quarta-feira, 28 de setembro de 2011
TERMO DE COMPROMISSO FIRMADO ENTRE O GOVERNO DE MINAS E O SIND-UTE/MG EM 27/09/2011
representante Secretário de Estado de Governo, Danilo de
Castro, e o SINDICATO ÚNICO DOS TRABALHADORES EM
EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS, neste ato representado pela
Coordenadora Geral da entidade Beatriz da Silva Cerqueira e as
diretoras estaduais Marilda de Abreu Araújo, Feliciana Saldanha
e Leocioni Pereira Pinto firmam o presente Termo de
Compromisso relativo às reivindicações dos trabalhadores em
educação da rede estadual.
Reiterada a plena disposição de permanente diálogo com a
categoria dos professores estaduais, o Governo reafirma sua
disposição ao entendimento de modo a permitir o retorno pleno
da normalidade da rede pública estadual.
Para tanto, garante ao Sindicato a participação em comissão de
negociação, com a presença de 6 (seis) parlamentares, além dos
representantes do Poder Executivo e do Sindicato, com o
objetivo de aprimorar e reposicionar na tabela salarial da
carreira da educação (em ambas as suas atuais formas de
remuneração), com impactos salariais desdobrados de 2012 até
2015, desde que o movimento cesse de imediato.
A comissão será instituída através de resolução imediatamente
após a suspensão da greve da categoria e iniciará os trabalhos
em até 24 horas após a sua constituição.No curso das negociações, preservados os termos do regimento
interno da Assembleia Legislativa, será orientada a liderança do
Governo no sentido de paralisação da tramitação do projeto de
lei já encaminhado ao Poder Legislativo.
A partir da data da suspensão do movimento e retorno integral
às atividades, cessa a aplicação de novas penalidades.
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Lula na "Sciences Po": a elite mazombeira cortando os pulsos
Por Martín Granovsky da Página/12 (Argentina), via Carta Maior
Podem pronunciar “sians po”. É, mais ou menos, a fonética de “sciences politiques”. E dizer Sciences Po basta para referir o encaixe perfeito de duas estruturas: a Fundação nacional de Ciências Políticas da França e o Instituto de Estudos Políticos de Paris. Não é difícil pronunciar “sians po”. O difícil é entender, a esta altura do século XXI, como as ideias escravocratas seguem permeando os integrantes das elites sul-americanas. Na tarde desta terça, Richar Descoings, diretor da Sciences Po, entregará pela primeira vez o doutorado Honoris Causa a um latino-americano: o ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. Descoings falará e, é claro, Lula também.
Para explicar bem sua iniciativa, o diretor convocou uma reunião em seu escritório na rua Saint Guillaume, muito perto da igreja de Saint Germain des Pres. Meter-se na cozinha sempre é interessante. Se alguém passa por Paris para participar como expositor de duas atividades acadêmicas, uma sobre a situação política argentina e outra sobre as relações entre Argentina e Brasil, não está mal que se meta na cozinha de Sciences Po.
Pareceu o mesmo à historiadora Diana Quattrocchi Woisson, que dirige em Paris o Observatório sobre a Argentina Contemporânea, é diretora do Instituto das Américas e foi quem teve a ideia de organizar as duas atividades acadêmicas sobre a Argentina e o Brasil, das quais também participou o economista e historiador Mario Rapoport, um dos fundadores do Plano Fênix há dez anos.
Naturalmente, para escutar Descoings foram citados vários colegas brasileiros. O professor Descoings quis ser amável e didático. Sciences Po tem uma cátedra de Mercosul, os estudantes brasileiros vão cada vez mais para a França, Lula não saiu da elite tradicional do Brasil, mas chegou ao máximo nível de responsabilidade e aplicou planos de alta eficiência social.
Um dos colegas perguntou se era correto premiar alguém que se jacta de nunca ter lido um livro. O professor manteve sua calma e o olhou assombrado. Talvez saiba que essa jactância de Lula não consta em atas, ainda que seja certo que não tem título universitário. Certo também é que, quando assumiu a presidência, em 1° de janeiro de 2003, levantou o diploma que os presidentes recebem no Brasil e disse: “É uma pena que minha mãe morreu. Ela sempre quis que eu tivesse um diploma e nunca imaginou que o primeiro seria o de presidente da República”. E chorou.
“Por que premiam a um presidente que tolerou a corrupção?” – foi a pergunta seguinte.
O professor sorriu e disse: “Veja, Sciences Po não é a Igreja Católica. Não entra em análises morais, nem tira conclusões apressadas. Deixa para o balanço histórico esse assunto e outros muitos importantes, como a instalação de eletricidade em favelas em todo o Brasil e as políticas sociais”. E acrescentou, pegando o Le Monde: “Que país pode medir moralmente hoje outro país? Se não queremos falar destes dias, recordemos como um alto funcionário de outro país teve que renunciar por ter plagiado uma tese de doutorado de um estudante”. Falava de Karl-Theodor zu Guttenberg, ministro de Defesa da Alemanha até que se soube do plágio.
Mais ainda: “Não desculpamos, nem julgamos. Simplesmente não damos lições de moral a outros países”.
Outro colega perguntou se estava bem premiar alguém que, certa vez, chamou Muamar Kadafi de “irmão”.
Com as devidas desculpas, que foram expressadas ao professor e aos colegas, a impaciência argentina levou a perguntar onde Kadafi havia comprado suas armas e que país refinava seu petróleo, além de comprá-lo. O professor deve ter agradecido que a pergunta não tenha mencionado com nome e sobrenome França e Itália.
Descoings aproveitou para destacar Lula como “o homem de ação que modificou o curso das coisas”, e disse que a concepção de Sciences Po não é o ser humano como “uns ou outros”, mas sim como “uns e outros”. Marcou muito o “e”, “y” em francês.
Diana Quattrocchi, como latino-americana que estudou e se doutorou em Paris após sair de uma prisão da ditadura argentina graças à pressão da Anistia Internacional, disse que estava orgulhosa que Sciences Pos desse o Honoris Causa a um presidente da região e perguntou pelos motivos geopolíticos.
“Todo o mundo se pergunta”, disse Descoings. “E temos que escutar a todos. O mundo não sabe sequer se a Europa existirá no ano que vem”.
Na Sciences Po, Descoings introduziu estímulos para o ingresso de estudantes que, supostamente, estão em desvantagem para serem aprovados no exame. O que se chama discriminação positiva ou ação afirmativa e se parece, por exemplo, com a obrigação argentina de que um terço das candidaturas legislativas devam ser ocupadas por mulheres.
Outro colega brasileiro perguntou, com ironia, se o Honoris Causa a Lula fazia parte da política de ação afirmativa da Sciences Po. Descoings observou-o com atenção antes de responder. “As elites não são só escolares ou sociais”, disse. “Os que avaliam quem são os melhores são os outros, não os que são iguais a alguém. Se não, estaríamos frente a um caso de elitismo social. Lula é um torneiro mecânico que chegou à presidência, mas segundo entendi não ganhou uma vaga, mas foi votado por milhões de brasileiros em eleições democráticas”.
Como Cristina Fernández de Kirchner e Dilma Rousseff na Assembleia Geral das Nações Unidas, Lula vem insistindo que a reforma do FMI e do Banco Mundial está atrasada. Diz que esses organismos, tal como funcionam hoje, “não servem para nada”. O grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) ofereceu ajuda para a Europa. A China sozinha tem o nível de reservas mais alto do mundo. Em um artigo publicado no El País, de Madri, os ex-primeiros ministros Felipe González e Gordon Brown pediram maior autonomia para o FMI. Querem que seja o auditor independente dos países do G-20, integrado pelos mais ricos e também, pela América do Sul, pela Argentina e pelo Brasil. Ou seja, querem o contrário do que pensam os BRICS.
Em meio a essa discussão, Lula chega a França. Seria bom que soubesse que, antes de receber o doutorado Honoris Causa da Sciences Po, deve pedir desculpas aos elitistas de seu país. Um trabalhador metalúrgico não pode ser presidente. Se por alguma casualidade chegou ao Planalto, agora deveria guardar recato. No Brasil, a casa grande das fazendas estava reservada aos proprietários de terras e escravos. Assim, Lula, agora, silêncio, por favor. Os da casa grande estão enojados.
Tradução: Katarina Peixoto
sábado, 24 de setembro de 2011
Minas Gerais: desvio de R$200 mi da Secretária de Regularização Fundiária
Fraude de R$ 200 mi, que inclui a Vale, derruba Manoel Costa
Secretário de Regularização Fundiária é investigado por operações fraudulentas de grilagem de terras públicas em Minas
O Ministério Público e a Polícia Federal desbarataram nesta terça-feira (20) um esquema de grilagem de terras públicas, segundo as investigações, chefiada pelo secretário extraordinário de Regularização Fundiária, Manoel Costa (PDT), com a participação da mineradora Vale. A ação provocou a exoneração do secretário. Os danos estimados aos cofres públicos são de mais de R$ 200 milhões.
Foram feitas oito prisões e autorizados bloqueios dos bens dos envolvidos, além de mais de 20 mandados de busca e apreensão, tendo como um dos alvos a casa do secretário, na Pampulha, em Belo Horizonte. No local, foi encontrado um revólver calibre 38, sem registro. Por isso, Costa foi conduzido ao MP, mas liberado após prestar esclarecimentos. Entre os presos estão o diretor-geral do Instituto de Terras (Iter), Ivonei Abade Brito, também exonerado, sete servidores da mesma instituição e os prefeitos Marcus Tácito Penalva Costa, de Indaiabira, e Virgílio Tácito Penalva Costa, de Vargem Grande do Rio Pardo.
A ação que instruiu a operação revela que o então secretário e a Vale se beneficiaram do esquema montado no Norte de Minas. O documento mostra que Costa e funcionários do Iter, autarquia do Governo subordinada ao secretário, eram responsáveis por registrar terras públicas em nome de “laranjas”, apresentados como posseiros e agricultores. Estas fazendas eram vendidas a preços milionários à Vale para a exploração de minério.
Em outra ponta, intermediários providenciavam a expulsão de agricultores e posseiros verdadeiros de suas terras para que o Iter tomasse posse delas. Eram forjados documentos para providenciar a desapropriação dos produtores rurais. A quadrilha também oferecia pequenas quantias a posseiros por fazendas na região. A finalidade era sempre repassar as terras à Vale. Outra empresa, a Floresta Empreendimentos beneficiou-se do esquema. Ela seria ligada à quadrilha.
