A úlitima semana de Setembro se foi e com ela vários acontecimentos interessantes.
No plano exterior mais uma eleição na Venezuela, nem sei ao certo o número de eleições pelas quais o país vizinho passou desde 1998 – o ano em Hugo Chávez chegou ao poder pelo voto direto – mas isso não importa nada para a mídia oligopolizada. Para ela Chávez trata-se dum ditador e tirano cruel. Não importa também se o PSUV -- partido de Chávez -- conquistou 98 das 165 cadeiras em disputa no dia 26 de setembro, para a mídia oligoplizada – Partido do Capital –, e sua forma única de fazer interpretações aritméticas, foi Chávez o grande “derrotado”.
No Equador, no último dia do mês, policiais e militares levantaram-se em motim, ensaiaram um golpe de estado e atentaram contra a vida do presidente democraticamente eleito Rafael Correa, depois deste anunciar modificação no antigo plano de carreiras da categoria. Para o Jornal da Globo foi Correa o culpado de tudo graças ao seu “arroubo presidencial”. Nesse caso, na visão torpe, canalha e golpista do Partido do Capital, não importa se Correa é o chefe maior das Forças Armadas, o que importa é dar razão aos golpistas. Aliás, esse filme já vimos recentemente em Honduras e num passado não tão distante assim aqui mesmo no Brasil com editorias pré 1964 clamando para que os militares saíssem da caserna e usurpassem o poder.
No plano interno o Partido do Capital foi pródigo em juntar acusações de que o PT é contra a liberdade de imprensa. No entanto tem feito um enorme exercício a fim de tentar esconder que Beto Richa, tucano, ex-prefeito de Curitiba e candidato ao governo do Paraná, vêm sistematicamente impedindo na Justiça que sejam divulgados números de pesquisas sobre intenção de voto que lhe são desfavoráveis. Onde estão os defensores da “liberdade de expressão”?
Em São Paulo Netinho de Paula, candidato ao Senado pelo PCdoB, partido da base de apoio do governo federal, foi alvo de investida Policial Civil em clara afronta ao estado de direito. Netinho está sendo investigado pela Justiça por suposta fraude na declaração de bens ao Tribunal Superior Eleitoral. Contudo quem tem competência para investigar eventual crime eleitoral, e, portanto, para promover diligencias nesse caso, é a Polícia Federal. Nas palavras do advogado do candidato: “São Paulo vive um estado de sítio, a polícia age como quiser". Vale lembrar que o estado mais rico da Federação é governado há 16 anos pelo PSDB e o maior rival de Netinho na disputa por uma das vagas ao Senado é Aloysio Nunes Ferreira, por acaso ex-secretário da Casa Civil do estado durante o governo José Serra.
No dia 29 de setembro o STF julgava recurso movido pelo Partido dos Trabalhadores contra a obrigatoriedade da apresentação de dois documentos na hora da votação. O julgamento já estava prestes a acabar com a ampla margem dos ministros entendendo que a exigência dificulta o processo eleitoral e é desnecessária, quando, segundo a Folha de São Paulo, o ministro Gilmar Mendes recebeu um telefonema do presidenciável tucano José Serra pedindo para suspender o julgamento através do pedido de vistas. Mendes de pronto foi solicito ao amigo, num claro gesto de intromissão de uma das partes interessadas e de corrupção passiva.
Se somarmos a censura das pesquisas de intenção de voto no Paraná com o caso de Netinho em São Paulo, mais o que o Partido do Capital entende por “democracia” e “governo legítimo” e ainda lembrarmos quem é o candidato preferido desse grupo – inclusive expresso em editorial – perceberemos qual o tipo de governo e direitos civis a mídia oligopolizada quer para o futuro do Brasil.
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