Pois é gente, a vida anda, o mundo gira e a lusitana roda. Mal acabou a campanha presidencial mais baixa de nossa história e ainda falta uma semana para o governo Dilma completar um mês, mas os primeiros sinais da campanha rumo ao Planalto 2014 já apareceram.
Algumas noticias veiculadas pela imprensa durante a semana deixam claro o quão os tucanos estão divididos no seu projeto (legitimo, diga-se de passagem) de retorno ao poder após longos (para eles) doze anos.
Na verdade existe um trilátero disputando a hegemonia dentro do PSDB.
De um lado o ex-governador e presidenciável derrotado José Serra se agarra àquela parcela nada desprezível da mídia oligopolizada que sempre lhe foi favorável em torno dum projeto de oposição aos moldes do “Tea Party” estadunidense. Livre das obrigações que um mandato executivo impõe, tal como o relacionamento em termos civilizados entre as instituições republicanas, enfim José Serra pode fazer uma oposição declarada – coisa que se absteve de fazer, ao menos diante das câmeras, ao longo da recém-findada campanha.
Por enquanto Serra está apenas testando formas de como essa oposição reacionária agirá e acertando o tom da retórica. Exemplo disso é culpar os gastos do governo pelo aumento da taxa de juros, coisa que os sabujos da mídia neoliberal adoram, ou encontrar na incompetência do governo federal a responsabilidade única pela hecatombe ocorrida na região serrana do Rio de Janeiro. Provavelmente dentro em pouco tempo Serra no afã de buscar espaço na mídia oligopolizada (ou Partido do Capital como Gramsci a definia) chamará Dilma de terrorista e não lhe faltarão Índio da Costa ou tropa neointegralista para usar de caixa de ressonância.
De outro lado temos Aécio Neves, seja em pessoa ou na figura de seu “boneco de ventríloquo” o governador mineiro Antonio Anastasia, propondo uma oposição light. Ou como os tucanos ligados a Aécio adoram jactar: uma “oposição propositiva”. Mas ser propositivo já não é inerente ao papel de uma agremiação política? Parece que não é bem assim que pensam Aécio e aliados. Oposição light e propositiva é uma forma eufemística encontrada por Aécio para firmar um pacto entre seus interesses em Minas e a governabilidade do país. Entretanto em algum momento no futuro Aécio será impelido a se posicionar com mais contundência caso de fato almeje a Presidência da República e para que possa por em prática o “pós-lulismo” – como poderá existir “pós-lulismo” se a oposição se negar a superar o “lulismo”? O sociólogo FFHH bem que poderia ajudar o neto de Tancredo a explicar isso.
Portanto, embora Aécio já tenha demonstrado qualidades de estrategista, o modo Aécio de fazer oposição e buscar hegemonia dentro do PSDB carece de ímpeto oposicionista. No mais, por mais que Aécio aposte no desgaste da coalizão que ora ocupa o governo federal – e isso de certo modo faz sentido – falta-lhe a confiança do PSDB paulista e algo que já se mostrou essencial na última pré-campanha, o apoio da mídia oligoplizada concentrada, justamente, em São Paulo.
Do último lado de trilátero está o governador Geraldo Alckmin e quase todo o tucanato paulista, que é quem de fato detêm poder dentro do PSDB. Esse grupo tem arquitetado estratégias no objetivo de romper com o legado deixado por José Serra e enfraquecê-lo onde era forte: entre os donos da mídia. Nesse esforço cabem tanto críticas pontuais ao governo federal em dados momentos como busca por parcerias com o mesmo, o que fica claro no encontro entre Alckmin e o ministro da Justiça – e um dos homens de confiança da Presidenta Dilma – José Eduardo Cardozo para tratarem do tema segurança pública.
Também faz parte da estratégia alckmista alimentar projetos sociais que possam distinguir o modo tucano- alckmista de governar dos modos tucano-serrista e tucano-aecista. Além disso, não me surpreenderá se Alckmin, tido e havido como o mais insosso dos tucanos, se dispuser a realizar um governo populista, aliás, não podemos esquecer que o ex-prefeito de Pindamonhangaba acabou se tornando herdeiro do populismo de direita à la Adhemar de Barros, Jânio Quadros e Paulo Maluf com o qual os paulistas sempre simpatizaram.
Não obstante as pretensões de Alckmin, que tanto pode novamente tentar o Palácio do Planalto ou o dos Bandeirantes em 2014, houve uma discussão entre os pessedebistas sobre quem seria a ave de alta plumagem a protagonizar o primeiro programa de tv do partido que irá ao ar em fevereiro. Chegou-se a conclusão que melhor seria não dar espaço nem a Aécio nem a Serra, mas sim aos oito governadores eleitos pelo PSDB em outubro passado. Por acaso Alckmin está entre esses governadores.
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