A edição do Jornal Nacional de ontem (quarta-feira, 20/10/2010) foi prorrogação do programa eleitoral de José Serra.
Sem nenhum pudor o casal de âncoras William Bonner e Fátima Bernardes entrou em cena, emendados ao fim do programa eleitoral de José Serra, para a segunda parte do telejornal mais assistido pela família brasileira levando ao ar matéria sobre uma agressão que o presidenciável tucano teria sofrido por parte de manifestantes petistas no bairro de Campo Grande, zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, isto após intensa hostilidade também sofrida por Serra e seus acompanhantes.
Após um objeto – segundo o JN seria um rolo de fita adesiva – ser arremessado por militantes petistas, dentre os quais um ex candidato a deputado estadual, se chocar com a cabeça de Serra, o tucano continuou a caminhada por alguns minutos, mas depois foi levado a um hospital, aonde passou por tomografia e recebeu do médico que lhe atendeu o conselho de repousar por 24 horas.
Então veio a parte mais incrível – ou talvez anedótica da matéria – Serra concedeu entrevista à Rede Globo do lado de fora do hospital, ali imagem, luminosidade, posição da câmera, fala mansa e cara de piedade do entrevistado, somados a um discurso no qual ele denuncia que a atual campanha está sendo movida a ódio, me embaralhou o mente a ponto de não saber se era Serra ou Betinho de Souza, ou quiçá São Francisco de Assis que estava ali no JN, na minha tv.
Essa foi a cobertura do dia de Serra. Já a cobertura sobre o dia da presidenciável petista Dilma Rousseff começou com um bate-boca entre a petista e manifestantes do Green Peace em Brasília. Esse “bate-boca” teria sido o ponto alto dum evento onde Dilma recebeu o apoio de filiados do Partido Verde, entre os quais uma das filhas de Chico Mendes.
Depois disso nem importa mais o que veio. O importante para o JN foi prorrogar o horário eleitoral gratuito dessa quarta-feira.
Quanto ao incidente de Serra em si, vale destacar que entreveros em épocas de campanha são comuns, embora não se possa dizer que seja comum a agressão física a candidatos e nem se pode comungar com atos desse tipo.
No entanto o objeto a atingir Serra não passou duma “bolinha de papel”! (veja nas imagens do SBT). O resto foi encenação do presidenciável e seu vice Índio da Costa – que chegou a dizer a uma rádio carioca que o objeto devia pesar uns “dois quilos” e fez forte “barulho” ao se chocar com a cabeça de Serra!!!
Obviamente seria leviandade de minha parte afirmar que tudo, inclusive o entrevero entre manifestantes petistas e tucanos, não passou de algo planejado por uma das partes. Não obstante não deixa de ser intrigante o fato ter acontecido justamente no terreno dominado por Índio da Costa, que por sua vez é um dos responsáveis pela baixeza dessa campanha e agora sabemos, graças ao Rodrigo Vianna, de sua ligação com grupos neointegralistas. Não dá pra não comparar a suposta agressão sofrida por Serra à campanha de Collor em 1989 ou à tática de partidos ultradireitistas cuja ideologia, e por que não dizer o modus operandi, o vice de Serra parece admirar.
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