sexta-feira, 24 de julho de 2009

Faça o que eu digo, não faça o que eu faço

Manchete na página do Yahoo Noticias [http://br.noticias.yahoo.com/s/24072009/25/politica-simon-pede-lula-fechar-boca.html] dá conta que o probo senador Pedro Simon (PMDB-RS) pediu ao presidente Lula para “fechar a boca” e parar de defender José Sarney. Simon desde o inicio da atual crise do Senado, com denúncias diárias recaindo sobre Sarney, já ocupou a tribuna por diversas vezes. Nas primeiras defendendo o afastamento de Sarney, por último suplicando pela renúncia do presidente da Câmara Alta. Durante a semana outro senador, Cristovam Buarque, também havia se manifestado afirmando que “Lula vem cometendo um grave erro porque, como presidente, ele é um educador e o que ele diz a população ouve".

Curiosos, talvez exóticos, esses dois senadores. Já escrevi aqui e repito quantas vezes for necessário. Pelo o que entendo (quase) todas as acusações contra o clã Sarney não passam de manobra da oposição visando enfraquecer a aliança entre PT e PMDB. E o PT, por sua vez, está defendendo o indefensável por conta da maldita governabilidade. Porém, há algo ainda mais importante, qualquer derrota de Sarney representa uma vitória para a Democracia.

Falarei mais sobre Simon e Buarque em seguida, todavia antes gostaria de discorrer um pouco sobre Arthur Virgílio e o DEMO já que não posso deixar de constatar a hipocrisia que tomou conta de vez do Senado.

Virgílio recebeu cerca de 700 mil de reais do senado a fim de bancar despesas com problemas de saúde de sua mãe. Com certeza eu gastaria os 700 mil ou mais ainda se fosse o caso para ajudar minha mãe. O meu problema, e o de Virgílo também, é que não possuo essa bagatela. Só que Virgílio é senador e tem, ou tinha, o Agaciel Maia como amigo. Quanto a mim, não tenho nenhum amigo capaz de me emprestar essa bufunfa toda. Aliás, nem foi o Agaciel quem emprestou. O antigo diretor do Senado apenas repassou ao nobre senador amazonense dinheiro proveniente do erário, ou seja, do contribuinte. No entanto, mesmo com uma bomba dessas a mídia trata Arthur Virgílio como se tratasse dum irmão carmelita.

Os DEMOs aparecem na mídia indignados com a crise que enxovalha o Senado. Mas parecem ter memória curta se levarmos em conta que sem o voto integral da bancada do DEMO, Sarney dificilmente seria reconduzido à cadeira de presidente do Senado pela terceira vez. No mais, o DEMO (finado PFL) sempre controlou a primeira secretária da mesa diretora do Senado, a grande responsável pelos mandos e desmandos ocorridos sabe-se lá Deus desde quando.

Voltando a Simon e Buarque. Algumas coisas me deixam muito intrigado. O segundo, Cristovam Buarque, disse que Lula comete um erro grave porque a população o ouve. Parece que o que Buarque prega para Lula não vale para si próprio. Durante a campanha eleitoral do ano passado, o senador brasiliense gravou um depoimento para o programa da coligação “Poços no caminho certo”. Nada demais uma vez que um dos partidos era justamente o PDT de Buarque. O problema ali era que o ex-ministro da Educação pediu votos pra um candidato que enquanto vice-prefeito de Poços de Caldas ameaçou fechar uma escola pública. Quem se interessar em conhecer mais sobre o assunto clique neste link [http://dissolvendo-no-ar.blogspot.com/2008/09/cristovam-buarque-pede-votos-para.html] e terá o relato completo do pouco caso com a educação que o povo poços-caldense vem sofrendo nos últimos anos e ver como Buarque pagou um mico gigante.

Já Pedro Simon pede a Lula que lhe tome por exemplo, afinal não se ouve uma palavra do senador gaúcho quanto ao (des)governo Yeda Crusius. Essa senhora vem fazendo não só o governo mais catastrófico da historia do Rio Grande do Sul, como também a corrupção e o autoritarismo são marcas registradas dum período que o povo gaúcho já considera como nefasto e indigno de suas tradições. Simon tão valente e corajoso no âmbito federal não passa de eunuco mudo e subserviente quando o assunto é o mar de lama que jorra do Palácio do Paratini para todo o Rio Grande. Ano passado cheguei a publicar uma carta aberta a Simon indagando-o sobre sua omissão quanto ao (des)governo Crusius [http://blogdohudson.blig.ig.com.br/2008/06/carta-aberta-ao-senador-pedro-simon.html], até a hora em que escrevo esse artigo não recebi resposta alguma.

Pois é minha gente, assim caminha a humanidade, com dois pesos e duas medidas, afinal todo o cuidado é pouco. Buarque, Simon, Virgílio, DEMOs , Crusius são aliados da mídia oligopolizada, o próprio Sarney até bem pouco tempo também o era, afinal ninguém na grande mídia tupiniquim nunca se interessou em trazer à tona as mazelas pelas quais o Maranhão (pior IDH do Brasil) passa, até Sarney se tornar importante para a governabilidade do país no governo Lula.

Caso a imprensa quisesse de fato expor os podres do Senado para toda a sociedade e com isso suscitar o debate sobre a eternamente adiada reforma política e a questão do patrimonialismo tão impregnado em nosso meio, as denúncias seriam de forma bastante diferente do que estamos vivenciando cotidianamente.

Enquanto isso, continuo a afirmar, qualquer derrota de Sarney significa uma vitória para a Democracia, entretanto não consigo conviver calado com denúncias seletivas ou com fariseus do templo moderno, os falsos hipócritas da mídia emporcalhada.

Um comentário:

Blog do Morani disse...

O Senado é um palco onde todo dia é "ensenado" um espetáculo circense; palhaços não faltam ao sucesso da mostra, pelo contrário: sobram. A Câmara é o "camarim" onde se preparam
os futuros "clowns" do Congresso. O dinheiro do povo paga muitíssimo bem esses galhofeiros; uns se fazem eternos: não largam os bastidores por nada deste mundo. Claro... por que deixar uma "carniça" com a qual outras hienas podem se fartar até que se empanturrem a mais não poder?
PODER? Eis o vinho embriagador à disposição das imensa "troupe".
Será um circo, uma arena de combates pérfidos ou um carroção de saltimbancos ridículos, esse Senado? O Reizinho deveria ir para o calabouço dessa Casa de Horrores. Lá a sua voz não serviria como ensino a nenhum só brasileiro. Implodamos o Congresso e construamos no local uma nova Bastilha e, defronte, uma Praça da Guilhotina; que se comece uma nova Revolução, com centenas de cabeças a rolar para o cesto do lixo. É a saída para o momento atual. Quem não achar essa uma boa solução, que continue a co-participar de uma farsa sem termo.