Não satisfeita com o sangue derramado em Tucson no último sábado, Sarah Palin apelou para o antissemitismo como forma de se defender das acusações de que ela e seus companheiros de convescote, o Tea Party, terem sido mentores intelectuais do atentado que matou 6 pessoas e feriu outras 14.
Entre os assassinados está uma menina de nove anos e um juiz federal. Já a congressista democrata, a primeira judia eleita para o Congresso pelo estado do Arizona, Gabrielle Giffords continua internada em estado grave, embora tenha apresentado sinais de progresso em sua recuperação.
Num vídeo postado no YouTube Palin usa a expressão “libelo de sangue” para se referir a uma suposta armação da imprensa, de políticos democratas e grupos progressistas no intuito de ligá-la ao derramamento de sangue em Tucson.
Segundo a Folha de São Paulo e de acordo com o dicionário Oxford de religiões do mundo, "blood libel" (libelo de sangue) se refere à tradição quando os judeus usavam o sangue de cristãos, particularmente de crianças, em seus rituais de Páscoa. Esse hábito se estendeu durante a Idade Média e acarretou massacres de judeus.
Também foi um termo amplamente usado na propaganda antissemita durante a Segunda Guerra (1939-1945).
Apenas uma mente doentia e mal intencionada pode fazer crer que não há ligação entre a retórica ultranacionalista e o recente atentado em Tucson. Como bem notou o cientista político argentino Atilio Borón: “não existe a menor intenção de vincular o ocorrido em Tucson com as tendências profundas da sociedade estadunidense, que periodicamente afloram com mais virulência e força”, e eu completo: o Tea Party é, no momento, sintoma dessas tendências.
O fato é que os EEUU vivem um momento delicado de sua história com uma crise econômico-financeira ainda mal compreendida, mas que também perpassa por (ou seria reflexo de???)outras crises em várias instituições devotadas pelo estadunidense médio. Para alguns os EEUU estão a um passo do estado fascista. Para outros esse passo já foi dado (veja aqui uma entrevista esclarecedora de Noam Chomsky).
Sarah Palin é apenas a cara da tendência apontada por Borón e o retrato mal acabado duma sociedade onde os valores individuais se sobrepoem com virulência aos direitos positivos.
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