segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O PSB pode ser um grande partido nacional?

O Estadão de hoje publicou uma matéria sobre o crescimento do PSB. A li no blog do Nassif e achei uma tremenda “forçação” de barra. Quem quiser ler a matéria o link está aqui.

Fiz um comentário acerca do assunto e a seguir publico o comentário revisto e um pouco maior.



Acho difícil o PSB se firmar como grande partido nacional. Falta-lhe consistência ideológica para garantir penetração na classe média e/ou nos movimentos populares.

O PSDB por conta dos propalados bons quadros do tempo de sua fundação (Montoro, Covas, Pimenta da Veiga, Bresser Pereira e os próprios FHC e Serra dentre outros) nasceu com um verniz de modernidade e não encontrou maior resistência para chegar à classe média. Mais tarde a aliança com o PFL foi proveitosa para ambos os lados, pois o PFL sofria rejeição dentro da classe média urbana e o PSDB tinha dificuldades no interior do país, onde o PFL já estava instalado desde o Brasil Colônia.

O PT surgiu nos movimentos sociais (sindicatos, pastorais, MST, etc) e a eles deve boa parte do seu sucesso e de ter chegado aonde chegou. Embora o PT sempre tenha sido uma agremiação heterogênea, foi justamente o debate e a forte participação de seus filiados-militantes-simpatizantes (em tempos nem tão priscos assim) em torno de um projeto comum cuja diretriz era derrotar o fisiologismo, o clientelismo, o patrimonialismo e colocar na agenda nacional a necessidade de se reduzir a desigualdade social, que deu amalgama a agremiação. Ao mesmo tempo esse projeto tornou-se principal responsável pelo crescimento do partido. Na verdade o PT foi, e de certo modo ainda é, uma "escola" para a esquerda institucionalizada.

Por ora praticamente inexiste a possibilidade real de surgimento duma terceira via com força capaz de redividir o cenário político nacional, ainda mais sendo essa terceira via o PSB, um partido que pode se aliar tanto ao PT quanto ao PSDB – esquerda e direita do espectro político atual –, o que lhe garante governos regionais, uma bancada relativamente de tamanho bom na Congresso, cargos, secretarias e ministérios, mas não identidade e consistência ideológica.

Acredito mais que o PSB esteja confinado, ao menos na próxima década, ao papel de força coadjuvante – um PFL mais ao centro ou um PMDB de tamanho reduzido, sem, no entanto e portanto, o poder de barganha dos dois.

Nenhum comentário: