O ex-prefeito Paulo Tadeu (Poços de Caldas) em uma reunião com os filiados do Partido dos Trabalhadores local e o deputado federal Odair Cunha, detectou bem a ligação entre os principais sítios na internet que têm promovido o movimento anticorrupção e a defesa por partes desses mesmos do voto distrital. Hoje Merval Pereira em sua coluna n’O Globo fazia a mesma ligação e celebrava o fortalecimento da campanha pela adoção do voto distrital.
O que nenhum defensor do voto distrital fala abertamente é que esse tipo de voto trará de volta consigo o coronelismo, afinal durante o Império e a Republica Velha as cadeiras do legislativo eram formadas através do voto distrital.
Sobre isso e o que penso ser fundamental numa "minirreforma" política e o relatório do deputado Henrique Fontana (PT-RS) falarei em outro post mais adiante.
Agora publico a boa análise feita por Guilherme Scalzilli sobre o “grande” e “popular” movimento anticorrupção, só acrescentando uma coisa, os escândalos de Aécio Neves e seu boneco de ventríloquo (Antonio Anastasia), além da mordaça pela qual a imprensa mineira passa.
Causas
Por Guilherme Scalzilli
Depois da febre nacional de farisaísmo que tentou derrubar o governo Lula, fica mesmo difícil apoiar cegamente uma campanha genérica anticorrupção. No país da cultura pirata, dos sonegadores impunes, do trânsito demencial e das licitações arrumadas, ao discurso ético não bastam apenas uma pauta legítima e o pretexto bem-intencionado da militância virtual. É fácil discutir a moral alheia quando selecionamos nossos alvos ou usamos a indignação para ocultar a própria consciência pesada. E é mais cômodo ainda falar de uma ética impessoal, que repudia todo o sistema e por isso não atinge ninguém.
O ambiente reivindicatório que se criou no governo Dilma, embora aproveite os jargões da escandalolatria dos outros anos, possui um componente novo: o foco deixa a esfera política e passa à administrativa. Com o fracasso da estratégia de pintar o então presidente e seus aliados como vates da safadeza nacional, a idéia agora é enfraquecer a imagem de eficácia técnica do governo, reduzindo sua agenda a uma faxina desgastante e interminável. Daqui a vinte anos, o Judiciário putrefeito inocentará o último indiciado, haverá um ato no vão livre do Masp e todos continuarão suas vidas.
Seria justo imputar a setores da própria esquerda a obrigação de morder esse pequi, pois eles ajudaram a colhê-lo quando embarcaram nas pautas da imprensa oposicionista – como se a canseira jornalística da era Lula jamais tivesse ocorrido, como se esses veículos agissem apenas pelo melhor espírito republicano. Já que os novos caras-pintadas consideram absurdo associá-los às elites golpistas, proponho um desafio pedagógico e um sacrifício purificador. O desafio: marcar uma passeata para dia 15 de novembro, defendendo plataformas específicas (fim do voto secreto nos Legislativos, por exemplo) e expondo faixas com menções aos escândalos da hegemonia demotucana em São Paulo. O sacrifício: insistir nessa briga até que o Estadão, a Folha e o Globo contribuam para divulgá-la como fizeram até o momento.
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