sábado, 25 de setembro de 2010

Estadão apoia Serra

O Estadão formalizou, em editorial, o apoio a José Serra.
Nada demais. Em alguns países, nos EEUU, por exemplo, é de praxe grandes veículos da mídia impressa declararem em editorial o apoio ao seu preferido. Faz parte do jogo político e não vejo nada demais nisso.

O problema do Brasil em relação a sua mídia está muito longe de ser o fato de ela vez ou outra se declarar favorável ao candidato azul ou vermelho. O problema no Brasil é a mídia oligopolizada se concentrar nas mãos de meia dúzia de famílias.
E não é problema meramente eleitoral, é um problema que obstrui a realização de uma sociedade verdadeiramente democrática. Democrática no sentido que C.B. McPherson, Noam Chomsky, José Saramago, Bertrand Russel e Immanuel Wallerstein, dentre outros, propõem – e aqui não interessa se usavam ou não o termo “democracia substancial” e sim que se extrai do pensamento desses intelectuais.

Não bastassem os ataques infames com os quais bombardeou o governo Lula desde antes dele tomar posse, a mídia oligopolizada – ou Partido do Capital como Gramsci chamava –, deflagrou nas últimas semanas uma guerra nada surda contra a candidata petista Dilma Rousseff. Todos os parâmetros do jornalismo sério, isento, imparcial e independente foram rasgados e jogados na lata do lixo.

Agora, a uma semana do pleito e vendo que a série de factoides levantados pelo Partido do Capital contra o Partido dos Trabalhadores tiveram efeito quase nulo, o que restou a mídia oligopolizada foi explicitar para os 4% da população que acham o governo Lula ruim ou péssimo, e para a classe média analfabeta política, que o seu candidato é José Serra.

Nada que alguém que consiga usar dois neurônios já não soubesse.

Só para terminar. Não se trata de deslegitimar aqueles que votarão ou apoiam José Serra. A questão é que a mídia oligopolizada se furtou de promover um debate sobre o Brasil e passou a utilizar o quanto pior melhor nos últimos anos. Algumas denúncias contra o governo Lula tinham fundamento? Parece que sim. Mas a maioria não passou de estórias mirabolantes com claro intuito eleitoral, e infelizmente conseguiu vender esse quanto pior melhor para parcela considerável da classe média, aquela parcela sempre alinhada às propostas conservadoras e que acha a revista Veja um veiculo sério de informação.

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