância que me sabe ao seu pai, cuja leitura sempre foi de meu agrado. Tenho livros dele. Se não me engano um deles, "Toque de Clarineta", me levou em viagens àquele Portugal que meu sogro - filho da "boa terrinha" - pintava ante minha curiosidade em saber mais sobre aquelas plagas. Não, não perco tempo com esses indivíduos influenciados pelos Marinho, os mais vendidos à força-tarefa norte-americana. Como o amigo, estou mais ao pé do muro que "em cima" dele. Abraços.

28 de Setembro de 2009 05:20