“Objetivando a apropriação ilícita dessas terras, aqui instaurou-se um dos grupos criminosos que é liderado por Manoel da Silva Costa Júnior, secretário de Estado, e pelos irmãos Marcus Tácito Penalva Costa e Virgílio Tácito Penalva Costa”, diz trecho da ação. Além da grilagem, o secretário também é acusado de se apropriar de terras para engordar seu patrimônio. “Por mais absurdo que possa parecer, o próprio Manoel Costa... por mais de uma vez, beneficiou-se com o recebimento de terras públicas”, relata trecho da ação.
As empresas Vale e Floresta teriam, segundo investigações, apontado terras para serem desapropriadas. “Os diálogos telefônicos colhidos em razão de autorização judicial confirmam que, em conluio e sob patrocínio das empresas, há vigorosa atuação dos grileiros Altemar Alves Ferreira e Breno Rodrigues. Estes, sob a
No documento constam pagamentos feitos pela Vale a integrantes da quadrilha. Um deles tem valor de R$ 32 milhões e outro de R$ 41 milhões. Procurado, Costa alegou que descobriu as “irregularidades” e encaminhou a denúncia à Corregedoria do Estado. Ele negou participação. “Estas pessoas (que foram presas) não tem envolvimento.”
A Vale alega que adquire terras “nos mais rigorosos critérios éticos” e que, na região, “não identificou irregularidade.” A empresa também diz que “desconhece o inquérito, não tendo sido convocada para prestar esclarecimento”. A defesa de Ivonei informou que ele é inocente, sendo as acusações anteriores à sua gestão. O Hoje em Dia não conseguiu contato com a Floresta Empreendimentos. Os prefeitos não foram encontrados.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Axt von Assisi
Concepção artística de um Machado de Assis branco.
“São tanto mais de admirar e até de maravilhar essas qualidades de medida, de tato, de bom gosto, em suma de elegância, na vida e na arte de Machado de Assis, que elas são justamente as mais alheias ao nosso gênio nacional e, muito particularmente, aos mestiços como ele. [...]. Mulato, foi de fato um grego da melhor época, pelo seu profundo senso de beleza, pela harmonia de sua vida, pela euritmia da sua obra.”
O trecho acima é de um artigo do jornalista, professor, crítico e historiador literário José Veríssimo, em artigo no Jornal do Comércio, um mês depois da morte de Machado.A ideia de embranquecimentos dos brasileiros é antiga, e muitos eram abolicionistas não por questões humanitárias, mas porque acreditavam ser necessário estancar o quanto antes a introdução de sangue negro entre os nacionais.
Em um ensaio publicado em Lisboa, em 1821, o médico e filósofo Francisco Soares Filho aponta a heterogeneidade do Brasil como o grande empecilho para o país se tornar um Estado Moderno: “Hum povo composto de diversos povos não he rigorosamente uma Nação; he um mixto de incoherente e fraco”. O livro de Andreas Hofbauer, Uma história do branqueamento ou o negro em questão, transcreve vários trechos do artigo de Francisco Soares Filho, “Ensaio sobre os melhoramentos de Portugal e do Brasil”, entre os quais destaco o que fala da necessidade e das vantagens de se promover a miscigenação controlada:
“Os africanos, sendo muito numerosos no Brasil, os seus mistiços o são igualmente; nestes se deve fundar outra nova origem para a casta branca. (…) Os mistiços conservarão só metade, ou menos, do cunho Africano; sua côr he menos preta, os cabellos menos crespos e lanudos, os beiços e nariz menos grossos e chatos, etc. Se elles se unem depois à casta branca, os segundos mistiços tem já menos da côr baça, etc. Se inda a terceira geração se faz com branca, o cunho Africano perde-se totalmente, e a côr he a mesma que a dos brancos; às vezes inda mais clara; só nos cabellos he que se divisa huma leve disposição para se encresparem.
(…) E deste modo teremos outra grande origem de augmento da população dos brancos, e quasi extinção dos pretos e mistiços desta parte do Mundo; pelo menos serão tão poucos que não entrarão em conta alguma nas considerações do Legislador.”A ideia de que, em 100 anos, os brasileiros seriam todos brancos, foi atualizada em 1911 por João Batista Lacerda, diretor do Museu Nacional. Nessa época o cientificismo já tinha biologizado o conceito de raça, e o racismo brasileiro se dividia entre duas correntes de pensamento.
A segregacionista, que dizia que a mestiçagem já nos tinha posto a perder e que nunca seríamos uma nação desenvolvida; e a assimilacionista, que apostava na salvação através do processo de branqueamento, com imigrantes europeus.Apostando sempre no seu povo, essa última tornou-se a posição oficial do governo brasileiro, que tentava vender, no exterior, a ideia de um país com grande futuro à espera dos europeus; ou à espera de europeus, para ser mais exata. Participávamos de feiras e congressos internacionais, disputando imigrantes com Argentina, Chile e Estados Unidos, e o discurso de Lacerda, representante brasileiro no I Congresso Universal de Raças, em Londres, tenta aplacar o medo dos europeus de compartilharem o Brasil com uma raça inferior:“(…) no Brasil já se viram filhos de métis (mestiços) apresentarem, na terceira geração, todos os caracteres físicos da raça branca [...].
Alguns retêm uns poucos traços da sua ascendência negra por influência dos atavismos(…) mas a influência da seleção sexual (…) tende a neutralizar a do atavismo, e remover dos descendentes dos métis todos os traços da raça negra(…) Em virtude desse processo de redução étnica, é lógico esperar que no curso de mais um século os métis tenham desaparecido do Brasil. Isso coincidirá com a extinção paralela da raça negra em nosso meio“.
sábado, 17 de setembro de 2011
Música de Domigo – Nevermind, parece que foi ontem
No caminho um deles, curtindo um tremendo pé na bunda por conta duma paixão de adolescência, toma contato pela primeira vez, através dum novíssimo rádio toca-fitas auto reverse, com as músicas duma banda ianque que acabara de surgir para o mundo. Os versos de Smells like a teen spirit grudam em seu ouvido e faz pulsar a alma. O faziam chegar próximo do Nirvana.
Pois bem, o implacável tempo passou. Os três antigos amigos quase não se encontram e pode-se dizer que não possuem mais afinidades. O adolescente a ouvir pela primeira vez Nirvana era eu, então com 17 anos. A paixão causadora do pé na bunda? O tempo levou como tantas outras antes e depois. Ninguém mais, ou quase ninguém, tem toca-fitas, pelo menos no carro. O autor e intérprete daquelas letras morreu dando um tiro na própria cabeça. A única coisa que sobrou foi a atemporalidade presente nos versos de Kurt Cobain e na sua melodia aparentemente desafinada.
Por muito tempo o Nirvana seria meu companheiro, o movimento grunge minha identificação com o mundo e Kurt uma espécie de anti-herói. Com o passar do tempo, implacável tempo, ficou difícil para quem torcia o nariz negar a importância de Nevermind para aquela geração em especial e o mundo da música pop em geral.
Hoje raramente ouço Nirvana. Quando o faço é geralmente pegando carona com o que meu filho mais velho está ouvindo (esse sim, um grande fã da banda de Seattle) e ainda assim me vem à mente a mesma sensação de há quase vinte atrás.
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Emir Sader indicado por Tiago Mafra
Coincidentemente, os temas capitalismo e neoliberalismo vêm sendo amplamente abordados em minhas últimas aulas. Realmente, o capitalismo passou por várias fases mostrando uma enorme capacidade de superar suas próprias crises estruturais. Uma capacidade de superação tão grande que nem Marx – talvez quem mais entendeu de capitalismo – pôde antecipar.
E é exatamente essa capacidade que faz algumas pessoas, de boa ou má fé, crerem que ele é insuperável e que pode ser domesticável. Discordo de Hobbes, o “homem não é o lobo do homem”, mas criou um sistema tão destrutivo que pode se autodestruir e levando consigo o próprio homem.
Neoliberalismo – a cara do capitalismo contemporâneo – e pós neoliberalismo
O capitalismo passou por várias fases na sua história. Como reação à crise de 1929, fechou-se o período de hegemonia liberal, sucedido por aquele do predomínio do modelo keynesiano ou regulador. A crise deste levou ao renascimento do liberalismo, sob nova roupagem que, por isso, se auto denominou de neoliberalismo.
Este impôs uma desregulamentação geral na economia, com o argumento de que a economia havia deixado de crescer pelo excesso de normas, que frearia a capacidade do capital de investir. Desregulamentar é privatizar, é abrir os mercados nacionais à economia mundial, é promover o Estado mínimo, diminuindo os investimentos em politicas sociais, em favor do mercado, é impor a precariedade nas relações de trabalho.
A desregulamentação levou a uma gigantesca transferência de capitais do setor produtivo ao especulativo porque, livre de travas, o capital se dirigiu para o setor onde tem mais lucros, com maios liquidez e menos tributação: o setor financeiro. Porque o capital não está feito para produzir, mas para acumular. Se pode acumular mais na especulação, se dirige para esse setor, que foi o que aconteceu em escala mundial.
O modelo neoliberal se tornou hegemônico em escala mundial, impondo as politicas de livre comércio, de Estados mínimos, de globalização do mercado de trabalho para os investimentos, entre outros aspectos. É uma nova fase do capitalismo, como foram as fases de hegemonia liberal e keynesiana. Não se pode dizer que seja a última, porque um sistema sempre encontra formas – mesmo que aprofundem suas contradições – se outro sistema não surge como alternativa, com a força correspondente para superá-lo.
Mas é uma fase difícil de ser superada, porque a desregulação tem muitas dificuldades para ser superada. Mesmo com a crise atual afetando diretamente os países do centro do capitalismo, provocada pela fata de regulação do sistema financeiro, ainda assim pouco ou quase nada foi feito para o controle do capital financeiro, justamente a origem da crise. Como já se disse: Obama salvou os bancos, achando que os bancos salvariam a economia dos EUA. Mas os bancos se salvaram às custas da economia norteamericana, que segue em crise.
É difícil para o capitalismo desembaraçar-se do neoliberalismo, etapa que marca o final de um ciclo desse sistema. A discussão que se coloca é de se o modelo chinês representa vida útil e inteligência mais além do neoliberalismo ou do capitalismo. Se sua via de mercado se vale do mercado para superar o capitalismo ou se o mercado o vincula de obrigatória e estreita ao capitalismo.
O certo é que ser de esquerda hoje é de lutar contra o neoliberalismo, não apenas resistindo a ele, mas sobretudo construindo alternativas a este modelo, allternativas que projetem para além do capitalismo. O neoliberalismo promove um brutal processo de mercantilização das coisas e das relações sociais. Tudo passa a ter preço, tudo pode ser compra e vendido, tudo é reduzido a mercadoria, em um processo que tem no shopping center sua utopia.
Nesse caso, lutar pela superação do neoliberalismo é desmercantilizar, restabelecer e generalizar os direitos como acesso a bens e serviços, ao invés da luta selvagem no mercado, de todos contra todos, para obtê-los às expensas dos outros. Generalizar a condição do cidadão às expensas da generalização do consumidor. Do sujeito de direitos e não do dono de poder aquisitivo.
Quanto mais se desmercantilizar, quanto mais se afirmar os direitos de todos, mais se estará criando esfera pública, às expensas da esfera mercantil (que eles chamam de privada). Essa pode ser a via de passagem do neoliberalismo como estágio do capitalismo à sua superação, a uma era pós-capitalista. Mas hoje o que nos une a todos é a luta por distintas formas de pós neoliberalismo – pela universailização dos direitos, pela extensão da cidadania em todas suas formas – politica, econômica, social, cultural -, pelo triunfo do Estado social contra o Estado mínimo, da esfera pública contra a esfera mercantil.
Por Emir Sader no Blog do Emir
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
O mais trágico dos 11 de setembro
É impressionante o esforço da mídia conservadora brasileira para transformar o ataque às Torres Gêmeas de Nova Iorque num fator de absolvição do governo Bush por todas as barbaridades bélicas promovidas na esteira do episódio. Mas o inegável é que nenhuma investigação se concluiu de forma convincente sobre as facilidades que tiveram os ditos terroristas sauditas, ligados a Bin Laden, para operarem o ataque. O que deixa espaços imensos para que se lance sobre a quadrilha que ocupava o governo americano – Cheney, Rumsfield, Karl Rove e até o boneco de ventríloquo Bush – uma fundada suspeição sobre sua participação no caso. Afinal, todos eram executivos e fortes acionistas de empresas ligadas ao comércio da segurança privada, ou ao complexo industrial-militar-petroleiro, que potenciou geometricamente seus lucros, a partir da ocupação do Iraque.
Mas se este 11 de setembro é coberto de áreas cinzentas quanto aos verdadeiros interessados e autores, um outro nunca deixou dúvidas sobre seus atores principais – o de 1973, data do golpe contra o governo democrático e revolucionário do socialista Salvador Allende, no Chile –. E não por acaso a mídia conservadora brasileira faz silêncio sobre ele. Porque, se não foi cúmplice direta, deu toda cobertura e apoio ao que se registrava como "fim da ameaça bolchevique previsível com o governo de Allende", saudando a nova ordem do pinochetista, e ocultando a participação até da embaixada brasileira na empreitada que deixou rastro indelével de torturas e assassinatos.
Allende volta à pauta por outros caminhos bem mais louváveis do que os deixados pelas lembranças dos tempos do auge da "guerra ao terror" nos Estados Unidos. Volta nas palavras-de-ordem das manifestações gigantescas que retornam às ruas de Santiago e das principais cidades do Chile. Manifestações mobilizadas contra as políticas neoliberais ainda mantidas pelo governo do pinochetista Piñera (o irmão dele foi um dos principais ministros da área econômica do general criminoso), depois de dois mandatos entorpecidos de uma "concertación" de socialdemocratas e democratas-cristãos tão moderados quanto o governo atual. Com eles já estão os sindicatos de trabalhadores em greve, todos reprimidos de forma violenta, todos liderados por uma jovem militante dos quadros do Partido Comunista Chileno. Tudo sem que a mídia conservadora, sempre atenta para as mais insípidas manifestações de opositores em Caracas ou Havana, se preocupe em cobrir.
Os mortos dos dois 11 de setembro são razão de sofrimento nas merecidas homenagens. Mas por razões distintas. Os que foram sacrificados nas Torres Gêmeas eram pessoas inocentes e alienadas em relação ao que lhes viria a ocorrer. Os do Chile, absolutamente não. Eram militantes políticos, ligados a partidos revolucionários e racionalmente assassinados pelo terrorismo do próprio Estado que pretendiam transformar. Que pretendiam transformar num processo pela via eleitoral, sendo submetidos ao golpe militar criminoso exatamente porque os resultados eleitorais vinham mostrando uma curva ascendente das forças progressistas desde a eleição de Allende; com todos os sacrifícios, com todos os obstáculos organizados e financiados pelo Departamento de Estado sob batuta de Henry Kissinger, e cobertura política do que – contrariamente a Allende, herói – sairia depois, varrido, da Casa Branca.
Para a esquerda brasileira, a experiência de Allende é extraordinariamente rica. Numa quadra histórica em que se torna absolutamente inviável a ideia de que processos insurrecionais produzam governos socialistas. Seattle, Argentina do "se vayan todos", as grandes manifestações contra governos conservadores e suas políticas neoliberais nos últimos anos, na França, na Grécia, na Inglaterra, na Itália, as recentes revoltas civis no norte da África; são todos exemplos de que, sem poderes institucionais em mãos, os processos "no resultan", para usar uma expressão bem chilena.
Ou seja; o processo revolucionário no contexto atual, e principalmente num País com as dimensões continentais e diversidades de problemas regionais – quase representando nações distintas a despeito do mesmo idioma –, ganha dimensões extremamente complexas. Fica evidente que, para além da pressão dos movimentos sociais – segmentadas ou regionalizadas -, é fundamental disputar poder dentro do aparelho do Estado. É fundamental participar com intensidade e credibilidade das disputas institucionais. É fundamental recordar o processo chileno que levou Salvador Allende à Presidência do Chile, na liderança de uma Unidade Popular composta por comunistas, socialistas e democratas progressistas.
Ah...mas de nada adianta o poder pela via eleitoral, pois as esquerdas não têm forças para mantê-lo. A direita se articula, golpeia e o que vem depois é sempre uma ditadura de direita.
Falso, no contexto atual, podemos afirmar.
Evidentemente, a tentação para o pragmatismo assistencialista se apresenta, sob tal argumento auto-limitador. Lula e Dilma estão aí para confirmar. Mas, no contraponto, estão aí os exemplos de Venezuela, Equador e Bolívia, onde os eleitos não se renderam antes da hora. Foram para o confronto, na lei, contra os que gritam por democracia, mas não hesitam em entrar pela linha do golpe implantador de autoritarismo quando vêem seus privilégios questionados. Porque é também inevitável que as classes dominantes não reconhecem resultados eleitorais que se dêem fora de seus paradigmas, com a substituição de um seis por meia-dúzia entre candidatos de seu próprio campo.
A diferença, com o que pretendem os que só acreditam "nas ruas", é que o confronto nestes termos, com o aparelho do Estado em relativo controle, e com a legitimidade da vitória nas urnas num período histórico em que não existe espaço para quarteladas, tendo em vista o "apreço" ao regime democrático-liberal que justifica toda a ação imperialista no mundo, torna-se bem mais favorável do que o foi nos anos 70, em que a Guerra Fria justificava intervenções de todo tipo.
É por aí portanto que devemos navegar. Nas ruas e nas urnas. Um caminho em linha convergente com o outro, até que se unifiquem num só sentido. No sentido das grande alamedas que Salvador Allende, em seu último discurso, em pleno combate, não esqueceu de citar como espaço natural de ocupação pelas grandes massas.
Milton Temer é jornalista
domingo, 11 de setembro de 2011
Música de Domingo – Paul Weller
Weller foi o líder e criador por trás de duas bandas de sucesso, The Jam e The Style Council, antes de dar início a uma bem-sucedida carreira solo. Ele é também a principal figura do mod revival do final dos anos 70, sendo por essa razão apelidado de Modfather.
Enfim, Londres!!!
A vaga veio com uma alternância entre boas apresentações e outras nem tanto após a deserção de algumas “estrelas”, o que abriu espaço para jogadores até então desconhecidos como o pivô Rafael Hettsheimeri melhor jogador no confronto contra a Argentina, dona da casa nesse pré-olímpico disputado em Mar del Plata.
Nesse sábado foi disputada a semifinal entre Brasil e Republica Dominicana, a única seleção a vencer o Brasil na primeira fase. Num jogo emocionante onde o Brasil não conseguiu se distanciar no placar – vale ressaltar que os dominicanos contam com vários jogadores na NBA – Marcelinho Machado e Marcelinho Huertas foram o destaque da partida e carregaram a equipe para a classificação histórica com um placar de 83 a 76. Hoje Brasil e Argentina, já classificados, fazem a final do torneio.
Parabéns a essa nova geração que tem no espirito coletivo e na sinergia ¬– o comprometimento de cada qual com a equipe – o ponto forte que lhe fez brilhar e soube resgatar os antigos amantes do esporte, além despertar o interesse nos mais novos.
sábado, 10 de setembro de 2011
Ligação perigosa
O que nenhum defensor do voto distrital fala abertamente é que esse tipo de voto trará de volta consigo o coronelismo, afinal durante o Império e a Republica Velha as cadeiras do legislativo eram formadas através do voto distrital.
Sobre isso e o que penso ser fundamental numa "minirreforma" política e o relatório do deputado Henrique Fontana (PT-RS) falarei em outro post mais adiante.
Agora publico a boa análise feita por Guilherme Scalzilli sobre o “grande” e “popular” movimento anticorrupção, só acrescentando uma coisa, os escândalos de Aécio Neves e seu boneco de ventríloquo (Antonio Anastasia), além da mordaça pela qual a imprensa mineira passa.
Causas
Por Guilherme Scalzilli
Depois da febre nacional de farisaísmo que tentou derrubar o governo Lula, fica mesmo difícil apoiar cegamente uma campanha genérica anticorrupção. No país da cultura pirata, dos sonegadores impunes, do trânsito demencial e das licitações arrumadas, ao discurso ético não bastam apenas uma pauta legítima e o pretexto bem-intencionado da militância virtual. É fácil discutir a moral alheia quando selecionamos nossos alvos ou usamos a indignação para ocultar a própria consciência pesada. E é mais cômodo ainda falar de uma ética impessoal, que repudia todo o sistema e por isso não atinge ninguém.
O ambiente reivindicatório que se criou no governo Dilma, embora aproveite os jargões da escandalolatria dos outros anos, possui um componente novo: o foco deixa a esfera política e passa à administrativa. Com o fracasso da estratégia de pintar o então presidente e seus aliados como vates da safadeza nacional, a idéia agora é enfraquecer a imagem de eficácia técnica do governo, reduzindo sua agenda a uma faxina desgastante e interminável. Daqui a vinte anos, o Judiciário putrefeito inocentará o último indiciado, haverá um ato no vão livre do Masp e todos continuarão suas vidas.
Seria justo imputar a setores da própria esquerda a obrigação de morder esse pequi, pois eles ajudaram a colhê-lo quando embarcaram nas pautas da imprensa oposicionista – como se a canseira jornalística da era Lula jamais tivesse ocorrido, como se esses veículos agissem apenas pelo melhor espírito republicano. Já que os novos caras-pintadas consideram absurdo associá-los às elites golpistas, proponho um desafio pedagógico e um sacrifício purificador. O desafio: marcar uma passeata para dia 15 de novembro, defendendo plataformas específicas (fim do voto secreto nos Legislativos, por exemplo) e expondo faixas com menções aos escândalos da hegemonia demotucana em São Paulo. O sacrifício: insistir nessa briga até que o Estadão, a Folha e o Globo contribuam para divulgá-la como fizeram até o momento.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Sobre a greve dos servidores da Educação: Botando o pingo no i
Para falarmos sobre um movimento tão grande e complexo como a greve dos servidores da Educação de Minas faz-se necessário: não deturpar os fatos, não usar de meias palavras, não agir de má fé (isso eu sei que para alguns é impossível!!!)
Grande parte dos servidores da rede estadual de Educação está em greve, e dentre eles há os contratados como alguém mencionou. Mas também há servidores concursados e os conhecidos por “efetivados” – aqueles que ganharam a estabilidade em 2007 graças a Lei Complementar 100.
Porém jogar nas costas dos contratados a responsabilidade pela greve não ter surtido efeito em Poços de Caldas é inescrupulosamente desonesto – sei que algumas pessoas não conhecem o antônimo desse adjetivo, mas não encontrei outro melhor.
Para explicar como anda a greve em Poços acredito ser honesto fazer as seguintes observações:
1-Quando determinada categoria, através de seu sindicato, decide entrar em greve, essa decisão não pode ser autoritária, impositiva a todos os profissionais daquela categoria. Muito pelo contrário, o sindicato deve primar pelo respeito à democracia e diversidade de opinião, justamente, e de certo modo paradoxalmente, para assegurar um de seus objetivos, o direito de liberdade de expressão garantido pela Constituição.
2-Em Poços de Caldas houve várias assembleias convocadas pela direção da subsede local do Sindi-Ute e, em todas essas assembleias, mesmo depois de deflagrada a greve no início de junho, ficou clara a dificuldade em conseguir convencer os membros da categoria a paralisarem. Portanto, há, mesmo que de forma equivocada a meu ver, uma deliberação promovida pelos próprios interessados no assunto em não aderirem ao movimento grevista. No momento Poços de Caldas não conta com nenhum professor ou outro servidor lotado na Secretaria Estadual de Educação que tenha aderido ao movimento grevista.
3-Ano passado também houve uma greve da mesma categoria e, diferentemente do que ocorre esse ano, foi registrada uma boa adesão em Poços, inclusive dos contratados. Portanto, não é o fato de ser ou não contratado que define a adesão ou não ao movimento grevista.
4-Qualquer professor pode ser idealista, pragmático, realista ou o que queira. Eu, particularmente, me considero idealista, mas antes, sei respeitar uma decisão “coletiva”. Já dizia Sartre: “discussão interna, unidade externa”. Não uso essa decisão coletiva para me esconder, afinal, dentro da escola onde trabalho – como escrevi outro dia, não fico esperando surgir uma parada arrumada por algum político para ajeitar o meu lado – todos os meus companheiros de profissão sabem bem minha posição: pró-greve. Mas, como o céu não é tão azul quanto eu gostaria, sou forçado pelas circunstâncias a me curvar, ainda que com minha consciência nada tranquila, e acatar decisões tomadas de maneira coletiva. Isso não me torna menos idealista, pois posso canalizar o que acredito de várias formas, sendo que uma dessas é manter firme e inabalável tanto meu caráter quanto minha integridade moral e ética.
Espero que isso possa esclarecer a questão a quem de fato tiver interesse no assunto e que, obviamente, não esteja apenas usando o assunto com má fé e desonestidade, sofismando sobre algo apenas para atacar gratuitamente aqueles que não comungam de seus métodos – eufemisticamente falando – oportunistas.
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Realpolitik, pragmatismo, falta de ideologia ou mero oportunismo???
O filósofo francês Claude Lefort demonstrou em seus escritos as mudanças ocorridas no modo como opera a ideologia a partir da década de 1930 e as novas formas de organização do trabalho que acompanharam o fordismo.
A ideologia da competência, onde a dominação se dá por meio do prestígio e poder oferecidos ao conhecimento dos especialistas, faz-se hoje presente em todas as esferas da vida social.
Esse discurso de “competência” afasta das discussões todo aquele que não é considerado apto para a ação ou o debate.
No âmbito da prática política, isso tem a cada dia trazido um pragmatismo tão grande às ações dos atores envolvidos, que a população se afasta, deixa aos mesmos o poder de decisão, aos considerados entendidos do assunto. Aqueles que se atrevem a permanecer e buscam espaço para a discussão, e claro, não se enquadrando em jogatinas com a coisa pública, são logo tachados de idealistas, despreparados para a vida política que exige “maturidade”, “visão clara da realidade” e “atuação dentro da realpolitik”.
Nesse sentido, aqueles que ainda crêem na transformação da estrutura social por não terem se entregado ao modo predatório e explorador do capitalismo, tornam-se os radicais, ditos desconexos do mundo como ele é.
O fato é que, como grande parte dos especialistas já se entregou ao modo de produção vigente, buscam justificar suas ações por meio da competência, elencando alguns aspectos do sistema como válidos e aceitáveis.
O comprometimento com o coletivo se desfaz, pois qualquer idéia é substituída pelo marketing. O produto é vendido pela imagem construída e dane-se a coerência das idéias. O marketing político não vende idéias ¬– pois não acredita nessas – vende apenas o candidato, como se vendesse sabonete ou chocolate.
Ou seja, no balcão de negócios do jogo político atual, os que defendem as idéias de transformação são colocados como os distantes idealistas que não vêem o que é a realidade. Na idéia de que idealismo se opõe a realidade, a ação política vira mercadoria, justificada pela competência, vendida como produto.
No entanto os adeptos da realpolitik se mostram a cada dia mais afastados da realidade social, olhando para si como se fossem o suprassumo do que há de melhor na sociedade e inventando uma ética sui generis, conhecida apenas no círculo fechado deles mesmos, onde o pragmatismo não possui limites, levando-os a deixar de serem apenas realistas/pragmáticos para tornarem-se meros oportunistas.
Para o sociólogo estadunidense Immanuel Wallerstein, o ponto central do conservadorismo como ideologia moderna é a convicção de que os riscos de uma intromissão coletiva e consciente nas estruturas sociais existentes, que evoluíram lenta e historicamente, são muito elevados. E é desta ideologia conservadora que surge a realpolitik e o pragmatismo extremado, que na verdade, com todos os seus vícios, ainda assim, possuem infinitamente mais virtudes que o mero oportunismo.
Tiago Barbosa Mafra, Professor de História e Geografia na rede municipal de ensino e no pré-vestibular comunitário Educafro.
Hudson Luiz Vilas Boas, Professor de Sociologia, Geografia e Cultura e Cidadania nas redes estadual e particular de ensino e no pré-vestibular comunitário Educafro.
domingo, 4 de setembro de 2011
Música de Domingo – Engenheiros do Hawaii (parte 2)
Então salve Gessinger, Licks e Maltz!!!
Parabéns aos que têm respeito e dignidade
Mesmo sendo chapa única a tarefa não era simples, pois tradicionalmente eleições com chapa única costumam ter alto índice de abstenção e o estatuto da instituição exige a participação de pelo menos 50 por cento mais um dos filiados aptos a votarem para que a eleição seja legitimada. Havia também o descrédito que a própria instituição vem passando desde que recaíram denúncias sobre ex-presidente Roberto Carlos, que teria desviado uma bagatela próxima aos 500 mil reais, sendo que hoje essas denúncias levaram-no ao indiciamento judicial, entretanto a morosidade da Justiça acabou, nesse caso, colaborando para o descrédito do Sindserv. Ademais, como é de praxe em processos desse tipo, quando inexiste a famosa chapa branca ou pelega, a administração municipal moveu uma forte campanha pela abstenção, no que contou com o apoio involuntário de alguns servidores independentes.
Ao fim e ao cabo houve um comparecimento de 2/3 dos filiados aptos, número pra lá de bom mesmo em eleições sindicais com duas ou mais chapas, sendo que 94% confirmaram o voto na chapa Respeito e Dignidade.
Do resultado final das eleições pode se tirar as seguintes conclusões: os servidores públicos municipais confiaram na chapa encabeçada pelo Vereador Professor Flávio Faria e acreditam que as propostas da chapa são condizentes com seus anseios; os servidores públicos municipais esperam que o Sindserv volte a ter a atuação forte e incisiva que já teve noutros tempos; os servidores públicos municipais se mostraram profundamente insatisfeitos com a atual administração municipal, prova é que o Professor Flávio Faria é justamente o principal nome da oposição ao Prefeito Paulinho Courominas.
Sinceramente, creio que nos próximos quatro anos os novos diretores do Sindserv farão jus a confiança depositada neles pelos servidores públicos municipais. Portanto, desejo a chapa Respeito e Dignidade muita saúde e energia a fim de manterem a boa capacidade de reflexão e atuação que já demonstraram durante a campanha.